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                SALVA A TUA ALMA! 
          
          (Fl 2, 12)
           
            
          
          “... 
          operai a vossa salvação com temor e tremor”. 
            
          
            
            
          
          Católico, não deixe 
          para amanhã, mas lute fervorosamente para salvar a sua alma imortal:
          “Preciso salvar a minha alma, isto é, ganhar o 
          Céu, evitar a eternidade do inferno. Não há meio-termo. Salvar a minha 
          alma é o fim da minha criação, da minha redenção, é o fim da minha 
          vida” (São Pedro Julião 
          Eymard, A Divina Eucaristia, Vol. 3), e: “Só tenho uma alma, e se perco esta, nada 
          mais tenho a salvar” 
          (Santa Teresa de Jesus). 
          
          Feliz daquele que 
          leva a sério a sua salvação! 
            
          
          Frei Gil, o bendito 
          leigo franciscano, temendo pela sua salvação, abandona o mundo. Uma 
          gruta às margens de um rio ofereceu-lhe abrigo, e ali vivia todo 
          consagrado ao serviço de Deus. A água cristalina matava-lhe a sede, e 
          as árvores ofereciam-lhe seus frutos. O sol surpreendia-o em oração e 
          as estrelas da noite eram testemunhas de suas assombrosas penitências. 
          
          Um dia, três 
          cavaleiros, que andavam à caça, chegaram à gruta de frei Gil. Este 
          recebeu-o amavelmente, entreteve-se com eles sobre coisas espirituais 
          e notou que, embora bons cristãos, gostavam mais do mundo do que de 
          Deus. 
          
          Ao despedirem-se, 
          um deles disse: 
          
          - Santo bendito, 
          desde hoje recomenda-nos a Deus. 
          
          - Em verdade, 
          senhores, vós é que haveis de pedir a Deus por mim, porque tendes mais 
          fé e mais esperança do que eu. 
          
          - Como assim? Nós? 
          
          - Sim, disse Frei 
          Gil, porque estou aqui retirado de todo trato com os homens, vestido 
          de burel, dormindo no chão, e sempre ando com medo de condenar-me; e 
          vós cercados de prazeres e comodidades, alimentando vícios e paixões, 
          estais tão seguros de vossa salvação! O santo dizia isso ironicamente. 
          
          O Santo tinha 
          razão. É preciso assegurar a nossa salvação por meio da penitência, 
          pois a eterna Verdade diz: “Se não fizerdes penitência, perecereis”. 
            
          
          Católico, é preciso 
          salvar a alma! Não brinque com coisa séria! 
          
          Milhões de católicos 
          se preocupam somente com o bem estar do corpo, deixando completamente 
          de lado a salvação da alma: “O negócio da 
          eterna salvação é, sem dúvida, o mais importante, e, contudo, é aquele 
          de que os cristãos mais se esquecem” 
          (Santo Afonso Maria de Ligório, 
          Preparação para a Morte, Consideração XII, Ponto I). 
          
          Que é a alma? 
          A alma é a parte espiritual do homem, 
          pela qual ele vive, entende e é livre. A alma do homem não morre com o 
          corpo, mas vive eternamente porque é espiritual.  
          
          Negar a existência 
          da alma humana seria grande absurdo: “a) 
          Prova-a a razão. Sabemos, efetivamente, que a simples matéria não 
          vive, nem sente, nem pensa. Nós vivemos, sentimos e pensamos. Logo, 
          temos um princípio distinto da matéria. b) A Sagrada Escritura  
          também no-lo prova. Assim, Cristo avisa-nos: ‘Não temais aqueles que 
          só podem fazer mal ao corpo. Temei antes Aquele que pode precipitar 
          a alma e o corpo no Inferno’ (Mt 10, 28). A alma humana tem duas 
          propriedades importantíssimas, que a distinguem do princípio vital dos 
          irracionais: é espiritual e imortal. 
          
          
          A alma humana é 
          espiritual, porque não é corpo nem consta de partes materiais: é um 
          princípio superior à matéria. 
          
          Isto 
          se prova porque ela realiza ações que estão acima da matéria.
          Comparemos, para nos 
          certificarmos, o conhecimento do homem com o dos 
          animais. 
          
