NENHUM INIMIGO DESTRUIRÁ A ESPOSA DO CORDEIRO (Mt 16, 18)
“... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela”.
Eis um RESUMO sobre as PERSEGUIÇÕES contra a SANTA IGREJA. Está claro que NINGUÉM conseguiu nem conseguirá DESTRUÍ-LA. Lembro-lhe de que se trata de UM SIMPLES RESUMO, ou melhor, RESUMO do RESUMO.
Saulo perseguiu a Santa Igreja Católica. Cerca do Ano 34: Martírio de Santo Estevão... Saulo estava presente: “As testemunhas depuseram seus mantos aos pés de um jovem chamado Saulo. E apedrejaram a Estevão...” (At 7, 58-59). Em At 8, 3 diz: “Quanto a Saulo, devastava a Igreja: entrando pelas casas, arrancava homens e mulheres e metia-os na prisão”. Depois ele se converteu. Então Jesus lhe perguntou: “Saul, Saul, por que me persegues?’ Ele perguntou: ‘Quem és, Senhor?’ E a resposta: ‘Eu sou Jesus, a quem tu estás perseguindo” (At 9, 4-5). Mais tarde, o Apóstolo Paulo diz: “Pois sou o menor dos apóstolos, nem sou digno de ser chamado apóstolo, porque PERSEGUI a IGREJA de Deus” (1 Cor 15, 9), e: “Ouvistes certamente da minha conduta de outrora no judaísmo, de como PERSEGUIA sobremaneira e devastava a IGREJA de Deus” (Gl 1, 13). Certo apócrifo grego do século II, denominado Atos de Paulo, deixou-nos, a seu respeito, uma descrição que se não pode considerar muito lisonjeira: “Era de estatura mediana, baixo e gordo, com as pernas tortas, cabeça calva, sobrancelhas espessas e muito juntas, e o nariz arqueado”.
Nem o Império Romano com os seus LOUCOS e SANGUINÁRIOS imperadores conseguiram destruir a Santa Igreja. Os católicos eram jogados às feras, queimados vivos, arrastados por cavalos bravos, chifrados por vacas furiosas, afogados, decapitados, esquartejados, presos em subsolo até apodrecerem... mas de nada adiantou tamanha CRUELDADE. Os imperadores SANGUINÁRIOS e o Império Romano passaram... passaram para nunca mais voltar... e a Santa Igreja Católica Apostólica Romana continua VIVA, MUITO VIVA. Onde estão: Calígula, Cláudio, Nero, Galba, Otão, Vitélio, Vespasiano, Tito, Domiciano, Nerva, Trajano, Adriano, Antonino, Marco Aurélio, Cômodo, Séptimo Severo, Caracala, Heliogábalo, Severo Alexandre, Filipe, Décio, Valeriano, Galiano, Cláudio II, Aureliano e Diocleciano? Todos mortos... e a Santa Igreja continuou... Caiu o Império Romano e seus imperadores... e a Igreja continuou... O MONSTRO chamado DIOCLECIANO (imperador), firmou o fatal decreto de extermínio universal de todos os cristãos com a data de 23 de fevereiro de 303. Entre outras iniquidades ordenou o seguinte: “Sejam arrasadas as igrejas dos cristãos, queimados os seus livros; qualquer de seus súditos reconhecido como cristão seja despojado imediatamente de suas riquezas, de suas dignidades e seja condenado à morte. Eles poderão ser citados e levados perante os tribunais, mas não poderão citar nem chamar a juízo; nem terão direito de pedir que se lhes restitua o roubado, nem de pedir satisfação por injúrias ou por ultrajes. Os escravos que obtiverem liberdade, se forem cristãos, voltarão a ser cativos”. Esse doido morreu dando grandes gritos... se atirando ao chão... e terminou a sua vida morrendo de fome... não quis mais comer. Morreu o MONSTRO DIOCLECIANO... e a Igreja continuou... Os TRÊS PRIMEIROS SÉCULOS foram tempos de perseguições, de SANGUE e de MATANÇAS; mas a fé em Jesus Cristo passou gloriosa e triunfante por entre esses desastres... a Igreja Católica continuou... “... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18).
