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          SEGUNDA MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES 
          
          (Mt 15, 32-39) 
            
          
          “32 
          Jesus, chamando os discípulos, disse: ‘Tenho compaixão da multidão, 
          porque já faz três dias, que está comigo e não tem o que comer. Não 
          quero despedi-la em jejum, de modo que possa desfalecer pelo caminho’.
          33 
          Os discípulos lhe disseram: ‘De onde tiraríamos, num deserto, tantos 
          pães para saciar uma tal multidão?’ 
          34 
          Jesus lhes disse: ‘Quantos pães tendes?’ Responderam: ‘Sete e alguns 
          peixinhos’. 
          35 
          Então, mandando que a multidão se assentasse pelo chão, 
          36 
          tomou os sete pães e os peixes e, depois de dar graças, partiu-os e 
          dava-os aos discípulos, e os discípulos à multidão. 
          37 
          Todos comeram e ficaram saciados, e ainda recolheram sete cestos 
          cheios dos pedaços que sobraram. 
          38 
          Ora, os que comeram eram quatro mil homens, sem contar mulheres e 
          crianças. 
          39 Tendo 
          despedido as multidões, entrou no barco e foi para o território de 
          Magadã”. 
            
          
            
            
          
          Em Mt 15, 32 diz:
          “Jesus, chamando os discípulos, disse: ‘Tenho 
          compaixão da multidão, porque já faz três dias, que está comigo e não 
          tem o que comer. Não quero despedi-la em jejum, de modo que possa 
          desfalecer pelo caminho”. 
            
          
          O Pe. Francisco Fernández 
          Carvajal comenta: 
          “Ao atravessar Jesus a região da Decápole, a notícia ia 
          correndo de povoação em povoação, e a gente apinhava-se à sua volta. A 
          multidão rodeava o Mestre e caminhava com Ele, sem de todo se dar 
          conta de como os lugares onde podiam encontrar provisões, depois de 
          tantas horas, ficavam cada vez mais longe”. 
          
          Já fazia três dias que essa 
          multidão acompanhava a Nosso Senhor; a mesma estava como que extasiada 
          em contemplá-Lo e por ouvir os seus ensinamentos. 
          
          Ele não bajulava nem 
          enganava ninguém, mas pregava a verdade com autoridade: 
          “Estavam espantados com o 
          seu ensinamento, pois ele os ensinava como quem tem autoridade e não 
          como os escribas”
          (Mc 1, 22), e: 
          “Eles ficavam pasmados com 
          seus ensinamentos, porque falava com autoridade”
          (Lc 4, 12). 
          
          Infeliz do sacerdote que 
          esconde a verdade do povo com receio de contrariá-lo; esse é um 
          mercenário e não cumpre sua missão de pastor: 
          “... quem se apresentar 
          perante o público como pregador, deverá ficar insensível aos encômios 
          dos outros e jamais desanimar devido às suas críticas; em suas 
          pregações procure apenas agradar a Deus. Só Deus deverá servir-lhe de 
          orientador e fim ao preparar suas práticas; jamais os louvores e 
          aplausos da multidão”
          (São João Crisóstomo, O Sacerdócio, Livro Quinto, 7), 
          e: “Para ser 
          autêntica, a palavra deve ser transmitida ‘sem duplicidade e sem 
          nenhuma falsificação, mas manifestando com franqueza a verdade diante 
          de Deus’ (2 Cor 4, 2)”
          (Diretório para o ministério e a vida do presbítero, 45). 
          
          O povo apinhava-se à volta 
          de Cristo Jesus, não porque Ele mentia ou pregava uma doutrina falsa e 
          fácil; mas sim, porque ensinava a todos o caminho da Vida Eterna... 
          vivia o que pregava: 
          “... a respeito de todas as coisas que Jesus fez e 
          ensinou desde o início”
          (At 1, 1). 
          
          Será que o povo, que tem 
          sede de Deus, apinha-se à volta de um sacerdote que está sempre a 
          falar em política e de outras coisas terrenas? Claro que não! O povo 
          aproxima somente do sacerdote que lhe ensina as verdades eternas:
          “Que verdade 
          isto não é! Como é profundamente verdadeiro! Sim, queridos Irmãos, 
          deveis ser santos, não deveis ser uns padres quaisquer, padres 
          vulgares. De outro modo, para bem pouco serve o vosso zelo e os vossos 
          sofrimentos. As ovelhas fugirão de vós e perder-se-ão em grande 
          número. Faz mais um santo só com uma palavra, que um homem vulgar com 
          uma série de discursos. As palavras de um sacerdote santo ferem, 
          abalam o sentimento, transfiguram as almas e renovam-nas  de um modo 
          extraordinário, porque nascem da graça, da oração e da penitência, vêm 
          cheias das graças de Deus. Talvez um sábio possa imitá-las habilmente, 
          mas Deus só fala através da boca de um santo (Mt 10, 20)”
          (Servo de Deus Eduardo Poppe, Carta 
          aos sacerdotes). 
          
          Jesus Cristo, o Bom Pastor, não quis despedir a 
          multidão que O seguia sem dar-lhe alimento: 
          “Não quero despedi-la em jejum, de modo que possa desfalecer pelo 
          caminho”. 
          
