FICAI SEMPRE ALEGRES
(1 Ts 5,
16)
"Ficai
sempre alegres".
São
João Bosco, durante os anos de ginásio, ganhou as simpatias de todos
os seus colegas, ajudando-os em tudo que podia e resolvendo-lhes as
dificuldades. Acudiam a ele para os estudos, para as tarefas, para
ouvirem historinhas e para se divertirem. Essas reuniões eram
frequentes, e batizaram-nas com o expressivo nome de "Sociedade da
Alegria". Cada um se comprometeu a procurar livros, conversações e
divertimentos que, contribuindo para a alegria, não fossem contrários
à lei de Deus. João, colocado à frente da Sociedade, estabeleceu como
bases: - Evitar o pecado, isto é, toda conversa ou ação indigna do
cristão. - Cumprir com exatidão os deveres de piedade e de estudo. -
Nos dias de preceito participar da Santa Missa e, à tarde, assistir ao
catecismo. - Durante a semana reunir-se alguma vez para falar de
assuntos religiosos.
A
Sociedade da Alegria deu frutos excelentes. Que belos frutos não
produziriam, também entre nós, uma semelhante sociedade? Oh! Quantos
proveitos para a alma e para a inteligência!
Católico, a Palavra de Deus diz:
"Ficai sempre alegres".
Se
somos filhos de Deus, Fonte da verdadeira Alegria, não há motivo para
vivermos tristes, com o semblante "enjilozado", "embesourado" e
carregado: "Quando
buscamos deveras a Deus, sem repartirmos o nosso amor com as
criaturas, sem nos buscarmos a nós mesmos pelo amor próprio, o coração
sente-se pouco a pouco dilatado, Deus sacia-o, inunda-o de alegria"
(Dom Columba Marmion),
e: "Se somos filhos de
Deus, por que havemos de estar tristes? A tristeza é a escória do
egoísmo. Se queremos viver para o Senhor, não nos faltará a alegria,
mesmo que descubramos os nossos erros e as nossas misérias. A alegria
entra na vida de oração e de tal maneira que, a certa altura, não
poderemos deixar de cantar, porque amamos; e cantar é próprio de
namorados"
(São Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n° 92).
Quando o homem se deixa vencer pela tristeza, inclusivamente a súplica
a Deus se torna ineficaz, pois não vai acompanhada da aceitação da Sua
vontade. Um célebre escrito cristão anônimo do século II advertia:
"Por que não sobe até
ao altar de Deus a súplica do homem que sofre tristeza? (...) - Porque
a tristeza misturada com a súplica não deixa subir esta, pura, até ao
altar de Deus. Porque assim como o vinho misturado com vinagre não tem
o mesmo sabor, assim a tristeza, misturada com o Espírito Santo, não
tem a mesma força de súplica. Purifica-te, pois, desta tristeza má, e
viverás para Deus. E igualmente viverão para Deus todos os que atirem
para longe de si a tristeza e se revistam de toda a alegria" (Pastor de
Hermas, Mand. X, cap. 3, 3-4).
O
católico que vive na graça de Deus e que faz o bem para as almas
imortais deve estar sempre alegre. O verdadeiro discípulo de Nosso
Senhor não pode possuir um semblante azedo:
"Caras compridas..., maneiras bruscas..., aspecto ridículo..., ar
antipático... Desse jeito esperas animar os outros a seguir Cristo?"
(São Josemaría Escrivá, Caminho, 662).
"Ficai
sempre alegres".
Não significa
arreganhar a boca e mostrar os dentes, porque isso também fazem os
cães quando estão rosnando.
"Ficai
sempre alegres".
Não significa dar
gargalhadas estridentes, porque os bodes também berram alto.
"Ficai
sempre alegres".
Não significa
reunir os amigos pés-inchados num boteco, e com um violão desafinado
cantarolar até de madrugada, porque as corujas também "cantarolam".
"Ficai
sempre alegres".
Não significa
fazer barulho dentro de um salão de baile, porque isso também os
porcos fazem no chiqueiro.
"Ficai
sempre alegres".
Só é possível
vivermos sempre alegres, se possuímos a Graça Santificante em nossa
alma, se cumprimos os nossos deveres com perfeição, se trabalhamos
para o bem das almas com afinco, se evitamos tudo aquilo que desagrada
a Deus, se rezamos fervorosamente, se somos sinceros na confissão, etc:
"O próprio Jesus
Cristo promete-nos, já neste mundo, o cêntuplo. Ora, a alegria faz
parte deste cêntuplo; e esta alegria, é sobretudo a fé que a alimenta" (Dom
Columba Marmion).
Católico, por mais limpa e perfumada que seja uma sala, se for jogado
dentro da mesma um pedaço de carne podre, com certeza o ambiente
ficará encarniçado. O mesmo acontece num ambiente alegre e familiar;
quando chega uma pessoa "enjilosada" e "enbesourada", o ambiente
torna-se pesado e insuportável.
Católico, não seja carniça na vida alheia, viva sempre alegre e saiba
sorrir: "Alegria é
flor que cresce na haste do amor. Alegria é expressão de felicidade.
Alegria é uma alma sadia e santa"
(Cardeal Saliége),
e: "A alegria é apenas a expansão no amor. Tanto mais desinteressado o
amor, maior a alegria. Ela não suprime o esforço, mas o estimula; não
suprime o sofrimento, mas o transfigura" (G. C.),
e também: "Dai-me a
graça, Senhor, de servir-vos sempre com alegria, apesar das fadigas e
contrariedades" (P.
C.), e ainda: "Não
permiti, Senhor, que minha alma submerja no tédio ou se entregue a
murmúrios e recriminações contínuas. Dai-me o senso do humor e a graça
de compreender gracejos e brincadeiras, para que, na terra, eu tenha
alguns momentos alegres e possa dar um pouco de felicidade aos outros"
(São Tomás More),
e: "Seja teu olhar, um
olhar de alegria. Teu sorriso, um sorriso de alegria. Tua palavra, uma
palavra de alegria. Teu gesto, um gesto de alegria. Inunda de alegria
os que te rodeiam; o mundo está tão carente de alegria" (L. L.),
e também: "A alegria é
uma das características da santidade. Um homem melancólico será sempre
apenas um convalescente na casa de Deus" (P. F.).
Em 1
Ts 5, 16 diz: "Ficai sempre alegres".
Não
basta sermos alegres por uma hora, um dia, um mês, um ano, etc., é
preciso que estejamos sempre alegres:
"É sempre hora de cantar,
porque a alegria é de todas as horas" (J. F.).
Católico, não deixe a tristeza entrar em seu coração; conserve a
alegria principalmente nos momentos difíceis da vida. Não deixe as
dificuldades e as provações sufocarem a alegria que reina em sua alma:
"O caminho real que
conduz ao céu é e será sempre o da cruz; para chegar à glória não há
outro caminho que este: imitar a paciência de Jesus. Jesus, porém, não
se deixa vencer em generosidade e concede à alma grande paz e alegria"
(Bem-aventurado José
Allamano, A Vida Espiritual, cap. 29).
Pe.
Divino Antônio Lopes FP.
Anápolis, 16 de agosto de 2007
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