Nosso divino Salvador nos deixou dito no Evangelho que sua Igreja sempre seria perseguida e que o INFERNO poria em campo todas as suas más artes para DESTRUÍ-LA, mas NUNCA poderia prevalecer contra ela.
Assim que pode a Santa Igreja RESPIRAR, ao cessarem as perseguições, ACOMETERAM-NA FEROZMENTE a HERESIA e o CISMA, especialmente por meio de um sacerdote de Alexandria, chamado Ario. Esse sacerdote teve o atrevimento de pregar contra a DIVINDADE de Jesus Cristo, afirmando que o Filho de Deus não é igual ao Pai, mas sim, criatura sua. Ario, depois de ter causado males gravíssimos à Igreja, desejando abrir-lhe chagas mais profundas ainda, fingiu emendar-se. Para isso se apresentou ao imperador, e com juramento lhe assegurou que acreditava em tudo o que ensinava a Igreja Católica. Receando Constantino algum engano, disse-lhe: “Se mentes, Deus vingará teu perjúrio; entretanto podes voltar a ocupar teu cargo”. E deu ordens para que pudesse voltar ao exercício de seu ministério. Os hereges, seus sectários, estavam sobremaneira contentes de poder levar Ario a tomar posse daquela Igreja, donde tinha sido expulso; e para que a reintegração fosse mais solene, estabeleceram que se realizasse no domingo seguinte. Imensa multidão acompanhava o obstinado herege que, sentado em um carro elegantemente adornado, tratava de aumentar sua pompa espraiando-se em fastidiosos e arrogantes discursos. Aí, porém, o esperava a divina vingança. Tendo chegado ao meio de tanta glória, perto da Igreja onde devia dar-se a reintegração, apodera-se dele um repentino terror, empalidece e treme agitado por violentos remorsos. Acometido ao mesmo tempo de horríveis dores de ventre e laceração de intestinos, retirou-se numa privada, onde, perdendo grande quantidade de sangue, morreu em desespero. Ano 337. Ario morreu na privada... e a Santa Igreja continuou... “... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18).
Enfurecido Satanás pela queda da idolatria no Império Romano, tratou de voltar a ressuscitá-la por meio do Imperador Juliano, chamado comumente apóstata, porque abandonou a religião cristã em que se tinha educado, e pôs em campo todos os meios a seu alcance para DESTRUÍ-LA. Ele declarou ódio aos católicos, aos quais teria querido aniquilar se possível fosse. E assim ajudava os HEREGES e CISMÁTICOS, dando-lhes toda sorte de liberdades, ao passo que despojava o clero de todos os seus bens e privilégios, dizendo em tom de zombaria, que não fazia mais do que fazê-los praticar a pobreza evangélica. Este gênero de perseguição teria sido muito mais funesto para a Igreja do que a crueldade de Nero e de Diocleciano, se Deus não tivesse derrubado por terra os planos de Juliano com sua morte prematura. Tinha ele ido combater contra o rei da Pérsia, com o propósito de exterminar os cristãos assim que alcançasse a vitória. Mas a mão poderosa do Senhor desbaratou os atrevidos planos do apóstata, e quando ele contava já com a vitória, uma flecha, de procedência ignorada, atravessou-lhe profundamente as costas. Impaciente, fez grandes esforços para arrancá-la, mas cortou os dedos e caiu desmaiado sobre seu cavalo. Tiraram-no do meio do combate para curar a ferida; porém, tornando-se cada vez mais agudas as dores, dava gritos de desespero. Caindo em um paradoxismo de raiva, arrancava com a mão o sangue de sua ferida e atirando-o com desdenho para o céu, dizia: “Venceste Galileu... venceste Galileu”, querendo assim indicar a Jesus Cristo, contra quem sempre tinha combatido. Obstinado na impiedade, morreu no ano 365, aos 31 anos de idade. Juliano, o Apóstata, morreu... e a Santa Igreja Católica continuou... “... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18).