          1° 
          O conhecimento dos animais refere-se às qualidades materiais dos
          corpos, 
          que se podem perceber pelos sentidos. 
          
          2° 
          O conhecimento do homem: a) refere-se também a seres e
          
          qualidades imateriais; b) os próprios seres materiais, conhece-os 
          de modo
          
          imaterial; 
          c) é capaz de 
          raciocinar. Três coisas que o animal não consegue. 
            
          
          a)
          O 
          homem conhece seres espirituais, como Deus, e noções imateriais, como 
          as noções de virtude, dever, pátria... 
            
          
          b)
          
          Conhece os seres materiais de modo imaterial, porque pode afastar 
          deles as qualidades sensíveis e formar as idéias, que são imateriais e
          abstratas. 
            
          
          
          Expliquemo-lo com um exemplo. O cão distingue o seu dono do estranho e 
          do mendigo pela voz, as feições, o cheiro, as atitudes e outras 
          condições sensíveis e concretas. Mas nunca poderá dizer para si mesmo: 
          estes três possuem algo de comum, são animais racionais; porque este 
          conceito é algo de imaterial, que os sentidos não podem perceber. O 
          homem faz isto sempre que abstrai as qualidades materiais dos seres, 
          para formar as idéias ou conceitos gerais. 
            
          
          c) 
          Além disso, o homem pode raciocinar, o que não pode fazer o animal. É 
          absurdo supor que um cão leia um livro e discuta as idéias do autor, 
          ou que um burro fabrique um computador ou componha uma sinfonia. 
          
          Pois 
          bem: como o agir segue o ser, dizemos que, havendo no homem operações 
          imateriais, é necessário que nele exista um princípio imaterial 
          especial — espiritual — que as produza; a este princípio espiritual 
          chamamos alma. 
          
          
          Necessariamente, a natureza de um ser está de acordo com as suas 
          operações. Assim, é impossível que uma pedra tenha respiração e 
          circulação, ou que uma planta veja e sinta prazer. Por isso, havendo 
          como há, no homem, operações imateriais, é necessário que haja nele um 
          princípio i material especial. 
            
          
          A 
          alma não morre com o corpo: é imortal. ‘Deus fez o homem imortal’ — 
          escreve o Livro da Sabedoria (2, 23). 
            
          
          Diz 
          também o Eclesiastes: ‘Que o pó da terra volte à terra de onde saiu; e 
          o espírito volte a Deus, que lhe deu o ser’ (12, 7). 
            
          
          
          Também a razão, por sua vez, prova a imortalidade da alma: 
            
          
          
          a)Porque, sendo a alma um espírito, não tem em si gérmen algum de 
          corrupção, própria do que é material. 
            
          
          O 
          corpo, ao morrer, desagrega-se nos diversos elementos que o compõem e 
          entra em corrupção. A alma humana é simples e espiritual, e não tem 
          nem elementos que se desagreguem, nem matéria que possa corromper-se. 
            
          
          b) 
          Porque assim o exige a sabedoria de Deus. Se a alma não fosse imortal, 
          Deus teria posto no homem um desejo de felicidade que jamais poderia 
          satisfazer. 
            
          
          Uma 
          vez que nesta vida não pode satisfazer plenamente esse desejo, e iria 
          contra a sabedoria de Deus ter posto na alma uma aspiração tão 
          profunda e poderosa para nunca a satisfazer, é necessário admitir a 
          existência de outra vida, onde essa aspiração possa ter completa 
          realização. 
            
          
          c) 
          Porque assim o exige a Justiça de Deus. Pois de outro modo tantas 
          injustiças que se dão no mundo ficariam sem reparação” 
          (Curso de Teologia Dogmática, Pablo Arce e 
          Ricardo Sada). 
            
          
          
          Católico, a alma existe! Louco e estúpido é aquele que se agarra às 
          coisas terrenas, se esquecendo de salvá-la. 
            
