TU ÉS A GLÓRIA DE JERUSALÉM!

(Jt 15, 9)

 

"Tu és a glória de Jerusalém! Tu és o supremo orgulho de Israel! Tu és a grande honra de nossa raça!"

 

 

A cidade de Betúlia estava assediada. Dos montes setentrionais, com a sua turba desejosa de pão e de presa, descera Holofernes, o feroz chefe dos Assírios. Ele envenenara as fontes e secara as torrentes; com a pata dos seus cavalos esterilizava a terra do vale. Jurara incendiar todo o lugarejo com o seu facho resinoso, e matar com a espada a juventude, roubar as crianças e fazer escravas as virgens. Toda a cidade, faminta, sedenta e apavorada, estava em desespero.

E, eis que o Senhor onipotente suscitou uma mulher de nome Judite, filha de Merari, a qual, com a beleza do seu rosto, devesse derrotar o inimigo feroz. E Judite adorna-se, e sai no silêncio da noite, e decepa a cabeça de Holofernes, e, com o coração trêmulo de alegria, volta, correndo, para a cidade.

O povo libertado levanta-se em triunfo: ressoam as trombetas, os sacerdotes abençoam-na e todos a seguem aclamando-a: "Tu és a glória de Jerusalém! Tu és o supremo orgulho de Israel! Tu és a grande honra de nossa raça!" (Jt 15, 9).

Em Jt 10, 3-4 diz: "(Judite) Tirou o pano de saco que vestira, despojou-se do manto de sua viuvez, lavou-se, ungiu-se com ótimo perfume, penteou os cabelos, colocou na cabeça o turbante e vestiu a roupa de festa que usava enquanto vivia seu marido Manassés. Calçou sandálias nos pés, colocou colares, braceletes, anéis, brincos, todas as suas jóias, embelezando-se a fim de seduzir os homens que a vissem".

Quando Judite chegou à presença do general e de seu ajudante de campo, todos se admiraram com a beleza de seu rosto: "Sua sandália roubou seu olhar, sua beleza cativou sua alma... e o alfanje cortou seu pescoço!" (Jt 16, 9).

Maria Santíssima é também a BELA SENHORA, a NOSSA SENHORA, que com o seu CALCANHAR esmaga a cabeça do ORGULHOSO Demônio: "A graça imensa da santíssima alma de Maria comunicava a seu corpo tão grande formosura, que enamorava a todos o espírito de pureza, inspirava-lhes no coração o desejo das coisas celestiais e abrasava-os no amor de Deus. Quem a ia visitar, por aflito e atribulado que estivesse, voltava consolado, alegre e contente" (Santo Afonso Maria de Ligório, Meditações).

São Dionísio Areopagita conta que, tendo ouvido falar de Nossa Senhora, fez uma viagem longa para visitá-la. Apenas admitido à sua presença, ficou tão assombrado pelo brilho sobre-humano, tão transbordado de consolação celeste, que lhe parecia já ter entrado na posse da glória. Tão cheio de gozo inefável ficou o Santo depois de visão tão encantadora, que depois, agradecendo a seu mestre São Paulo, escreveu: "Confesso na verdade, que não pensava que fora de Deus fosse possível beleza tão sublime e celestial, como a que contemplei. Eu vi a Maria Santíssima! Pude ver e rever com meus próprios olhos a Mãe de Jesus Cristo! Confesso mais uma vez que, quando João me levou à presença deífica da Virgem altíssima, fiquei deslumbrado por um esplendor tão grande, que me desfaleceu o coração e faltou a respiração, oprimido como estava pela glória de tamanha majestade. Afigurou-me que a glória dos Bem-aventurados não podia ser superior àquela que tive a grande ventura de contemplar".

 

Católico, "um inimigo mais cruel e mais formidável do que Holofernes assediara o mundo: o demônio. Ele já seduzira e arruinara os progenitores Adão e Eva, já secara as fontes e os canais da graça; com o seu domínio, já esterilizara de toda virtude a terra. E ameaçara lançar os homens nos pecados, arruinar as crianças e as virgens com o vício da impureza, quando eis que o Senhor suscitou uma menina hebréia para vencer o demônio e para libertar o mundo: Maria Santíssima. Só ela, entre todos os viventes, com o seu calcanhar esmagou a cabeça ao inimigo infernal; só ela nem sequer por um instante foi dominada por Satanás; só ela, com a beleza do seu rosto, venceu o adversário antigo" (Pe. João Colombo), e: "Judite, cortando a cabeça do chefe dos inimigos, é belíssima figura de Maria, que esmaga a cabeça da serpente infernal" (PIB).

 

Hoje, existem milhões de "Betúlias", isto é, de FAMÍLIAS CATÓLICAS assediadas, não por Holofernes, mas sim, por Satanás, o PRÍNCIPE do mundo (cfr. Jo 16, 11).

