TAMPOUCO PROCURAMOS O ELOGIO DOS HOMENS

(1 Ts 2, 6)

 

“Tampouco procuramos o elogio dos homens, quer vosso quer de outrem”.

 

Infeliz do pregador (bispo ou sacerdote) que para receber elogios dos fiéis esconde dos mesmos a verdade. Com certeza absoluta esses não são servos de Nosso Senhor: “É porventura o favor dos homens que agora eu busco, ou o favor de Deus? Ou procuro agradar aos homens? Se eu quisesse ainda agradar aos homens, não seria servo de Cristo” (Gl 1, 10).

O pregador não deve INCLINAR-SE diante dos elogios e aplausos dos fiéis, nem TREMER diante de xingos e perseguições dos mesmos; ele está ali somente para pregar a verdade e agradar a Deus... sem jamais adulterar a Sua Santa Palavra: “Para ser autêntica, a palavra deve ser transmitida ‘sem duplicidade e sem nenhuma falsificação, mas manifestando com franqueza a verdade diante de Deus’ (2 Cor 4, 2). O presbítero, com uma maturidade responsável, evitará disfarçar, reduzir, distorcer ou diluir o conteúdo da mensagem divina. Com efeito, a sua missão ‘não é de ensinar uma sabedoria própria, mas sim, de ensinar a palavra de Deus e de convidar insistentemente a todos à conversão e à santidade” (Diretório para o ministério e a vida do presbítero, 45), e: “... quem se apresentar perante o público como pregador, deverá ficar insensível aos elogios dos outros e jamais desanimar devido às suas críticas; em suas pregações procure apenas agradar a Deus. Só Deus deverá servir-lhe de orientador e fim ao preparar suas práticas; jamais os louvores e aplausos da multidão. Caso receba aplausos, não os rejeite; caso não os receba, não os procure e jamais se deixe desanimar! Grande consolo lhe será sempre a consciência de ter procurado apenas a benevolência de Deus” (São João Crisóstomo).

Aqueles que ensinam o Evangelho hão de atuar com retidão de intenção, pois Deus “vê o fundo dos nossos corações”.

São Clemente Romano escreve: “Consideramos que perto de nós está e como  não se lhe oculta nem um sequer dos nossos pensamentos nem propósitos”.

A instrução dada a outros na fé “é sincera quando se ensina conforme com o teor e fim pelo qual Cristo ensinou” (Santo Tomás de Aquino). São Paulo qualifica de “impureza” a traição à doutrina de Cristo, de modo análogo como no Antigo Testamento se considera adultério a infidelidade a Deus (cfr Is 1,21-26; Os 1-3). A pregação do Apóstolo não procede da “impureza” no sentido de que não violenta nem altera o conteúdo da mensagem cristã. Com palavras de Paulo VI, “o pregador do Evangelho será aquele que, mesmo à custa de renúncias e sacrifícios, busca sempre a verdade que deve transmitir aos outros. Não vende nem dissimula jamais a verdade pelo desejo de agradar aos homens, nem de causar assombro, nem por originalidade ou desejo de aparentar. Não rejeita nunca a verdade. Não obscurece a verdade revelada por preguiça de buscá-la, por comodidade, por medo. Não deixa de estudá-la. Serve-a generosamente sem a avassalar”.

O Apóstolo faz notar que em nenhum momento procedeu com engano nem por afã de lucro, atitude bem distinta da habitual entre os propagadores de falsas doutrinas, tão abundantes então pelo Império Romano (cfr At 17,18-21).

Como é vergonhoso ver bispos e sacerdotes procurando palavras adocicadas e bajuladoras com a intenção de agradar os fiéis; esses mercenários “lacram” a DESPENSA da verdadeira doutrina, deixando as ovelhas passarem fome.

Esses não estão na Santa Igreja com reta intenção: “Pois nunca se deve usar de  um cargo recebido por Deus para ofendê-lo, mas para servi-lo” (São João Crisóstomo).

Católico, olhe em sua volta e veja o quanto os católicos estão vivendo na ignorância religiosa. Milhões deles não sabem persignar-se nem benzer-se.

Nós, sacerdotes, devemos rezar assim: “Quero ser padre santo, ó Senhor!  Senão meu zelo, minhas penas bem pouco conseguiriam, minhas ovelhas fugiriam, e em grande número perder-se-iam! As palavras de um sacerdote santo impressionam, comovem, transpassam as almas e as renovam de modo extraordinário; provêm da graça, da oração e da penitência; são cheias de vossa força, ó meu Deus. Os sábios poderão, talvez, habilmente imitá-las, mas vós falais só através da boca do santo! Fazei, ó Senhor, que não me deixe apavorar pelos obstáculos e perigos reais que encontro no meu caminho. Sei que não se detém vossa graça diante de coisa alguma e que jamais cederá se eu colaborar com ela. Saiba eu entender que as dificuldades e obstáculos transformam-se muitas vezes em auxílio e cooperam extraordinariamente para o bem, sob a maravilhosa ação de vossa graça. Que poderia eu temer ainda? Comigo está a vossa graça, estais comigo e em mim. Sim, se entrardes em campo comigo, que poderei ainda chamar de obstáculo? A tribulação? A nudez? O perigo? A perseguição? A espada? Não! Pois todas essas dificuldades superarei graças a Vós que me amais. Estou certo de que criatura alguma no mundo tem o poder de me afastar do caminho da santidade” (Bem-aventurado Eduardo Poppe).

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

Anápolis, 05 de novembro de 2010

 

Bibliografia

 

Sagrada Escritura

Edições Theologica

São Clemente Romano, Ad Corinthios, I, 21

Santo Tomás de Aquino, Comentário sobre 1 Thes, ad loc.

Paulo VI, Evangelii nuntiandi, n.° 78

Diretório para o ministério e a vida do presbítero, 45

São João Crisóstomo, O sacerdócio, Livro Quinto, 7; Livro Quarto, 1

Bem-aventurado Eduardo Poppe, Vida sacerdotal

 

 

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP. “Tampouco procuramos o elogio dos homens”

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