          
          Vós, 
          os que vendeis vossa alma por um nada (por um prazer momentâneo, pelas 
          riquezas perecíveis, pelo fumo de uma honra vã, etc.), quereis saber o 
          que ela vale? Não vo-lo direi eu; dir-vos-á um pobre índio que viveu 
          nas florestas, mas teve a sorte de conhecer e abraçar a verdade 
          católica. Morrera o Padre de Smedt; morrera, como São Francisco 
          Xavier, com o braço cansado de batizar pagãos e rodeado de uma coroa 
          gloriosa de novos cristãos. Após a sua morte penetraram nas selvas, 
          carregados de ouro e de mulheres, muitos missionários protestantes. Um 
          deles, metodista, procurou conquistar para a sua seita o chefe da 
          tribo do Yacamas, a quem batizara o venerável Smedt. Entre o pastor e 
          o índio entabulou-se este diálogo: 
          
          - 
          Quanto dinheiro queres para passares para a nossa religião 
          protestante? 
          
          - 
          Muito; respondeu o pele-vermelha. 
          
          - 
          Quanto? Duzentos dólares? 
          
          - 
          Muito mais. 
          
          - 
          Quanto, então? 500.000 dólares? 
          
          - 
          Muito mais ainda. 
          
          Fala, 
          dize a soma que queres e eu te darei. 
          
          O 
          índio fitou-o fixamente nos olhos, atirou às costas sua manta de couro 
          de búfalo e, levantando a mão ao céu, segredou-lhe ao ouvido: 
          
          - 
          Dai-me o que vale a minha alma! 
            
          
          
          Católico, por que você se preocupa tanto com as coisas passageiras e 
          se esquece de trabalhar para salvar a sua alma? Lembre-se de que Jesus 
          Cristo morreu na cruz para salvá-la! 
          
          Que 
          aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro se ele vier a perder a alma? 
          Estas palavras não são de um articulista, não são de político algum, 
          nem foram ouvidas de uma cátedra de Universidade. Foi o divino Mestre, 
          Verdade eterna, quem as pronunciou. Um dia Jesus depois de ter falado 
          a seus discípulos sobre a abnegação de si mesmos, e desejoso de lhes 
          ensinar a inutilidade das coisas terrenas na salvação da alma, dá a 
          sublime lição que vence os séculos e hoje como então tem a mesma 
          atualidade. Foi à luz desse “Que aproveita” que o jovem São 
          Luiz Gonzaga disse: “Que serve isto para a minha eternidade?” 
          Que um outro jovem morto aos dezessete anos e hoje com as honras dos 
          altares, Santo Estanislau Kostka, disse também: “Eu nasci para as 
          coisas do alto”. 
          
          
          Católico, para que tantas preocupações pelas riquezas, tantos 
          sacrifícios para alcançar as glórias do mundo? Que proveito tirará 
          disso para a vida eterna? 
          
          “... 
          operai a vossa salvação com temor e tremor” 
          (Fl 2, 12). 
          
          
          Edições Theologica comenta: 
          “A perseverança na fé e na 
          caridade até ao fim da vida é um dom de Deus. Pode alcançar-se se não 
          se põem obstáculos às graças que o Senhor dá continuamente. Acerca 
          deste dom, o Concílio de Trento advertiu que ‘todos devem depositar e 
          pôr no auxílio de Deus a mais firme esperança. Porque Deus, se eles 
          não faltam à sua graça, como começou a obra boa, assim a acabará, 
          operando o querer e o atuar’ 
          (De iustificatione, cap. 13). 
          ‘Em prol dos Seus desígnios’: A graça que de Deus outorga a cada um 
          para que possa realizar ações sobrenaturais é uma manifestação da 
          benevolência de Deus, o qual quer que todos os homens se salvem. O 
          homem, portanto, não pode fazer coisa alguma que conduza à vida eterna 
          se não é movido pela graça. Não obstante a graça não suprime a 
          liberdade, pois somos nós que queremos e atuamos. A incapacidade 
          humana para realizar obras meritórias só com as força naturais não há 
          de ser motivo de desânimo. Pelo contrário, constitui uma razão mais de 
          agradecimento a Deus, pois Ele está sempre pronto a enviar-nos o 
          auxílio da Sua graça; assim poderemos operar o bem e fazer que essas 
          boas ações nos sirvam para merecer o Céu. São Francisco de Sales 
          ilustra esta maravilha do amor de Deus com um exemplo: “Quando a terna 
          mãe ensina o seu filhinho a andar, ajuda-o e sustenta-o quando é 
          necessário, deixando-o dar alguns passos pelos sítios menos perigosos 
          e mais planos, tomando-lhe a mão e segurando-o, ou tomando-o nos seus 
          braços e levando-o neles. Da mesma maneira Nosso Senhor tem cuidado 
          contínuo dos passos dos Seus filhos’ 
          (Tratado do amor de Deus, liv. 
          3, cap. 4). Não 
          obstante, esta solicitude de Deus pelos homens não deve ser tomada 
          como escusa para permanecer inativos. Deus sempre deseja entrar com a 
          Sua graça dentro de cada pessoa (cfr Apc 3. 20), mas não o fará em 
          quem se nega a escutar a Sua voz e fecha o seu coração. Daí a 
          recomendação de São Paulo: ‘Trabalhai com temor e tremor na vossa 
          salvação” (v. 12). É este um convite urgente a secundar a atenção da 
          graça de Deus na nossa alma. O ‘temor’ e o ‘tremor’ são o temor filial 
          de entristecer a quem sabemos que nos ama (cfr 2 Cor 7, 15); este 
          temor filial vai intimamente unido à alegria de servir a Deus (cfr Sl 
          2, 11) e é dulcificado pela certeza de que o próprio Deus está 
          empenhado em que sejamos santos, ‘sem permitir que o desalento nos 
          domine; se nos determos em cálculos meramente humanos. Para superar os 
          obstáculos, há que começar a trabalhar, metendo-se em cheio nessa 
          tarefa, de maneira que o nosso próprio esforço nos leve a abrir novos 
          caminhos” (São 
          Josemaría Escrivá, Cristo que passa, n° 160)”. 
          
