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            O 
            SEXTO E NONO MANDAMENTOS DA LEI DE 
            DEUS 
            
            (Dt 
            5, 18.21) 
            
              
            
            “18 
            Não cometerás adultério... 
            21 
            Não cobiçarás a mulher do 
            teu próximo”. 
            
              
            
            
            Fórmula catequética 
            
              
            
            Não 
            pecar contra a castidade... Não desejar a mulher do próximo.
             
  
            
              
            
              
            
            SEXTO E NONO 
            MANDAMENTOS: 
            Não cometerás adultério... Não desejarás a mulher do teu próximo. 
            
              
            
            “Não 
            cometerás adultério”
            (Ex 20,14). 
            
            “Não 
            cobiçarás a casa de teu próximo, não desejarás sua mulher, nem seu 
            servo, nem sua serva, nem seu boi, nem seu jumento, nem coisa alguma 
            que pertença a teu próximo” 
            (Ex 20, 17). 
            
              
            
            
            “Ouvistes o que foi dito: ‘Não cometerás adultério’. Eu, porém, vos 
            digo: todo aquele que olha para uma mulher com desejo libidinoso já 
            cometeu adultério com ela em seu coração”
            (Mt 5, 27-28). 
            
              
            
            
            O PLANO DE DEUS 
            
              
            
            Para o 
            Cristianismo, a diferença de sexos está incluída no plano de Deus 
            desde o próprio momento da criação do Homem: 
            “E Deus criou o Homem à sua imagem (...) e 
            criou-os varão e mulher” 
            (Gn l, 26-28). 
            
            Já desde o 
            primeiro momento, Deus deu aos nossos primeiros pais o preceito de 
            povoar a Terra: “Sede fecundos e 
            multiplicai-vos, e enchei a Terra” 
            (Idem.). 
            
              
            
            Há, pois, entre os 
            sexos, mútua correlação, o sentido de uma tarefa e de uma 
            responsabilidade para a transmissão da vida no pleno cumprimento do 
            amor. 
            
            O fim da 
            sexualidade, por expressa vontade divina, surge como a superação da 
            simples esfera individual, pois tende à programação da espécie, a 
            comunicar o grande dom da vida. Daqui que, no sentido cristão, a 
            sexualidade se entenda como doação — ao cônjuge e à vida nova —, a 
            qual transcende os planos biológico e psicológico, tocando no mais 
            íntimo núcleo a pessoa humana 
            (cf. Exort. Apost. Familiaris consortio, n. 11). 
            
            Para facilitar o 
            cumprimento desta obrigação, Deus associa um prazer ao ato gerativo. 
            De outra maneira poderia ter ficado em perigo a propagação da 
            espécie humana sobre a Terra. 
            
              
            
            O Pecado Original, 
            com as feridas profundas que produziu na natureza humana, altera a 
            ordem natural: esse apetite ou prazer desordena-se e a razão não 
            domina completamente a retidão das paixões. 
            
              
            
            Deus deixou dois 
            Mandamentos a fim de nos ajudar a orientar o instinto sexual: o 
            sexto — “guardar castidade nas palavras e nas obras” —, 
            expressão que engloba todos os pecados externos nesta matéria; e o 
            nono — “guardar castidade nos pensamentos e nos desejos” —, 
            que abrange qualquer pecado interno de impureza. 
            
              
            
            Em virtude do 
            preceito divino e em razão do fim próprio das coisas, o uso natural 
            da sexualidade está exclusivamente reservado ao matrimônio: 
            “Não lestes que, no princípio, o Criador os 
            fez varão e mulher? E disse: por isso deixará o homem o pai e a mãe 
            e se unirá à sua mulher, e serão os dois uma só carne. De maneira 
            que já não são dois, mas uma só carne” 
            (Mt 19, 4-6). 
            Portanto, fazer uso desse poder gerativo fora dos canais por Deus 
            marcados — o matrimônio — é um pecado contra algum destes 
            mandamentos.  
          
          
           
  
          
            
            
            A VIRTUDE DA SANTA PUREZA 
            
              
            
            Deus deu aos 
            nossos primeiros pais, e neles aos outros homens, o preceito de se 
            multiplicarem e povoarem a Terra. Conforme vimos, para facilitar o 
            cumprimento desta obrigação, associou um prazer ao ato gerativo. 
            
              
            
            Pelo que fica 
            dito, buscar o prazer por si mesmo, esquecendo o papel providencial 
            que Deus confia ao homem, ou procurá-lo fora das condições 
            estabelecidas por Ele, é ir contra o plano divino, é ofender a Deus; 
            é pecado grave. 
            
              
            
            A pureza é, 
            precisamente, a virtude que nos faz respeitar a ordem estabelecida 
            por Deus no uso do prazer que acompanha a propagação da vida. Ou, se 
            se prefere uma definição formal, é a virtude moral que regula 
            retamente qualquer expressão voluntária de prazer sexual dentro do 
            matrimônio, e a exclui totalmente fora do estado matrimonial. 
            
              
            
            Bom é que nos 
            demoremos a refletir sobre esta última definição, pois, com a reta 
            compreensão dos conceitos que encerra, se solucionam e explicam 
            todas as questões que acerca do tema se podem apresentar. 
            
              
            
            
            RAZÕES PARA VIVER A PUREZA 
            
              
            
            Muitas são as 
            razões que se podem dar para que todo o homem viva a castidade: 
            
              
            
            A)   Razões 
            naturais: 
            
              
            
            a) O prazer 
            venéreo é só um estímulo e aliciante para o ato da geração, uma 
            vez que este é indispensável para a propagação do gênero humano e de 
            outro modo seria difícil a conservação da espécie. 
            
            b) É, portanto, um 
            prazer cuja única e exclusiva razão de ser é o bem da espécie, 
            não do indivíduo, e utilizá-lo em proveito próprio é subverter a 
            ordem natural das coisas. 
            
            c) Vale a pena 
            esclarecer que, por este motivo, o matrimônio não é obrigação de 
            todo e qualquer indivíduo, mas sim, necessidade da espécie humana 
            considerada no seu conjunto. 
            