Os Donatistas que tinham sido condenados solenemente no Concílio de Latrão, no pontificado de São Melquíades, sossegaram por algum tempo. Mas pouco depois, voltaram mais furiosos que antes. Apoderaram-se à mão armada das igrejas, saquearam e destruíram os altares e os demais objetos sagrados; e sua impiedade chegou até batizarem de novo, e à força, os que já tinham sido batizados, tratando cruelmente os que não queriam consentir nisso. A Providência, porém, suscitou Santo Agostinho, um bispo esclarecido por sua santidade e doutrina, que devia vencê-los juntamente com outros hereges. Trabalhou sem descanso para fazer voltar os donatistas para o seio da Igreja, e conseguiu converter grande número deles. Mas os que permaneceram no erro, mais enfurecidos que nunca, armaram insídias contra ele e teria sido vítima de sua perfídia, se o não tivesse salvo uma especial proteção do céu. Os bispos católicos, aflitos por esses males, propuseram aos hereges uma conferência pública. Por isso, todos os bispos da África, donatistas ou católicos, receberam a ordem de ir a Cartago. Para abreviar as discussões e deixar livre o campo a todos para que expusessem suas razões, escolheram sete bispos de ambas as partes para que conferenciassem entre si em nome de todos. Santo Agostinho foi um dos eleitos para defender a causa dos católicos. Depois de estar inteirado da questão, apoiado na autoridade dos livros santos, provou à evidência que o bispo legítimo de Cartago era Ceciliano, que era válida sua ordenação e feita conforme todas as leis de Igreja, que, por conseguinte, não havia motivo algum para romper a unidade da Igreja, e que não restava outro recurso aos donatistas, para entrar no caminho da salvação, que o de voltar para o seio da Igreja Católica. Os bispos cismáticos nada tiveram a opor, e o povo que tinha confundido até então o erro com a verdade, voltou em grande parte, depois desta reunião, ao seio da Igreja. Ano 411. Donato de Casa Nigra, isso mesmo, Nigra, bispo da Numídia morreu... passou... e a Santa Igreja Católica continuou... “... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18).
Já estavam quase extintos os donatistas quando apareceu a heresia de Pelágio. Nascido na Grã-Bretanha de pais obscuros, abraçou hipocritamente a vida monástica na qualidade de leigo. Indo a Roma, pode granjear a estima de algumas pessoas honradas. Seu erro principal consistia em negar o pecado original e a necessidade da graça para fazer obras dignas de recompensa. Esta novidade foi vigorosamente refutada por Santo Agostinho, a cujas instâncias se convocou um Concílio em Cartago, no qual se condenou a Pelágio e seus sectários. Os bispos desse Concílio escreveram ao romano pontífice Inocêncio I, pedindo-lhe que se dignasse confirmar, com a autoridade da Sé Apostólica, a sentença que eles tinham dado. O papa lhes respondeu benignamente, elogiando-os porque tinham seguido a prática observada sempre e em todas as partes, isto é, não considerar por definida coisa alguma, ainda que se tratasse das províncias mais longínquas, antes de ter sido enviada à Santa Sé... Concluía confirmando com um decreto a sentença que estes tinham dado, excomungando os bispos pelagianos. Ano 417. Os pelagianos, obstinando-se no erro, foram condenados por outro Concílio cujas atas igualmente se enviaram ao papa para que as confirmasse, o qual assim fez. Pelágio da Bretanha morreu... e a Santa Igreja Católica continuou... “... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18).