          
          Católico, não tenha preguiça de trabalhar para salvar a sua alma 
          imortal. Trabalhe fervorosamente agora, imitando a Cristo Jesus, para 
          depois descansar no Paraíso. 
            
          
          
          Perguntai a São Paulo o que deveis fazer para vos tornardes 
          semelhantes a Jesus Cristo. São Paulo não vos enganará. Ele é o doutor 
          que mais admiravelmente expõe as leis divinas de nossa perfeição na 
          vida espiritual... 
          
          - 
          Santo Apóstolo, temos a fé de Pedro, o discípulo escolhido por Jesus 
          Cristo para seu vigário na terra... Basta-nos? 
          
          -   
          Não basta. 
          
          - 
          Temos a caridade para com Deus e o amor para com o próximo, que 
          aprendemos do amigo predileto de Jesus... Basta? 
          
          -   
          Não. 
          
          -  
          Temos a fortaleza heróica demonstrada pelo Batista ante os inimigos... 
          Basta? 
          
          -  
          Não. 
          
          - 
          Temos a confiança em Deus que distinguiu o patriarca São José, o qual 
          mereceu ser tido por pai de Jesus... Basta? 
          
          - Não 
          basta... escutai o que vos digo: Jesus Cristo é o modelo que deveis 
          ter sempre diante dos olhos... é o retrato que haveis de reproduzir em 
          vosso corpo e em vossa alma. E quem era Jesus Cristo? Era a caridade, 
          era a justiça, a mansidão, a prudência e a paciência... Era a beleza 
          de Deus manifestando-se aos olhos humanos, para que nele nos 
          transformemos. Tendes, pois, de trabalhar, trabalhar muito, até que 
          sejais retratos perfeitos desse divino Modelo... 
          
          - 
          Mas, santo Apóstolo, nossa carne é fraca, nosso coração é louco, nossa 
          concupiscência é animal, nossas inclinações perversas, as tentações 
          são muitas, os demônios rodeiam-nos dia e noite, o mundo nos 
          fascina... 
          
          - 
          Trabalhai! É preciso imitar a Jesus Cristo. Essa é a única segura 
          garantia de nossa eterna salvação. Se temos a sua graça, temos tudo... 
          
          -  
          Mas isso será trabalho de muitos anos. 
          
          - 
          Tendes razão: é trabalho de toda a vida. Mas para isso é que Deus nos 
          pôs no mundo, para isso é a vida. Se não a atendeis assim, estais 
          tristemente equivocados... 
          
          
          Trabalhai! Tendes diante de vós uma eternidade para descansar e gozar 
          de vossas virtudes. 
            
