DEIXAR RASTO

(Jó 9, 25)

 

“Meus dias correm mais depressa que um atleta...”

 

Visite um cemitério e veja quantos túmulos... quantos já foram sepultados naquele lugar tão silencioso... todos estão ali em silêncio, não podem mais se moverem... Já DEIXARAM RASTOS aqui na terra... o que tinham que realizar foi realizado... não há mais tempo.

Acordemos! Não nos façamos de tontos! A nossa vida também está PASSANDO... cada segundo que passa não volta mais... cada minuto que passa avisa que a nossa vida está mais curta... avisa que a morte está mais próxima... NÃO ADIANTA franzir a testa, torcer o nariz, tapar os ouvidos... essa é a GRANDE VERDADE que milhões não querem encarar: “A morte corre velocíssima sobre nós, e nós, a cada instante, corremos para ela” (Santo Afonso Maria de Ligório).

Desde a morte do pastorzinho Abel (Gn 4, 8) até hoje já morreram milhões e milhões de pessoas... e cada uma DEIXOU RASTOS aqui na terra... Uns, RASTOS de TREVAS; outros, RASTOS de LUZ... ninguém passou para a eternidade sem deixar RASTOS: “Os nossos atos são bons ou maus, nunca indiferentes, isto é, nunca destituídos de valor moral. Ou se faz o bem ou se faz o mal” (Edouard Clerc, monge), e: “... a fim de que cada um receba a retribuição do que tiver feito durante a sua vida no corpo, seja para o bem, seja para o mal” (2 Cor 5, 10).

Católico, cuidado com as DESCULPAS ESFARRAPADAS: “Nunca fiz nada de mau”, ou: “Não mato nem roubo”. Essa tentativa de tranquilizar a consciência NÃO impedirá que você DEIXE RASTOS na sua passagem pela terra.

Como já foi mencionado, milhões e milhões de pessoas, desde Abel, já morreram... já  DEIXARAM seus RASTOS aqui na terra.

Milhões DEIXARAM RASTOS de TREVAS: assassinato, roubo, maledicência, calúnia, adultério, fornicação, preguiça, charlatanismo, imoralidade, ódio, pornografia, rancor, orgulho... Deixaram muitas pessoas tristes, revoltadas, angustiadas, depressivas, arrasadas, mutiladas... Fizeram correr muito sangue, dividiram famílias inteiras, destruíram o bom nome de milhares, arrasaram os bens alheios, “taparam” covardemente a boca de inocentes fazendo-os morrerem “afogados” em suas lágrimas de tristeza e desespero... Mas morreram... fizeram o MAL e morreram... DEIXARAM seus RASTOS negros, sanguinolentos, fétidos, pútridos... O mal que fizeram está feito... NÃO VOLTARÃO para reparar... Com Deus não existe recuperação nem segunda época.

Milhões também morreram e DEIXARAM RASTOS de LUZ: Evitaram e condenaram o aborto, deram esmolas, praticaram a caridade, respeitaram o próximo, foram fiéis no matrimônio, evitaram a imoralidade, trabalharam honestamente, foram verdadeiros e sinceros, amaram o próximo, praticaram a humildade, rezaram, receberam dignamente os sacramentos, amaram a Deus sobre todas as coisas, respeitaram e defenderam a Santa Igreja Católica Apostólica Romana, foram missionários incansáveis... Semearam a paz nos corações revoltados, orientaram muitos casais que estavam se separando a permanecerem unidos, consolaram muitos depressivos, defenderam com coragem o bom nome do próximo... Esses também morreram... fizeram o BEM e morreram... DEIXARAM seus RASTOS de luz, de bondade, perfumados pelas virtudes... deixaram saudades nos corações dos que ficaram: “A casa de Israel chorou-a (Judite) por sete dias” (Jt 16, 24), e: “Ora, em Jope havia uma discípula, chamada Tabita, em grego Dorcas, notável pelas BOAS OBRAS e ESMOLAS que fazia. Aconteceu que naqueles dias ela caiu doente e morreu. Depois de a lavarem, puseram-na na sala superior. Como Lida está perto de Jope, os discípulos, sabendo que Pedro lá se encontrava, enviaram-lhe dois homens com este pedido: ‘Não te demores em vir ter conosco’. Pedro atendeu e veio com eles. Assim que chegou, levaram-no à sala superior, onde o cercaram TODAS AS VIÚVAS, CHORANDO e MOSTRANDO TÚNICAS e MANTOS, quantas coisas Dorcas lhes havia feito quando estava com elas. Pedro, mandando que todas saíssem, pôs-se de joelhos e orou: Voltando-se então para o corpo, disse: ‘Tabita, levanta-te!’ Ela abriu os olhos e, vendo Pedro, sentou-se. Este, dando-lhe a mão, fê-la erguer-se” (At 9, 36-41).

