FAÇAMOS O
BEM
(2 Ts 3,
13)
"Quanto a
vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem".
Nosso
Senhor afirmou que:
"Quem perseverar até o fim, esse será salvo"
(Mt 10, 22). Também disse que:
"Ninguém que põe a sua mão no
arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus"
(Lc 9, 62). São
ensinamentos que refletem a condição volúvel e inconstante do homem.
Há que lutar com empenho para não decair no esforço por fazer as
coisas bem, sendo constante até o fim, pois só aquele que é fiel até à
morte receberá a coroa da vida:
"Mostra-te fiel até à morte, e eu te darei a coroa da vida"
(Ap 2, 10).
Católico, é preciso fazer sempre o bem, sem cansar de praticá-lo.
Assim como o avarento corre atrás do ouro, corramos nós na prática do
bem:
"Toda a
fidelidade deve passar pela prova mais exigente: a duração (...). É
fácil ser coerente por um dia ou por alguns dias (...). Só pode
chamar-se fidelidade a uma coerência que dura ao longo de toda a vida"
(João Paulo II aos sacerdotes do México, 27-01-1979).
Infeliz do católico que inventa desculpas para não praticar o bem.
Será que o mesmo terá desculpas no dia do julgamento?
"Neste mundo é fácil esconder
por trás de um cômodo pretexto a nossa preguiça no descuido do bem, e
temos a ilusão de justificar-nos, dizendo: 'Não me compete', ou então:
'Não o consigo, não tenho os meios'. Porém lá em cima ser-nos-ão
relembradas e lançadas em rosto todas as culposas omissões de que
nossa vida é tecida. Todas as ocasiões de dar a Deus uma glória que
não demos; todas as almas que poderíamos ter salvado com a oração, com
o conselho, com a esmola, e que não salvamos... todos os dias
perdidos, sacrificados aos mexericos e aos prazeres do mundo, sem um
pensamento que os consagrasse a Deus e os tornasse bons para a
eternidade"
(Pe. João Colombo).
É
preciso praticar o bem enquanto é tempo, enquanto o coração ainda está
pulsando, porque virá um dia que não haverá mais tempo.
Após
60 anos de casado, um pobre velho enfermou gravemente e, sentindo-se
no fim da vida, disse à velha esposa:
- Vou
morrer. E que farás tu depois da minha morte?
-
Quando a morte te fulminar - respondeu a velha - eu te vestirei como
para festa e junto do teu cadáver chorarei tanto que comoverá a todos
que vierem ver-te.
- Sei
que me queres bem, mas para que me servirão os teus gemidos e soluços?
Eu não os ouvirei mais. E depois?
Respondeu a velha:
-
Depois eu te colocarei num lindo caixão e, quando te levarem ao
cemitério, eu te acompanharei chorando e te cobrirei das mais belas
flores...
Disse
o velho:
-
Agradeço-te, mas de que servirão as flores? Eu não lhes sentirei mais
o perfume... E depois?
Respondeu a velha:
-
Depois comprarei muitas velas para as acender todos os dias ao redor
de ti.
Disse
o velho:
-
Agradeço-te; mas de que me servirão as tuas velas? Eu não lhes vejo
mais a luz... E depois?
Respondeu a velha:
-
Depois, quando estiveres debaixo da terra, ficarei aos pés da tua
sepultura e chorarei tanto que as minhas lágrimas, atravessando a
terra, chegarão a ti e te aquecerão.
Disse
o velho:
-
Quanto me amas, querida! Mas de que me servirão as tuas lágrimas? Eu
não lhes sentirei mais a tepidez...
Respondeu a velha:
- Oh!
Como é feia a morte!
Disse
o velho:
- A
morte é bela, mas somente para aqueles que fizeram o bem, que
praticaram boas obras. - E dizendo isso morreu.
Católico, viva, pois, de tal modo que, no dia de sua morte, a
lembrança do bem realizado te console.
"... não
vos canseis de fazer o bem".
Aquele que quiser agradar a Deus e alcançar a vida eterna deve fazer o
bem sem se desanimar.
"... não
vos canseis...".
Aquele que cansa de praticar boas obras morrerá com as mãos vazias.
"... não
vos canseis...".
O
católico que cansa de fazer o bem não entesoura tesouros no céu.
"... não
vos canseis...".
Vive na infelicidade aquele que cansa de ser bom, porque um coração
egoísta não agrada a Nosso Senhor.
"... não
vos canseis...".
Quem cansa de praticar o bem envereda pelo caminho dos vícios.
Católico, não canse de praticar o bem.