          
          
          Católico, louco, de todos o mais louco, é aquele que não se preocupa 
          com a salvação de sua alma: 
          “Razão tinha São Filipe Néri em chamar de louco ao homem que não 
          trabalhava na salvação de sua alma. Se houvesse na terra homens 
          mortais e homens imortais e aqueles vissem estes se aplicarem às 
          coisas do mundo, procurando honras, riquezas e prazeres terrenos, 
          dir-lhes-iam sem dúvida: ‘Quanto sois insensatos! Podeis adquirir bens 
          eternos e só pensais nas coisas miseráveis e passageiras, 
          condenando-vos a penas eternas na outra vida!… Deixai-os, pois; nesses 
          bens só devem pensar os desventurados que, como nós, sabem que tudo se 
          acaba com a morte!’ Isto, porém, não é assim: todos somos imortais… 
          Como se haverá, portanto, aquele que, por causa dos miseráveis 
          prazeres do mundo, perde a sua alma?… Como se explica — disse Salviano 
          — que os cristãos creiam no juízo, no inferno, na eternidade, e vivam 
          sem receio de nenhuma dessas coisas? 
          
          A salvação eterna não é só 
          o mais importante, senão o único negócio que nesta vida nos impende 
          (Lc 10, 42). São Bernardo deplora a cegueira dos cristãos que, 
          qualificando de brinquedos infantis certos passatempos da infância, 
          chamam negócios sérios suas ocupações mundanas. Maiores loucuras são 
          as néscias puerilidades dos homens. ‘Que aproveita ao homem — disse o 
          Senhor — ganhar o mundo inteiro e perder sua alma?’ (Mt 16, 26). Se tu 
          te salvas, meu irmão, nada importa que no mundo hajas sido pobre, 
          perseguido e desprezado. Salvando-te, acabar-se-ão os males e serás 
          feliz por toda a eternidade. Mas, se te enganares e te perderes, de 
          que te servirá no inferno haveres desfrutado de todos os prazeres do 
          mundo, teres sido rico e cortejado? Perdida a alma, tudo está perdido: 
          honras, divertimentos e riquezas. 
          
          Que responderás a Jesus 
          Cristo no dia do juízo? Se um rei enviasse um embaixador a uma grande 
          cidade, a fim de tratar de um negócio importante, e esse ministro, em 
          vez de ali dedicar-se à missão que lhe fora confiada, só se ocupasse 
          de banquetes, festas e espetáculos, de modo que por sua negligência 
          fracassasse a negociação, que contas poderia dar ao rei à sua volta? 
          Do mesmo modo, ó meu Deus, que conta poderá dar ao Senhor no dia do 
          juízo, aquele que, colocado neste mundo, não para divertir-se, nem 
          enriquecer, nem adquirir honras, senão para salvar sua alma, 
          infelizmente a tudo atendeu, menos à sua alma? Os mundanos não pensam 
          no presente e nunca no futuro. São Filipe Néri, falando certa vez em 
          Roma com um jovem talentoso chamado Francisco Nazzera, assim se 
          expressou: ‘Tu, meu filho, terás carreira brilhante: serás bom 
          advogado, depois prelado, a seguir cardeal, quem sabe? talvez Papa… 
          mas depois? e depois? Ide, disse-lhe em fim pensai nestas últimas 
          palavras’. Foi Francisco para casa e, meditando no sentido daquelas 
          palavras ‘e depois? e depois?’ Abandonou os negócios terrenos, deixou 
          o mundo para ingressar na mesma congregação a que pertencia São Filipe 
          Néri, e aí ocupar-se somente em servir a Deus. Este é o único negócio, 
          porque só temos uma alma. Certo príncipe solicitou a Bento XII uma 
          graça que não podia ser concedida sem pecado. Respondeu o Papa ao 
          embaixador: ‘Dizei a vosso soberano que, se eu tivesse duas almas, 
          poderia sacrificar uma por ele e reservar a outra para mim, mas como 
          só tenho uma, não quero perdê-la’. São Francisco Xavier dizia que no 
          mundo há um só bem e um só mal. O único bem, salvar-se; condenar-se, o 
          único mal. A mesma verdade expunha Santa Teresa às suas religiosas: 
          ‘Minhas irmãs, uma alma e uma eternidade’; o que quer dizer: há uma 
          alma, e perdida esta, tudo está perdido; há uma eternidade, e a alma, 
          uma vez perdida, para sempre o será. Por isso, Davi suplicava a Deus, 
          e dizia: Senhor, uma só coisa vos peço: salvai-me a alma, e nada mais 
          quero. 
          
