ALERTA!!!
(1 Cor 1,
8)
“… firmes
e irrepreensíveis, até o fim”.
O
mundo é um grande inimigo das almas que lutam para ser fiéis a Nosso
Senhor; ele arma todo tipo de armadilhas para desviá-las do caminho da
salvação: “Assim que a tua devoção se for tornando conhecida no mundo,
maledicências e adulações te causarão sérias dificuldades de
praticá-la”
(São Francisco de Sales, Introdução à Vida Devota, Parte IV,
capítulo I).
Quem
quiser perseverar até o fim, precisa estar sempre alerta.
O
soldado que se encontra num país estrangeiro em tempo de guerra
deve-se manter vigilante, para não cair nas mãos furiosas dos
inimigos.
Será
que uma pessoa que antes vivia a serviço do mundo, mas que depois
voltou para Deus através de uma confissão bem feita pode se sentir
segura para sempre? Não! O inimigo foi derrotado, mas o mesmo
permanece vivo e furioso:
“A terra é para nós todos um campo de combate, e a vida é a
duração desse combate. Se saíste vencedor de algum na batalha com os
inimigos de tua salvação, não deponhas logo as armas, nem digas: -
‘Agora já posso descansar; o inimigo está derrotado’. Olha que não
estás ainda defendido pelos muros da pátria, andas ainda peregrinando
por terra de inimigos. Puseste em fuga o teu inimigo, mas não lhe
cortaste a cabeça! Se o céu da tua alma se desanuviou das nuvens
negras da tentação e voltou ao seu azul diáfano e sereno, pensa que
nem sempre estará assim meigo o seu caris. Ainda se não secou o mar de
tuas paixões para o não forrar de novo com nuvens sombrias. Ainda se
não abrasou a terra de tantas maldades para o não embaciar com as
exalações de tantos vícios”
(Pe. Alexandrino Monteiro,
Raios de Luz, 42).
Estejamos sempre alertas! Os inimigos jamais nos darão descanso!
Estamos num campo de combate, e combate contínuo:
“Tens razão de dizer que o
mundo está cheio de perigos e tropeços e que é coisa muito difícil
poder salvar nossa única alma; não deves por isso desanimar. Desejas a
tua salvação? Foge dos maus companheiros. Desejas a tua salvação? Foge
dos teatros. Oh! É verdade, e sei por experiência que é impossível
entrar neles com a graça de Deus e sair sem a ter perdido ou posto em
perigo. Desejas a tua salvação? Foge das diversões, porque naqueles
lugares tudo se conjura contra a nossa alma. Foge enfim dos maus
livros, pois é indizível o mal que eles podem causar aos corações de
todos e especialmente dos jovens. Dize-me: podia ter eu maiores
diversões e prazeres do que gozei no mundo? Pois bem: que me resta
agora? Confesso-o a ti: Não me restam senão amarguras”
(São Gabriel da Virgem Dolorosa, Carta a Filipe Giovanetti),
e: “O infame não
cessará com seus ataques até o último suspiro da alma que não soube
defender-se já contra os primeiros golpes”
(São João Crisóstomo, O
Sacerdócio, Livro Sexto, 13).
Estejamos sempre alertas! Os inimigos não dormem nem tiram férias; e
infeliz de nós se nos descuidarmos.
Jamais podemos nos fraquejar! O que diríamos a Deus na hora do
terrível Juízo se comparecêssemos diante dele com a alma cheia de
pecados? Será que o Senhor aceitaria as nossas desculpas?
Se
disséssemos ao Senhor que caímos porque somos fracos e não tivemos
força e ânimo para vigiarmos; será que Ele aceitaria tal desculpa?
Santo
Agostinho assegura-nos que o primeiro a levantar-se contra nós será o
demônio. Logo ele, que agora, com toda lisonja e dolo, nos atira na
lama. Dirá ele: “Durante a vida esta alma observou os mandamentos,
Senhor, não da tua, mas da minha lei. Dá-me pois, que ela me
pertence”.
Depois surgirá o nosso Anjo. Sim, o Anjo da Guarda, a quem a Piedade
suprema nos confiara, também ele se tornará acusador. Dirá ele:
“Meu Senhor, o meu dever de iluminá-lo, guardá-lo, regê-lo,
governá-lo, cumpri-o: mas em vão. Em vão, ó Senhor, iluminei-lhe a
mente com bons pensamentos, a alma com as boas palavras de sacerdotes
e de amigos, o caminho com o bom exemplo de companheiros. Em vão eu o
guardava, pois por sua teimosa vontade ele ia ter com as pessoas más e
aos lugares perigosos. Às tempestades de remorsos que eu lhe suscitava
no coração, ele não quis render-se”.
Estejamos sempre alertas!
Vigiemos sempre, porque, mais do que nós vigiam nossos terríveis
inimigos, desejosos e nos derrubar.
O
Salmo 41, 8 diz: “Um
abismo chama outro abismo”.
Quer dizer: um pecado chama por outro pecado, e este por outro, até se
formar uma cadeia que chegue ao inferno!
Estejamos sempre alertas:
“Vigia sobre ti, não só para
evitar o pecado mortal, mas também o venial. O pecado venial é uma
doença, que ataca o organismo espiritual e predispõe a alma para
adoecer de culpa grave. É como a água deitada na fervura; pois, mal
entra na alma, arrefece nela o fogo do amor de Deus.
É este o
conselho do divino Mestre, que nos veio do céu para ensinar o caminho
da salvação.
A salvação
é uma ciência que tem os seus preceitos. Um dos mais graves é a
vigilância.
Quem é
Aquele que nos manda vigiar e orar para não cairmos em tentação? –
Aquele que melhor conhece o coração do homem e a sua fraqueza. – É
Jesus.
Ouve-o
falando com o Apóstolo, que mais decidido estava a segui-lo até à
morte:
- Pedro,
esta noite me hás de negar três vezes, primeiro que o galo cante.
- Senhor,
disse Pedro, ainda que seja preciso morrer convosco, não vos negarei!
Quem falou
a verdade?
Foi Jesus,
porque sabia que Pedro, fiado na sua resolução, não faria caso de se
expor ao perigo de cair três vezes, tão desgraçadamente!
Vigia e
ora ao Pai do céu, para que te não deixe só na tentação e para que o
inimigo não prepondere sobre ti.
Atende ao
teu caráter. Vê quem acompanhas, com que pensamentos andas mais
ocupado e quais são as tuas conversas favoritas.
Vigia e
ora, porque nenhuma esperança é segura, nenhuma vigilância vigia
assaz, quando a eternidade entra em jogo!
Vigia e
ora, porque não sabes quando começará o novo combate, nem se te
encontrarás com forças suficientes para sair vencedor.
Vigia e
ora, para, em cada tentação, colher os louros de triunfo, e em cada
triunfo mereceres uma coroa de glória na eternidade!”
(Pe. Alexandrino Monteiro, Raios de Luz, 42).
Pe.
Divino Antônio Lopes FP.
Anápolis, 25 de junho de 2007
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