MEU PAI BUSCA A TUA MORTE

(1 Sm 19, 1-3)

  

1 Saul comunicou a seu filho Jônatas e a todos os seus oficiais a sua intenção de levar Davi à morte. Ora, Jônatas, filho de Saul, tinha muita afeição por Davi, 2 e advertiu a Davi dizendo: ‘Meu pai busca a tua morte. Fica de sobreaviso amanhã de manhã, procura o teu refúgio e esconde-te. 3 Eu sairei e permanecerei ao lado do meu pai no campo em que estiveres, e então falarei com meu pai a teu respeito, saberei o que houver e te informarei”.

 

 

Em 1 Sm 19, 1 diz: “Saul comunicou a seu filho Jônatas e a todos os seus oficiais a sua intenção de levar Davi à morte. Ora, Jônatas, filho de Saul, tinha muita afeição por Davi”.

 

O rei Saul sempre fora forte, vencedor; mas eis que um dia, dos campos em que apascentava o seu rebanho, chega Davi: “Davi levantou-se de madrugada, deixou o rebanho com um vigia, apanhou suas coisas e partiu...” (1 Sm 17, 20).

Davi também é forte e vencedor: “Quando o teu servo apascentava as ovelhas de seu pai e aparecia um leão ou um urso que arrebatava uma ovelha do rebanho, eu o perseguia e o atacava e arrancava a ovelha de sua goela; e, se vinha contra mim eu o agarrava pela juba, o feria e matava” (1 Sm 17, 34-35).

Depois que Davi derrotou o gigante Golias, o povo aplaudiu-o e cantou: “Saul matou mil, mas Davi matou dez mil” (1 Sm 18, 7).

Saul ouve isso, e recebe com isso um golpe no coração: torna-se intratável, taciturno e triste até ficar louco.

A inveja de Saul extravasa, ele não consegue mais se controlar. Cheio de ódio e desejoso de matar Davi, comunica a intenção a Jônatas e a todos os seus oficiais: “Saul comunicou a seu filho Jônatas e a todos os seus oficiais a sua intenção de levar Davi à morte” (1 Sm 19, 1).

Ó rei Saul, você é rei, enquanto que Davi é um simples súdito: por que tanta MALDADE? Por que está desejoso de o MATAR?

Saul está com INVEJA: pesar do bem alheio.

O INVEJOSO é INFELIZ: “A inveja é triste. O invejoso é infeliz. Se deixarmos esse vício tomar conta de nós, o coração perde a capacidade de alegria. A pessoa invejosa anda triste, vive amargurada. O seu coração é como um buraco negro, que engole e anula todas as alegrias que lhe batem à porta, todas as luzes de felicidade possível que o convidam a sorrir” (Pe. Francisco Faus).

A INVEJA, como um VERME FAMINTO, rói o INTERIOR de Saul... pobre rei... quanta estupidez... quanta revolta... Pobre do rei INVEJOSO, pior que os DEMÔNIOS: “Os invejosos são piores que o diabo, pois o diabo não inveja os outros diabos, ao passo que os homens não respeitam sequer os participantes da sua própria natureza” (São João Crisóstomo).

Católico, o INVEJOSO é capaz de cometer as PIORES LOUCURAS: “A inveja pode levar às piores ações” (Catecismo da Igreja Católica, 2. 538).

O INVEJOSO é capaz de MATAR com ARMAS e com a LÍNGUA, isto é, jogar o bom nome do próximo na sarjeta: “Da inveja nascem o ódio, a maledicência, a calúnia...” (São Gregório Magno, Mor. 31, 35, 88: CCL 143b, 1610 (PL 76, 621).

O rei Saul, invejoso, ESTAVA DECIDIDO a MATAR Davi. A matar aquele que o livrou do gigante Golias... o livrou de terríveis humilhações... “Quando Saul e todo o Israel ouviram estas palavras do filisteu, encheram-se de espanto e de temor... Logo que deram com o homem, todos os homens de Israel fugiram para longe dele, apavorados” (1 Sm 17, 17. 24).