          Com receio e com temor 
          trabalhai na vossa salvação (Fl 2,12). Quem não receia nem teme 
          perder-se, não se salvará, porque para se salvar é preciso trabalhar e 
          empregar violência (Mt 11, 12). Para alcançar a salvação é necessário 
          que, na hora da morte, apareça a nossa vida semelhante à de Nosso 
          Senhor Jesus Cristo (Rm 8, 29). Para este fim devemos esforçar-nos em 
          evitar as ocasiões perigosas e empregar os meios necessários para 
          conseguir a salvação. ‘O reino dos céus não se dará aos indolentes — 
          diz São Bernardo, — senão aos que trabalharam no serviço do Senhor’. 
          Todos desejariam salvar-se, mas sem o menor incômodo. ‘O demônio — diz 
          Santo Agostinho — trabalha sem repouso para perder-te, e tu, 
          tratando-se de tua felicidade ou de tua desgraça eterna, tanto te 
          descuidas?’. 
          
          Negócio importante, 
          negócio único, negócio irreparável. Não há falta que se possa 
          comparar, diz Santo Eusébio, ao desprezo da salvação eterna. Todos os 
          demais erros podem ter remédio. Perdidos os bens, é possível 
          readquirir outros por meio de novos trabalhos. Perdido um emprego, 
          pode ser recuperado. Ainda no caso de perder a vida, se salvar a alma, 
          tudo está preparado. Mas para quem se condena, não há possibilidade de 
          remédio. Morre-se uma vez, e perdida uma vez a alma, está perdida para 
          sempre. Só resta o pranto eterno com os outros míseros insensatos do 
          inferno, cuja pena e maior tormento consiste em pensar que para eles 
          já não há mais tempo de remediar sua desdita (Jr 8, 20). Perguntai a 
          esses sábios do mundo, mergulhados agora no fogo infernal, 
          perguntai-lhes o que sentem e pensam; se estão contentes por terem 
          feito fortuna na terra, mesmo que se condenaram à eterna prisão. 
          Escutai como gemem dizendo: Erramos, pois… (Sb 5, 6). Mas de que lhes 
          serve agora reconhecer o seu erro, quando já a condenação é 
          irremediável para sempre? Qual não seria o pesar daquele que, tendo 
          podido prevenir e evitar com pouco esforço a ruína de sua casa, a 
          encontrasse um dia desabada, e só então considerasse seu próprio 
          descuido, quando não houvesse já remédio possível? 
          
          Esta é a 
          maior aflição dos réprobos: pensar que perderam sua alma e se 
          condenaram por sua culpa. Disse Santa Teresa que, se alguém perde, por 
          sua culpa, um vestido, um anel ou outro objeto, perde a tranquilidade 
          e, às vezes, não come nem dorme. Qual será, pois, ó meu Deus, a 
          angústia do condenado quando, ao entrar no inferno, se vir sepultado 
          naquele cárcere de tormentos, e, atendendo à sua desgraça, considerar 
          que durante toda a eternidade não há de chegar remédio algum! Sem 
          dúvida exclamará: ‘Perdi a alma e o paraíso, perdi a Deus; tudo perdi 
          para sempre, e por quê? Por minha culpa! E se alguém objetar: Mesmo 
          que cometa este pecado, porque hei de me condenar?… Acaso, não poderei 
          salvar-me? Responder-lhe-ei: Também pode ser que te condenes’. Ainda 
          direi que até há mais probabilidade em favor de tua condenação, porque 
          a Sagrada Escritura ameaça com este tremendo castigo aos pecadores 
          obstinados, como tu o és neste instante. ‘Ai dos filhos que desertam!’ 
          (Is 30, 1) — diz o Senhor. — ‘Ai daqueles que se afastam de mim’ (Os 
          7,13). E não pões ao menos, com esse pecado cometido, a tua salvação 
          eterna em grande perigo e grande incerteza? E qual é este negócio que 
          assim se pode arriscar? Não se trata de uma casa, de uma cidade, de um 
          emprego; trata-se, — diz São João Crisóstomo, — de padecer uma 
          eternidade de tormentos e de perder um paraíso de delícias. E este 
          negócio, que tanto te deve importar, queres arriscá-lo por um talvez? 
          ‘Quem sabe — dizes, — quem sabe se me condenarei? Espero que Deus mais 
          tarde me há de perdoar’. E entretanto?… Entretanto, por ti mesmo te 
          condenas ao inferno. Por acaso te atirarias a um poço, dizendo: talvez 
          escape da morte? — Não, de certo. Como podes expor tua eterna salvação 
          numa tão frágil esperança, num quem sabe? Oh! quantos, por causa dessa 
          maldita falsa esperança, se perderam!… Não sabes que a esperança dos 
          obstinados no pecado não é esperança, mas presunção e ilusão que não 
          promovem a misericórdia divina, mas provocam sua indignação? Se dizes 
          que presentemente não estás em estado de resistir às tentações, à 
          paixão dominante, como resistirás mais tarde, quando, em vez de 
          aumentar, te faltará a força pelo hábito de pecar? Por uma parte, a 
          alma estará mais cega e mais endurecida na malícia, e por outra 
          faltar-lhe-á o auxílio divino… Acaso, esperas que Deus aumente para ti 
          suas luzes e suas graças depois que tu hajas aumentado ilimitadamente 
          tuas faltas e pecados?” 
          (Santo Afonso Maria de 
          Ligório, Preparação para a Morte, Consideração XII, Ponto I, II e III). 
          
