O TERCEIRO MANDAMENTO DA LEI DE DEUS

(Dt 5, 12)

 

12 Guardarás o dia de sábado para santificá-lo...”

 

Fórmula catequética

 

Guardar domingos e festas de guarda.

 

 

Terceiro mandamento: Guardar domingos e festas de guarda.

 

“Lembra-te do dia do sábado para santificá-lo. Trabalharás durante seis dias e farás todas as tuas obras. O sétimo dia, porém, é o sábado do Senhor, teu Deus. Não farás nenhum trabalho” (Ex 20, 8-10).

“O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado, de modo que o Filho do Homem é senhor até do sábado” (Mc 2, 27-28).

 

O dia do sábado

 

O terceiro mandamento do Decálogo lembra a Santidade do sábado: “O sétimo dia é sábado; repouso absoluto em honra do Senhor” (Ex 31,15).

A propósito dele, a Escritura faz memória da criação: “Porque em seis dias o Senhor fez o céu e a terra, o mar e do o que eles contêm, mas repousou no sétimo dia. Por isso o Senhor abençoou o dia de sábado e o santificou” (Ex 20,11).

No dia do Senhor, a Escritura revela ainda um memorial da libertação de Israel da escravidão do Egito: “Recorda que foste escravo na terra do Egito e que o Senhor, teu Deus, te fez sair de lá com a mão forte e o braço estendido. É por isso que o Senhor teu Deus te ordenou guardar o dia de sábado” (Dt 5,15).

Deus confiou o sábado a Israel, para que ele pudesse guardá-lo em sinal da aliança inquebrantável. O sábado é, para o Senhor, santamente reservado ao louvor de Deus, de sua obra de criação e de suas ações salvíficas em favor de Israel.

O agir de Deus é o modelo do agir humano. Se Deus “retomou o fôlego” no sétimo dia (Ex 31,17), também o homem deve “folgar” e deixar que os outros, sobretudo os pobres, “retomem fôlego”. O sábado faz cessar os trabalhos cotidianos e concede uma pausa. É um dia de protesto contra as escravidões do trabalho e o culto do dinheiro.

O Evangelho relata numerosos incidentes em que Jesus é acusado de violar a lei do sábado. Mas Jesus nunca profana a santidade desse dia. Dá-nos com autoridade sua autêntica interpretação: “O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado” (Mc 2,27). Movido por compaixão, Cristo se permite, no dia de sábado, fazer o bem de preferência ao mal, salvar uma vida de preferência a matar. O sábado é o dia do Senhor das misericórdias e da honra de Deus. “O Filho do Homem é senhor até do sábado” (Mc 2,28).

A lei evangélica, mantendo o preceito do Decálogo, suaviza-lhe a interpretação prática (cf Suma Teológica, II-II, q. 122, a. 4. ad 4) e transfere-o para o Domingo: santificá-lo sob pretexto de divertimento ou de descanso.

 

O dia do Senhor

 

Este é o dia que o Senhor fez, exultemos e alegremo-nos nele (Sl 117,24).

 

O DIA DA RESSURREIÇÃO: A NOVA CRIAÇÃO

 

Jesus ressuscitou dentre os mortos “no primeiro dia da semana” (Mc 16,2). Enquanto “primeiro dia”, o dia da Ressurreição de Cristo lembra a primeira criação. Enquanto “oitavo dia”, que segue ao sábado, significa a nova criação
inaugurada com a Ressurreição de Cristo. Para os cristãos, ele se tornou o primeiro de todos os dias, a primeira de todas as festas, o dia do Senhor (“He kyriaké hemera”, “dies dominica”), o “domingo”:

 

“Reunimo-nos todos no dia do sol, porque é o primeiro dia (após o sábado dos judeus, mas também o primeiro dia) em que Deus, extraindo a matéria das trevas, criou o mundo e, nesse mesmo dia, Jesus Cristo, nosso Salvador, ressuscitou dentre os mortos” (São Justino, Apol. 1, 67).

 

O DOMINGO - PLENITUDE DO SÁBADO

 

O domingo se distingue expressamente do sábado, ao qual sucede cronologicamente, a cada semana, e cuja prescrição ritual substitui, para os cristãos. Leva à plenitude, na Páscoa de Cristo, a verdade espiritual do sábado judeu e anuncia o repouso eterno do homem em Deus. Pois o culto da lei preparava o mistério de Cristo e o que nele se praticava prefigurava, de alguma forma, algum aspecto de Cristo:

“Aqueles que viviam segundo a ordem antiga das coisas voltaram-se para a nova esperança não mais observando o sábado, mas sim o dia do Senhor, no qual a nossa vida é abençoada por Ele e por sua morte” (Santo Inácio de Antioquia, Magn. 9, 1).

