GIRAVA A MÓ

(Jz 16, 21)

 

"Os filisteus o agarraram, vazaram-lhe os olhos e o levaram a Gaza, onde o encadearam com uma dupla cadeia de bronze, e girava a mó no cárcere".

 

 

Dalila sentiu que Sansão lhe tinha aberto todo o seu coração. Ela mandou chamar os príncipes dos filisteus e lhes disse: "Vinde agora, porque ele me abriu todo o seu coração" (Jz 16, 18).  Os príncipes dos filisteus vieram, com o dinheiro na mão. Dalila adormeceu Sansão nos seus joelhos, chamou um homem e o mandou cortar as sete tranças da sua cabeleira. Assim começou ela a dominá-lo, e a sua força se retirou dele. Ela gritou: "Os filisteus vêm sobre ti, Sansão!" (Jz 16, 20). Acordando de seu sono, ele pensou: "Sairei como das outras vezes e me livrarei". Mas não sabia que Deus tinha se retirado dele. Os filisteus o agarraram, vazaram-lhe os olhos e o levaram a Gaza, onde o encadearam com uma dupla cadeia de bronze, e GIRAVA a no cárcere.

 

Os filisteus agarraram Sansão, depois de vazarem seus olhos, levaram-no a Gaza, onde o prenderam com uma dupla cadeia de bronze, e o colocaram para GIRAR a .

O Frei Luis Arnaldich escreve: "Os filisteus se apoderaram facilmente de seu inimigo, ao qual lhe arrancaram os olhos, suplício muito frequente entre os orientais (1 Sm 11, 2; 2 Rs 25, 7; Jr 52, 11, texto dos LXX), e atado de mãos e pés com uma dupla cadeia de bronze, o conduziram a Gaza, condenando-o a girar a mó, trabalho próprio de mulheres e escravos (Ex 11, 5; Is 47, 2)", e: "Girar a mó: um dos trabalhos mais pesados e humilhantes, reservado à ínfima classe dos escravos" (PIB).

 

Católico, a alma PRESA dos seus APETITES sofre dor e suplício comparáveis aos da pessoa que cai em mãos de inimigos, como aconteceu com Sansão, que teve os olhos vazados, preso numa dupla cadeia de bronze e posto para girar a mó.

Sobre esses APETITES escreve São João da Cruz: "Todos estes danos, e outros ainda maiores, causam na beleza interior da alma os apetites desordenados de coisas do século. Chegam a tal ponto, que se tivéssemos de tratar expressamente da abominável e suja figura que nela deixam, não acharíamos coisa, por mais manchada e imunda, ou lugar tão cheio de teias de aranha e répteis repelentes, nem podridão de corpo morto, a que pudéssemos compará-la. Porque, embora a alma desordenada permaneça, quanto à sua substância e natureza, tão perfeita quanto no momento em que Deus a tirou do nada, todavia, na parte racional do seu ser, torna-se feia, obscura, manchada e exposta a todos estes males e ainda a grande número de outros" (Subida do Monte Carmelo, Livro I, Capítulo IX, 3).

São João da Cruz diz que o forte Sansão disso nos oferece exemplo.

Sansão era juiz de Israel, célebre por seu valor, gozava de grande liberdade. Tendo caído em poder de SEUS INIMIGOS, privaram-no de sua FORÇA, VAZARAM-LHE os olhos, obrigaram-no a RODAR a do MOINHO e lhe infligiram as mais CRUÉIS TORTURAS. Tal é a condição da alma na qual os seus APETITES vivem e vencem. Causam-lhe um PRIMEIRO mal que é o de ENFRAQUECÊ-LA e CEGÁ-LA... ATORMENTAM-NA e AFLIGEM-NA depois, atando-a à da concupiscência. E os laços com que está presa são seus PRÓPRIOS APETITES.

 

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

Anápolis, 21 de agosto de 2008

 

 

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP. "Girava a mó"

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