O terceiro Concílio geral é o de Éfeso, chamado assim porque se reuniu na cidade desse nome. Chama-se também o Concílio de Maria, porque nele se definiu que Maria é verdadeira Mãe de Deus, e porque se reuniram os Padres em uma Igreja que a ela estava dedicada. Convocou-se este Concílio para condenar as impiedades e blasfêmias de Nestório, bispo de Constantinopla, que de pastor se transformou em lobo rapace, pregando e afirmando que se acham em Jesus Cristo duas pessoas, isto é, dois filhos, o filho de Deus ou seja, o Verbo, e o filho do homem, ou Cristo. Deste primeiro erro deduzia outro, segundo o qual não se devia, nem absolutamente se podia chamar a Maria mãe de Deus, senão mãe de Cristo que, na sua opinião, não passava de um simples homem; não era pois Deípara senão Cristípara. Estas blasfêmias causaram tal horror entre os cristãos, que ouvindo-as pela primeira vez na Catedral de Constantinopla, fugiram da Igreja. Sabedor disto São Cirilo, patriarca de Alexandria, escreveu uma carta cheia de caridade a Nestório, procurando persuadi-lo a que desistisse de erro tão ímpio; mas o soberbo Nestório respondeu-lhe com insolência. Então São Cirilo, seguindo o antigo costume das Igrejas, como ele mesmo diz, denunciou a São Celestino I os erros de Nestório, pedindo-lhe que, valendo-se de sua autoridade, providenciasse com algum remédio contra aqueles males. O Papa examinou a questão, e achando falsa e contrária à fé da Igreja a doutrina de Nestório, primeiramente o admoestou e depois ameaçou com a excomunhão, se não se retratasse. De nada serviram as súplicas nem as ameaças. O manso Pontífice quis tentar a última prova para convencer ao obstinado Nestório, e convocou um Concílio geral em Éfeso, ao qual não podendo presidir em pessoa, delegou entre outros representantes, a São Cirilo. Abriu-se o concílio a 22 de junho do ano 431, achando-se presentes cerca de 200 bispos. Condenaram os erros de Nestório e com grande alegria dos fiéis, se definiu que em Jesus Cristo há uma só pessoa, que é a divina; e que a Santíssima Virgem é verdadeiramente a Mãe de Deus, o que causou grande alegria a todos os fiéis. Para propagar e conservar a memória desta definição, compuseram os Padres do Concílio a segunda parte da Ave-Maria oferecendo deste modo um meio fácil e simples de honrar e professar a divina Maternidade de Maria. Nestório não querendo emendar-se nem cessar de levantar discórdias foi excomungado e logo desterrado para o Egito pelo imperador Teodósio. Ali se apoderou dele horrível enfermidade que reduziu seu corpo a podridão, e a sua língua que tinha blasfemado da Mãe de Deus apodreceu, e vivendo ainda ele, foi roída pelos bichos. Objeto de maldição e espanto morreu no ano 440. Nestório morreu... e a Santa Igreja Católica continuou... “... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18).
Apareceu neste tempo uma nova heresia suscitada pelo monge Eutiques, superior de um convento perto de Constantinopla. Erguera ele a voz para combater a heresia de Nestório, porém, levado por um zelo mais entusiástico que iluminado, caiu no erro contrário. Nestório tinha ensinado que em Jesus Cristo há duas naturezas e duas pessoas, e ainda que Eutiques admitisse o contrário, que em Jesus Cristo há uma só pessoa, pretendia também que não houvesse nele mais do que uma só natureza. Fez-lhe notar esse erro São Flaviano, bispo de Constantinopla; ele, porém, em vez de reconhecer o erro e submeter-se, obstinou-se mais no mesmo e começou a propagar sua heresia, e tanto fez que, em um conciliábulo (Assembléia secreta de intenções malévolas), reunido por sua iniciativa, conhecido comumente sob o nome de latrocínio de Éfeso, tratou tão barbaramente a São Flaviano, que este depois de três dias morreu. Quando chegaram estes fatos ao conhecimento do Papa São Leão I, convocou, de acordo e com a cooperação do imperador Marciano e da piedosa imperatriz Pulquéria, um Concílio na cidade de Calcedônia, nas margens do Bósforo. Foi este o quarto Concílio geral; abriu-se em princípio de outubro do ano 451, e nele tomaram parte 600 bispos. Foi presidido pelo Papa Leão por meio dos seus legados. Para render a devida homenagem ao venerando congresso e ao Pontífice que o tinha convocado, também assistiram a ele o imperador e a imperatriz. Começou-se lendo uma carta de São Leão, na qual este condenava a heresia de Eutiques; a carta foi aprovada por todos, e os bispos exclamaram: “Assim o cremos todos. Pedro falou pela boca do Leão: seja excomungado o que assim não crê”. Desta maneira foi condenado Eutiques e deposto certo Dióscoro que professava os mesmos erros. Também foi definido que há em Jesus Cristo duas naturezas, uma divina e outra humana, distintas entre si, e unidas em uma mesma pessoa. Fizeram mais outros 26 cânones ou decretos relativos à disciplina eclesiástica. Foi também admirável neste Concílio a grande veneração que todos os bispos manifestaram para com o Sumo Pontífice, designando-o como “Arcebispo universal, patriarca, intérprete da voz do bem-aventurado Pedro”. Eutiques morreu... e a Santa Igreja Católica continuou... “... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18).