 

A celebração do domingo observa a prescrição moral naturalmente inscrita no coração do homem de prestar a Deus um culto exterior, visível, público e regular sob o signo de seu benefício universal para com os homens. O culto dominical cumpre o preceito moral da Antiga Aliança, cujo ritmo e espírito retoma ao celebrar cada semana o Criador e o Redentor de seu povo.

 

A EUCARISTIA DOMINICAL

 

A celebração dominical do Dia e da Eucaristia do Senhor está  no coração da vida da Igreja. O domingo, dia em que por tradição      apostólica se celebra o Mistério Pascal, deve ser guardado em toda a Igreja como dia de festa de preceito por excelência. Devem ser guardados igualmente o dia do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, da Epifania, da Ascensão e do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, de Santa Maria, Mãe de Deus, de sua Imaculada Conceição e Assunção, de São José, dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e, por fim, de Todos os Santos.

Esta prática da assembléia cristã data dos inícios da era apostólica. A Epístola aos Hebreus lembra: “Não deixemos as nossas assembléias, como alguns costumam fazer. Procuremos animar-nos sempre mais” (Hb 10,25).

A Tradição guarda a lembrança de uma exortação sempre atual: “Vir cedo à Igreja, aproximar-se do Senhor e confessar seus pecados, arrepender-se na oração... Participar da santa e divina liturgia, terminar a oração e não sair antes da despedida... Dissemos muitas vezes: este dia vos é dado para a oração e o repouso. É o dia que
o Senhor fez. Exultemos e alegremo-nos nele”
(Pseudo-Eusébio Alexandrino, Serm. Dom. PG 86/1, 416.421).

 

Paróquia é uma determinada comunidade de fiéis, constituída de maneira estável na Igreja particular, e seu cuidado pastoral é confiado ao pároco, como a seu pastor próprio, sob a autoridade do bispo diocesano. É o lugar onde todos os fiéis podem ser congregados pela celebração dominical da Eucaristia. A paróquia inicia o povo cristão na expressão ordinária da vida litúrgica, reúne-o nesta celebração, ensina a doutrina salvífica de Cristo, pratica a caridade do Senhor nas obras boas e fraternas.

 

“Não podes rezar em casa como na Igreja, onde se encontra o povo reunido, onde o grito é lançado a Deus de um só coração. Há ali algo mais, a união dos espíritos, a harmonia das almas, o vínculo da caridade, as orações dos presbíteros” (São João Crisóstomo, Incomprehens, 3.6: PL 48, 725D).

 

A OBRIGAÇÃO DO DOMINGO

 

O mandamento da Igreja determina e especifica a lei do Senhor: “Aos domingos e nos outros dias de festa de preceito, os fiéis têm a obrigação de participar da missa” (CIC, cân. 1247). Satisfaz ao preceito de participar da missa quem assiste à missa celebrada segundo o rito católico no próprio dia de festa ou à tarde do dia anterior.

A Eucaristia do domingo fundamenta e sanciona toda a prática cristã. Por isso os fiéis são obrigados a participar da Eucaristia nos dias de preceito, a não ser por motivos muito sérios (por exemplo, uma doença, cuidado com bebês) ou se forem dispensados pelo próprio pastor. Aqueles que deliberadamente faltam a esta obrigação cometem pecado grave.

A participação na celebração comunitária da Eucaristia dominical é um testemunho de pertença e de fidelidade a Cristo e à sua Igreja. Assim, os fiéis atestam sua comunhão na fé e na caridade. Dão simultaneamente testemunho da santidade de Deus e de sua esperança na salvação, reconfortando-se mutuamente sob a moção do Espírito Santo.

 

“Por falta de ministro sagrado ou por outra causa grave, se a participação na celebração eucarística se tornar impossível, recomenda-se vivamente que os fiéis participem da liturgia da Palavra, se houver, na igreja paroquial ou em outro lugar sagrado, celebrada segundo as prescrições do Bispo diocesano, ou então se dediquem à oração durante um tempo conveniente, a sós ou em família, ou em grupos de famílias, de acordo com a oportunidade” (CIC, cân. 1248, 2).