              
            
            B)   Razões da 
            Revelação:    
            
              
            
            Essa lei natural 
            foi vezes sem conta positivamente prescrita por Deus: Ex 20, 14; Pr 
            6, 32; Mt 5, 28; 19, 10 e s.; Cl 3, 5; Gl 5, 19; 1 Ts 4, 3-4; Ef 5, 
            5; 1 Cor 6, 9-10; Hb 13, 4; etc. 
            
              
            
            C)    Razões 
            sobrenaturais: 
            
              
            
            Tendo sido elevado 
            à dignidade de filhos de Deus, o homem participa no corpo e na alma 
            — dos bens divinos. 
            
              
            
            Graças ao Batismo, 
            o nosso corpo é “templo do Espírito 
            Santo, que está em nós e que recebemos de Deus” 
            (1 Cor 6, 19). 
            Como templo de Deus, deve servir para prestar culto, não à carne, 
            mas a Ele. Foi enxertado no Corpo Místico de Cristo e destinado a 
            ressuscitar com Ele. Por isso, os pecados contra a castidade não são 
            só pecados contra o nosso corpo, mas também contra “os membros de 
            Cristo”, e têm caráter de horrível profanação. 
            “Não sabeis que os vossos corpos são membros 
            de Cristo? Hei de fazer dos membros de Cristo, membros de uma 
            meretriz? Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito 
            Santo?” (1 Cor 6, 
            19-20). 
            
              
            
            
            VIRTUDE POSITIVA 
            
              
            
            É importante 
            considerar que a pureza é eminentemente positiva: não significa um 
            acumular de negações (“não vejas”, “não penses”, “não faças”...), 
            mas sim, uma verdadeira afirmação do Amor, o que se entende em duas 
            ordens: 
            
              
            
            a) No plano 
            natural, significa a afirmação do homem que sabe que o seu 
            espírito deve dominar as potências inferiores; entende que a sua 
            natureza é muito superior à do simples animal, e que os seus 
            instintos se devem submeter à reta ordem das leis divinas. 
            
            b) No plano 
            sobrenatural, é a afirmação do homem que se sabe chamado a 
            participar do próprio amor de Deus, e que o seu coração não se 
            saciará senão com a posse desse Bem infinito. Se nesse esforço põe 
            as suas melhores energias, a pureza há de tornar-se-lhe facilmente 
            praticável; de outra maneira, permitindo que o amor próprio e as 
            satisfações egoístas invadam os recessos do seu coração, achará que 
            este se não satisfaz, e nele despertará um desejo cada vez maior dos 
            bens finitos, dentro dos quais — com particular força — hão de vir 
            os relativos ao prazer sexual. 
            
            Por isso é que o 
            mandamento de amar a Deus sobre todas as coisas tem como primeiro e 
            fundamental apoio a prática da pureza. 
            
              
            
            
            UNIVERSALIDADE E EXCELÊNCIA DA VIRTUDE 
            
              
            
            A pureza deve 
            ser vivida por todos os homens, qualquer que seja o seu estado: 
            
            a) 
            No matrimônio, mediante a ordenação da atividade sexual às 
            normas morais, regidas pelo amor a Deus, ao cônjuge e aos filhos. 
            
            b) 
            Naqueles que, por amor de Deus e das almas, renunciaram ao 
            matrimônio — castitas virginalis —, descobrindo, nessa 
            renúncia ao amor humano, a formosura e espiritualidade intrínsecas 
            da pureza vivida em vista desses ideais superiores. 
            
            c) Nos 
            restantes casos se encontram: a castidade pré-matrimonial — 
            castitas juvenilis —, em que se destaca a integridade do seu 
            próprio corpo, com seu cortejo de virtudes, e a castidade 
            pós-matrimonial, do cônjuge sobrevivo e não casado de novo — 
            castitas vidualis —, em que se destaca a fidelidade ao antigo 
            amor. 
            
            Nosso Senhor Jesus 
            Cristo confirmou e aperfeiçoou a obrigação da castidade externa e 
            interna, no Sermão da Montanha (Mt 5, 28); elevou a sacramento a 
            instituição do matrimônio (Mt 5, 31 s.); e declarou a virgindade 
            superior ao estado matrimonial (Mt 19, 10-12). 
            
              
            
            A 
            Igreja definiu como verdade de fé que a virgindade é superior ao 
            matrimônio, Concílio de Trento (cf. Dz. 990). Permanecendo no 
            celibato, o homem pode entregar a Deus um coração indiviso, segundo 
            o modelo do seu Filho, Jesus Cristo, que ao Pai entregou o amor 
            exclusivo e total do seu coração. É então que o homem conquista o 
            supremo cume, o vértice do testemunho cristão: 
            “Tornando livre de um modo singular o 
            coração humano (...) a virgindade testemunha que o Reino de Deus e a 
            sua justiça são aquela pérola que devemos preferir a qualquer outro 
            valor” (João Paulo 
            II, Exort. Apost. Familiaris consortio, n. 16). 
            
              
            
            MEIOS PARA A 
            CONSERVAR 
            
              
            
            Para conseguir 
            esse domínio que Deus nos pede sobre as tendências desordenadas, é 
            preciso utilizar os meios adequados: uns, que são os mais 
            importantes, sobrenaturais; outros, naturais. 
            
              
            
            A)    Os meios 
            sobrenaturais são: 
            
            1) Confissão e 
            comunhão frequentes: purificam a alma e fortalecem-na contra as 
            tentações, infundindo ou aumentando a graça santificante. 
            
              
            
            A confissão 
            frequente é ocasião para vencer a soberba, além de que dá as graças 
            sacramentais que nos ajudam na luta. 
            
            O contato do nosso 
            corpo com o Santíssimo Corpo de Nosso Senhor é magnífica ajuda para 
            aplacar a concupiscência. 
            
