ESTÁ FIRME PARA SEMPRE

(Sl 125, 1)

 

“Os que confiam em Deus são como o monte Sião: nunca se abala, está firme para sempre”.

 

O monte Sião não se move nem para a direita nem para a esquerda... está sempre firme diante das tempestades e vendavais... suporta tudo sem se locomover e desfazer-se... não se racha ao meio nem se dissolve: “... nunca se abala, está firme para sempre”.

Católico, o mundo necessita de pessoas que CONFIAM TOTALMENTE em Deus... de pessoas FORTES e CONVICTAS  que enfrentam os inimigos do bem com a cabeça erguida: “A fortaleza nasce na cabeça e vive a partir de um centro medular de ideias e convicções inabaláveis, que criam poderosas motivações capazes de superar todos os obstáculos” (Dom Rafael Llano Cifuentes).

Quem CONFIA VERDADEIRAMENTE em Deus não teme represálias, vingança nem retaliação...  Sabe muito bem que Deus não o deixará sozinho na luta: “Esperei ansiosamente por Deus: ele se inclinou para mim e ouviu o meu grito. Ele me fez subir da cova fatal, do brejo lodoso; colocou meus pés sobre a rocha, firmando meus passos” (Sl 40, 2-3).

 

O Pe. De Tena, velho e doentio que só podia andar com o auxílio de uma bengala por causa do reumatismo, foi levado pelos vermelhos a Madri, em 1936. Estando diante do tribunal, quiseram fazê-lo apostatar. Dizem-lhe:

– Jure que Deus não existe.

– Existe, sim; e as provas são estas. – E começou a aduzir provas da existência de Deus.

Com modos ainda piores urgem com ele para que apostate.

– Como hei de negar a Deus que neste momento nos está vendo?

Um deles, o chefe, levanta-se bruscamente, encosta-lhe o revólver ao peito e grita:

– Negue que Deus existe ou eu o mato.

O Padre, com dificuldade, pôs-se em pé, e meio apoiado à mesa disse com voz firme: “Creio em Deus Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra!”

O verdugo, desarmado diante de TANTA CORAGEM, larga o revólver na mesa, na qual dá um murro, dizendo:

– Não posso matar este homem.

Católico, caso isso aconteça com você, qual será a sua atitude? Enfrentará os inimigos ou apostatará? Permanecerá firme do lado de Deus ou se venderá ao demônio?

É escandaloso ver a covardia e fraqueza de milhões de católicos.

 

O governador de uma cidade do Japão, não longe de Omura, fizera comparecer em sua presença um grande número de cristãos, e ameaçava-os com os mais espantosos suplícios se persistissem em desobedecer aos editos do imperador. O mais jovem do grupo tomou a palavra e deu a entender ao governador que eles, os cristãos, desprezavam todas as ameaças. O juiz, indignado com a coragem daquele jovem, mandou vir um braseiro aceso, e, dirigindo-se a ele, disse:

– Vou confundir a tua presunção. Serás capaz de conservar a extremidade de um dedo metida neste braseiro durante um pequeno espaço de tempo? E se não fores, como poderás deixar-te queimar vivo a fogo lento?

O jovem, sem dizer palavra, adiantou-se imediatamente e introduziu um dedo no braseiro, deixando-o queimar com a mesma naturalidade como se o tivesse mergulhado em água morna. O governador, fora de si pelo assombro, não conseguia proferir nem uma palavra. Levantou-se e, abraçando o generoso cristão, deixou-os todos em liberdade para continuarem professando a religião que quisessem.

Veja, católico, que a coragem e a confiança em Deus fazem os inimigos tremerem e até mudarem de atitude; enquanto que a covardia e medo os estimulam: “Recuar diante do inimigo ou calar-se, quando de toda parte se ergue tanto alarido contra a verdade, é próprio de homem covarde ou de quem vacila no fundamento de sua crença. Qualquer destas coisas é vergonhosa em si; é injuriosa a Deus; é incompatível com a salvação tanto dos indivíduos, como da sociedade e só é vantajosa aos inimigos da fé, porque nada tanto afoita a audácia dos maus, como a pusilanimidade dos bons” (Leão XIII, “Sapientiae christianae”, 18).

