CONDIÇÕES PARA SEGUIR A JESUS
(Lc 9,
23-26)
"23
Dizia ele a todos: 'Se alguém quer vir após mim, renuncie a si
mesmo, tome a sua cruz cada dia e siga-me.
24
Pois aquele que quiser salvar a sua vida vai perdê-la, mas o que
perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará.
25
Com efeito, que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se ele se
perder ou arruinar a si mesmo?
26
Pois quem se envergonhar de mim e de minhas palavras, o Filho do
Homem dele se envergonhará, quando vier em sua glória e na do Pai e
dos santos anjos".
Em Lc 9, 23 diz:
"Dizia ele a todos: 'Se alguém quer vir após mim, renuncie a si
mesmo, tome a sua cruz cada dia e siga-me".
Cristo Jesus é sincero e
claro. Ele não promete vida fácil, vida de "poltronice", caminho
largo para ninguém; mas diz a todos:
"Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua
cruz cada dia e siga-me".
Mente aquele católico que
afirma seguir a Cristo, mas diz estar dispensado de percorrer o
caminho da cruz. Nosso Senhor exige que todos aqueles que O seguem
carreguem a cruz diariamente:
"Cristo
repete-o a cada um de nós, ao ouvido, intimamente: a Cruz de cada
dia. Não só em tempo de perseguição ou quando se apresenta a
possibilidade do martírio, mas em todas as situações, em todas as
atividades, em todos os pensamentos, em todas as palavras, neguemos
aquilo que antes éramos e confessemos o que agora somos, visto que
renascemos em Cristo"
(São Jerônimo, Epístola 121, 3), e:
"Vedes? A cruz de cada dia... nenhum dia sem Cruz: nenhum dia que
não carreguemos com a Cruz do Senhor, em que não aceitemos o Seu
jugo"
(São Josemaría Escrivá, Cristo que passa, 58 e 176),
e também:
"É muito certo que aquele que ama os prazeres, que
busca as suas comodidades, que foge das ocasiões de sofrer, que se
inquieta, que murmura, que repreende e se impacienta porque a coisa
mais insignificante não corre segundo a sua vontade e o seu desejo,
tal pessoa, de cristão só tem o nome; somente serve para desonrar a
sua religião, pois Jesus Cristo disse: aquele que quiser vir após
Mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias da vida e
siga-Me"
(São João Maria Vianney, Sermões escolhidos, Quarta-Feira de
Cinzas).
A Cruz não só deve estar
presente na vida de cada cristão, mas também em todas as
encruzilhadas do mundo, como escreve São Josemaría Escrivá:
"Que formosas essas cruzes no cimo dos montes, no alto dos grandes
monumentos, no pináculo das catedrais!... Mas também é preciso
inserir a Cruz nas entranhas do mundo. Jesus quer ser levantado ao
alto, aí: no ruído das fábricas e das oficinas, no silêncio das
bibliotecas, no fragor das ruas, na quietude dos campos, na
intimidade das famílias, nas assembléias, nos estádios... Onde quer
que um cristão gaste a sua vida honradamente, aí deve colocar, com o
seu amor, a Cruz de Cristo, que atrai a Si todas as coisas"
(São Josemaria Escrivá, Via Sacra, XI, n° 3).
A cruz é pesada, mas é
preciso carregá-la todos os dias:
"Parece dura e pesada a
ordem do Senhor: quem quiser segui-lo tem de renunciar a si mesmo.
Mas não é duro nem pesado o que ordena, pois ele próprio nos ajuda a
cumprir seu preceito"
(Santo Agostinho, Sermões).
"Se alguém quer vir após
mim".
O Pe. Alexandrino Monteiro
escreve:
"Se alguém quer vir após mim' – é o mesmo que dizer:
– se alguém quer se salvar, se alguém quer ter parte comigo na
glória eterna... é uma proposta que o Filho de Deus fez a todos os
homens. O segui-lo ou não, deixa à nossa vontade, porque não quer
forçar ninguém a entrar no céu".
"...
renuncie a si mesmo".
O Pe. Alexandrino Monteiro
comenta:
"Renuncie a si mesmo' – Negar-se a si mesmo o que é?
É dizer 'não' aos gostos e inclinações terrenas do nosso coração.
Negar-se a si mesmo é não guiar-se alguém pelos conselhos de sua
natureza depravada, mas pelos ditames da razão alumiada com a luz da
fé. Negar-se a si mesmo é não dar ouvido às vozes que do interior se
levantam, pedindo prazeres e deleites sensuais e satisfação completa
de todos os apetites desordenados",
e:
"Ó Senhor, ser vosso discípulo significa ser todo
vosso, pertencer-vos plenamente, estar perfeitamente unido a vós,
formar convosco uma só coisa. Não vivemos mais, porém, viverdes vós
em nós significa a união perfeita convosco. Ó meu Deus, como devo
desejar ser vosso discípulo! Eis a maior glória que posso
dar-vos!... Ó Senhor, ajudai-me a fazer o que para isso é
necessário... Renegar a mim mesmo para servir-vos; que significa?