Católico, a nossa vida está passando como um relâmpago... logo iremos para o túmulo, para o silêncio do cemitério... Que RASTOS estamos DEIXANDO aqui na terra? RASTOS de TREVAS ou de LUZ?

Durante os 15, 30, 60, 90 anos que já VIVEMOS... DEIXAMOS RASTOS que ESCANDALIZAM ou que EDIFICAM? RASTOS de TRISTEZA ou de ALEGRIA? RASTOS de MORTE ou de VIDA? RASTOS de MALDADE ou de BONDADE?

Católico, NÃO sabemos ainda o TEMPO que nos resta de vida... NÃO percamos TEMPO... DESCRUZEMOS os braços e FAÇAMOS o BEM.

DEIXEMOS RASTOS de LUZ e SANTIDADE aqui na terra... e NÃO de TREVAS: “A memória do justo é bendita, o nome dos ímpios apodrece” (Pr 10, 7), e: “... a memória do justo é para sempre” (Sl 112, 6).

Se os nossos RASTOS até hoje foram de TREVAS, ainda há tempo de REPARAR... não percamos tempo, mas comecemos agora, imediatamente e com afinco: “Se eu disser ao ímpio: ‘Tu morrerás’, mas ele se converter do seu pecado e praticar o direito e a justiça... certamente viverá, não morrerá” (Ez 33, 14-15), e: “Lavai-vos, purificai-vos! Tirai da minha vista as vossas más ações! Cessai de praticar o mal... Então, sim, poderemos discutir, diz o Senhor: Mesmo que os vossos pecados sejam como escarlate, tornar-se-ão alvos como a neve; ainda que  sejam vermelhos como carmesim, tornar-se-ão como a lã” (Is 1, 16.18).

Católico, APROVEITE o TEMPINHO que lhe resta de vida para FAZER RASTOS... RASTOS que ILUMINAM... RASTOS que EDIFICAM... RASTOS que AFERVORAM os corações gelados... RASTOS que ENTUSIASMAM os tíbios... RASTOS que ACORDAM os adormecidos...

Nosso GRANDE SALVADOR fala sobre DEIXAR RASTOS: “Portanto, deveis ser perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5, 48).

São Paulo Apóstolo também fala sobre DEIXAR RASTOS: “Finalmente, irmãos, ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, nobre, justo, puro, amável, honroso, virtuoso ou que de qualquer modo mereça louvor” (Fl  4, 8).

Católico, ou DEIXAMOS BONS RASTOS ou seremos eternamente “PISADOS” pelo Demônio no INFERNO: “Qual será, pois, ó meu Deus, a angústia do condenado quando, ao entrar no inferno, se vir sepultado naquele cárcere de tormentos, e, atendendo à sua desgraça, considerar que durante toda a eternidade não há de chegar remédio algum! Sem dúvida exclamará: ‘Perdi a alma e o paraíso, perdi a Deus; perdi tudo para sempre, e por quê? Por minha culpa!” (Santo Afonso Maria de Ligório).

Não adianta FUGIR... todos deixaremos uma HISTÓRIA aqui na terra. A sua será BOA ou ? Lembrarão de você com SAUDADES ou com ARREPIOS?

Rezemos com humildade: “Meu Senhor e Deus de infinita majestade! Envergonho-me de aparecer ante vossa presença. Quantas vezes injuriei vossa honra, preferindo à vossa graça um indigno prazer, um ímpeto de cólera, um pouco de barro, um capricho... Adoro e beijo vossas  santas chagas, que vos afligi com meus pecados. Pelas mesmas espero meu perdão e salvação” (Santo Afonso Maria de Ligório).

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

Anápolis, 06 de outubro de 2010

 

 

 

 

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP. “Deixar rasto”
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