O SEGUNDO MANDAMENTO DA LEI DE
DEUS
(Dt 5, 11)
“11
Não pronunciarás em vão o nome do Senhor teu Deus...”
Fórmula catequética
Não
tomar seu Santo Nome em vão.
Segundo mandamento:
Não tomar seu Santo Nome em vão.
O segundo mandamento da Lei de Deus cumpre-se honrando o Nome de
Deus (e tudo o que a Ele se refira) e mediante o juramento e o voto.
HONRAR O NOME DE DEUS E TUDO O QUE A DEUS SE REFIRA
Deus é Santo, e o seu Nome é santo porque o nome representa a
pessoa: há uma relação íntima entre a pessoa e o nome que tem, como o
há entre o país, o seu governo e o embaixador que o representa. Quando
se honra ou se despreza o embaixador, honra-se ou despreza-se o país
por ele representado. Do mesmo modo, quando falamos de Deus, não
devemos pensar simplesmente numas letras, mas sim no próprio Deus, Uno
e Trino. Por isso havemos de santificar o seu Nome e pronunciá-lo com
grande respeito e reverência.
O Catecismo da Igreja Católica ensina:
“Não pronunciarás o nome do
Senhor, teu Deus, em vão’
(Ex 20, 7).
O segundo mandamento pertence, como o primeiro, ao âmbito da virtude
da religião e regula mais particularmente o uso que fazemos da palavra
nas coisas santas.
Entre
todas as palavras da revelação há uma, singular, que é a revelação do
nome de Deus. Deus confia seu nome àqueles que crêem nele; revela-lhes
em seu mistério pessoal. O dom do nome pertence à ordem da confiança e
da intimidade. ‘O nome do Senhor é santo’. Eis por que o homem não
pode abusar dele. Deve guardá-lo na memória num silêncio de adoração
amorosa. Não fará uso dele a não ser para bendizê-lo, louvá-lo e
glorificá-lo” (nn.
2142-2143).
RESPEITAR TUDO O QUE É CONSAGRADO A DEUS
Devemos respeitar o que está consagrado a Deus, ou seja, as coisas,
pessoas ou lugares que Lhe foram dedicados por designação pública da
Igreja:
a. São lugares sagrados as igrejas e os cemitérios: neles se
há de observar um comportamento respeitoso e digno.
b. São coisas sagradas o altar, o cálice, a patena, o
cibório e outros objetos dedicados ao culto.
c. São pessoas sagradas os ministros de Deus – padres,
religiosos -, os quais merecem respeito pelo que representam, e dos
quais nunca se deve falar mal.
O
JURAMENTO
São Pio X escreve:
“Jurar é tomar a Deus em
testemunho da verdade do que se afirma ou se promete” (Catecismo
Maior, 376).
É sempre proibido jurar?
“Não é sempre proibido o
juramento, mas é lícito e até honroso para Deus, quando há necessidade
e se jura com verdade, discernimento e justiça” (Idem, 377).
Quando não se jura com verdade?
“Quando se afirma com
juramento o que se sabe ou se julga falso, e quando com juramento se
promete o que não se tem a intenção de cumprir” (Idem, 378).
Quando não se jura com discernimento?
“Quando se jura sem prudência
nem madura ponderação, ou por coisas de pequena importância”
(Idem, 379).
Quando não se jura com justiça?
“Quando se jura fazer uma
coisa que não é justa ou permitida, como jurar vingar-se, roubar e
outras coisas parecidas”
(Idem, 380).
Somos obrigados a cumprir o juramento de fazer coisas injustas ou
proibidas? “Não só
não somos obrigados, mas pecaríamos fazendo-o, porque são proibidas
pela lei de Deus ou da Igreja”
(Idem, 381).
Há diversos modos de jurar:
a. Invocando Deus expressamente; p. ex.: juro por Deus, pelo
Sangue de Cristo, etc.
b. Invocando o nome de Nossa Senhora ou de algum santo.
c. Nomeando alguma criatura em que resplandeçam diversas
perfeições divinas: p. ex., jurar pelo Céu, pela Igreja, pela
Cruz.
d. Jurando sem palavras, pondo a mão sobre os Evangelhos,
sobre o Crucifixo, sobre o altar, etc.