Significa esquecer-me, fazer abstração de mim, já não me ocupar
comigo... como se não existisse. Então, não mais terei interesses
nem conveniências, nem gostos, nem vontades, nem nada mais! Já não
existo, não cuido de mim... Esqueço-me completamente. Mas, ó Senhor,
se já não busco meu bem, então nada mais buscarei absolutamente?
Este coração, esta inteligência vazios de si, continuarão assim
vazios?... Não! Nem por um instante sequer! Se me esvazio de mim é
para ser invadido por vós, Deus meu! Se me esqueço, é para só pensar
em vós"
(Bem-aventurado Charles de Foucauld, Meditazioni sul vangelo,
Op. sp., p. 231).
"... tome
a sua cruz".
Santo Agostinho comenta:
"Que significa: Tome a sua cruz? Quer dizer: suporte
tudo o que custa e então me siga. Na verdade, quem começar a seguir
meus exemplos e preceitos, encontrará muitos que o critiquem, que o
impeçam, que tentem dissuadi-lo, mesmo entre os que parecem
discípulos de Cristo. Andavam com Cristo os que proibiam os cegos de
clamar por ele. Tu, portanto, no meio de ameaças, de carinhos ou
proibições, sejam quais forem, se quiseres seguir a Cristo,
transforma tudo em cruz: suporta, carrega e não sucumbas!"
(Sermões), e:
"Tome a
sua cruz': – eis a condição sem a qual não se pode seguir a Cristo.
A cruz não falta a ninguém: é tomá-la e seguir com ela a Jesus até à
morte. Cruz é tudo que nos contraria ou torna a vida difícil. São as
dores do corpo, tédio e agonia da alma, reveses da fortuna, estragos
do tempo, prejuízos do inimigo, tudo, enfim, que nos aflige, tudo
que nos arranca lágrimas e aperta o coração. Estas cruzes hei de
recebê-las com ânimo generoso, abraçá-las com regozijo, pois são
mimos com que Deus me visita. 'Toma a sua cruz' – nos diz a todos
Jesus Cristo – porque o discípulo não é mais que seu mestre, nem o
servo mais que seu senhor; porque se foi necessário que Jesus a
carregasse para entrar na sua glória, muito mais nos é necessário a
nós levá-la para podermos entrar numa glória, que só o combate nos
fará nossa"
(Pe. Alexandrino Monteiro).
Está claro que não basta
carregar a cruz por um dia, uma semana, um mês, um ano... mas é
preciso carregá-la com amor e paciência todos os dias. Não olhemos
para o tamanho da cruz, e sim, para a recompensa que receberemos de
Nosso Senhor.
"... e
siga-me".
Santo Agostinho comenta:
"Esta palavra não deve ser ouvida como dirigida
apenas às virgens e não às esposas; nem só para as viúvas e não para
as casadas; nem só para os monges e não para os maridos; nem só para
os clérigos e não para os leigos. Pois toda a Igreja, todo o corpo,
todos os seus membros, diferentes e distribuídos segundo suas
próprias tarefas, devem seguir o Cristo. Siga-o toda a Igreja que é
uma só, siga-o a pomba, siga-o a esposa, redimida e dotada pelo
sangue do Esposo. Nela encontra lugar tanto a integridade das
virgens como a castidade das viúvas e o pudor dos casais. Estes
membros, que nela encontram seu lugar, sigam o Cristo, cada um
segundo a sua vocação, posição ou medida. Renunciem a si mesmos,
isto é, não se vangloriem; tomem a sua cruz, quer dizer, suportem no
mundo, por amor de Cristo, tudo o que lançarem contra eles. Amem o
único que não ilude, o único que não é enganado nem engana; amem-no,
porque é verdade aquilo que promete. Como suas promessas tardam, a
fé vacila. Mas sê constante, perseverante, paciente, suporta a
demora, e terás tomado a cruz"
(Sermões), e:
"Seguir a
Cristo é acompanhá-lo por onde quer que Ele vá, ou seja para o Tabor
ou para o Calvário... Seguir a Cristo é ser cristão; o que segue a
Cristo é de Cristo; o que segue o mundo é do mundo; porém, seguir a
Cristo é seguir a verdade, seguir o mundo é seguir o erro! Em seguir
a Cristo está a felicidade"
(Pe. Alexandrino Monteiro), e também:
"Eis a obrigação de todos os fiéis: tomar a própria cruz e seguir a
Cristo até morrer com ele e, portanto, com ele e nele ressuscitar...
Escolher a vida é seguir a Jesus, renegando a si mesmo e levando a
cruz"
(Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena).