Como é vergonhoso ver milhões de católicos saírem à disparada diante das ameaças dos inimigos do Evangelho.

 

Pedro Riu era um menino de treze anos, filho do mártir Agostinho Riu, da Coréia. Desejoso de imitar a fortaleza do pai, apareceu diante do tribunal e disse:

– Eu também sou cristão.

Levado a juízo, confessou sua fé com ânimo tranquilo, tanto que um dos verdugos, admirado de sua imperturbabilidade, enterrou-lhe na carne seu cachimbo de metal feito brasa, arrancando-lhe um pedaço de carne.

– Continuarás sendo cristão? – perguntou-lhe.

– Certamente – respondeu. – Pensas que por isso vou renunciar a Jesus Cristo?

O pagão, cheio de ira, tomou com uma tenaz uma brasa e, com voz ameaçadora, disse-lhe:

– Abre a boca!

– Está aberta – replicou o mártir, abrindo-a quanto podia.

O verdugo ficou um momento atônito, mas logo reagiu e introduziu-lhe na boca o carvão incandescente, retirando-lhe depois quase apagado.

Catorze vezes foi o menino submetido a essa tortura, recebeu seiscentos açoites; aplicada a parte inferior de seu corpo a uma máquina torturadora, foram-lhe arrancadas às pernas e coxas pedaços de carne, que o pequeno mártir tomava em suas próprias mãos e ativara-os com desprezo ao carrasco. Afinal, morreu estrangulado. Isto aconteceu na perseguição dos Bóxers, em 1900.

E você, católica, que não é capaz de se vestir com modéstia por causa do calor... Será que suportaria essas brasas na língua?

Você que não é capaz de fazer uma pequena penitência por amor a Deus e para reparar os seus pecados... Será que suportaria essas torturas?

Dá para comparar Pedro Riu, menino de treze anos, com os meninos católicos de hoje? Quanta diferença!

 

Católico, está claro que é preciso confiar em Deus. Quem não confia em Deus, ofende-O: “É preciso ter confiança em Jesus. Lembra-te de que a falta de confiança é a coisa que mais fere o seu Coração divino” (Santa Teresa do Menino Jesus).

No Salmo 125, 1 diz: “Os que confiam em Deus são como o monte Sião: nunca se abala, está firme para sempre”.

O católico que CONFIA VERDADEIRAMENTE em Deus é como o monte Sião... Não se move diante dos vendavais das perseguições... não se dissolve com a chuva de calúnias... não se locomove perante as ondas de obstáculos... a sua CONFIANÇA está no Deus que TUDO PODE e que PROTEGE quem n’Ele CONFIA: “Descarrega teu fardo em Deus e ele cuidará de ti; ele jamais permitirá que o justo tropece” (Sl 55, 23).

Nas horas de dores, dificuldades, decepções, perseguições... devemos nos aproximar de Deus e dizer-Lhe com o máximo de CONFIANÇA: “Deus está comigo como um poderoso guerreiro” (Jr 20, 11).

Não devemos nos debruçar sobre os sofrimentos, eles acabarão por nos sufocar ou nos afogar... não devemos guerrear contra a cruz, ela poderá nos esmagar. Precisamos sim, CONFIAR na FORÇA do Senhor que nos PROTEGE CONTINUAMENTE: “Lançai em Deus todas as vossas preocupações, porque ele tem cuidado de vós” (1 Pd 5, 7).

Católico, não se esqueça de que Deus RESERVA o caminho da cruz para os seus amigos: “Ó Deus, o caminho da cruz é o que reservais aos vossos eleitos: e quanto mais os amais, maiores cruzes lhes dais... Crer que admitis à vossa estreita amizade almas amantes dos prazeres e não dos sofrimentos é disparate...” (Santa Teresa de Jesus).

Rezemos com confiança: “A viva esperança em Vós, ó Deus, confere à alma tanta vivacidade e ânimo, e tanta vivacidade às coisas da vida eterna, que toda coisa da terra, em comparação a tudo quanto espera alcançar no céu, lhe parece murcha, seca e morta, como na verdade é, e de nenhum valor” (São João da Cruz).

 

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

Anápolis, 05 de novembro de 2010

 

 

 

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP. “Está firme para sempre”

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