            2) Oração 
            frequente: sem o auxílio divino, o homem não pode, por suas 
            próprias forças, resistir aos assaltos do Demônio; 
            “desde que compreendi — dizia o 
            sábio Salomão — que não poderia ser casto 
            se Deus mo não concedesse, recorri e supliquei a Ele, pedindo do 
            fundo do meu coração” 
            (Sb 8, 21). 
            
              
            
            Cristo Senhor 
            Nosso, falando do demônio da impureza, diz: 
            “esta casta de demônios só pode ser expulsa 
            pela oração e pelo jejum” 
            (Mt 17, 21); 
            e, noutro passo do Evangelho, lemos: 
            “Vigiai e orai, para não cairdes em tentação” 
            (Mt 26, 41). 
            
            Queremos também 
            recordar aquele ponto do Caminho: “Deus 
            concede a santa pureza aos que a pedem com humildade”
            (São Josemaría Escrivá, 118); 
            ou aquele outro: “Domine’ — Senhor! —, 
            ‘si vis, potes me mundare’ — se quiseres, podes-me curar. — Que bela 
            oração para que a digas muitas vezes, com a fé do pobre leproso, 
            quando te acontecer o que Deus e tu e eu sabemos! — Não tardarás a 
            sentir a resposta do Mestre: ‘Volo, mundare!’ — Quero: sê limpo!”
            (Idem. 142). 
            
              
            
            3) Devoção à 
            Santíssima Virgem, que é nossa Mãe e modelo imaculado desta 
            virtude. A Ela, Mater pulchrae dilectionis — Mãe do amor formoso —, 
            havemos de recorrer, cheios de confiança. 
            
              
            
            “Ama 
            a Senhora. E Ela te obterá graça abundante para venceres nesta luta 
            quotidiana. — E de nada servirão ao Maligno essas coisas perversas, 
            que sobem e sobem, fervendo dentro de ti, até quererem sufocar, com 
            sua podridão bem cheirosa, os grandes ideais, os mandamentos 
            sublimes que o próprio Cristo pôs em teu coração. — 'Serviam!' — 
            Servirei!” 
            (São Josemaría Escrivá, Caminho, 
            493). 
            
              
            
            4) Mortificação, 
            com a qual procuramos acompanhar os pedidos que fazemos a Deus. 
            
              
            
            Mortificação 
            corporal e dos sentidos: “Ao corpo, tem 
            de se dar um pouco menos que o devido. Se não, atraiçoa”
            (São Josemaría Escrivá, 
            Caminho, 196). 
            “Diz ao teu corpo: prefiro ter um escravo, a 
            sê-lo teu” (Idem. 214). 
            
              
            
            B)  Os meios 
            naturais que ajudam a viver a pureza são: 
            
              
            
            1) Guarda da 
            vista, pois os pensamentos nutrem-se do que vemos; os olhos são 
            as janelas da alma. É obrigatório não deter o olhar em coisas que 
            possam despertar a sensualidade — pornografia, cenas ou objetos 
            eróticos, etc. — porque são ocasião próxima voluntária de pecado 
            mortal. 
            
            Aquele a quem uma 
            imagem não diretamente obscena — p. ex., contemplar uma jovem que 
            passa na rua — produz excitação, tem também o dever de guardar a 
            vista, pois, nesse caso, é igualmente ocasião de pecado. 
            
            Há olhares 
            gravemente culpados, que ofendem não somente o pudor, mas até a 
            castidade em si mesma e que, por conseguinte, é forçoso evitar. 
            Outros há que são perigosos, por exemplo, fixar a vista sem razão em 
            pessoas ou objetos que naturalmente hão de suscitar tentações. 
            
            É por isso que o 
            cristão sincero, que quer salvar a sua alma, custe o que custar, vai 
            mais longe; para estar seguro de não sucumbir à sensualidade, 
            mortificar a curiosidade dos olhos, evitando, por exemplo, olhar 
            pela janela, para ver quem passa, conservando os olhos modestamente 
            baixos, sem afetação, nas viagens ou passeios. Pelo contrário, 
            compraz-se em os descansar sobre algum objeto, imagem piedosa, 
            campanário, cruz, estátua, para se excitar ao amor de Deus e dos 
            Santos. 
            
            2)    
            Sobriedade na comida e na bebida: “A 
            gula é a vanguarda da impureza”
            (São Josemaría Escrivá, 
            Caminho, 126). 
            
                      
            
            
          
          
           
  
          
            
            3) Cultivar o 
            pudor: é o que podemos definir como a aplicação da virtude da 
            prudência às coisas que se referem à intimidade, ou, por outras 
            palavras, a prudência da castidade. É o hábito que 
            “adverte do perigo iminente, impede que nos 
            exponhamos a ele e impõe a fuga em certas ocasiões. O pudor não 
            gosta de palavras grosseiras e ordinárias e detesta toda e qualquer 
            conduta imodesta, ainda a mais leve; evita com todo o cuidado a 
            familiaridade suspeita com pessoas do outro sexo, porque enche 
            completamente a alma de um profundo respeito para com o corpo, 
            membro de Cristo e templo do Espírito Santo” (Pio 
            XII, Enc. Sacra Virginitas, 28). 
            
            A pureza exige o 
            pudor. Este é uma parte integrante da temperança. O pudor preserva a 
            intimidade da pessoa. Consiste na recusa de mostrar aquilo que deve 
            ficar escondido. Está ordenado à castidade, exprimindo sua 
            delicadeza. Orienta os olhares e os gestos em conformidade com a 
            dignidade das pessoas e de sua união. 
            
            O pudor protege o 
            mistério das pessoas e de seu amor. Convida à paciência e à 
            moderação na relação amorosa; pede que sejam cumpridas as condições 
            da doação e do compromisso definitivo do homem e da mulher entre si. 
            O pudor é modéstia. Inspira o modo de vestir. Mantém o silêncio ou 
            certa reserva quando se entrevê o risco de uma curiosidade malsã. 
            Torna-se discrição. 
            
            4) Evitar a 
            ociosidade, com razão, chamada a mãe de todos os vícios; deve 
            haver sempre algo com que ocupar o espírito ou exercitar o corpo. 
            