Católico, não pise na
cruz, pelo contrário, carregue-a com paciência:
"Não
existe coisa mais agradável a Deus do que sofrer com paciência e paz
todas as cruzes por ele enviadas"
(Santo Afonso Maria de Ligório), e:
"Todas as chagas do redentor são outras tantas palavras que nos
ensinam como devemos sofrer por ele. Esta é a sabedoria dos santos,
sofrer constantemente por Jesus; assim ficaremos logo santos"(São
Francisco de Sales), e também:
"Todos os
santos foram mártires ou pela espada ou pela paciência. Nós podemos
ser mártires sem a espada, se guardarmos a paciência"
(São Gregório Magno).
Em Lc 9, 24 diz:
"Pois aquele que quiser salvar a sua vida vai perdê-la, mas o que
perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará".
O católico não pode passar
por alto estas palavras de Jesus Cristo. Deve arriscar-se, jogar a
vida presente em troca de conseguir a eterna:
"Que pouco
é uma vida para oferecê-la a Deus!..."
(São Josemaría Escrivá, Caminho, n° 420).
A exigência do Senhor
inclui renunciar a própria vontade para identificá-la com a de Deus,
não aconteça que, como comenta São João da Cruz, tenhamos a sorte de
muitos
"que queriam que Deus quisesse o que eles querem, e
entristecem-se de querer o que Deus quer, e têm repugnância em
acomodar a sua vontade à de Deus. Disto vem que muitas vezes, no que
não acham a sua vontade e gosto, pensam não ser da vontade de Deus
e, pelo contrário, quando se satisfazem, crêem que Deus Se satisfaz,
medindo também a Deus por si, e não a si mesmos por Deus"
(Noite Escura, liv. I, cap. 7, n° 3).
Em Lc 9, 25 diz:
"Com efeito, que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se
ele se perder ou arruinar a si mesmo?"
Edições Theologica
comenta:
"O fim do homem não é ganhar os bens temporais deste
mundo, que são apenas meios ou instrumentos; o fim último do homem é
o próprio Deus, que é possuído como antecipação aqui da terra pela
graça, e plenamente e para sempre na Glória. Jesus indica qual é o
caminho para conseguir esse fim: negar-se a si mesmo (isto é, tudo o
que é comodidade, egoísmo, apego aos bens temporais) e levar a cruz.
Porque nenhum bem terreno, que é caduco, é comparável à salvação
eterna da alma",
e:
"... o menor bem da graça é superior a todo o bem do
universo"
(Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, I-II, q. 113, a. 9).
Em Lc 9, 26 diz:
"Pois quem se envergonhar de mim e de minhas palavras, o Filho do
Homem dele se envergonhará, quando vier em sua glória e na do Pai e
dos santos anjos".
O católico nunca deve se
envergonhar de Nosso Senhor e de suas palavras.
Hoje, infelizmente,
milhares de católicos deixam de fazer o bem preocupados com o que
dirão deles:
"Que dirão
os homens? Eis o fantasma que intimida muitos cristãos e os retrai
da Igreja, da frequência dos sacramentos e do exercício da virtude.
Que dirão de mim os meus companheiros? Aqui está um laço, com que o
demônio prende a muitos jovens, impedindo-os de caminhar livremente
na virtude com perigo de sua salvação"
(Pe. Alexandrino Monteiro).
Católico, já percebeu como
os mundanos servem ao mundo e a Satanás abertamente? Usam todos os
tipos de roupas, músicas e maquiagem, e não sentem vergonha de serem
ridículos. Por que você se sente envergonhado de servir a Cristo
Jesus, o Senhor que morreu numa cruz para te salvar?
Católico, sirva a Nosso
Senhor abertamente:
"Deixar de fazer o bem por temor de um – que dirão
os homens? – é declarar-se covarde, é ser vencido antes de entrar em
campo com o inimigo. E, contudo, quantos não se rendem a este tirano
que mais existe na fantasia que na realidade? Os maiores potentados
da terra, os espíritos mais cultos e as inteligências mais lúcidas
do nosso tempo lhe rendem vassalagem!"
(Pe. Alexandrino Monteiro).
Um rico marquês da França,
achando-se um dia com um grupo de personalidades distintas, foi
convidado a travar conhecimento com Ernesto Renan, o escritor
tristemente famoso, que ousou escrever uma vida de Jesus Cristo em
que sacrilegamente blasfemou a divindade do Redentor. Ernesto Renan
já ia estendendo a mão, porém aquele senhor, retirando a sua,
exclamou em voz alta, em público: "Nunca apertarei essa mão que
esbofeteou o meu Senhor!"
Católico, olhe o exemplo
desse rico marquês, seja você também forte e de caráter; não deixe o
respeito humano te escravizar; pelo contrário, pise-o com a sua
convicção e fortaleza.
O que dirão a Nosso Senhor
na hora do julgamento aqueles católicos que deixaram de servi-Lo por
respeito humano?
Pe. Divino Antônio Lopes
FP.
Anápolis, 03 de julho de
2007
Vide também:
Afasta-te de mim, Satanás
Se alguém quer vir após mim
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