 

POR QUE IR À MISSA AOS DOMINGOS?

 

Uma canção muito popular durante a I Guerra Mundial dizia em seu estribilho: “Que agradável levantar-se de manhã, mas mais agradável ainda ficar na cama”, ou algo parecido. Raro é o católico que não tenha experimentado uma vez por outra sentimentos parecidos, enquanto se aconchega entre os lençóis num domingo de manhã, e que, ao deixar a cama em obediência ao terceiro mandamento de Deus: “Santificarás o dia do Senhor”, não o faça com a sensação de realizar uma proeza.

Que haja um dia do Senhor é uma consequência lógica da lei natural (quer dizer, da obrigação de nos comportarmos de acordo com a nossa natureza de criaturas de Deus), que exige que reconheçamos a nossa absoluta dependência de Deus e agradeçamos a sua bondade para conosco. Sabemos que, na prática, é impossível ao homem médio manter-se em constante atitude de adoração, e por isso é natural que se determine o tempo ou tempos de cumprir esse dever absolutamente necessário. De acordo com essa necessidade, estabeleceu-se um dia em cada sete para que todos os homens, em todos os lugares, rendam a Deus essa homenagem consciente e deliberada que lhe cabe por direito.

Sabemos que, nos tempos do Antigo Testamento, esse dia do Senhor era o sétimo da semana, o “Sabat”. Deus assim ordenou a Moisés no Monte Sinai: “Santificarás o dia do Senhor” (Ex 20, 8). No entanto, quando Cristo estabeleceu a Nova Aliança, a velha lei litúrgica caducou. A Igreja primitiva determinou que o dia do Senhor fosse o primeiro da semana, o nosso domingo. Que a Igreja tenha o direito de estabelecer essa lei, é verdade por muitas passagens do Evangelho em que Jesus lhe confere o poder de prescrever leis em seu nome.

A razão desta mudança do dia do Senhor do sábado para o domingo reside em que, para a Igreja, o primeiro dia da semana é duplamente santo. É o dia em que Jesus venceu o pecado e a morte e nos assegurou a glória futura. É, além disso, o dia que, Jesus escolheu para nos enviar o Espírito Santo, o dia do nascimento da Igreja. É também muito provável que a Igreja tenha mudado o dia do Sábado por uma razão psicológica: para sublinhar que o culto dos hebreus do Velho Testamento, que era preparação para o advento do Messias, havia caducado. A religião cristã não havia de ser uma simples “revisão” do culto da sinagoga; a religião cristã era o plano definitivo de Deus para a salvação do mundo, e o pano final caiu sobre o “Sabat”. Os cristãos não seriam uma “seita” mais dos judeus: seriam um povo novo, com uma Lei nova e um novo Sacrifício. No Novo Testamento, não se diz nada da mudança do dia do Senhor de sábado para domingo. Sabemo-lo exclusivamente pela tradição da Igreja, pelo fato de no-lo ter sido transmitido desde os tempos primitivos pela viva voz da Igreja. Por essa razão, encontramos muito pouca lógica na atitude de muitos não católicos que afirmam não aceitar nada que não esteja na Bíblia, e, no entanto, continuam mantendo o domingo como dia do Senhor, baseados na tradição da Igreja Católica.

“Santificarás o dia do Senhor”. “Sim”, dizemos, “mas como?” Na sua função legisladora divinamente instituída, a Igreja responde à nossa pergunta dizendo que santificaremos o dia do Senhor sobretudo, assistindo ao santo Sacrifício da Missa. A Missa é o ato de culto perfeito que Jesus nos deu para que, com Ele, pudéssemos oferecer a Deus a honra adequada.

Em sentido religioso, sacrifício é a oferenda a Deus de algo que de algum modo se destrói, ofertado em benefício de um grupo por alguém que tem o direito de representá-lo. Desde o começo da humanidade e entre todos os povos, o sacrifício foi a maneira natural que o homem achou para prestar culto a Deus. O grupo pode ser uma família, uma tribo, uma nação. O sacerdote pode ser o pai, o patriarca ou o rei; ou, como indicou Deus aos hebreus, os descendentes de Aarão. A vítima (o dom oferecido) pode ser pão, vinho, trigo, frutos ou animais. Mas todos esses sacrifícios têm um grande defeito: nenhum é digno de Deus, porque foi Ele mesmo que os fez.