Jônatas, o filho do rei Saul, que não era invejoso, AMAVA Davi: “Aconteceu que, terminando ele de falar com Saul, a alma de Jônatas apegou-se à alma de Davi. E Jônatas começou a amá-lo como a si mesmo” (1 Sm 18, 1), e: “Ora, Jônatas, filho de Saul, tinha muita afeição por Davi” (Idem., 19, 1), e também: “Tenho o coração apertado por tua causa, meu irmão Jônatas. Tu me eras imensamente querido, a tua amizade me era mais cara do que o amor das mulheres” (2 Sm 1, 26).

 

Católico, hoje, infelizmente, EXISTEM MILHARES de “Sauls”, isto é, de patrões, gerentes, diretores de colégios, empresários... que NÃO SUPORTAM ver o “brilho” do seu EMPREGADO... ficam LOUCOS de INVEJA ao ver o seu SÚDITO ser elogiado pelos fregueses... Como são estúpidos! São os “Sauls” de hoje!

A CONVIVÊNCIA com esses “discípulos de Saul” é um tormento... é repugnante... é insuportável... é um “inferno” na terra.

Milhares de patrões, gerentes, diretores de colégios, empresários... são mal-agradecidos e invejosos, e “PAGAM” com perseguições o bem que lhes é feito pelos EMPREGADOS.

É preciso que SURJA alguém com o coração bondoso, como o de Jônatas, para lembrar-lhes todo o bem feito pelos EMPREGADOS.

Jônatas falou bem de Davi a seu pai Saul, e disse: “Não peque o rei contra o seu servo Davi, porque nenhuma falta cometeu contra ti; pelo contrário, tudo o que tem feito tem sido de grande vantagem para ti. Ele arriscou a sua vida, matou o filisteu, e Deus deu a todo o Israel uma grande vitória: tu o viste e te regozijaste. Por que havereis de pecar derramando o sangue de um inocente, fazendo Davi perecer sem motivo?” (1 Sm 19, 4-7).

Patrão! Você tem inveja do seu empregado? Que tipo de católico é você?

Gerente! Você se sente diminuído ao ver o seu funcionário ser elogiado? Lembre-se de que Deus vê tudo!

Diretor de colégio! Você persegue o professor que se destaca? Como você é despreparado!

Empresário! Você fala mal daquele súdito que se destaca nas vendas? Não destrua o próximo com a língua! Existirá um Julgamento após a morte.

  

Em 1 Sm 19, 2-3 diz:  “... e advertiu a Davi dizendo: ‘Meu pai busca a tua morte. Fica de sobreaviso amanhã de manhã, procura o teu refúgio e esconde-te. Eu sairei e permanecerei ao lado do meu pai no campo em que estiveres, e então falarei com meu pai a teu respeito, saberei o que houver e te informarei”.

 

A AMIZADE de Jônatas para com Davi era VERDADEIRA; ele não queria que o seu AMIGO fosse maltratado por seu pai, o rei Saul.

Jônatas não ficou em SILÊNCIO sabendo do perigo que corria Davi, mas o avisou: “... e advertiu a Davi dizendo: ‘Meu pai busca a tua morte. Fica de sobreaviso amanhã de manhã, procura o teu refúgio e esconde-te” (1 Sm 19, 2).

Jônatas, amigo SINCERO e CARIDOSO, não só avisou Davi sobre o PERIGO que ele corria de ser morto por Saul, mas disse-lhe que falaria, ao rei, a respeito dele, e lhe informaria sobre o que estava acontecendo.

                               

Católico, NÃO CONFIE em uma AMIZADE antes de COLOCÁ-LA à PROVA; NÃO ACREDITE facilmente nas pessoas: “Se queres um amigo, adquire-o pela prova e não te apresses a confiar nele” (Eclo 6, 7).

                                

Como AGE o AMIGO VERDADEIRO?