Se um
homem milionário dissesse a um homem pobre: "Tenho uma sala cheia de
pedras preciosas; você terá apenas três minutos para pegar dessas
pedras, aquilo que você conseguir colocar dentro da sacola em três
minutos será seu". Imagina com que rapidez tal pobre encherá as mãos
com essas pedras, porque ele sabe que o tempo é curto.
Católico, você foi criado por Deus para fazer o bem, para entesourar
tesouros no céu. Cada boa obra praticada por amor a Deus é uma pedra
preciosa que você coloca no "baú" do céu. Não perca tempo, porque a
vida é breve; trabalhe fervorosamente para fazer o bem enquanto o seu
coração ainda está pulsando, porque chegará uma hora em que não poderá
mais fazê-lo.
Façamos sempre o bem e jamais deixemos de fazê-lo. Façamos o bem a
cada segundo, a cada minuto, a cada hora, a cada dia, a vida
inteira...:
"Ninguém
sabe o bem que faz quando faz o bem"
(São Francisco
de Sales).
Todos
compareceremos diante do Tribunal de Deus logo após a morte para
prestarmos contas do mal que fizemos, do bem que deixamos de fazer e
também do bem que praticamos:
"Considera a acusação e o
exame: 'Começou o juízo e os livros foram abertos' (Dn 7,10). Haverá
dois livros: o Evangelho e a consciência. Naquele, ler-se-á o que o
réu devia fazer; nesta, o que fez. Na balança da divina justiça não se
pesarão as riquezas, nem as dignidades e a nobreza das pessoas, mas
somente suas obras. 'Foste pesado na balança - diz Daniel ao rei
Baltasar - e achado demasiadamente leve' (Dn 5,27). Quer dizer,
segundo o comentário do Padre Álvares, que 'não foram postos na
balança o ouro e as riquezas, mas unicamente a pessoa do rei'. Virão
logo os acusadores e em primeiro lugar o demônio. 'O inimigo estará
ante o tribunal de Cristo, - disse Santo Agostinho - e referirá as
palavras de tua profissão'. 'Recordar-nos-á tudo quanto temos feito, o
dia e a hora em que pecamos'. Referir as palavras de nossa profissão
significa que apresentará todas as promessas que fizemos, que
esquecemos e, por conseguinte, deixamos de cumprir. Denunciar-nos-á
nossas faltas, designando os dias e as horas em que as cometemos.
Depois dirá ao juiz: 'Senhor, eu não sofri nada por este réu; mas ele
vos abandonou, a vós que destes a vida para salvá-lo, e se fez meu
escravo. É a mim que ele pertence.' Os anjos da guarda também serão
acusadores, segundo diz Orígenes, e 'darão testemunho dos anos em que
procuraram a salvação do pecador, a despeito do desprezo deste a todas
as inspirações e avisos'. Então, 'todos os meus amigos o desprezarão'
(Lm 1,2). Até as paredes, que viram o réu pecar, tornar-se-ão
acusadoras (Hab 2, 11). Acusadora será a própria consciência (Rm 2,
15-16). Os pecados - disse São Bernardo - clamarão, dizendo: 'Tu nos
fizeste; somos tuas obras, e não te abandonaremos'. Acusadoras, por
fim, serão as Chagas do Senhor, como escreve São João Crisóstomo: 'Os
cravos se queixarão de ti; as cicatrizes contra ti falarão; a cruz
clamará contra ti'. Passar-se-á depois, ao exame. Disse o Senhor: 'Com
a luz na mão, esquadrinharei Jerusalém' (Sf 1,12). A luz da lâmpada
penetra todos os recantos da casa, escreve Mendoza. Cornélio a Lápide,
comentando a expressão in lucernis, do texto, afirma que Deus
apresentará ao réu os exemplos dos Santos, todas as luzes e
inspirações com que o favoreceu, todos os anos de vida que lhe
concedeu para que os empregasse na prática do bem (Lm 1,15). Até de
cada olhar tens que dar conta, exclama Santo Anselmo. Assim como se
purifica e aquilata o ouro, separando-o das escórias, assim se
aquilatarão e examinarão as confissões, comunhões e outras boas obras
(Ml 3,3). 'Quando tomar o tempo, julgarei as justiças'. Em suma, diz
São Pedro que no juízo até o justo a custo será salvo (1Pd 4,18). Se
se deve dar conta de toda palavra ociosa, que contas se darão de
tantos maus pensamentos voluntários, de tantas palavras impuras?
Especialmente falando dos escândalos, que lhe roubam inúmeras almas,
diz o Senhor: 'Eu lhes sairei ao encontro como uma ursa a quem
roubaram os seus cachorros' (Os 13, 8). E, finalmente, referindo-se às
ações do réu, dirá o Supremo Juiz: 'Dei-lhe o fruto de suas mãos",
quer dizer, paguei-lhe conforme suas obras(Pr 31, 31)"
(Santo Afonso Maria de Ligório, Preparação para a Morte,
Consideração XXIV, Ponto II),
e:
"Porquanto todos nós teremos de comparecer manifestamente perante o
tribunal de Cristo, a fim de que cada um recebe a retribuição do que
tiver feito durante a sua vida no corpo, seja para o bem, seja para o
mal" (2 Cor 5, 10).