Mas, com o sacrifício da Missa, Jesus nos deu uma oferenda realmente digna de Deus, um dom perfeito de valor adequado a Deus: o dom do próprio Filho de Deus, igual ao Pai. Jesus, o Grande Sacerdote, ofereceu-se a Si mesmo como Vítima no Calvário, de uma vez para sempre, ao ser justiçado pelos seus verdugos. No entanto, você e eu não podíamos estar ao pé da cruz, para nos unirmos a Jesus em sua oferenda a Deus. Por isso Jesus nos proporcionou o santo Sacrifício da Missa, no qual o pão e o vinho se transformam no seu próprio corpo e sangue, separados ao morrer no Calvário, e pelo qual Jesus renova incessantemente o dom de Si mesmo ao Pai, proporcionando-nos a maneira de nos unirmos a Ele em seu oferecimento, dando-nos a oportunidade de entrar a fazer parte da Vítima que se oferece. Na verdade, não pode haver melhor modo de santificar o dia do Senhor e de santificar os outros seis dias da semana.

O nosso tempo, como nós mesmos, pertence a Deus. Mas Deus e a sua Igreja são muito generosos conosco. Dão-nos seis dias em cada sete para nosso uso, um total de 144 horas em que trabalhar, distrair-nos e dormir. A Igreja é muito generosa inclusive com o dia que reserva para Deus. Do que pertence totalmente a Deus, pede-nos somente uma hora (e nem sequer completa): a que se requer para assistir ao santo Sacrifício da Missa. As outras 23, Deus no-las dá de volta para nosso uso e descanso. Deus agradece que destinemos mais tempo exclusivamente a Ele e ao seu serviço, mas a única obrigação estrita em matéria de culto é assistir à Santa Missa aos domingos e festas de guarda. Na prática, temos, pois, obrigação de reservar para Deus, como algo seu, uma hora das 168 que Ele nos dá em cada semana.

Se tivermos isto em conta, compreenderemos a razão pela qual faltar à Missa dominical deliberadamente é um pecado mortal. Compreenderemos a radical ingratidão que existe na atitude de certas pessoas “muito ocupadas” ou “muito cansadas” para ir à Missa, para dedicar a Deus essa única hora que Ele nos pede; dessas pessoas que, não satisfeitas com as 167 horas que já têm, roubam a Deus os sessenta minutos que Ele reservou para Si. Vê-se claramente a falta total de amor e, mais ainda, de um mínimo de decência, que mostra aquele que nem sequer tem a generosidade de reservar uma hora de sua semana para unir-se a Cristo e adorar adequadamente a Santíssima Trindade de Deus, agradecer-lhe seus benefícios durante a semana transcorrida e pedir sua ajuda para a semana que começa.

Não temos obrigação apenas de assistir à Missa, mas de assistir a uma Missa inteira. Se omitirmos uma parte essencial da Missa — toda a Liturgia da Palavra, a Consagração ou a Comunhão do celebrante —, será quase o mesmo que omitir a Missa toda, e o pecado será mortal se a nossa falta tiver sido deliberada. Omitir uma parte menor da Missa — por exemplo, chegar depois da primeira leitura ou sair antes da bênção final — é pecado venial. É uma coisa de que devemos lembrar-nos, se temos tendência a demorar em vestir-nos para ir à Missa ou a sair antes do tempo para evitar “engarrafamentos”. A Missa é a nossa oferenda semanal a Deus, e a Deus não se pode oferecer algo incompleto ou defeituoso. Jamais nos passará pela cabeça dar como presente de casamento uns pratos rachados, uns talheres oxidados ou um jogo de toalhas desbotado. E por Deus devemos ter, pelo menos, um respeito igual.

Para cumprir essa obrigação, temos que estar fisicamente presentes na Missa, a fim de nos integrarmos na comunidade. Não se pode satisfazer esse dever seguindo a Missa pela televisão ou da calçada oposta à igreja, quando há lugar dentro. Às vezes, em alguns lugares, pode acontecer que a igreja esteja tão repleta que os fiéis não caibam e se juntem na calçada em frente à porta. Neste caso, assistimos à Missa porque tomamos parte na assembléia, estamos fisicamente presentes e tão perto quanto nos é possível.

Não devemos estar presentes apenas fisicamente, mas também mentalmente. Quer dizer, devemos ter intenção — ao menos implícita — de assistir à Missa, e ter também certa idéia do que se está celebrando. Quem deliberadamente se prepara para passar pelo sono na Missa ou nem sequer está atento às partes principais, comete um pecado mortal. As distrações menores ou as faltas de atenção, se forem deliberadas, constituem pecado venial. As distrações involuntárias não são pecados.