            5) Fugir das 
            ocasiões: “Não tenhas a covardia de 
            ser valente: foge!” (São Josemaría Escrivá, 
            Caminho, 132). 
            
            6) Direção 
            espiritual cheia de sinceridade; é sempre necessária a ajuda de 
            um prudente diretor espiritual, mas, mais ainda, nas épocas de 
            especial dificuldade. 
            
            7)   Esporte, 
            que fomenta virtudes esplêndidas para resistir ao capricho. 
            
            8)    Modéstia 
            no vestir, na higiene diária, etc. 
            
               
          
          
           
  
          
          A LUTA CONTRA A 
          TENTAÇÃO 
          
            
          
            
          
          Os pensamentos 
          involuntários contra a pureza não são pecado em si mesmos, mas sim, 
          tentações ou incentivos ao pecado. Vêm das nossas más inclinações, da 
          sugestão do Demônio, que procura a toda a custa afastar-nos de Deus ou 
          do ambiente que nos rodeia, frequentemente incentivo à concupiscência. 
          
            
          
          Não devemos 
          surpreender-nos por sofrermos tentações; devemos, sim, ser fortes, 
          para as repelirmos prontamente. Se resistimos à tentação, crescemos no 
          amor a Deus e na virtude da fortaleza. Se não lutamos por afastar 
          esses pensamentos — recorrendo a Deus, pensando noutras coisas, etc. 
          —, mas ao contrário nos detemos neles, constituem pecado mortal. 
          
          É preciso se opor às 
          tentações com pensamentos sérios, lembrando da morte, do juízo e do 
          inferno, rememorar a presença de Deus que nos vê e refletir nas 
          consequências do pecado. 
          
          Sabemos, aliás, que 
          a força para vencer as tentações nos vem de Deus, que nos dá sempre a 
          sua graça. 
          
            
          
          Quando estamos em 
          dúvida sobre uma coisa ser ou não ser pecado de impureza, devemos 
          perguntar às pessoas competentes. 
          
            
          
          PECADOS CONTRA A 
          PUREZA 
          
            
          
          O pecado de impureza 
          destrói no homem os tesouros que Deus nele depositou, não só porque O 
          ofendemos e perdemos a sua amizade, mas também porque prejudica 
          especialmente virtudes excelentes. 
          
            
          
          O homem impuro é uma 
          pessoa triste, porque está escravizado ao pecado; não é generoso, 
          porque só pensa em si mesmo e no prazer; enfraquece a Fé, porque o 
          coração se lhe vai cegando... 
          
            
          
          DIVISÃO DA 
          LUXÚRIA 
          
            
          
          Pecam contra a 
          pureza aqueles que — consigo mesmo ou com outrem — cometem ações 
          impuras; consentem pensamentos desonestos ou desejos impuros; mantêm 
          conversas obscenas, voluntariamente se expõem ou expõem outros ao 
          perigo de cometer esses pecados, etc. 
          
           A luxúria é 
          um desejo desordenado ou um gozo desregrado do prazer venéreo. 
          
          Os pecados contra a 
          pureza ou pecados de luxúria, podem ser de dois tipos: 
          
            
          
          a) Luxúria 
          consumada (se se chega à efusão seminal): 
          
          
                                                                                                                 
           
          
          Segundo a 
          natureza (se dela pode provir novo ser). 
          
          Contra a natureza 
          (por si mesma inapta para a geração). 
          
          
                                                                                                                 
           
          
          b)  Luxúria não 
          consumada (não se chega à efusão seminal): 
          
            
          
          Interna 
          (pensamentos, desejos, prazer em reviver o passado). 
          
          Externa 
          (olhares, toques, conversas, leituras, beijos; ato impudico em geral). 
          
            
          
          Os pecados de 
          luxúria segundo a natureza (união sexual fora do matrimônio) são: 
          
            
          
          Fornicação: 
          entre pessoas não casadas. É gravemente contrária à dignidade das 
          pessoas e da sexualidade humana, naturalmente ordenada para o bem dos 
          esposos, bem como para a geração e a educação dos filhos. Além disso, 
          é um escândalo grave quando há corrupção de jovens. 
          
          Adultério: 
          sendo casado pelo menos um deles. O adultério é uma injustiça. Quem o 
          comete, falta com seus compromissos, fere o sinal da Aliança que é o 
          vínculo matrimonial, lesa o direito do outro cônjuge e prejudica a 
          instituição do casamento, violando o contrato que o fundamenta. 
          Compromete o bem da geração humana e dos filhos, que têm necessidade 
          da união estável dos pais. 
          
          Violação: 
          mediante violência. 
          
          Incesto: 
          com pessoas de família ou consanguíneos. O incesto corrompe as 
          relações familiares e indica como que uma regressão à animalidade. 
          Podemos ligar ao incesto os abusos sexuais perpetrados por adultos 
          contra crianças ou adolescentes confiados à sua guarda.        
          
          Sacrilégio:
          com pessoa consagrada a 
          Deus.   
            
          
          Contra a natureza 
          são: 
          
          
                                                                                                                 
           
          
          Masturbação:
          ato solitário de efusão seminal. 
          
          Onanismo: 
          união sexual voluntariamente interrompida para vir a acabar em polução. 
          
          Sodomia:
          relação carnal entre pessoas do 
          mesmo sexo. 
          
          Bestialidade: 
          luxúria praticada com animais. 
          
            
          
          SUA GRAVIDADE 
          
            
          
          O princípio 
          fundamental é que o prazer sexual procurado diretamente fora do 
          legítimo matrimônio é sempre pecado mortal, e não admite matéria leve. 
          
          Não admite matéria 
          leve (inclusive a luxúria não consumada interna, como p. ex., um mau 
          pensamento: cf. Mt 5, 28): quer dizer que, por insignificante que seja 
          o ato desordenado, é sempre matéria grave. Só pode dar-se pecado 
          venial por falta de suficiente advertência ou de pleno consentimento. 
          
