TERRA QUE DEVORA

(Nm 13, 32-33)

 

 

"A terra que fomos explorar é terra que devora os seus habitantes. Todos aqueles que lá vimos são homens de grande estatura. Lá também vimos gigantes (os filhos de Enac, descendência de gigantes). Tínhamos a impressão de sermos gafanhotos diante deles e assim também lhes parecíamos".

 

Ao cabo de quarenta dias, voltaram da exploração da terra (Nm 13, 25). Vieram a Moisés, Aarão e a toda a comunidade de Israel, no deserto de Fará, em Cades. Fizeram-lhe o seu relato, bem como a toda a comunidade, e mostraram-lhes os produtos da terra (Nm 13, 26).

Relataram-lhes o seguinte: "Fomos à terra à qual enviastes. Na verdade é terra onde mana leite e mel; eis os seus produtos'. Contudo, o povo que a habita é poderoso; as cidades são fortificadas, muito grandes; também vimos ali os filhos de Enac. Os amalecitas ocupam a região do Negueb; os heteus, os amorreus e os jebuseus, a montanha; os cananeus, a orla marítima e ao longo do Jordão" (Nm 13, 27-29).

Então Caleb fez calar o povo reunido diante de Moisés: "Devemos marchar", disse ele, "e conquistar essa terra: realmente podemos fazer isso" (Nm 13, 30). Os homens que o haviam acompanhado disseram: "Não podemos marchar contra esse povo, visto que é mais forte do que nós" (Nm 13, 31). E puseram-se a DIFAMAR diante dos filhos de Israel a terra que haviam explorado:  "A terra que fomos explorar é terra que devora os seus habitantes. Todos aqueles que lá vimos são homens de grande estatura. Lá também vimos gigantes (os filhos de Enac, descendência de gigantes). Tínhamos a impressão de sermos gafanhotos diante deles e assim também lhes parecíamos" (Nm 13, 32-33).

 

O Pe. Alberto Colunga  escreve: "A narração dos exploradores, semeou o terror entre os hebreus, e Caleb se levantou para animá-los ao ataque (v. 31-32). Os pessimistas, contudo, não querem entrar nessa região fortificada, na que habitam pessoas temíveis, e além disso é uma terra que devora os seus habitantes, expressão que pode aludir a sua pobreza (contrário do que haviam dito os otimistas), aos perigos das feras que nela vagueiam, ou melhor, às populações ferozes que a habitam, que se matam entre si. E insistem recordando a estatura dos gigantes, descendentes de Enac, em cuja comparação os israelitas são como gafanhotos. Em Isaías 40, 22 se diz que Deus contempla aos homens desde o céu e que desde essa altura parecem gafanhotos, expressão gráfica para exagerar sua pequenez e debilidade", e: "Raça de gigantes: em hebraico 'nefilim' (cfr. Gn 6, 4). As explorações das cidades de Canaã e a história de Davi, confirmam as notícias e as impressões trazidas por essas pessoas sobre a estatura gigantesca dos homens de algumas tribos cananéias, e sobre as construções maciças de suas cidades. A sua culpa não foi tanto de terem disseminado mentiras, quando de haverem faltado de confiança no Senhor, como se Ele não fosse capaz de levá-los à vitória"(PIB), e também: "Duas atitudes se contrapõem: a de Caleb, movido pela fé e a confiança em Deus, e a do resto dos exploradores que, diante da dificuldade com que hão de enfrentar-se, não só não contam com a ajuda de Deus, mas que põem em questão a bondade do dom que lhes promete, a bondade da Terra. Este é o ponto de partida que lhes levará à rebeldia aberta contra Deus e Moisés. Com frequência se fazem evidente as dificuldades que qualquer projeto humano ou sobrenatural leva consigo. Porém a solução não consiste em capengar diante dos obstáculos, mas em lutar com fé e valentia para superá-los. O medo dos israelitas da luta para conquistar a Terra, devido à grandeza dos inimigos que hão de combater, leva alguns deles a desprezar e falar mal da mesma Terra. Algo parecido ocorre no cristão, quando, por medo, se retrai na luta para alcançar a perfeição" (EUNSA).

 

Católico, era o MEDO que assim os FAZIA FALAR: todavia, há uma "TERRA MALDITA" que, ainda hoje, DEVORA os seus habitantes: essa "terra maldita" é o MUNDO.

 

Como o MUNDO, "TERRA MALDITA", devora os seus habitantes?

 

1. Existem milhões de católicos que VIVEM HORIZONTALMENTE, não conseguem enxergar além do "telhado", isto é, se preocupam somente com as coisas CADUCAS da terra e não pensam no céu, na verdadeira VIDA; esses "A terra já os devorou".

 

2. Quando você encontrar pessoas que falam somente das coisas PASSAGEIRAS desse mundo, e não reservam um tempo para falar sobre o Senhor que morreu na cruz para salvá-las, dizei: "A terra já as devorou".

 

3. Se num diálogo em família, alguém falar que não acredita que haverá um julgamento após a morte, e que tudo acaba com a morte, dizei: "A terra já o devorou".

 

4. Se você conhece uma pessoa que vive atolada na impureza, que usa somente roupas imorais, que conta piadas pornográficas, que coleciona revistas e calendários depravados e que não possui mais um olhar inocente, dizei também: "A terra já a devorou".

 

Católico, os israelitas sentiram MEDO de ENFRENTAR os GIGANTES.

JAMAIS os imitemos, mas com VALENTIA, , CORAGEM e CONFIANÇA em Deus, enfrentemos o MUNDO "TERRA MALDITA", inimigo de Deus e das almas imortais.

São milhões os católicos que deixam de progredirem na PERFEIÇÃO por medo de enfrentar o mundo. Nosso Senhor quer que lutemos, apesar das nossas limitações: "Sei que a idéia de combate evoca imediatamente a nossa fraqueza, e prevemos as quedas, os erros. Deus conta com isso. É inevitável que, ao caminharmos, levantemos poeira. Somos criaturas e estamos cheios de defeitos. Eu diria até que os teremos sempre; são as sombras que fazem ressaltar mais em nossa alma a graça de Deus e as nossas tentativas de corresponder ao favor divino. E esse claro-escuro nos tornará humanos, humildes, compreensivos e generosos" (São Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, 76).

O mundo é um "GIGANTE MALDITO", mas Deus é infinitamente mais FORTE que ele; por isso, CAMINHEMOS para a BATALHA confiantes no Deus Onipotente.

O MUNDO "TERRA MALDITA", "devora" somente os católicos que vivem a seu serviço, que não rezam, que fogem da confissão e da Comunhão, que não meditam, que não suportam o silêncio...

Católico, cuide-se para não ser "DEVORADO" por essa "TERRA MALDITA".

Nessa "terra maldita" não há verdade: "Rogarei ao Pai que envie a vós o Espírito da Verdade, que o mundo não pode nem receber nem conhecer" (Jo 14, 17).

Nessa "terra maldita" não há amor: "Como vós não sois do mundo, o mundo vos odeia: ele só ama os seus" (Jo, 15, 19).

Nessa "terra maldita" não há paz: "Dou-vos e vos deixo a minha paz: não faço como o mundo!" (Jo 14, 27).

Nessa "terra maldita" não há salvação: É certo que ninguém pode salvar-se senão por meio de Jesus Cristo. Ora, Jesus Cristo excluiu da sua redenção o mundo: "Eu não rogo pelo mundo!" (Jo 17, 9).

 

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

Anápolis, 29 de agosto de 2008

 

 

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP. "Terra que devora"

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