Leão I, de quem acabamos de falar, nascido na Toscana, foi eleito Papa em tempos muito tristes para a Igreja e, por sua grande ciência, sabedoria e santidade, foi cognominado o Grande. Depois de ter combatido os hereges com a palavra e com os escritos, pediram-lhe que se pusesse à frente de uma embaixada a Átila, rei dos Hunos. Este terrível conquistador, chamado, o flagelo de Deus, por causa das destruições que fazia por todas as partes onde passava, tinha descido das Gálias e invadido a Itália com um formidável exército. Tinha-se já apoderado das cidades de Aquiléia, Pavia e Milão e marchava sobre Roma para saqueá-la, sem que se pudesse impedir-lhe o passo, pois o imperador e seus generais tremiam só ao pensar em tão poderoso inimigo. São Leão, pois, confiado na proteção do céu, vestido de hábitos pontificais, foi ao encontro de Átila, perto de Mântua, onde o rio Míncio deságua no Pó. O altivo guerreiro, ainda que bárbaro e idólatra, recebeu-o cortesmente; e depois de tê-lo ouvido, aceitando sem mais as condições propostas, tornou a passar os Alpes, deixando a Itália em paz. Admiraram-se os soldados de Átila, vendo em seu general aqueles insólitos atos de obséquio: “Como é possível que nosso chefe se humilhasse tanto diante de um homem só, quando formidáveis exércitos não lhe incutiram temor?” diziam. Ele, porém, respondeu-lhes que, enquanto falava com o romano Pontífice, viu sobre ele um personagem vestido com hábito sacerdotal, que empunhava uma espada desembainhada, ameaçando feri-lo se não obedecesse a Leão. Este Pontífice, depois de ter escrito e trabalhado muito em benefício da Igreja, cheio de méritos perante Deus e os homens, foi receber a recompensa no ano 461, após 21 anos de glorioso pontificado. Átila e seu poderoso exército morreram... e a Santa Igreja Católica continuou... “... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18).