          Os textos da Sagrada 
          Escritura que o demonstram são muito numerosos: 
          
          Ex, 20, 14: 
          “Não cometerás adultério”. 
          
          Mt 5, 8: 
          “Bem-aventurados os puros de coração porque 
          verão a Deus”. 
          
          
          1Cor 6, 9-10: 
          “Não vos iludais: nem os fornicadores, nem os 
          idólatras, nem os adúlteros, nem os sodomitas (...) possuirão o Reino 
          de Deus”. 
          
          Mt 5, 28: 
          “Todo aquele que olha para uma mulher 
          desejando-a, já adulterou com ela no seu coração”. 
          
          Outros textos: 1 Ts 
          4, 3; Rm 12, 1-2; 1Cor 5, 1; 6, 20; Ap 21, 8. 
          
            
          
          É muito clara a 
          razão pela qual não existe matéria leve nos pecados de impureza: o 
          poder de procriar é o mais sagrado dos dons físicos dados ao homem, 
          aquele que está mais diretamente ligado a Deus. Este caráter sagrado 
          faz com que a sua transgressão tenha maior malícia: Deus empenha-Se em 
          que o seu plano para a criação de novas vidas humanas não se degrade, 
          descendo a instrumento de prazer e excitação perversos. A única 
          ocasião em que um pecado contra a castidade pode ser pecado venial é 
          quando falta plena deliberação ou pleno consentimento. 
          
            
          
          Não é necessário 
          analisar a matéria do pecado, pois já dissemos que é sempre grave; ao 
          invés, o que pode, sim, variar é a advertência e o consentimento. Se 
          se comete um ato impuro enquanto se dorme, ou num estado de 
          semi-consciência, não pode haver pecado mortal, porque falta a plena 
          advertência. Se nos assalta um pensamento impuro contra o nosso 
          próprio desejo — e, portanto, lutamos para o arredar —, não pode haver 
          pecado mortal, por faltar o pleno consentimento. Pelo contrário, um 
          simples pensamento que, logo que advertido, se conserva 
          voluntariamente, é pecado mortal. Portanto, sempre que se incorra num 
          ato ou nos assalte um pensamento impuro, não temos senão de nos 
          interrogar: fi-lo com plena advertência? Sim, ou não. Houve perfeito 
          consentimento? Sim ou não. Se a resposta é, em ambos os aspectos, 
          positiva, houve pecado mortal. Se se lutou eficazmente para evitar a 
          tentação, não há falta grave. 
          
            
          
          SUAS CAUSAS 
          
            
          
          As causas do pecado 
          podem ser interiores e exteriores. Entre as causas interiores, estão: 
          
          1) A intemperança 
          no comer e no beber, e em geral a falta de mortificação; o 
          aburguesamento, que enfraquece a vontade.  
          
          2) A ociosidade, fonte e origem de muitos vícios. 
          
          3) O orgulho, 
          que nos leva a procurar egoisticamente as próprias satisfações.    
           
          
          4)    A falta de 
          oração e de convivência com Deus. 
          
            
          
          Entre as causas 
          exteriores, podemos enumerar as seguintes: assistência a espetáculos — 
          cinema, televisão, teatro — obscenos ou que despertam a 
          concupiscência; más companhias; bailes impróprios; frequências de 
          certas praias ou piscinas; modas; familiaridades indevidas com pessoas 
          do outro sexo; etc. 
          
            
          
          Estas causas 
          exteriores recebem também o nome de ocasiões de pecado e, se levam 
          habitualmente a cometer uma falta, constituem por si mesmas pecado 
          grave. Devemos ter a coragem de fugir dessas ocasiões. 
          
            
          
          Há, portanto, 
          obrigação grave de evitar tudo aquilo que — em si mesmo ou por 
          fraqueza nossa — for diretamente provocativo: certos programas de TV, 
          filmes com cenas eróticas, etc. É necessário ter em conta que os 
          produtores dessas imagens procuram precisamente excitar, com elas, o 
          prazer do público, como meio de aumentar os lucros. 
          
          Em seguida 
          transcreveremos alguns parágrafos de um moralista contemporâneo, que 
          podem ser bons para orientar, no que diz respeito a este preceito, a 
          prática do namoro. Trata-se do tema dos beijos e abraços: 
          
            
          
          
          “a) Constituem pecado mortal, quando se 
          procura, com eles, excitar diretamente o deleite venéreo (...). 
          
          b) 
          Podem ser pecado mortal, com muita facilidade, os beijos apaixonados 
          entre namorados — ainda que se não procure obter o prazer desonesto —, 
          sobretudo se forem dados na boca e se prolongarem por algum tempo; 
          pois é quase impossível que não representem perigo próximo e 
          considerável de movimentos carnais em si mesmo ou na outra pessoa. 
          Pelo menos, constituem uma enorme falta de caridade para com a outra 
          pessoa, pelo grande perigo de pecar a que é exposta. É incrível que 
          estas coisas se possam fazer em nome do amor. A paixão cega-os a tal 
          ponto que os não deixa ver  que esse ato de paixão sensual, longe de 
          constituir um ato de verdadeiro e autêntico amor — que consiste em 
          desejar ou fazer o bem àquele a quem se ama —, constitui na realidade 
          um ato de enorme egoísmo, visto que não se hesita em satisfazer a 
          sensualidade própria, mesmo à custa de causar ao outro grave dano 
          moral.  
          
          O mesmo 
          se diga dos toques, dos olhares, etc. 
          
          c) Um 
          beijo rápido, suave e carinhoso dado a outra pessoa em testemunho de 
          afeto, com boa intenção, sem escândalo para ninguém, sem perigo — ou 
          perigo muito remoto — de excitar a sensualidade própria ou alheia, não 
          pode ser proibido em nome da Moral cristã. 
          
          d) O 
          que acabamos de dizer pode aplicar-se, na devida proporção, aos 
          abraços e outras manifestações de afeto”
          (A Royo Marín, Teologia Moral, pg. 458).  
          