          
          Católico, não existe ocupação mais importante aqui na terra, do que 
          trabalhar para salvar a sua alma. 
            
          
          São 
          João de Gota, um dos mártires do Japão, foi condenado pelo tirano. 
          Contava apenas dezenove anos e pouco tempo fazia que entrara na 
          Companhia de Jesus. Indo seu pai despedir-se dele, o jovem, no momento 
          de ser crucificado, disse-lhe: 
          
          -  
          Meu pai, a salvação deve preferir-se a tudo. O senhor, para 
          assegurá-la, não se descuide de nada. 
          
          - 
          Muito obrigado, meu filho! E você, também, aguente firme. Sua mãe e eu 
          estamos preparados para morrer pela mesma causa. 
          
          - E o 
          generoso pai, tendo beijado seu filho mártir, retirou-se molhado pelo 
          sangue da generosa vítima. 
          
          
          Católico, não perca tempo, mas trabalhe para salvar a sua alma 
          imortal: “Salvar a minha alma, tornar-me santo, eis o principal negócio de 
          minha vida. Ser rico, honrado, prezado, servido, isto não tem valor 
          algum e será antes um perigo, uma grande desgraça se der ocasião a que 
          peque ou me leve a descuidar-me de minha salvação – pois na morte 
          acaba tudo... Com efeito, que me valerá perante Deus, ter feito 
          fortuna, alcançando posição de destaque e de influência no mundo, ou 
          gozado de todos os bens da vida, se nada fiz para o céu, se não amei e 
          servi a Deus, meu derradeiro fim?... A obra de minha salvação é, por 
          conseguinte, o meu primeiro dever, enquanto tudo o mais não passa de 
          bagatela” 
          (São Pedro Julião Eymard, A 
          Divina Eucaristia, Vol 3). 
          
          
          Católico, jogue a preguiça fora e lute fervorosamente para salvar a 
          sua alma: “Se tens 
          coração, recorda bem que maior necessidade não há que a necessidade da 
          salvação da alma”
          (Santo Ambrósio, Serm. 4). 
          
          
          Católico, não deixe o mundo enganar-te com as vaidades, lembre-se de 
          que a salvação da alma é o negócio mais importante: 
          “Quem te criou sem te 
          consultar, não te salvará sem a tua cooperação” 
          (Santo Agostinho), 
          e: “É grandíssima 
          loucura sermos negligentes pela nossa própria salvação, enquanto o 
          demônio não perde ocasião em perder a nossa alma” 
          (São João Crisóstomo, Hom. 
          2 in Epist. 2 Joan.). 
            
			  
          
          Pe. 
          Divino Antônio Lopes FP. 
          
          
          Anápolis, 27 de novembro de 2007 
           
           
            
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