NADA ME FALTA (Sl 23, 1)
“O Senhor é meu pastor, nada me falta”.
Deus é o nosso Pastor... Pastor que nos livra das garras dos inimigos visíveis e invisíveis. Ele nos protege, ampara e consola. “O Senhor é meu pastor, nada me falta”... por que, então, buscar consolo nas criaturas que hoje estão bem e amanhã viram o rosto para nós? “A ditosa e verdadeira consolação é aquela que a verdade nos faz perceber no fundo do coração. O homem devoto leva consigo, por onde vai, o seu consolador, que é Jesus, ao qual diz muitas vezes: Sede comigo, Senhor, e ajudai-me em todo o tempo e lugar. Seja, pois, minha consolação privar-me voluntariamente de toda a consolação humana” (Tomás de Kempis, Imitação de Cristo). Se busco o consolo no Deus Eterno nada me falta. Ele é o Pastor que tudo pode; pode dar a consolação que as criaturas não podem... é perda de tempo fugir do nosso Pastor para mendigar consolo nas criaturas: “Sou a pessoa mais feliz. Já não desejo nada porque meu ser está saciado com o Deus-Amor” (Santa Teresa dos Andes, Carta 110). “O Senhor é meu pastor, nada me falta”... somos suas ovelhas, não necessitamos das amizades falsas dos homens, amizades que nos distancia dos olhos bondosos do nosso Pastor nos levando às “bordas” do inferno: “... como é perigosa a convivência com pessoas que vivem sem o temor de Deus, pois tal convivência será a base da nossa ruína (espiritual). Convivência desse gênero torna insensível a consciência, diminui a vida de oração, acaba com a abstinência e o fervor, aumenta o amor pelos vãos prazeres mundanos, rouba-nos a santa humildade, elimina a honestidade, desperta os sentimentos materiais, cega nossa inteligência, como se a pessoa jamais tivesse conhecido o Criador. Dessa maneira, aos poucos a pessoa se despreocupa e se transforma de anjo terrestre em demônio infernal” (Santa Catarina de Sena, Carta 190). A amizade do nosso Pastor é verdadeira; não sejamos loucos de fugir para longe de seus braços... Nada nos falta... nada... nada: “Que mais hei de querer ou buscar fora de mim, se tenho dentro de mim minhas riquezas e meus deleites, minha satisfação, meu reino, isto é, meu Amado a quem desejo ardentemente? Convosco, ó meu Deus, alegro-me e me regozijo, no meu recolhimento interior! Aqui vos desejo, adoro-vos, sem ir procurar-vos fora de mim, porque me distrairei, cansar-me-ei, sem poder encontrar-vos nem gozar com maior segurança, nem mais depressa, nem mais perto do que dentro de mim” (São João da Cruz, Cântico, 1, 7-8). “O Senhor é meu pastor, nada me falta”... como é seguro saber que da boca do nosso Pastor sai somente a verdade... quanta alegria em beber d’Ele somente a água cristalina da verdade. Se permanecermos unidos a Ele como ovelhas prudentes e não curiosas, jamais o lobo nos morderá com a presa da mentira: “Se permanecerdes na minha palavra, sereis meus verdadeiros discípulos e conhecereis a Verdade” (Jo 8, 31-32). N’Ele encontramos a água e o alimento necessário para matar a nossa sede e fome pelas coisas do alto. Nada nos falta porque somente Ele é a verdade... fora do nosso Pastor Eterno só existe mentira. Aquele que se aventura a buscar a verdade fora do verdadeiro Pastor será devorado pelo lobo feroz: “Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos ferozes. Pelos seus frutos os conhecereis” (Mt 7, 15-16). “O Senhor é meu pastor, nada me falta”... Ele é o Pastor dos pastores... é o que verdadeiramente ampara e protege. Por que, estão, sairmos de perto d’Ele? Buscarmos água onde só tem lama? Caminharmos em busca de luz onde as trevas reinam? Repousarmos em lugares espinhentos? Fora do Pastor Eterno só existe amargura: “Fora de Deus só há alegria efêmera e paz ilusória” (Bem-aventurado Dom Columba Marmion, Jesus Cristo, Ideal do monge), e: “Por que teimais em percorrer sempre os caminhos penosos e fatigantes? O repouso não está onde o procurais; sem dúvida procurai-o, mas não onde se acha; buscais a felicidade na região da morte, ela está noutra parte. Como poderia a vida feliz encontrar-se onde nem mesmo se encontra a verdadeira vida?” (Santo Agostinho, Confissões). “O Senhor é meu pastor, nada me falta”... como ovelhas humildes e obedientes, prostremo-nos aos pés do nosso Pastor... fixemos n’Ele nossos olhos e prometamos-Lhe jamais nos afastarmos de sua presença: “Quanto a mim, estou sempre contigo, tu me agarraste pela mão direita... Contigo, nada mais me agrada na terra... Em Deus coloquei o meu abrigo” (Sl 73, 23. 25. 28).
Pe. Divino Antônio Lopes FP. Anápolis, 02 de setembro de 2010
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