            
          
          Assinalemos outras 
          interessantes considerações relativas ao namoro: 
          
          “Um dos 
          pontos fracos que reclamam a nossa atenção ao falar de castidade, o 
          costume — cada vez mais difundido — de rapazes e moças saírem em 
          grupo. Até nos primeiros anos do ensino secundário se formam pares que 
          saem habitualmente sozinhos, que trocam entre si presentes, estudam 
          juntos, divertem-se juntos. Esta camaradagem aos pares, quando 
          prolongada (sair frequentemente com a mesma pessoa do sexo oposto por 
          períodos de tempo consideráveis) é sempre um perigo para a pureza. 
          Para aqueles que estão em idade de casar, esse perigo justifica-se: é 
          necessário um tempo razoável de namoro, para encontrar o companheiro 
          mais idôneo para o matrimônio. Para os adolescentes, porém, que ainda 
          não estão dispostos a casar, essa constante companhia é pecado, porque 
          proporciona ocasiões injustificáveis de pecado, que alguns pais 
          tontos chegam a incentivar, pensando que essa relação é uma coisa 
          que até tem graça” 
          (Leo J. Trese, A Fé Explicada; Ed. Quadrante, São 
          Paulo). 
          
            
          
          SUAS 
          CONSEQÜÊNCIAS 
          
            
          
          Muitas são as 
          consequências de se não viver a virtude da pureza. Seguindo Santo 
          Tomás de Aquino, vamos enumerar algumas delas (cf. S. Th., II-II, q. 
          153, a. 5). 
          
          1) Inimizade com 
          Deus e, consequentemente, perigo sério para a salvação da alma. 
          Por isso observa Santo Afonso Maria de Ligório que 
          “a impureza é a porta mais larga para o 
          Inferno. De cem condenados adultos, noventa e nove caem nele por causa 
          deste vício, ou, pelo menos, com ele” 
          (Teologia 
          Moral, 1.3., n. 413). 
          
            
          
          
          “Bem manifestas são as obras da carne, as 
          quais são: fornicação, impureza, lascívia (...); contra as quais vos 
          previno, como já vos tenho dito, que aqueles que tais coisas fazem não 
          possuirão o Reino de Deus” (Gl 5, 19 s.). 
          
            
          
          2) Cega e 
          entorpece o entendimento para o espiritual, porque, como nota São 
          Paulo, “o homem animal não pode compreender 
          as coisas que são do Espírito de Deus” 
          (1 Cor 2, 14). 
          
            
          
          
          “A luxúria — assinala Santo Tomás 
          de Aquino — impede-nos de pensar no eterno; 
          torna pesada a piedade e leva ao fastio de Deus: quem não reprime os 
          prazeres carnais não cuida de adquirir os espirituais, antes sente 
          fastio por eles” (S. Th., II-II, q. 153, a. 5, c). 
          
            
          
          3) Produz um 
          tédio profundo pela vida, ao ver que os deleites — a que a vontade 
          se reduziu — acabam por defraudar e torturar. 
          
          4) Arrasta a toda 
          a espécie de pecados e desgraças, uma vez que o luxurioso tudo 
          sacrifica à paixão, chegando a ponto de arruinar a família e pôr em 
          perigo a estabilidade dos filhos. 
          
          5) Ocasiona 
          desgaste mental e físico, podendo acarretar graves e vergonhosas 
          doenças. 
          
          6) Produz falta 
          de caráter e de personalidade, intranquilidade e falta de alegria. 
          
            
          
          
          “Todos sabemos por experiência que podemos ser 
          castos, vivendo vigilantes, frequentando os Sacramentos e apagando as 
          primeiras chispas da paixão, sem deixar que a fogueira ganhe corpo. É 
          precisamente entre os castos que se contam os homens mais íntegros, 
          sob todos os aspectos. E entre os luxuriosos predominam os tímidos, os 
          egoístas, os falsos e os cruéis, que são tipos de pouca virilidade”
          (São Josemaría Escrivá,  Caminho, 124). 
          
            
          
          Em contraste com 
          esses, leva-nos a pureza a um amor a Deus cada vez mais profundo; ela 
          nos fortalece o caráter e faz crescer o vigor, a paz interior e a 
          alegria sobrenatural. 
          
            
          
          ALGO MAIS SOBRE O 
          NONO MANDAMENTO 
          
            
          
          O nono Mandamento 
          preceitua que se viva a pureza no íntimo do coração, e proíbe qualquer 
          pecado interior contra esta virtude: pensamentos e desejos impuros. O 
          enunciado do Decálogo (cf. Ex, 20, 17) prescreve-o na fórmula: 
          “Não desejarás a mulher do teu próximo”. 
          
          A pureza interior 
          que com este preceito nos é exigida vai para além do meramente sexual, 
          pois também prescreve a ordem dos afetos do coração; pode-se faltar a 
          este mandamento se não se tem cuidado de evitar apego a coisas ou 
          pessoas — o enamorar-se — que não sejam conformes à reta razão. 
          
            
          
          É importante 
          considerar que o amor verdadeiro vem com sacrifício e entrega, depois 
          de muito tempo de prova; e é o que procura o bem da pessoa amada. O 
          amor súbito — os namoros juvenis — são, regra geral, apenas amores 
          egoístas: é verdade que se gosta muito de uma pessoa, mas só por causa 
          dos benefícios — reais ou imaginários — que se pensa vir a obter dela: 
          presença agradável, compreensão, sentir-se amado, companhia e conforto 
          nas dificuldades, etc. 
          
            
          
          É necessária, pois, 
          uma educação da afetividade, que leve a uma verdadeira maturidade dos 
          afetos, e que se baseia em: 
          
          1)  Pôr acima de 
          tudo o amor de Deus e das coisas que a Ele se referem. 
          
          2) Exercício de 
          humildade, procurando, não o que agrada à vaidade, mas sim, o que se 
          faz proveitoso para o serviço dos outros, a começar pela nossa 
          família. 
          
          3) Procurar o 
          auxílio da direção espiritual, usando de grande sinceridade quanto a 
          afetos desordenados. 
          