          Nosso Senhor, cheio de 
          compaixão, quer recompensar a perseverança daquele povo que O seguiu 
          por três dias: 
          “O Senhor, sempre compassivo, era consciente desta 
          situação. Estava comovido também pela perseverança destas gentes, que 
          levam já três dias sem se separarem d’Ele. Tinham chegado já à ribeira 
          do lago, e Jesus e os seus discípulos iam tomar uma barca para passar 
          à margem ocidental. É a hora de despedir as gentes que deviam voltar 
          para suas casas. Mas quer resolver antes o problema do alimento”
          (Pe. Francisco Fernández 
          Carvajal). 
          
          Sigamos a Nosso Senhor, não 
          somente por três dias, mas todos os dias. Ele é o 
          “Caminho, a Verdade e a Vida”
          (Jo 14, 6), e 
          somente n’Ele encontraremos 
          “palavras de vida eterna”
          (Jo 6, 68). 
            
          
          Em Mt 15, 33- 38 diz:
          “Os discípulos lhe disseram: ‘De onde tiraríamos, num deserto, 
          tantos pães para saciar uma tal multidão?’ Jesus lhes disse: ‘Quantos 
          pães tendes?’ Responderam: ‘Sete e alguns peixinhos’. Então, mandando 
          que a multidão se assentasse pelo chão, tomou os sete pães e os peixes 
          e, depois de dar graças, partiu-os e dava-os aos discípulos, e os 
          discípulos à multidão. Todos comeram e ficaram saciados, e ainda 
          recolheram sete cestos cheios dos pedaços que sobraram. Ora, os que 
          comeram eram quatro mil homens, sem contar mulheres e crianças”. 
            
          
          Entre a primeira e esta 
          segunda multiplicação dos pães existem algumas semelhanças, como é 
          lógico num milagre realizado em parecidas circunstâncias: uma multidão 
          faminta, sem provisões, alimentada com uns poucos pães e peixes. Mas 
          há outras muitas totalmente distintas: o lugar, os dias que levam sem 
          comer seguindo Cristo, o número dos que participam no milagre, o 
          número de pães e de peixes, e São Marcos assinala-o expressamente com 
          estas palavras de Jesus: Não vos recordais de quantos cestos cheios 
          de bocados de pão recolhestes, quando parti os cinco pães para cinco 
          mil? Responderam-lhe: Doze. E quando parti os sete pães para os quatro 
          mil, quantos cestos cheios de pedaços recolhestes? Sete, responderam. 
          E dizia-lhes: Ainda não compreendes? (cf. Mc 8, 18-20). 
          
          Edições Theologica comenta:
          “Como na 
          primeira multiplicação (Mt 14, 13-20), os Apóstolos põem os pães e os 
          peixes à disposição do Senhor. Era tudo o que tinham. Também se serve 
          dos Apóstolos para fazer chegar o alimento – já fruto do milagre – à 
          gente. Na distribuição das graças de salvação, Deus quer contar com a 
          fidelidade e generosidade dos homens... 
          
          É de notar que nas duas 
          multiplicações milagrosas, Jesus dá o alimento em abundância, ao mesmo 
          tempo em que não se desperdiça nada do que sobra. Os milagres de 
          Jesus, além do fato real e concreto que cada um deles é, têm também um 
          caráter de sinal de realidades sobrenaturais. Neste caso a abundância 
          do alimento corporal significa ao mesmo tempo a abundância dos dons 
          divinos no plano da graça e da glória, na ordem dos meios e na ordem 
          do prêmio eterno: Deus dá aos homens mais graças das que estritamente 
          necessitariam. Esta é a experiência cristã desde os primeiros tempos. 
          São Paulo diz-nos que onde ‘abundou o pecado superabundou a graça’ (Rm 
          5, 20); por isso dirá aos Efésios que ‘a graça superabunda em vós com 
          toda a sabedoria’ (Ef 1, 8); e ao seu discípulo Timóteo: ‘Superabundou 
          a graça de Nosso Senhor com a fé e caridade que está em Cristo Jesus’ 
          (1 Tm 1, 14)”. 
            
          
          Em Mt 15, 39 diz:
          “Tendo despedido as multidões, entrou no barco e foi para o 
          território de Magadã”. 
            
          
          Depois de se alimentar, a 
          multidão, contente, dispersou-se. Cada um voltou para sua casa e 
          contava aos seus o prodígio. Jesus subiu com os Doze para a barca e 
          arribou próximo de uma povoação que São Mateus chama Magadã e 
          São Marcos Dalmanuta, que ainda não se conseguiu identificar 
          com certeza. 
          
          Já Santo Agostinho (De 
          consensu evangeliorum, 2, 51) pensou que estes dois nomes tão 
          diferentes se referiam a uma mesma paragem. Não é impossível que 
          Magadã seja um erro do copista, que quis escrever Magdala, claramente 
          conhecida na ribeira ocidental do lago. 
          
          Outros sugerem que Dalmanuta 
          pudesse ser um casario pertencente a Magdala. Não o sabemos. 
            
          
          Pe. Divino Antônio Lopes FP. 
          
          Anápolis, 24 de junho de 
          2007 
            
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