NÃO DURMAMOS (1 Ts 5, 4-6)
“4 Vós, porém, meus irmãos, não andais em trevas, de modo que esse Dia vos surpreenda como um ladrão; 5 pois que todos vós sois filhos da luz, filhos do dia. Não somos da noite, nem das trevas. 6 Portanto, não durmamos, a exemplo dos outros; mas vigiemos e sejamos sóbrios”.
Em 1 Ts 5, 4 diz: “Vós, porém, meus irmãos, não andais em trevas, de modo que esse Dia vos surpreenda como um ladrão”.
O ladrão não avisa o dia nem a hora de sua chegada para arrombar uma casa... ele vem às escondidas e sempre à noite: “O ladrão chega de noite, quando amparado pelas trevas pode surpreender desprevenido o dono da casa. Também o Senhor recorreu a este metáfora, ao dizer que se o pai de família soubesse a que hora viriam roubá-lo, estaria então vigiando (cf. Mt 24, 43). Com isso somos exortados a viver sempre em atitude de alerta, sempre na graça de Deus, imersos na luz. Deste modo, ‘se caminhamos na luz, do mesmo modo que Ele está na luz, então temos comunhão uns com os outros, e o sangue de seu Filho Jesus purifica-nos de todo pecado’ (1 Jo 1, 7 )” (Edições Theologica). Aquele que vive na graça de Deus... que trilha o caminho do bem... que brilha por onde passa com a luz do bom exemplo e que obedece aos Mandamentos da Lei de Deus, vive prevenido para o encontro com o Senhor. Vivamos, portanto, uma vida transparente e penetrada pela luz divina. Assim ‘o Dia do Senhor’, que também se pode aplicar ao dia da morte de cada um, não nos encontrará desprevenidos, ainda que chegue de repente: “O verdadeiro cristão está sempre disposto a comparecer diante de Deus. Porque, em cada instante – se luta por viver como homem de Cristo -, encontra-se preparado para cumprir o seu dever” (São Josemaría Escrivá). Os mundanos ficarão mais que todos surpresos naquele Dia... porque percorreram o caminho das trevas e viveram longe de Deus: “Claro que a surpresa será maior para os ímpios que não pensaram noutra coisa senão nos prazeres terrenos” (Pe. Lorenzo Turrado), e: “Quando foram prestar contas de seus pecados virão cheios de terror e seus delitos os acusarão frontalmente... Cansamo-nos nas veredas da iniquidade e perdição, percorremos desertos intransitáveis, mas não conhecemos o caminho do Senhor!” (Sb 4, 20; 5, 7). O Apóstolo São Paulo exorta os fiéis a não andarem “em trevas”: “Aqui se trata das trevas morais (infidelidades, pecados...). O cristão passou das trevas à luz, tanto por sua fé como por seus costumes... O ladrão vem durante a noite, os cristãos vivem no dia. Logo, para os cristãos, o Dia do Senhor não virá como ladrão, com surpresa e para a perdição. O viver santamente é a verdadeira vigilância e impede a surpresa e a perdição. São Paulo compara o cristão ao soldado que está sempre atento... o cristão tem que viver dignamente. É um consolo para o fiel saber que a vinda do Senhor não o prejudicará, mas será para o seu bem. A vinda do ladrão que vem durante a noite para roubar e matar não corresponde à vinda de Cristo ao cristão fiel, mas somente para a pessoa incrédula e má” (Pe. Juan Leal).
Em 1 Ts 5, 5 diz: “... pois que todos vós sois filhos da luz, filhos do dia. Não somos da noite, nem das trevas”.
Os “filhos da luz” põem como base de toda a sua habilidade esta palavra do Senhor: “Que adianta ao homem ganhar até o mundo inteiro, se depois perder a sua alma?” (Mt 16, 26). Os filhos da luz fixam o olhar e o coração nos bens imortais: o amor de Deus, o Céu, a graça santificante, a paz da inocência, o tesouro da virtude... E, quando os baixam para considerar as coisas do mundo, as honras humanas e os prazeres da carne e as alegrias terrenas, elas lhes parecem vis como um lixo. Portanto, eles estão convencidos de que o mais gordo ganho material nunca poderá compensar a menor perda espiritual. Os que andam nas trevas lutam por conseguir uma posição desejada falando mal, murmurando e caluniando os que antes a ocupavam ou que eram seus rivais. Outros pensam aumentar os seus rendimentos com manejos ilícitos, com a infiel administração dos bens alheios e com ganhos imoderados. Outros, enfim, recorrem à adulação, à mentira, ao logro, à corrupção de empregados e administradores de dinheiro. Os “amantes” das trevas chamam de tolos àqueles que observam os mandamentos de Deus com desvantagem dos bens materiais, e não imaginam que, de um momento para outro, pode ressoar-lhes ao ouvido o anúncio espantoso: “Tolo és tu! Pois esta noite morrerás, e os bens que com tanta habilidade reuniste, de quem serão? Que te adiantarão?” (Lc 12, 20). O Pe. Juan Leal explica: “... pois que todos vós sois filhos da luz, filhos do dia’. Pois, com a vida santa vivem sempre no dia do Senhor. Assim se explica que não podem ser surpreendidos, porque estão sempre n’Ele. Cristo chama aos judeus ‘filhos do diabo’ porque tem os mesmos desejos homicidas do diabo (Jo 8, 44). Os filhos da luz são os que vivem conforme a luz, conforme Deus que é luz (1 Jo 1, 5); conforme a Cristo que é luz (Jo 8, 12). Noite, trevas: tem sentido moral, como luz e dia. Ser da noite ou das trevas é o mesmo que viver mal, no pecado”.
Em 1 Ts 5, 6 diz: “Portanto, não durmamos, a exemplo dos outros; mas vigiemos e sejamos sóbrios”.
O Apóstolo São Paulo diz: “Portanto, não durmamos...” Dormir é o mesmo que viver nas trevas (infidelidades, pecados...), é o mesmo que viver na noite... é não estar preparado com uma vida santa. Quem é infiel a Deus... quem vive no pecado... está adormecido nas “garras” de Satanás. “... a exemplo dos outros”. O Pe. Juan Leal comenta: “Se refere a todos os que estão fora do catolicismo... fora da luz de Cristo... este é um mundo que dorme”. “... mas vigiemos e sejamos sóbrios”. A vigilância, tantas vezes recomendada nos contextos escatológicos, consiste em viver santamente, que aqui se chama sobriedade.
Pe. Divino Antônio Lopes FP. Anápolis, 30 de junho de 2011
Bibliografia
Sagrada Escritura Pe. Juan Leal, A Sagrada Escritura, Texto e comentário Edições Theologica São Josemaría Escrivá, Sulco, n.° 875 Pe. Lorenzo Turrado, Bíblia comentada Pe. João Colombo, Pensamentos sobre os Evangelhos e sobre as Festas do Senhor e dos Santos
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