          Em seguida, 
          referimos as idéias que um moralista contemporâneo expõe acerca da 
          maneira de concretizar o nono Mandamento: 
          
          
          “Não te enamorarás de quem não deves”. 
          
          
          “Não te enamorarás de tal modo e com tal 
          ausência de autodomínio, que o amor te leve a ofender a Deus, por te 
          obcecar e te impedir de reagir como cristão (ou cristã)”. 
          
          
          “Não te enamorarás de nenhum homem (de nenhuma 
          mulher) se o Senhor te pediu o coração inteiro”. 
          
          “Não te 
          enamorarás de quem é ainda jovem ou tem mais beleza, se quem Deus pôs 
          a teu lado no casamento deixou já para trás a louçania da mocidade, ou 
          perdeu o vigor”. 
          
          “Não te 
          enamorarás só da aparência, porque o homem (ou mulher) não é só corpo”. 
          
          
          “Não te enamorarás do protagonista do último 
          filme que viste, do último romance que leste, da última série 
          radiofônica que escutaste”. 
          
          
          “Não te enamorarás da primeira pessoa que te 
          trate com educação, compreensão e delicadeza”. 
          
          
          “Não namorarás os maridos das tuas amigas (não 
          serás um perfeito galã com as amigas da tua mulher, e um ouriço com a 
          tua mulher)”. 
          
          
          “Provarás a qualidade do teu amor com a 
          pedra-de-toque do sacrifício; não esquecerás de que o amor consiste em 
          dar, não em receber”. 
          
          
          “Finalmente, terás sempre presente que o bom 
          carinho alarga o coração, aproxima de Deus, abrange toda a gente; se o 
          carinho não for assim, é mau” (J.L. Soria, El noveno 
          mandamiento; Ed. Palavra, Folletos Mundo Cristiano, 111). 
          
            
          
          ALGUMAS QUESTÕES 
          CONCRETAS 
          
            
          
          Entre os documentos 
          mais recentes do Magistério da Igreja acerca da pessoa humana e a 
          sexualidade, destaca-se a Declaração “Persona Humana”, da 
          Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé sobre alguns aspectos da 
          Ética Sexual, de 29 de Dezembro de 1975. 
          
          Nela, não se quis 
          tratar de modo integral o largo tema da ética sexual, mas foram 
          recordados os princípios fundamentais, e falou-se de algumas questões 
          hoje mais discutidas. Seguidamente trataremos de algumas. 
          
            
          
          RELAÇÕES 
          PRÉ-MATRIMONIAIS 
          
            
          
          Um princípio basilar 
          da Ética é que o uso da função sexual só no matrimônio legítimo obtém 
          o seu verdadeiro sentido e a sua retidão moral. Basta isto para tornar 
          clara a imoralidade das relações sexuais fora do casamento. Ou seja, 
          são sempre pecado mortal, inescusável em qualquer circunstância. 
          
          Apesar disto, não 
          faltam atualmente os que pensam que é diferente o caso das relações 
          sexuais entre aqueles que tencionam seriamente vir unir-se para a vida 
          inteira em matrimônio. 
          
            
          
          As razões que se dão 
          para justificar esse comportamento podem ser diversas: obstáculos 
          insuperáveis para o casamento, a longo ou curto prazo; necessidade de 
          conservar o amor; desejo de melhor conhecimento mútuo, também no 
          aspecto físico, etc. 
          
            
          
          A Igreja faz-nos ver 
          que esta opinião se opõe à doutrina cristã que mantém dentro do quadro 
          do matrimônio todo o ato genital humano. 
          
            
          
          
          “A união carnal só pode ser legítima quando se 
          estabeleceu uma definitiva comunidade de vida entre um homem e uma 
          mulher (...) As relações sexuais pré-matrimoniais excluem, as mais das 
          vezes, a prole, e o que se apresenta como amor conjugal não poderá 
          desenvolver-se, como indefectivelmente deveria, num amor materno e 
          paterno, ou, se eventualmente se desenvolve, será em prejuízo dos 
          filhos, que se verão privados da convivência estável na qual haviam de 
          poder realizar-se como convém e encontrar o caminho e os meios 
          necessários para se integrarem na sociedade” 
          (cf. n. 
          7 da cit. Declaração da Santa Sé.). 
          
          Por outro lado, são 
          múltiplas e de simples bom senso as razões de ordem humana que 
          desaconselham proceder desse modo. Pense-se, por exemplo, na alta 
          percentagem de mães solteiras nos países subdesenvolvidos, nos abortos 
          provocados que se seguem a este tipo de relações, na dificuldade da 
          mulher para conseguir um bom casamento, uma vez perdida a sua 
          integridade, etc. 
          
            
          
          HOMOSSEXUALIDADE 
          
            
          
          Também neste ponto a 
          Declaração registra alguns dos argumentos mais ou menos difundidos, 
          que, amparando-se em observações, sobretudo psicológicas, tentam 
          escusar as relações entre pessoas do mesmo sexo. 
          
            
          
          Distingue o citado 
          documento entre a homossexualidade proveniente de uma falsa educação, 
          da falta de uma evolução sexual, de um hábito contraído, de maus 
          exemplos, etc. — que é homossexualidade transitória e não incurável, — 
          e a homossexualidade tida por uma espécie de instinto inato ou 
          constituição patológica, geralmente considerada incurável. 
          
          A Declaração 
          refere-se quase exclusivamente a estes casos de homossexualidade 
          inata, geralmente muito raros; e, negando a sua justificação moral, 
          rejeita, com melhoria de razão, a homossexualidade adquirida. 
          
          “Está 
          fora de dúvida que essas pessoas homossexuais devem ser acolhidas na 
          ação pastoral com compreensão e devem ser apoiadas, na esperança de 
          ultrapassarem as dificuldades pessoais e a inadaptação social. Também 
          se deve julgar com prudência a sua culpabilidade. Não se pode, porém, 
          usar qualquer método pastoral que reconheça justificação moral a esses 
          atos, por  considerá-los conforme com a condição dessas pessoas. 
          Segundo a ordem moral objetiva, as relações homossexuais são atos que 
          carecem de regra essencial e indispensável” (8). 
          