Católico, faça o bem, porque Deus que será o juiz pedirá conta de
tudo. Naquela hora ninguém escapará com mentiras e desculpas:
"A matéria desse Juízo serão
as nossas ações, as nossas obras, na medida em que as ações humanas
são resultado do que pensamos e queremos. Vós dais a cada um
segundo as suas obras (Sl 61, 13). Os nossos atos são bons ou
maus, nunca indiferentes, isto é, nunca destituídos de valor moral. Ou
se faz o bem ou se faz o mal. Dizer: 'Nunca fiz nada de mau', ou: 'Não
mato nem roubo', constitui sem dúvida uma tentativa de nos
tranquilizarmos, mas a desculpa é demasiado esfarrapada, porque
ninguém é capaz de fazer unicamente atos bons. Por acaso não existem
os pecados de omissão? Não assistir à Missa em dia santo sem motivo
justificado, por exemplo, é uma falta grave. Por conseguinte, dizer-se
'católico não-praticante' equivale na verdade a confessar que se está
em estado de pecado, e será necessário prestar contas disso no dia do
Juízo" (Monge
Edouard Clerc).
"... não
vos canseis de fazer o bem".
É
preciso fazer sempre o bem, isto é, tudo o que é bom e conforme a
moral:
"Finalmente, irmãos, ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro,
nobre, justo, puro, amável, honroso ou que de qualquer modo mereça
louvor" (Fl 4, 8).
"... fazer
o bem". Para
crescer no amor, tem o homem só a breve caminhada desta vida terrena:
"Se dela quiser
aproveitar ao máximo, deve aplicar-se não só em fazer boas obras, mas
em fazê-las com todo o coração, com toda a generosidade possível..."
(Pe. Gabriel de
Santa Maria Madalena).
"... fazer
o bem". Quais são
as boas obras que o católico deverá fazer? São as indicadas por Nosso
Senhor:
"Enquanto é
dia, temos de realizar as obras daquele que me enviou; vem a noite,
quando ninguém pode trabalhar"
(Jo 9, 4).
"... fazer
o bem".
Perseverar no bem, e não desanimar com os obstáculos que surgirem no
caminho: "Cada fiel
deve perseverar no bem e na procura de Deus, mesmo entre as trevas
interiores, mesmo quando parece ofuscar-se a luz que ilumina seu
caminho. Tais obscuridades só se superam com intenso espírito de fé
pura e nua, que se apóia unicamente em Deus. Sei que Deus o quer, sei
que Deus me chama e isto me basta"
(Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena).
"... fazer
o bem". Imitar a
Cristo Jesus, modelo perfeito para aquele que deseja praticar boas
obras:
"Ó Senhor, ser
vosso discípulo significa ser todo vosso, pertencer-lhe plenamente,
estar perfeitamente unido a vós, formar convosco uma só coisa"
(Bem-aventurado
Charles de Foucauld, Meditazioni sul vangelo, Op. sp., p. 231).
Católico, tudo passa!
Católico, o minuto que passou não volta mais!
Católico, a morte virá e depois dela o Juízo Particular!
Católico, por que as suas mãos continuam vazias? O que você dirá a
Deus na hora do Julgamento?
Católico, por que você joga o tempo fora com as coisas do mundo?
Católico, acorda enquanto é tempo! Faça o bem enquanto o seu coração
ainda está pulsando:
"Por conseguinte, enquanto temos tempo, pratiquemos o bem para com
todos, mas, sobretudo para com os irmãos na fé"
(Gl 6, 10), e:
"Quanto bem podes
fazer entre os teus se fores sacrificada, se não buscares tua
comodidade, mas o bem dos outros!"
(Santa Teresa
dos Andes, Carta 134),
e também:
"Tomem a resolução de ser tudo para todos, sacrificando-se
pelos outros sem manifestá-lo. Renunciem as suas comodidades pelos
outros para ganhar-lhes o coração e levá-los a Deus"
(Idem, Carta
151).
Católico, milhões de pessoas vivem nas garras de Satanás, e você vive
na "poltronice" e de braços cruzados. Quanto perigo! Cuidado! Acorda:
"...
o ímpio morrerá por
causa da sua iniquidade, mas o seu sangue o requererei de ti"
(Ez 33, 8).
Pe.
Divino Antônio Lopes FP.
Anápolis, 15 de setembro de 2007
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