NÃO DISCUTIR COM DEUS (Rm 9, 20)
“... quem és tu, ó homem, para discutir com Deus?”
Abaixemos a nossa cabeça diante de Deus... prostremo-nos por terra... porque o homem é a criatura e Deus é o Criador. Quem é o homem? É nada antes de nascer, barro em vida e cinza nas mãos da morte! Não é de bronze o seu corpo, mas “uma folha seca que o vento leva” (Jó 13, 25). As doenças têm no homem a sua morada. Se há misérias no mundo, se há lágrimas amargas, se há dores inconfortáveis, se há agonias de morte, é porque também há homens na terra! Que limitado é o poder do homem! Ele pode lavrar a terra, lançar nela a semente; mas não pode fazer crescer o grão nem tornar floridas as árvores! O que o homem sabe do futuro? Sabe que há de vir um dia em que há de morrer! O que é o homem colocado no meio do mundo, misturado com os demais seres? A sua existência passa despercebida. É como um grão de areia no vasto litoral do oceano! É uma folha golpeada pelo vento à beira da estrada que ninguém dá atenção. É um navio perdido entre as ondas do mar desta vida, açoitado pelos vaivens da fortuna e jogado a uma praia desconhecida: “O homem é um grande abismo” (Santo Agostinho). Quem é Deus? Deus é um espírito puro e eterno... criador do céu e da terra. Deus é onipotente, imenso, infinito, onisciente... Deus é o Criador... o homem é a criatura: “... quem és tu, ó homem, para discutir com Deus?” O homem não deve discutir com Deus; pelo contrário, deve abaixar a cabeça diante d’Ele e aceitar a sua santa vontade: “Em nossas ações e pensamentos, não tenhamos em vista a nossa satisfação, mas somente a vontade de Deus; por isso, não nos perturbemos quando não formos bem sucedidos em qualquer trabalho. E quando nos saímos bem, não procuremos os aplausos e os agradecimentos dos homens; se, pelo contrário, falam mal de nós, não façamos caso, pois trabalhamos para agradar a Deus e não aos homens” (Santo Afonso Maria de Ligório). Não se pode pedir contas a Deus pela sua atuação; a vontade divina está muito acima do que o homem pode compreender. Mas nem por isso ficam diminuídas a nossa liberdade e responsabilidade pessoais. Contamos com a segurança de que Deus não pode querer senão o nosso bem: “Quando se trata de pedir contas a Deus sobre o seu modo de atuar, temos de ser como a argila: não devemos contestar nem perguntar... nem falar... nem sequer pensar; mas ter a flexibilidade da argila que cede à pressão das mãos do oleiro e vem a ser o que ele quer (...). Adorai a Deus e com a vossa docilidade imitai a argila (...). Deus não faz nada de modo cego ou ao acaso, ainda que vós não conheçais os segredos da sua sabedoria” (São João Crisóstomo). Aquele que se revolta contra a vontade de Deus e que blasfema contra o criador vive mergulhado na angústia, no ódio e na inquietação. Quem faz a vontade de Deus com alegria sem discutir com Ele trilha o caminho do céu: “No céu, junto aos papas, aos doutores, aos sacerdotes, aos mártires, também estarão, resplandecentes de glória, os humildes filhos do povo que talvez apenas conhecessem as orações essenciais, mas que sabiam muito bem fazer, todo dia, a vontade de Deus” (Pe. João Colombo). É pecado um filho gritar e discutir com seu pai. Já imaginou a gravidade do pecado em discutir e blasfemar contra Deus?
Pe. Divino Antônio Lopes FP. Anápolis, 30 de junho de 2011
Bibliografia
Sagrada Escritura Pe. Alexandrino Monteiro, Raios de luz Santo Agostinho, Escritos Santo Afonso Maria de Ligório, A prática do amor a Jesus Cristo Edições Theologica São João Crisóstomo, Homilia sobre Romanos Pe. Juan Leal, A Sagrada Escritura, texto e comentário Pe. João Colombo, Pensamentos sobre os Evangelhos e sobre as festas do Senhor e dos Santos
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