          Pelo que vimos, 
          estes tipos de relações são sempre pecado grave. 
          
          Apesar da clareza 
          destes ensinamentos, têm, nos últimos anos, aumentado as tentativas de 
          justificação da homossexualidade. Por esta razão, a Sagrada 
          Congregação para a Doutrina da Fé julgou conveniente enviar aos Bispos 
          — com data de l-10-1986 — uma Carta sobre os Cuidados Pastorais para 
          com as Pessoas Homossexuais, recordando a doutrina da Declaração de 
          1975. 
          
          Entre outros 
          aspectos, manifesta-se, nessa Carta, a preocupação em ajudar 
          espiritualmente essas pessoas, recordando no, entanto, que aqueles que 
          têm um comportamento homossexual agem de modo imoral, pelo que os seus 
          atos não podem ser legitimados: “O seu 
          esforço, iluminado e apoiado pela graça de Deus, lhes permitirá evitar 
          a atividade homossexual (...). As pessoas homossexuais são chamadas, 
          como todos os cristãos, a viver a castidade” 
          (11). 
          
            
          
          Por outro lado, a 
          idéia de inevitabilidade de condição homossexual surge nos nossos dias 
          como carecida de fundamento. Vão aparecendo, pelo contrário, novas e 
          interessantes perspectivas acerca da possibilidade de completa cura. 
          Além do mais, no caso dos católicos, o recurso aos Sacramentos, 
          especialmente a Confissão, oferece ajuda especial (cf., p. ex., o 
          livro de Gerard J. M. van der Aarweg, que é um dos mais qualificados 
          peritos na matéria, a nível científico: On the origins and treatment 
          of homosexuality: a psichoanalytic reinterpretation; Nova York, 1986). 
          
            
          
          MASTURBAÇÃO 
          
            
          
          Por masturbação 
          se deve entender a excitação voluntária dos órgãos genitais, a fim de 
          conseguir um prazer venéreo. 
          
          É hoje frequente pôr 
          em dúvida ou negar explicitamente a doutrina de sempre do Magistério 
          da Igreja, que considera a masturbação como grave desordem moral. 
          
            
          
          Apoiando-se na 
          Psicologia ou na Sociologia, há quem procure demonstrar que se trata 
          de fenômeno normal da evolução sexual, sobretudo na juventude, e que, 
          portanto, não se pode dar falta real e grave senão na medida em que 
          deliberadamente se procura o prazer. 
          
          Ainda que, em muitos 
          casos, se apresente o apoio das estatísticas, não se pode esquecer que 
          os inquéritos sociológicos não fazem mais que registrar fatos, e os 
          fatos não podem constituir critério para julgar da moralidade dos atos 
          humanos, pois esse critério está apenas na Lei moral objetiva. 
          
            
          
          O ensino da Igreja é 
          claro: 
          
            
          
          
          “Apesar de certos argumentos de ordem 
          biológica ou filosófica, de que por vezes se têm servido os teólogos, 
          tanto o Magistério da Igreja, de acordo com a tradição constante, como 
          o senso moral dos fiéis, têm afirmado sem dúvida alguma que a 
          masturbação é um ato intrínseco e gravemente desordenado. A razão 
          principal é que o uso deliberado da faculdade sexual fora das relações 
          conjugais normais contradiz essencialmente a sua finalidade, seja qual 
          for o motivo que o determine” 
          (Declaração da Sagrada Congregação, 9). 
          
            
          
          CONTRACEPÇÃO 
          
            
          
          Por ser um pecado 
          que atenta ao mesmo tempo contra o sexto e o quinto mandamentos — 
          opõe-se ao fim natural do matrimônio e atenta contra a transmissão da 
          vida.  
          
            
          
          A EDUCAÇÃO SEXUAL 
          
            
          
             NECESSIDADE  
          DE   FACULTAR   A EDUCAÇÃO SEXUAL 
          
          
                                                                                                                 
           
          
          O materialismo 
          prático da sociedade moderna defende uma espécie de culto do sexo, que 
          incita os jovens a “realizar-se” dando rédea solta ao instinto 
          sexual, em manifestações individuais ou com outrem, e reduzindo a 
          sexualidade, que é doação, abertura à vida — à esfera do prazer 
          egoísta. 
          
            
          
          Esta degradação 
          radical do sagrado — pois a sexualidade participa do poder criador de 
          Deus — tem sido tema constante do ensino do Papa João Paulo II, que 
          afirma que a cultura moderna “banaliza em 
          grande parte a sexualidade humana, porque a interpreta e a vive de 
          maneira limitada e empobrecida, relacionando-a unicamente ao corpo e 
          prazer egoísta” (Exort. Apost. Familiaris consortio, 37). 
          
            
          
          Tal modo de entender 
          o sexo é frequentemente difundido pelos meios de comunicação, pela 
          escola, por intelectuais, etc., os quais usam uma linguagem unicamente 
          destinada a estimular o instinto, inventando manifestações sexuais 
          desarticuladas do sentimento e do espírito, do dom de si mesmo, da 
          abertura aos outros, à vida e a Deus. 
          
            
          
          Por isso é 
          necessário opor a essa ação — verdadeiramente deformadora e corruptora 
          do homem na sua totalidade — uma verdadeira educação centrada no 
          conceito cristão da sexualidade. 
          
            
          
            
          
          Pe. Divino Antônio 
          Lopes 
          
          Anápolis, 27 de 
          fevereiro de 2008 
          
            
          
          Bibliografia 
          
            
          
          Escritura Sagrada 
          
          Mnr Cauly, Curso de 
          Instrução Religiosa – O Catecismo Explicado 
          
          Catecismo da Igreja 
          Católica 
          
          Ricardo Sada e 
          Alfonso Monroy, Curso de Teologia Moral 
          
          Adolfo Tanquerey, 
          Compêndio de Teologia Ascética e Mística  
          
            
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