APLICA-TE À LEITURA

(1 Tm 4, 13)

 

"Esperando a minha chegada, aplica-te à leitura, à exortação, à instrução".

 

 

Edições Theologica comenta: "Estas três funções eram levadas a cabo nas reuniões litúrgicas dos primeiros cristãos - e continuaram na Liturgia da Palavra, dentro da Santa Missa -; liam-se certos textos da Sagrada Escritura e, a seguir, o ministro sagrado pronunciava a homilia, na qual não deviam faltar nem umas palavras de alento nem a catequese sobre um tema doutrinal".

Católico, não perca tempo com leituras vazias e pecaminosas, mas leia bons livros; esses mudam a vida das pessoas.

 

Cláudio Montisanbert foi destinado por seus pais à carreira das armas. Aos catorze anos, no regimento e sob a influência de maus companheiros, contraiu o vício do jogo, perdendo grandes somas, pelo que os pais, irritados, afastaram-no das armas por algum tempo. Depois de melhorar, entrou noutro regimento, mas logo recaiu no triste vício. Ferido na batalha de Malplaquet, durante a longa convalescença dedicou-se à leitura da vida dos santos. Estas leituras e a graça de Deus lograram a sua conversão definitiva. Permaneceu ainda dois anos no exército, dando belos exemplos de virtudes cristãs. Aos 22 anos dedicou-se como penitente a peregrinações, entrando logo depois na Congregação dos Irmãos das Escolas Cristãs, aí vivendo exemplarmente com o nome de Irmão Irineu.

 

Católico, seja sábio e prudente ao escolher um livro para ler! Lembre-se de que nem tudo que brilha é ouro.

Há livros que se podem chamar sepulcros branqueados, pois, ostentando um exterior brilhante, têm no interior, oculta, a podridão dos erros mais grosseiros em matéria de honestidade e religião.

É preciso tomar muito cuidado com os maus livros, eles são venenos perigosos para a alma, enquanto que o bom livro é fortificante para a mesma: "É pelo mau livro que o demônio dá a beber a peçonha do pecado a muitas almas inocentes. É com a droga de livros obscenos que o demônio faz o maior negócio do mundo. As almas que ele cativa com a leitura de um romance indecoroso, podem contar-se pelas letras que o compõem. Ler um mau livro é aconselhar-se com um inimigo. - Ler um bom livro é ouvir um bom conselheiro. Um livro mau é um falsário; - um livro bom é um pregador, que fala ao coração, convence o entendimento e move a vontade. O mau livro é um traidor, que mata a alma pela calada. - Um bom livro é um amigo fiel, que não lisonjeia nem engana, mas aconselha e ensina. O mau livro entenebrece o espírito com os erros que encerra. - O bom livro é um farol, que mostra o caminho da virtude através do espesso nevoeiro das aberrações em que o mundo anda envolto" (Pe. Alexandrino Monteiro).

Feliz daquele que lê continuamente bons livros. Infeliz da pessoa que perde tempo com más leituras: "Ainda hoje, como no início dos tempos, o homem está colocado em presença de duas árvores que produzem frutos diversos: a árvore da imprensa do bem, e a árvore da imprensa do mal. A primeira oferece ilustrações pudicas e belas, jornais úteis e sérios, livros bons e de gozo sincero; a outra dá frutos de peste e de morte" (Pe. João Colombo).

Católico, seja corajoso e destrua os maus livros. Não permita que na sua casa entre esse veneno mortífero.

 

Regressava São João Bosco ao oratório numa tarde de 1851. Ao passar diante de um quiosque, parou para olhar os livros. O vendedor disse-lhe:

- Esses livros não servem para o senhor, porque são todos protestantes.

- Estou vendo, disse o Santo; mas, na hora da morte estará o senhor tranquilo, depois de haver vendido tais livros e haver propagado o erro?

Ditas estas palavras, saudou-o e retirou-se. O vendedor perguntou quem era aquele sacerdote e, ao saber que era Dom Bosco, tratou de conversar com ele. Em seguida levou-lhe todos os livros para serem queimados, e dali em diante seguiu sempre o bom caminho.

 

Uma jovem, pouco antes de morrer, escreveu: "Tenho 18 anos; sou a criatura mais desgraçada e por isso vou morrer. Aos 15 anos eu era inocente. Maldito o dia em que meu tio me abriu a biblioteca e me disse: "Lê!" Melhor fora que, dando-me um punhal, me dissesse: "Mata-te!" Eu não teria percorrido o caminho da desgraça".

 

Católico, será que você não possui maus livros em sua estante ou debaixo do colchão de sua cama? Será que você não coleciona essas cartilhas de Satanás?

São Paulo escreveu a Timóteo: "Esperando a minha chegada, aplica-te à leitura, à exortação, à instrução".

Com certeza o Apóstolo aconselhou o seu amigo a aplicar-se à boa leitura, a ocupar o tempo para alimentar a sua alma imortal com a boa leitura.

Católico, traga com você sempre um bom livro! Ele é um fiel amigo que te orientará no caminho da santidade: "É o bom livro um espelho, onde cada um vê a sua própria imagem, ou ataviada com virtudes, ou afeada com vícios. É o bom livro um velho experimentado, que tem muito que narrar ao jovem que entra no caminho da vida, no consórcio dos homens e na luta com as paixões. Ler um bom livro é entrar num arsenal, que fornece ao cristão as armas de que precisa para se defender dos ataques contra a verdade católica. Oh! Se houvesse mais leitores dos bons livros, como a religião seria mais praticada, mais trilhado o caminho da virtude, mais imitado Jesus Cristo, mais respeitado o nome de Deus! Como se veriam as igrejas mais povoadas e mais desertos os cárceres! Como se melhoraria o estado da sociedade e com ele as condições dos povos! Mas, desgraçadamente, não é assim! Quem hoje governa o mundo são os maus livros. São eles que fomentam as revoluções e anarquizam os povos, corrompem os costumes e desmoralizam as sociedades!" (Pe. Alexandrino Monteiro).