Nasceu este famoso impostor em Meca, cidade da Arábia Saudita, de família pobre, de pai pagão e mãe judia. Errando em busca de fortuna, encontrou-se com uma viúva negociante em Damasco, que mais tarde casou-se com ele. Como era epiléptico, soube aproveitar-se desta enfermidade para provar a religião que tinha inventado e afirmava que suas quedas eram outros tantos êxtases, durante os quais falava com o Arcanjo Gabriel. A religião que pregava era uma mistura de paganismo, judaísmo e cristianismo. Ainda que admita um só Deus, não reconhece Jesus Cristo como filho de Deus, mas como seu profeta. Como dissesse com orgulho que era superior ao divino Salvador, instavam com ele para que fizesse milagres como Jesus fazia; porém ele respondia que não tinha sido suscitado por Deus para fazer milagres, mas para restabelecer a verdadeira religião mediante a força. Escreveu suas crenças em árabe e com elas compilou um livro que chamou Alcorão, isto é, livro por excelência, no qual se gaba de um milagre, aliás, muito ridículo. Conta que tendo caído um pedaço da lua em sua manga, ele soube fazê-la voltar a seu lugar; por isso os maometanos tomaram por insígnia a meia lua. Sendo conhecido por homem perturbador, seus concidadãos quiseram dar-lhe a morte. Sabendo disto, o astuto Maomé fugiu e retirou-se para Medina com muitos aventureiros que o ajudaram a apoderar-se da cidade. Esta fuga de Maomé se chamou Hégira, isto é, perseguição; e desde então começou a era muçulmana, correspondente ao ano 622 de nossa era. O seu Alcorão está cheio de contradições, repetições e absurdos. São João Bosco escreve: “Como o Islamismo favorecesse a libertinagem, teve prontamente muitos seguidores; e como pouco depois se visse seu autor à frente de um formidável exército de bandidos, pode com suas palavras e ainda mais com suas armas, introduzi-lo em quase todo o Oriente. Maomé, depois de ter reinado nove anos tiranicamente, morreu na cidade de Medina, no ano 632”. Maomé morreu e já fazem mais de mil e duzentos anos que os muçulmanos matam os católicos... e a Santa Igreja Católica continua... “... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18).
Foi causa desta terrível perseguição um desventurado cristão que se tinha feito judeu. Este fez acreditar aos muçulmanos que acabavam de se estabelecer na Espanha, que seu estado correria grave perigo se não obrigassem os cristãos a se fazerem judeus ou muçulmanos. Renovaram-se então os espetáculos de heroísmo dos primeiros séculos da Igreja. Homens, mulheres, meninos, eclesiásticos e leigos ilustraram a fé fazendo os mais heróicos sacrifícios. Entre os mártires desta perseguição é célebre São Perfeito. Perguntando-lhe um dia o que pensava de Jesus Cristo e de Maomé, respondeu: “Jesus Cristo é Deus bendito sobre todas as coisas; Maomé é um daqueles sedutores que, segundo predisse o Evangelho, serão precipitados com seus sequazes nos abismos eternos”. Mal acabou de pronunciar estas palavras, os infiéis arrojaram-se ferozmente sobre ele e o decapitaram. Muitas mulheres tiveram tamanha coragem que se ofereceram espontaneamente aos verdugos, não as intimidando nem o fogo nem o ferro, que para elas havia sido preparado. Mitigou-se um tanto esta perseguição pelo terrível golpe da vingança divina sobre Abderã II, seu autor. Achava-se este num terraço lançando seu feroz olhar sobre a multidão de mártires que mandara trucidar, quando de súbito lhe sobreveio um acidente que o deixou sem vida. Não obstante isto, Maomé seu filho, continuou a perseguição que durou 60 anos, isto é, desde o ano 822 até 882. Somente na cidade de Caradigna foram trucidados em um só dia mais de duzentos monges. Abderã II e seu filho morreram... e a Santa Igreja Católica continuou... “... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18).
Entre os males que afligiram a Igreja no século nono, conta-se a heresia de Godescalco. Estimulado por sua vanglória, fez-se monge beneditino na cidade de Fulda, esperando nesciamente conseguir honras e riquezas na profissão religiosa. Excitado, porém, pelo desejo de mais ampla liberdade, saiu do convento e andou errando pela Itália, ensinando que Deus predestinou inevitavelmente uns para a glória e outros para o inferno; que Deus não quer que todos se salvem, e outros erros desta espécie. Notingo, bispo de Verona, foi um dos primeiros a denunciar seus seguidores, que foram logo condenados em diferentes concílios por muitos insignes prelados. O herege foi degredado, desterrado e mais tarde preso, mas não deixou de sustentar suas impiedades até à morte. Seus erros foram depois de muitos séculos reproduzidos por Lutero e Calvino. Godescalco morreu... e a Santa Igreja Católica continuou... “... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18).
