NAAMÃ PROTESTOU

(2 Rs 5, 12)

 

“E, voltando as costas, retirou-se indignado”.

 

Naamã, chefe dos exércitos da Síria, riquíssimo, acometido pela lepra, foi ter com o profeta Eliseu para ser curado dela, e foi-lhe respondido: “Vai, lava-te sete vezes no Jordão, e a tua carne readquirirá a sanidade e ficará limpo” (2 Rs 5, 10).

Ao invés de ficar satisfeito com um meio tão fácil de curar-se de doença tão horrível, Naamã, indignado, protestava: “Bem que havia água também na minha terra, sem precisar eu vir até aqui; e o Abana e o Farfar não são rios como o Jordão, para que eu deva mesmo banhar-me neste?” (2 Rs 5, 12).

Enquanto, cheio de cólera, estava para ir-se embora, os seus servos lhe disseram: “Se o profeta te houvesse ordenado fazer alguma coisa difícil, sem dúvida a farias; quanto mais agora, que ele te disse: ‘Lava-te e serás limpo!” (2 Rs 5, 13).

Ele desceu, lavou-se sete vezes no Jordão e foi curado... sua carne tornou-se sadia como a de uma criança (cf. 2 Rs 5, 14).

Naamã protestou, mas obedeceu... lavou-se e foi curado.

O profeta Eliseu não ordenou que o mesmo fizesse algo difícil para ser curado.

Católico, por que você coloca tantos obstáculos para se aproximar do Sacramento da Confissão? Por que tantos protestos sendo que a igreja fica próxima à sua casa? Não seria isso um protesto injusto? A Santa Igreja ordena que você vá se confessar em Jerusalém ou em outro lugar distante?

Infelizmente, milhares de católicos inventam desculpas para não se confessarem.

Católico, ao invés de protestar, aproxime-se da Confissão com frequência, a exemplo de João da Áustria.

 

Ele, educado religiosamente por Dona Madalena Ulloa, durante toda sua vida conservou o costume de confessar-se duas vezes por mês. Além disso, jamais empreendia feitos sublimes ou conquistas gloriosas, sem que antes, com não menos generoso que humilde coração, tivesse manifestado como réu seus pecados no sagrado tribunal da penitência.

 

Católico, se para obtermos o perdão dos nossos pecados, o Senhor Deus nos houvesse imposto irmos a Roma confessar com o Papa; não é verdade que todos, ao menos uma vez antes de morrer, nos arrastaríamos até lá, talvez de barco? Ao invés disto, como Ele estabeleceu um tribunal de amor bastante cômodo, próximo e sempre aberto, eis que nós descuidados da nossa salvação e ficamos com a lepra do pecado na nossa alma por meses e anos: “Pela Confissão somos purificados da lepra da alma... do pecado” (Pe. João Batista Lehmann).

Alguns dizem: É por demais humilhante e vergonhoso abrir as misérias mais íntimas a um homem, mesmo que seja sacerdote. E não pensam que Jesus Cristo poderia ter imposto a confissão pública e, mesmo assim, teria sido grande misericórdia.

O Pe. João Colombo escreve: “Qual o condenado que não publicaria de bom grado a sua culpa para obter a liberdade? E a nós, para nos libertarmos do Demônio e do inferno, parece demasiado depormos os nossos pecados diante do crucifixo e do confessor, secretamente”.

Aliás, lembre-se católico, de que dia virá em que todo pecado não bem confessado será manifestado ao mundo reunido para o Juízo final.

Muitos dizem: A confissão me espanta, espanta-me por causa das censuras e por causa das penitências que me possam ser impostas.

O Pe. João Colombo comenta: “São censuras, mas que trazem a paz e fazem verter lágrimas dulcíssimas; são pequenas penitências que nos livram da terrível pena eterna. O confessor é juiz, mas, sobretudo, é pai que ama com o amor de Cristo, pai que compreende e conforta”.

Certos católicos dizem: Não quero confessar-me, porque sinto que, mesmo depois da confissão, não poderei abster-me dos maus hábitos.

O Pe. João Colombo escreve: “É este um sentimento de desespero que se deve vencer pensando na graça de Deus que não deixará de sustentar-nos; que a própria confissão nos infundirá a força e que o confessor dará auxílio válido para não recairmos”.

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

Anápolis, 12 de julho de 2011

 

 

Bibliografia

 

Sagrada Escritura

São Bernardo de Claraval, Serm. de diversis, cap. IV

Pe. Francisco Alves, Tesouro de exemplos

Pe. João Colombo, Pensamentos sobre os Evangelhos e sobre as festas do Senhor e dos Santos

Pe. João Batista Lehmann, Euntes Praedicate!

 

 

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP. “Naamã protestou”

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