FOGO DO CÉU

(Lc 9, 54-55)

 

“Em vista disso, os discípulos Tiago e João disseram: ‘Senhor, queres que ordenemos desça fogo do céu para consumi-los?’ Ele, porém, voltando-se, repreendeu-os”.

 

Jesus Cristo corrige o desejo de vingança dos seus discípulos, oposto à missão do Messias que não veio para perder os homens, mas para salvá-los: “Com efeito, o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido” (Lc 19, 10), e: “... pois não vim para julgar o mundo, mas para salvar o mundo” (Jo 12, 47). Deste modo os Apóstolos vão aprendendo que o zelo pelas coisas de Deus não deve ser áspero e violento: “Jesus não aprova aquele zelo demasiado humano... a missão do Filho do Homem não é perder, mas salvar” (Pe. Juan Leal).

Santo Ambrósio comenta: “O Senhor faz admiravelmente todas as coisas (...). Atua assim com o fim de nos ensinar que a virtude perfeita não guarda nenhum desejo de vingança, e que onde está presente a verdadeira caridade não tem lugar a ira e, enfim, que a debilidade não deve ser tratada com dureza, mas deve ser ajudada. A indignação e o desejo de vingança devem estar longe das almas santas”.

O Pe. Juan de Maldonado escreve: “Todos os apóstolos viram isso (os samaritanos não receberem a Jesus), mas somente Tiago e João falaram sobre o fogo do céu. Por serem parentes de Cristo, quiseram vingar tal atitude dos samaritanos”.

Eutímio diz “que somente os dois (Tiago e João) foram enviados àquela cidade”.

São Jerônimo comenta: “Os apóstolos formados na lei antiga só viam a justiça (olho por olho e dente por dente), se esforçam em vingar aquela injúria, imitando o exemplo de Elias, a cuja voz foram abrasados com fogo do céu aqueles chefes militares”.

O Pe. Richard Gräf escreve: “Se é certo que o sangue de Abel bradou aos céus e Deus fez justiça ao inocente, não seria natural que o sangue de tantas centenas de milhares, de milhões de vítimas bradasse ainda mais alto? Por que Deus não ouve tais brados? Por que não fala? Por que guarda silêncio, um silêncio tantas vezes insuportável? Tal como os filhos do trovão, também nós desejamos que Ele fale, que faça justiça, a si próprio e a nós, que faça descer o fogo do céu sobre os seus e nossos inimigos e os consuma (Lc 9, 54). No entanto, Deus guarda silêncio durante décadas e séculos, e esse Deus silencioso tornou-se para nós um fardo. Mas quem sabe se não seria um fardo ainda maior se começasse repentinamente a falar?”

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

Anápolis, 04 de julho de 2011

 

 

Bibliografia

 

Sagrada Escritura

Santo Ambrósio, Expositio Evangelii sec. Lucam

Edições Theologica

Pe. Juan Leal, A Sagrada Escritura, Texto e comentário

Pe. Manuel de Tuya, Bíblia comentada

Pe. Juan de Maldonado, Comentário do Evangelho de São Lucas

Eutímio, Escritos

São Jerônimo, Escritos

Pe. Richard Gräf, O cristão e a dor

 

 

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP. “Fogo do céu”

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