O
VOTO
Outra maneira de honrar o Nome de Deus é o voto:
“Um voto é uma promessa feita
a Deus de uma coisa boa, para nós possível, e melhor que a coisa
contrária, a que nós nos obrigamos, como se nos fosse preceituada”
(São Pio X, Catecismo Maior, 384).
Para se tratar realmente de um voto, exige-se:
- Por parte de quem o faz, que a promessa feita a Deus seja:
a. Formal: O compromisso de a cumprir é expressamente feito,
considerando que fazemos um voto ante Deus, e não um mero propósito.
b. Deliberada: Não fruto de impulso repentino.
c. Livre de coação física ou moral.
- Por parte da coisa prometida, que seja razoável e
possível, boa e melhor que o seu contrário.
Pode fazer voto quem tiver uso da razão e suficiente conhecimento
da coisa prometida e, uma vez feito licitamente, há obrigação grave de
o cumprir: “Se fizeste algum voto a Deus, não tardes em o cumprir, porque
a Deus desagrada a promessa vã e infiel. É muito melhor não fazer voto
do que, depois de o fazer, não o cumprir”
(Ecl 5, 3-4).
De modo geral, é melhor o hábito de fazer propósitos que ajudem
a melhorar, sem necessidade de votos nem de promessas, a não ser
que Deus o peça. Se alguma vez importar fazer um voto, é prudente
perguntar ao confessor antes de o fazer, a fim de nos assegurarmos de
que ele seja conveniente.
PECADOS OPOSTOS
São pecados contra este mandamento:
1. PRONUNCIAR COM LEVIANDADE OU SEM NECESSIDADE O NOME DE DEUS
Isto é, sem o devido respeito, por gracejo ou por brincadeira.
2. BLASFEMAR
Que consiste em dizer palavras ou fazer gestos injuriosos contra
Deus, à Virgem Maria, os santos ou a Igreja. A blasfêmia pode ser:
a. Direta: Quando é feita contra Deus.
b. Indireta: Quando é feita contra a Virgem Santíssima, os
santos ou as coisas santas.
c. Herética: Quando contém algum erro contrário à Fé; p.
ex., dizer advertidamente: ‘Deus é injusto comigo!’
e. Execratória: Quando é acompanhada de ódio a Deus.
Sempre que haja plena advertência e vontade deliberada, a
blasfêmia é pecado grave, que não admite matéria leve. Significa
uma subversão total da ordem moral, ordem que tem por cume a honra a
Deus – e a blasfêmia pretende, com presunção, desonrar a divindade.
3. JURAMENTO FALSO, INJUSTO OU DESNECESSÁRIO
Em alguns casos é pecado jurar, porque falta alguma das condições
para a licitude:
1. A verdade: Há sempre grave irreverência em dar Deus como
testemunha de uma mentira. Nisto consiste precisamente o perjúrio,
pecado gravíssimo que atrai o castigo de Deus (cf Zc 5, 3-8; Eclo 23,
11).
2. A justiça: É grave ofensa utilizar o Nome de Deus jurando
algo que não é lícito.
3. A necessidade: Não se pode jurar sem prudência, sem
moderação, ou por coisas de pouca importância, sem cometer pecado
venial (seria mortal se houvesse escândalo ou perigo de perjúrio).
Jurar
é tomar Deus por testemunha da verdade do que se diz ou se promete. Se
exclamo: “Por Deus!”, é uma irreverência; se digo: “Juro por
Deus que é verdade”, é um juramento.
4. A FALTA DE CUMPRIMENTO DO VOTO
É pecado grave ou leve, consoante os casos, pois é faltar a uma
promessa feita a Deus.
Pe. Divino Antônio Lopes FP.
Anápolis, 20 de janeiro de 2008
Bibliografia
Catecismo da Igreja Católica
São Pio X, Catecismo Maior
Pe. Leo J. Trese – A fé explicada
Ricardo Sada e Alfonso Monroy – Curso de Teologia Moral
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