O Demônio arrancou os oratórios das salas, onde se reuniam para rezarem o Santo Terço e colocou a televisão, com suas novelas podres e programas pornográficos.

Tirou bruscamente as roupas longas dos guarda-roupas, e colocou nos mesmos, paninhos ridículos e imorais.

Expulsou das famílias o diálogo espiritual, e trouxe para os lares conversas levianas e piadas pornográficas.

É preciso ENSINAR a essas FAMÍLIAS a verdadeira devoção à Virgem Maria; ela PISARÁ com o seu calcanhar imaculado, a cabeça da serpente infernal que guerreia continuamente para destruir as famílias: "Ser vosso devoto, ó Virgem Santíssima, é uma arma de salvação que Deus dá, àqueles que quer salvar" (São João Damasceno).

Milhares negam a existência do demônio, nem por isso ele deixa de existir. Esse inimigo maldito trabalha furiosamente, sem dormir nem cochilar, para perder as almas imortais: "Eles não necessitam de armadura, nem de escudo, nem de espada, nem de lança. Basta o seu simples aspecto para derrubar a alma, a não ser que esta esteja preparada e exercitada na virtude e, além disso, goze de graça divina mais forte do que a própria virtude. E, se fosse possível desfazer-te deste corpo ou, mesmo com o corpo, mas sem impedimentos e sem medo, e ver com teus olhos abertos esta linha de combate do demônio e sua luta contra nós, perceberias, não rios de sangue, nem cadáveres, mas tantas almas feridas e caídas, que, comparada a isso, acharias a imagem bélica que te pintei uma simples brincadeira. Tamanho é o número dos que diariamente são derrotados (pelo demônio). As feridas recebidas nesta luta não levam à mesma morte; tanta a diferença entre corpo e alma, quanta a diferença entre as duas mortes. A alma, ao receber o golpe mortal, não se torna insensível como o corpo, mas sentirá a punição. Já nesta terra a má consciência lhe causará vexames e, uma vez passada desta para a outra vida, será submetida ao juízo que a condenará ao castigo eterno. No caso, contudo, em que alguém se mostrar insensível aos golpes do demônio, esta insensibilidade é sinal de perigo maior, pois quem não sentir o primeiro golpe, receberá um segundo e um terceiro. O infame não cessará com seus ataques até o último suspiro da alma que não soube defender-se já contra os primeiros golpes.

Caso ainda queiras conhecer de perto a maneira de atacar do demônio, verificarás que é, além de intensa, muito variada. Como aquele infame, ninguém conhece as múltiplas intrigas, tramóias, astúcias e artimanhas. É isso que lhe dá tanta força. Também não há ninguém que seja capaz de manter um ódio tão implacável como aquele malicioso contra todo o gênero humano. Em seguida, considerando ainda o zelo e o afinco com que ele luta, qualquer comparação com os homens e suas atitudes tornar-se-ia ridículo. Até os animais mais ferozes e mais sanguinolentos, comparados com ele, tornar-se-iam mansos e dóceis. Com tanta raiva ele esbraveja contra as nossas almas.

Ainda outras diferenças entre as lutas desta terra e as das almas poderão ser mencionadas: o tempo do combate aqui é breve e, ainda assim, interrompido por armistícios. A noite, a fadiga, a fome e muitas outras circunstâncias são motivos para os soldados descansarem. Aí podem depor as armaduras, refazer as forças, refrigerar-se com comidas e bebidas e, por estes e outros meios, recuperar as forças perdidas. Na luta com aquele maligno, porém, nunca haverá pausa; nunca poderás despojar-te das armas, nunca poderás entregar-te ao descanso, caso quiseres ficar ileso. Necessariamente acontecerá uma das duas: perecer depois de ter perdido as armas ou continuar firme, armado e vigilante. Aquele adversário infame mantém sempre sua linha de combate perto de nós, pronta para nos perder tão logo note algum relaxamento em nossa vigilância. Podes estar certo: mais zelo emprega ele para a nossa perdição do que nós para a nossa salvação! Finalmente, a circunstância de ele ser invisível para nós é prova de que essa luta é muito mais perigosa do que aquela que descrevi: pois assim pode encontrar-nos despercebidos a não ser que nossa vigilância seja constante" (São João Crisóstomo, O Sacerdócio, Livro sexto, 13), e: "Assim como um único rei perseguidor envia muitas ordens de perseguição, e desse modo em cada cidade ou província há diversos perseguidores, também o diabo envia muitos servos seus para moverem perseguições, não apenas exteriormente, mas interiormente, na alma de cada um" (Santo Ambrósio, Do comentário sobre o Salmo 118).

 

Católico, Holofernes não assediou sozinho a cidade de Betúlia; também o Demônio não TRABALHA SÓ: "Onde o demônio não pode prejudicar sozinho, serve-se dos homens" (Santa Faustina Kowalska, Diário, 1384).

 

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

Anápolis, 07 de agosto de 2008

 

 

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP. "Tu és a glória de Jerusalém"

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