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                 O 
                  BOM EXEMPLO 
          
          (1 Pd 1, 
          15) 
            
          
          "Antes, 
          como é santo aquele que vos chamou, tornai-vos também vós santos em 
          todo o vosso comportamento". 
            
                   
            
          
          Todos 
          são chamados a darem o bom exemplo, a serem santos em todos os 
          ambientes: "Para a 
          maioria dos homens, ser santo supõe santificar o próprio trabalho, 
          santificar-se no seu trabalho, e santificar os outros com o trabalho, 
          e encontrar assim Deus no caminho das suas vidas"
          (São Josemaría Escrivá). 
          
          Se cada católico batizado e crismado se preocupasse com sinceridade 
          em dar o bom exemplo, com certeza o mundo seria um oceano de paz: 
          "Não 
          haveria mais nenhum pagão, se nos comportássemos como verdadeiros 
          cristãos" 
          (São João Crisóstomo, Hom. 
          X in 1 Tm.; Migne, PG LXII, 551). 
          
          Como seria 
          resplandecente a sociedade, se todos os cidadãos se esforçassem 
          fervorosamente para darem o bem exemplo, se cada um procurasse viver 
          santamente o momento presente, em cada ambiente. 
          
          Se em cada família 
          houvesse pai que desse bom exemplo, que não perdesse a Missa 
          dominical, que estudasse a doutrina católica, que não blasfemasse, que 
          todos os dias ou frequentemente rezasse com devoção o Santo Rosário ou 
          o Terço; com certeza, em cada família haveria filhos de ouro. Quando 
          Zaqueu se converteu, Jesus Cristo disse: "Hoje a salvação entrou 
          nesta casa" (Lc 19, 9). 
          Nosso Senhor estava convencido de que o bom exemplo daquele pai, 
          pronto a restituir quatro vezes mais do que aquilo que roubara, seria 
          irresistível também para os filhos. 
          
          Se a mãe de família 
          brilhasse dentro de casa com o seu bom exemplo, com certeza os filhos 
          seriam melhores. Se a mulher casada se vestisse decentemente, se 
          rezasse com os filhos, se lesse para os mesmos boas leituras, se os 
          levassem à igreja, etc., o ambiente seria de verdadeira santidade. 
          
          Se em todas as 
          lojas, se em todas as oficinas houvesse um patrão que desse bom 
          exemplo, que bela repercussão isso não teria entre todos os 
          dependentes! Se todos os servos, se todos os operários vissem seus 
          patrões na Missa em todos os dias de festa, se os vissem frequentando 
          os santos Sacramentos, certamente a religião seria mais respeitada, 
          certamente o reino de Deus nas almas se desenvolveria como o fermento 
          na farinha e como o grão de mostarda lançado em boa terra. 
          
          Eis aí por que, 
          quando o Régulo de Cafarnaum creu no Senhor, todos os seus servos, 
          todos os seus soldados, todos os seus parentes creram também:
          "... e creu, ele e todos os da sua casa"
          (Jo 4, 53). 
          
          São Jerônimo 
          conjura os superiores a estarem bem atentos, porque da sua conduta 
          depende a salvação de muitas almas. 
          
          Católico, lute 
          continuamente para agradar a Nosso Senhor, dando o bom exemplo no meio 
          desse mundo mergulhado nas trevas. Através do bom exemplo, você 
          conseguirá atrair muitas pessoas para a luz. 
            
          
          Eufêmia, jovem 
          filha de um senador, era cristã. Ela foi levada perante o tribunal e 
          condenada a morrer. 
          
          A mártir, 
          silenciosa e firme, estava no meio da multidão, diante dos juízes, de 
          olhos cerrados, como se de sob as pálpebras já pudesse contemplar um 
          mundo melhor. 
          
          "Prendei-a, 
          atai-a!" Berrou o prefeito 
          do tribunal a dois soldados que lhe estavam ao lado. Estes 
          imediatamente se precipitaram contra a virgem: quando chegaram perto, 
          sentiram-se mudados e disseram: "Se a fé dessa jovem lhe dá tanta 
          alegria em morrer, só verdadeira pode ser. Façamo-nos também cristãos". 
          E recusaram-se a tocar num só cabelo da Santa. 
          
          O juiz sentiu-se 
          derrotado por uma menina desarmada. 
          
          Então gritou para o 
          centurião que tinha à sua direita: "Sóstenes! Sóstenes! Lança-a tu 
          sobre a roda dilaceradora. E dê-se cabo dela!" 
          
          O centurião também 
          se aproximou, mas também transmudado repentinamente por ela, pediu-lhe 
          perdão e força para imitá-la. Depois, com o ferro desembainhado, 
          volveu-se para o juiz, dizendo que com mais gosto enfiaria aquela 
          lâmina no seu próprio peito do que no coração dela, a quem os Anjos 
          defendiam. 
          
