NÃO ANDEIS COMO TOLOS

(Ef 5, 15-17)

 

“Vede, pois, cuidadosamente como andais: não como tolos, mas como sábios, resgatando o tempo, porque os dias são maus. Por isso não sejais insensatos, mas procurai conhecer a vontade do Senhor”.

 

A Palavra de Deus pede que andemos cuidadosamente... não como os tolos!

É verdadeiramente tolo o católico que joga o tempo fora o empregando somente em ajuntar tesouros perecíveis. Nunca é tarde demais para trabalhar na nossa salvação; quem já jogou o tempo fora precisa agir com sabedoria resgatando-o.

Católico, não seja tolo... mas sim, sábio; aproveitando bem o tempo para salvar a sua alma.

Que te adianta católico, se gabar de ser seguidor de Cristo Jesus, de ter uma alma imortal... se nada de bom para salvá-la? Por acaso pensa em salvá-la no ócio? Grande tolo!

Sábio é o católico que pensa na brevidade da vida, que se lembra continuamente que a vida foge como uma água... e que é breve como um dia. Sábio é aquele que trabalha enquanto é tempo; porque depois vem a treva da morte e já não se pode trabalhar: “Enquanto é dia, temos de realizar as obras daquele que me enviou; vem a noite, quando ninguém pode trabalhar” (Jo 9, 4).

O tolo vive com as mãos vazias; enquanto que o sábio aproveita bem o tempo para encher suas mãos de boas obras: “Quando nossa alma, separada do corpo, aparecer tímida e sozinha às portas do céu, e pedir para ser admitida entre os cidadãos do Paraíso, Jesus Cristo olhará suas mãos, e, se não as achar impressas com os sinais do bem praticado, a recusará com um grito eterno: ‘Não és digna de ser cidadã do Paraíso” (Pe. João Colombo).

O católico tolo já perdeu muito tempo com as coisas passageiras desse mundo; cabe ao mesmo agora agir com sabedoria e lutar para recuperar o tempo perdido: “Se por desgraça na vida passada empregaste o tempo em ofender a Deus, procura agora expiar essa falta no resto de tua vida mortal” (Santo Afonso Maria de Ligório), e: “Recuperarás o tempo se fizeres o que descuidaste de fazer” (Santo Anselmo).

O tolo vive de braços cruzados “atarefado” em nada fazer; mas o sábio trabalha continuamente para salvar sua alma imortal... anda cuidadosamente para não cair no abismo eterno.

O que é andar cuidadosamente senão obedecer aos Mandamentos da Lei de Deus? Seguir fielmente os ensinamentos da Santa Igreja Católica Apostólica Romana? Fazer sempre o bem e evitar o mal?

O Senhor quer que andemos cuidadosamente para não tropeçarmos.

Católico, a vida nova recebida no Batismo caracteriza-se pela sensatez perante a insensatez daqueles que se empenham em viver de costas para Deus: “Com efeito, a linguagem da cruz é loucura para aqueles que se perdem, mas para aqueles que se salvam, para nós, é poder de Deus” (1 Cor 1, 18). A sensatez é consequência no homem do conhecimento da vontade de Deus e da plena identificação com os planos divinos. Desta coerência entre a fé e a vida procede a verdadeira sabedoria. A consequência é imediata: há que “aproveitar bem o tempo”, aquele que em cada momento nos toca viver. Mais ainda, temos de resgatar o tempo perdido: “Resgatar o tempo é sacrificar os interesses presentes aos interesses eternos, que assim se compra a eternidade com a moeda do tempo” (Santo Agostinho).

A palavra Kairós, que traduzimos por “tempo”, tem um significado mais concreto em grego. Assinala o conteúdo do momento histórico que se vive, a situação que cria, e as possibilidades que esse preciso instante oferece em relação com o fim último da vida neste mundo. Daí que “aproveitar o tempo”, tenha um significado mais pleno que o negativo de “não perder um minuto”: quer dizer “aproveitar todos os momentos e circunstâncias” para dar glória a Deus. Pois “o tempo é um tesouro que passa, que escapa, que corre pelas nossas mãos como a água pelas penhas altas. Ontem já passou e o dia de hoje está a passar. Amanhã será bem depressa outro ontem. A duração de uma vida é muito curta. Mas, quantas coisas se podem realizar neste pequeno espaço, por amor de Deus!” (São Josemaría Escrivá).

Isto é particularmente urgente porque, então como agora, “os dias são maus”, como diz o Apóstolo. Por isso o cristão não pode recuar na sua luta por alcançar a salvação. Claramente o advertiu São Pedro: “Sede sóbrios e vigiai, já que o vosso adversário, o Diabo, ronda como um leão rugidor, buscando a quem devorar. Resisti-lhe firmes na fé, sabendo que os vossos irmãos que estão no mundo suportam os mesmos sofrimentos” (1 Pd 5, 8-9).

O católico tem que procurar “conhecer a vontade do Senhor”.

Não é vontade de Deus que o católico haja como tolo, mas sim, como sábio: “Porquanto, é esta a vontade de Deus: a vossa santificação” (1 Ts 4, 3), e: “O convite à santidade feito por Jesus Cristo a todos os homens sem exceção, exige de cada um de nós o cultivo da vida interior, o exercício diário das virtudes cristãs; e não de qualquer maneira, nem acima do comum, nem sequer de um modo excelente; devemos esforçar-nos até ao heroísmo no sentido mais forte e radical da expressão” (São Josemaría Escrivá).

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

Anápolis, 20 de junho de 2011

 

 

Bibliografia

 

Sagrada Escritura

Edições Theologica

Pe. Juan Leal, A Sagrada Escritura, texto e comentário

Pe. Lorenzo Turrado, Bíblia comentada

Santo Agostinho, Sermão 16, 2

São Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, 3 e 52

Pe. João Colombo, Pensamentos sobre os Evangelhos e sobre as festas do Senhor e dos Santos

Santo Afonso Maria de Ligório, Preparação para a morte

Santo Anselmo, Escritos

 

 

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP. “Não andeis como tolos”

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