Mas o nosso amor a Deus nos levará a colocar o nível em que assistimos à Missa acima do que é pecado. Levar-nos-á a chegar à igreja antes que comece e a permanecer no lugar até que o sacerdote se tenha retirado. Fará que nos unamos a Cristo Vítima e que pronunciemos ou acompanhemos atentamente as orações da Missa. Faltaremos à Missa unicamente por uma razão grave: por doença, tanto própria como de alguém de quem devemos cuidar; pela excessiva distância ou por falta de meios de locomoção, por uma situação imprevista e urgente que tenhamos que enfrentar.

 

DIA DE GRAÇA E DE INTERRUPÇÃO DO TRABALHO

 

Como Deus “descansou no sétimo dia, depois de toda a obra que fizera” (Gn 2,2), a vida humana é ritmada pelo trabalho e pelo repouso. A instituição do dia do Senhor contribui para que todos desfrutem do tempo de repouso e de lazer suficiente que lhes permita cultivar sua vida familiar, cultural, social e religiosa.

Durante o domingo e os outros dias de festa de preceito, os fiéis se absterão de se entregar aos trabalhos ou atividades que impedem o culto devido a Deus, a alegria própria ao dia do Senhor, a prática das obras de misericórdia e o descanso conveniente do espírito e do corpo. As necessidades familiares ou uma grande utilidade social são motivos legítimos para dispensa do preceito do repouso dominical. Os fiéis cuidarão para que dispensas legítimas não acabem introduzindo hábitos prejudiciais à religião, à vida familiar e à saúde.

 

“O amor da verdade busca o santo ócio, a necessidade do amor acolhe o trabalho justo” (Santo Agostinho, De civ. Dei, 19, 19).

 

Os cristãos que dispõem de lazer devem lembrar-se de seus irmãos que têm as mesmas necessidades e os mesmos direitos, mas não podem repousar por causa da pobreza e da miséria. O domingo é tradicionalmente consagrado pela piedade cristã às boas obras e aos humildes serviços de que carecem os doentes, os enfermos e os idosos. Os cristãos santificarão ainda o domingo dispensando à sua família e aos parentes o tempo e a atenção que dificilmente podem dispensar nos outros dias da semana. O domingo é um tempo de reflexão, de silêncio, de cultura e de meditação, que favorecem o crescimento da vida interior cristã.

O repouso não consiste em nada fazer – ficaríamos aborrecidos, e além disso a ociosidade é a mãe de todos os vícios -, mas sim, em trocar por outras as nossas atividades ordinárias.

 

Santificar os domingos e dias de festa exige um esforço comum. Cada cristão deve evitar impor sem necessidades a outrem o que o impediria de guardar o dia do Senhor. Quando os costumes (esporte, restaurantes etc.) e as necessidades sociais (serviços públicos etc.) exigem de alguns um trabalho dominical, cada um assuma a responsabilidade de encontrar um tempo suficiente de lazer. Os fiéis cuidarão, com temperança e caridade, de evitar os excessos e as violências causadas às vezes pelas diversões de massa. Apesar das limitações econômicas, os poderes públicos cuidarão de assegurar aos cidadãos um tempo destinado ao repouso e ao culto divino. Os patrões têm uma obrigação análoga com respeito a seus empregados.

 

Dentro do respeito à liberdade religiosa e ao bem comum de todos, os cristãos precisam envidar esforços no sentido de que os domingos e dias de festa da Igreja sejam feriados legais. A todos têm de dar um exemplo público de oração, de respeito e de alegria e defender suas tradições como uma contribuição preciosa para a vida espiritual da sociedade humana. Se a legislação do país ou outras razões obrigarem a trabalhar no domingo, que, apesar disso, este dia seja vivido como o dia de nossa libertação, que nos faz participar desta “reunião de festa”, desta “assembléia dos primogênitos cujos nomes estão inscritos nos céus” (Hb 12,22-23).

 

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

Anápolis, 22 de janeiro de 2008

 

Bibliografia

Catecismo da Igreja Católica

Pe. Leo J. Trese – A fé explicada

Ricardo Sada e Alfonso Monroy – Curso de Teologia Moral

 

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP. “O terceiro mandamento da Lei de Deus”

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