          Como Santa Eufêmia 
          em meio ao tribunal, assim faça a nossa alma no meio do mundo. Que o 
          perfume do bom exemplo saia das nossas ações em todos os dias da nossa 
          vida, e todo aquele que de nós se aproximar, mesmo se no seu coração 
          estiver triste, afaste-se de nós edificado e com o propósito de nos 
          imitar. 
          
          O Pe. Alexandrino 
          Monteiro escreve: "O remédio contra o 
          escândalo é o bom exemplo. O bom exemplo contramina a obra perniciosa 
          do escandaloso, pois, ao passo que este arrasta as almas para o vício 
          e para a perdição eterna, aquele as atrai para a virtude e leva para 
          Deus. 
          
          Obrigação 
          de dar bom exemplo todos a temos; têm-na porém, mais que todos, 
          aqueles que o deram mau. 
          
          Sendo nós 
          os membros de uma sociedade espiritual - a Igreja - cujo fim é tornar 
          os fiéis semelhantes a Jesus Cristo, devemos viver em conformidade com 
          as suas leis. Ora, sendo nós obrigados a observar as leis da Igreja, 
          temos, por isso mesmo, o dever de dar bom exemplo, pois não se pode 
          ser bom cristão sem edificar o próximo com boas obras. 
          
          Este dever 
          pesa com mais responsabilidade sobre aqueles que preponderam aos 
          outros por idade ou condição, pois, tendo-os de encaminhar na prática 
          do bem, devem às palavras instrutivas juntar o exemplo das boas obras. 
          
          O que está 
          de cima é como o guia e modelo, para quem devem olhar os subordinados. 
          Se o modelo é defeituoso, a cópia não pode sair perfeita. 
          
          Mas tem 
          ainda maior obrigação de dar bom exemplo aquele que, com seus 
          escândalos, concorreu para a ruína do próximo. Primeiro, por parte de 
          Deus, a quem deve restituir a glória que lhe roubou, e que lhe deviam 
          dar as criaturas, se não fossem pervertidas com seus maus exemplos. 
          Segundo, por parte do homem, que tem direito de exigir daquele que o 
          afastou de Deus e da virtude, que o reponha de novo no caminho da 
          salvação. 
          
          O bom 
          exemplo é um sermão que todos podem pregar. Com ele pode fazer-se mais 
          fruto nas almas, do que com muitos discursos que só recreiam os 
          ouvidos.  
          
          O pregar 
          com a palavra nem a todos é concedido; mas pregar com o exemplo a 
          ninguém é defeso. 
          
          O bom 
          exemplo é um sermão que todos entendem e que se pode pregar a cada 
          hora do dia, não só na Igreja, mas na rua e em casa. Como não há de 
          ser maior o seu fruto? 
          
          Assim é 
          que Jesus serviu-se mais do exemplo do que da palavra, para nos pregar 
          a doutrina do céu. Primeiro ensinou os homens com admiráveis exemplos 
          de virtude que praticou na pobre oficina de Nazaré. Primeiro praticou 
          a humildade, a obediência, a oração, o recolhimento, a pobreza, e só 
          depois é que nos pregou o mesmo com a palavra. 
          
          Antes de 
          nos pregar a excelência da pobreza evangélica, praticou-a Ele com toda 
          a sua perfeição nos trinta anos antes de encetar a vida apostólica. 
          
          Antes de 
          nos ensinar que, para o seguir, é necessário deixar o pai, a mãe, os 
          irmãos e tudo o que temos na terra, deu Ele o exemplo, separando-se de 
          seus pais, e deixando-se ficar, sem os avisar, no templo de Jerusalém. 
          
          Antes de 
          nos ensinar que o caminho das perseguições é o que devem trilhar todos 
          os seus discípulos, deu-nos o exemplo de ser, ainda menino, perseguido 
          por um rei ambicioso, vendo-se obrigado a fugir para o deserto. 
          
          Antes de 
          nos pregar a mortificação como seguro meio de vencer as tentações 
          contra a pureza, deu-nos o exemplo de quarenta dias de rigoroso jejum 
          e oração no deserto. 
          
          Depois de 
          nos pregar a doutrina sublime contida nos Evangelhos, confirmou-a por 
          último com obras, pondo em prática tudo o que nos ensinou. 
          
          Jesus 
          falou pouco durante a sua Paixão, porque o modo como então pregava 
          consistia mais em obras do que em palavras: Oh! Exemplos divinos! 
          
          Por isso 
          podia repetir do alto da cruz o que já antes tinha dito aos seus 
          apóstolos: Dei-vos o exemplo, para que façais como eu fiz. 
          
          Cumpre que 
          também tu dês bom exemplo! A obrigação, que tens de dá-lo, é tanto 
          maior, quanto mais tiveres escandalizado o próximo, fazendo-o cair no 
          pecado. 
          