 

1. Quer que o próximo se salve.

Santa Catarina de Sena escreve: “Que a vossa convivência seja com pessoas que temem e amam a Deus realmente. Elas aquecerão toda frieza dos nossos corações e, com raciocínios sobre Deus, lembrando-nos sua bondade e seu amor, amolecem a dureza deles” (Carta 190, 3), e: “Sejam verdadeiras amigas que se ajudem mutuamente para serem muito boas” (Santa Teresa dos Andes, Carta 102).

A amizade que se esforça para afastar o católico do caminho da salvação, é “satélite” do Demônio: “Os maus companheiros são satélites do Demônio. Fugi deles!” (São Gabriel da Virgem Dolorosa).

 

2. Dá bons conselhos.

São Gabriel da Virgem Dolorosa escreve ao seu amigo Filippo Giovanetti: “Amas a tua salvação? Foge dos maus companheiros. Amas a tua salvação? Foge dos teatros: Ah! Que infelizmente é verdade, e eu o sei por experiência, como é quase impossível entrar neles com a graça de Deus, e deles sair sem havê-la perdido ou posto em grande perigo! Amas a tua salvação? Foge das conversações, pois que em tais lugares tudo conjura contra a nossa alma. Foge finalmente dos maus livros, pois é indizível o mal que eles podem fazer ao coração de todos, mas especialmente ao coração de um jovem...”, e: “Devemos procurar ser caridosas. Não falar jamais do próximo. Defendê-lo enquanto pudermos ou desviar a conversação para outro assunto sem que o notem, se não pudermos defendê-lo” (Santa Teresa dos Andes, Carta 40).

Santo Estêvão, rei da Hungria, era pai e amigo, e  aconselhava continuamente o seu filho: “Antes do mais, se desejas honrar-te com a coroa, recomendo-te, aconselho, exorto, filho muito caro, que guardes a fé católica e apostólica com tanta diligência e cuidado, que te tornes um exemplo para todos os que da parte de Deus te estão sujeitos...” (Dos Conselhos ao filho).

 

3. Protege o amigo dos perigos.

Jônatas, sabendo da maldade do pai e do perigo que Davi corria, advertiu o amigo dizendo: “Meu pai busca a tua morte. Fica de sobreaviso amanhã de manhã, procura o teu refúgio e esconde-te. Eu sairei e permanecerei ao lado do meu pai no campo em que estiveres, e então falarei com meu pai a teu respeito, saberei o que houver e te informarei” (1 Sm 19, 2-3).  

Católico, se você soubesse que alguém de sua família, mesmo sendo seu pai, estivesse preparando uma armadilha para um seu amigo, você faria o que Jônatas fez, isto é, avisaria do perigo que ele estava correndo? Será que você ficaria de boca fechada, deixando o seu amigo cair na armadilha? É nessas horas que conhecemos a verdadeira amizade: “Todo amigo diz: ‘Eu também sou teu amigo’, mas há amigo que o é só de nome” (Eclo 37, 1).

 

4. Respeita o próximo.

São Gregório Nazianzeno escreve sobre o respeito que reinava entre ele e São Basílio Magno: “Nesta ocasião, pois, não apenas eu respeitava o meu grande Basílio, vendo-lhe a nobreza de procedimento e a madureza e prudência de palavras; mas ainda a outros, que o conheciam tão bem, eu persuadia a fazerem o mesmo. Porque depressa passou a ser acatada pelos que lhe conheciam a fama e reputação” (Dos Discursos de São Gregório Nazianzeno).

 

5. Consola o amigo.

O amigo verdadeiro é um “anjo consolador”: “... que escutará com simpatia a narração das nossas mágoas, e encontrará em seu coração as palavras necessárias para as mitigar e nos confortar” (Adolfo Tanquerey, Compêndio de Teologia Ascética e Mística, 598, b, 3).

 

Feliz do católico que encontrou um “Jônatas” como amigo: “Um amigo fiel é um poderoso refúgio, quem o descobriu, descobriu um tesouro. Um amigo fiel não tem preço, é imponderável o seu valor. Um amigo fiel é um bálsamo vital e os que temem o Senhor o encontrarão” (Eclo 6, 14-16).

 

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

Anápolis, 09 de outubro de 2008

 

 

 

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP. "Meu pai busca a tua morte"

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