Católico, que tipo de leitura você faz? Sente fastio em fazer leituras espirituais? Pobre ignorante!

Se você sente fastio em fazer leituras espirituais, é porque já tem o gosto corrompido com leituras de romances, que servem só para excitar a fantasia e avivar as paixões.

O Pe. Alexandrino Monteiro escreve: "O livro faz o homem. A doutrina nele exposta infiltra-se de tal modo pelo teu espírito, que vens a ser aquilo que leste. Quem muito lê história, será historiador; quem muito se dá à leitura dos clássicos, será um deles; quem manuseia os poetas, vem-lhes a herdar o estro; quem lê amiúde a vida dos Santos, não tarda a imitar-lhes as virtudes".

Se santo Inácio de Loiola tivesse lido um livro de cavalarias, quando o pediu, teria saído um famoso cavaleiro; mas, porque lhe trouxeram um outro, que encerrava a vida dos santos, saiu um tão grande Santo.

Católico, leia somente livros piedosos! O bom livro é um grande amigo que nos orienta por um caminho seguro: "Nunca deixes a leitura dos livros Santos. Aprende o que deves ensinar, adquire a verdadeira doutrina que tem sido ensinada, para que estejas em condições de exortar segundo a sã doutrina e refutar os que a contradizem" (São Jerônimo), e: "Devemos pôr os livros piedosos no número dos nossos amigos verdadeiramente fiéis, porque nos chamam eles severamente ao cumprimento de nossos deveres e das prescrições da verdadeira disciplina. Despertam no coração as vozes do céu já adormecidas. Sacodem o torpor de nossas boas resoluções. Não nos deixam adormecer numa tranquilidade enganadora. Reprovam nossas afeições secretas quando são elas pouco recomendáveis. Descobrem aos imprudentes os perigos que os esperam muitas vezes. Prestam-nos todos estes bons ofícios e com uma tão discreta benevolência, que não somente amigos, mas ainda vêm a ser os melhores dentre os melhores amigos. Temo-los quando os quisermos, sempre ao nosso lado, prontos a cada momento para nos ajudarem nas necessidades de nossas almas. Deles a voz nunca é dura, os conselhos sempre desinteressados, e a palavra nunca tímida ou mentirosa" (São Pio X, Encíclica "Haerent Animo", 25).

São Francisco de Sales escreve: "Deves ter um gosto especial em ouvir a Palavra de Deus, mas ouve-a sempre com atenção e respeito, quer no sermão, quer em conversas edificantes dos teus amigos que gostam de falar em Deus. É a boa semente, que não se deve deixar cair em terra. Aproveita-te bem dela; recebe-a no teu coração como um bálsamo precioso, à imitação da Santíssima Virgem, que conservava no seu peito, cuidadosamente, tudo o que ouvia dizer de seu divino Filho, e lembre-se sempre de que Deus não ouvirá favoravelmente as nossas palavras na oração, se não tirarmos proveito das suas nos sermões.

Tem sempre contigo um bom livro de devoção, como os de São Boaventura, de Gerson, de Dionísio Cartusiano, de Luís de Blois, de Granada, de Estella, de Arias, de Pinelli, de La Puente, de Ávila, o "Combate espiritual", as "Confissões" de Santo Agostinho, as "Epístolas" de São Jerônimo e outros semelhantes. Lê-o por algum tempo todos os dias, mas com tanta atenção como se um santo to enviasse expressamente para te ensinar o caminho do céu e encorajar-te a trilhá-lo. Lê também as vidas dos santos, onde verás, como em um espelho, o verdadeiro retrato da vida devota, acomodando os seus exemplos aos deveres do teu estado. Pois, embora muitas ações dos santos não possam ser imitadas por pessoas que vivem no século, contudo, de perto ou de longe, todas elas podem ser seguidas. Imite a grande solidão de São Paulo, o primeiro eremita, pela solidão espiritual do teu coração e pelo recolhimento assíduo, segundo as tuas forças; ou, então, a pobreza extrema de São Francisco, por certas práticas de pobreza de que ainda hei de falar. Entre as vidas dos santos e santas há algumas que espalham luz em nossa mente para a direção de nossa vida, como a da bem-aventurada madre Teresa, o que torna a sua leitura admirável, as dos primeiros Jesuítas, a do cardeal São Carlos Borromeu, de São Luis, de São Bernardo, as "Crônicas" de São Francisco e outros livros semelhantes. Outras há que nos são propostas mais para a admiração, do que para a imitação, como as de Santa Maria do Egito, de São Simão Estilita, de Santa Catarina de Sena, de Santa Catarina de Gênova, de Santa Ângela, as quais, em todo caso, muito nos afervoram em geral no santo amor de Deus" (Introdução à Vida Devota, Parte II, cap. XVII).

Católico, leia bons livros! Não te deixes iludir pelo muito que promete o título, nem pelos ornatos do frontispício, nem pela fama do autor. O veneno, ainda quando doce, mata. Assim, o livro pode ser muito agradável à fantasia, mas encerrar um veneno tão fino, que, imperceptivelmente, leve a morte à alma.

 

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

Anápolis, 19 de novembro de 2007

 

 

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP. "Aplica-te à leitura"

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