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FICAI PERTO DE MIM (Sl 37, 22)
“Não deixeis vosso servo sozinho, ó meu Deus, ficai perto de mim!”
Católico, o que é o homem sem Deus? Pode o homem sem a ajuda do Altíssimo alcançar a salvação eterna? Pode o homem ser feliz longe de Deus? Não! Sem a ajuda do Senhor nada podemos fazer: “... porque, sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15, 5), e: “Não disse: podeis fazer pouco... mas nada” (Santo Agostinho, Ut Supra). Prostremo-nos e nos humilhemos diante de Deus, implorando que nos ajude a passarmos por esse “deserto”, isto é, o mundo, sem sermos assaltados pelos inimigos das almas imortais. Peçamos ao Senhor que não nos deixe sozinhos... que permaneça sempre perto de nós. Infeliz daquele que sente vergonha e medo de pedir a proteção do Deus Todo-Poderoso. Se não pedir a Ele... a quem pedirá? Aos homens falsos e interesseiros? Estamos aqui na terra por um determinado tempo para salvar a nossa alma imortal... ela vale mais que todo o ouro do mundo; mas, para sairmos vencedores nessa batalha, precisamos da ajuda de Nosso Senhor... peçamos que Deus não nos deixe sozinhos: “Não deixeis vosso servo sozinho”. Jamais existirá vitória sem a ajuda de Deus. Feliz do católico que pede com insistência a proteção, ajuda, força, coragem... ao Todo-Poderoso.
“...ó meu Deus, ficai perto de mim!” Sem a perseverança final é impossível alcançar a salvação eterna. De nada vale ter sido santo por longo tempo, se no fim da vida se morre pecador. Sem perseverança não há salvação. Na perseverança no bem até ao fim de nossa vida está o princípio da nossa eterna felicidade. Sem a perseverança final todos os esforços são baldados. Penitências e orações, sacramentos e boas obras, tudo, sem a perseverança, será como o fumo que se desvaneceu. Para perseverarmos até ao fim, precisamos viver unidos ao Senhor e implorar a graça da perseverança final... Deus só a concede a quem pede: “Tratando-se particularmente da graça da perseverança final, isto é, de morrer na amizade de Deus, o que é absolutamente necessário para a nossa salvação, do contrário estaremos para sempre perdidos, esta graça Deus não a dá senão a quem pede. Este é um dos motivos porque muitos não se salvam, pois são poucos os que cuidam de pedir a Deus a graça da perseverança final” (Santo Afonso Maria de Ligório). Se não permanecermos unidos a Deus, jamais perseveraremos no caminho do bem.
“...ó meu Deus, ficai perto de mim!” Será que uma pessoa que não reza permanece unida a Deus? Para permanecermos unidos ao Senhor, é preciso que rezemos muito... que perseveremos na oração: “O Senhor quer nos dar suas graças, mas quer que as peçamos; quer até mesmo ser importunado e como que constrangido com nossas orações” (São Gregório Magno), e: “Quando pedimos as graças a Deus, ele não só nos atende, mas de certo modo nos agradece” (Santa Maria Madalena de Pazzi). Rezemos... rezemos muito... somente assim o Deus Eterno ficará perto de nós e nos ajudará; do contrário, nos perderemos para sempre: “... quem reza, certamente se salva e quem não reza, certamente será condenado. Todos os bem-aventurados, exceto as crianças, salvaram-se pela oração. Todos os condenados se perderam, porque não rezaram. Se tivessem rezado, não se teriam perdido. E este é e será o maior desespero no inferno: o poder ter alcançado a salvação com facilidade, pedindo a Deus as graças necessárias. E, agora, esses miseráveis não têm mais tempo de rezar” (Santo Afonso Maria de Ligório).
“...ó meu Deus, ficai perto de mim!” Quem vive no pecado caminha nas trevas e longe de Nosso Senhor. Para possuir Deus na alma é preciso evitar o pecado mortal, a maior de todas as desgraças. Quem peca mortalmente perde a graça de Deus e vive mergulhado nas trevas: “Vós deveis desprezar e abominar o pecado mortal que ocasionou a morte do Filho de Deus” (Santa Catarina de Sena), e: “Se uma casa não for habitada pelo dono ficará sepultada na escuridão, desonra e desprezo, repleta de toda espécie de imundícia. Também a alma, sem a presença de seu Deus e dos anjos que nela jubilavam, cobre-se com as trevas do pecado, de sentimentos vergonhosos e de completa ignomínia. Ai da estrada por onde ninguém passa nem se ouve voz de homem! Será morada de animais. Ai da alma, se nela não passeia Deus e com sua voz afugenta as feras espirituais da maldade! Ai da casa não habitada por seu dono! Ai da terra sem o lavrador que a cultiva! Ai do navio, se lhe falta o piloto; sacudido pelas ondas e tempestades do mar, soçobrará! Ai da alma que não tiver em si o verdadeiro piloto, o Cristo! Porque lançada na escuridão do mar impiedoso e sacudida pelas ondas das paixões, jogada pelos maus espíritos como em tempestade de inverno, encontrará afinal a morte. Ai da alma se lhe falta Cristo que a cultive com diligência, para que possa germinar os bons frutos do Espírito! Deserta, coberta de espinhos e de abrolhos, terminará por encontrar, em vez de frutos, a queimada. Ai da alma, se seu Senhor, o Cristo, nela não habitar! Abandonada, encher-se-á com o mau cheiro das paixões, virará moradia dos vícios” (São Macário).
“...ó meu Deus, ficai perto de mim!” Deus permanece num coração mergulhado na lama do mundo? Não! Para possuir Deus é preciso abandonar o mundo e sua lama: “Se o mundo odeia o cristão, por que tu o amas, a ele que te aborrece, e não preferes seguir a Cristo que te remiu e te ama?” (São Cipriano), e: “Odiai o mundo e tudo que nele há” (Santo Antão).
Católico, peça continuamente a Deus: “Não deixeis vosso servo sozinho, ó meu Deus, ficai perto de mim!” Que piedosa oração! Que bela jaculatória! Repita essa oração várias vezes ao dia... repita com os lábios e com o coração... repita com fé e confiança... repita na tranquilidade e na dificuldade. Se você viver unido a Deus as dificuldades surgirão, mas você sairá sempre vitorioso no combate: “Ainda que um exército acampe contra mim, meu coração não temerá; ainda que uma guerra estoure contra mim, mesmo assim estarei confiante” (Sl 27, 3).
Pe. Divino Antônio Lopes FP. Anápolis, 08 de março de 2009
Bibliografia
Bíblia Sagrada Santo Agostinho, Escritos Santa Catarina de Sena, Cartas São Macário, Escritos São Cipriano, Escritos Santo Antão, Apoftegmas São Gregório Magno, Ps. paenitentialis (Ps CIX), n.° 2. ML 79-633 Santo Afonso Maria de Ligório, A Prática do amor a Jesus Cristo Pe. Alexandrino Monteiro, Raios de Luz
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