          Também tu 
          és chamado a salvar as almas. Salvá-las ao menos com o bom exemplo, se 
          de outro modo não podes. 
          
          Os bons 
          exemplos dum jovem produzem maior pressão e maior fruto, pois quem não 
          sabe que, para ser virtuoso e manter-se na linha de um jovem honesto, 
          é preciso vencer as paixões ardentes e inimigos pertinazes? 
          
          Os bons 
          exemplos que mais quadram à idade adolescente são: de modéstia no 
          porte, nos gestos e palavras; de piedade nos exercícios religiosos, 
          nas obras de zelo e caridade, na fuga de todas as ocasiões e perigos 
          de pecado. 
          
          No meio da 
          corrução das sociedades modernas, a vida de um jovem, integérrima e 
          desapaixonada, é o melhor apanágio da nobreza de seu caráter. A 
          afirmação rasgada de seus princípios religiosos, a sobranceria com que 
          defende a sua fé e os interesses da Igreja, granjearam-lhe uma auréola 
          de glória, que não lhe dá nem a fidalguia de geração, nem o talento, 
          nem as riquezas, nem o mais alto posto na sociedade". 
          
          
          Católico, é preciso dar bom exemplo em todos os ambientes, somente 
          assim aproximaremos de Deus aqueles que estão mergulhados nas trevas. 
          
          Nos 
          tempos de Nosso senhor Jesus cristo, em toda parte mandava o Império 
          Romano. Os súditos deviam pagar cada um o seu tributo conforme o que 
          possuíam, mas esta obrigação tornara-se odiosa a todos pelo modo como 
          as taxas eram pagas. Alguns ricos, com o seu dinheiro, compravam do 
          governo o direito de receber os tributos de uma determinada região, e 
          todos deviam levar o dinheiro a esses exatores, que se chamavam 
          publicanos. Gente, ademais, odiada por todos porquanto, livre nos seus 
          negócios, sem nenhuma fiscalização das autoridades romanas, fazia 
          grandes injustiças, sugando o sangue à gente pobre, que devia calar-se 
          e pagar. 
          
          
          Jesus, que tinha vindo para evangelizar os pobres e pregar a justiça, 
          não podia aprovar essas desordens. Ora com bondade e a mansidão, ora 
          com a força das suas palavras, procurava chegar até ao coração 
          daqueles publicanos, para os converter à justiça e ao amor. Mas todos 
          o esquivavam, porque... seguir Jesus, queria dizer, renunciar ao 
          dinheiro roubado, queria dizer, ajudar os pobres, não pretender mais 
          do que o que era justo. Isto custava esforço, e nenhum publicano 
          sentia-se capaz de cumpri-lo. 
          
          Um 
          dia, porém, o Mestre passa perto da banca de um publicano que estava 
          justamente cobrando as taxas. Chamava-se Mateus. Jesus fita-o no rosto 
          e lhe diz: "Vem comigo". 
          
          Sem 
          hesitar, o publicano deixa tudo e põe-se a seguir Jesus. E fica tão 
          satisfeito de estar com Ele, que quer oferecer um suntuoso banquete em 
          honra d'Ele. E pensar que Jesus certamente quis daquele homem uma 
          reparação de caridade, de esmolas por todas as injustiças cometidas no 
          passado! Todavia, observai: desde aquele momento, os publicanos tomam 
          coragem, vencem a sua vergonha, e começam a estar com Jesus. 
          
          Vede 
          como foi eficaz o exemplo de Mateus! Parecia que ele devesse ser 
          lastimado por todos pelo fato de arruinar os seus negócios, e, ao 
          contrário, ele se viu seguido por muitíssimos outros. 
          
          Só os 
          vivos é que podem dar a vida: um morto não pode fazer nada. Mister se 
          faz, pois, primeiramente em nós a vida espiritual realmente vivida, 
          vida feita de fidelidade absoluta aos próprios deveres. 
          
          
          Quando uma pessoa nunca falta à igreja, quando frequenta com 
          sinceridade e fervor os sacramentos, quando trabalha com honestidade, 
          educa cristamente os filhos, conserva-se longe dos divertimentos 
          perigosos, e foge de todo discurso mau, e lê os jornais bons, este 
          vive a sua vida. Pois bem: sem o perceber, ele vai lançando sementes 
          de bem naqueles que dele se aproximam, que o vêem, que o escutam. Só 
          no Céu poderemos compreender bem toda a eficácia de uma vida de bons 
          exemplos. 
          
          
          Católico, não canse de dar bom exemplo! Conquiste muitas almas para o 
          Coração de Nosso Senhor através do seu bom exemplo. 
            
				  
          
          Pe. 
          Divino Antônio Lopes FP. 
          
          
          Anápolis, 20 de novembro de 2007 
           
           
            
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