Mal se tinham apaziguado no Ocidente as turbulências suscitadas por Godescalco e outros hereges, apareceu o fatal cisma grego, que foi causa de que a maior parte dos cristãos da igreja oriental começasse a se separar da unidade da Igreja Católica, da qual desgraçadamente ainda permanecem separados. Os esforços dos Romanos Pontífices, principalmente de Pio IX, não conseguiram até agora uni-los à Igreja. Fócio, autor do cisma, recebera da natureza, junto com raro talento, uma índole vaidosa e ardente. Por isso e pelos laços de parentesco que o unia ao imperador do Oriente conseguiu abrir caminho para os cargos de primeiro escudeiro e primeiro secretário imperial. Sua nova dignidade, sua abundante riqueza e sua vasta erudição fizeram-lhe crer que ninguém era mais digno do que ele para ocupar o patriarcado de Constantinopla. Pela prepotência, conseguiu afastar daquela sé a Santo Inácio, que de fato foi desterrado. Despojou-se logo Fócio dos hábitos seculares, fez-se monge no mesmo dia, no outro dia fizeram-no leitor, ao terceiro dia subdiácono, ao quarto diácono, ao quinto sacerdote, ao sexto bispo e patriarca de Constantinopla. Ano 858. Mas, sabendo muito bem que sua eleição não seria válida, se não a confirmasse o Papa, escreveu ao Pontífice Nicolau I uma carta, em que por meio de mentiras tratava de ganhar o favor do Pontífice. Mas este, conhecedor de seus manejos, manteve em sua sé Santo Inácio que fora tratado barbaramente e declarou que Fócio era um intruso absolutamente indigno de ocupar o patriarcado de Constantinopla em lugar de Inácio. Estava preparando uma formal condenação daquele cismático, quando Deus o chamou a si para recompensá-lo de suas fadigas. Oitavo Concílio ecumênico. Adriano II convocou um Concílio em Constantinopla, que é o oitavo ecumênico. Fócio foi citado a se apresentar; porém não lho permitiu sua consciência culpável; por isso foi preciso levá-lo à força. Perguntam-lhe porque se atribuía o caráter de chefe da Igreja universal, (pois esta era sua principal pretensão) não respondeu ou limitou-se a dar algumas respostas insolentes. Em vista disso, os Padres do Concílio e os legados do Papa o excomungaram, e foi desterrado por ordem do imperador, ao passo que se restituía a Santo Inácio sua primeira dignidade. Ano 870. Todavia, quando morreu Santo Inácio, Fócio conseguiu, à força de enganos, introduzir-se de novo na sé donde tinha sido expulso. Mas isto foi só por pouco tempo, porque encerrado finalmente em um mosteiro, morreu nele impenitente no ano 891. Fócio morreu... e a Santa Igreja Católica continuou... “... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18).
Nos princípios do século onze, tentou Satanás dar nova vida à heresia dos maniqueus, os quais ensinavam que há dois deuses, um bom e outro mau. Começou-se a manifestar o funesto erro em Orleans, cidade da França, e eram seus mais célebres propagadores Estêvão e Lisóio. Como tinham fama de homens doutos e virtuosos, puderam em pouco tempo difundir tão monstruosa heresia. Eles rejeitavam os Sacramentos e, para aliviar os enfermos, queimavam uma criança de oito dias e davam-lhe as cinzas como viático. Foram acusados ao rei da França que mandou que se apresentassem perante um Concílio convocado em Orleans; ali se reuniram muitos bispos que unanimemente condenaram tais hereges e seus erros. Estêvão e Lisóio, porém, obstinando-se no erro, foram excomungados. Estêvão e Lisóio morreram... e a Santa Igreja Católica continuou... “... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18).
Os hereges chamados Valdenses começaram a perturbar a Igreja Católica. Devem o nome e origem a Pedro Valdo, comerciante de Lião. Achando-se este em um banquete (ano 1160), um seu amigo caiu morto ao seu lado. Horrorizado com o fato, começou a exortar seus companheiros à pobreza voluntária. Mas deixando-se levar pela imaginação, caiu em excessos e deu-se a pregar contra as riquezas que possui a Igreja, afirmando que o clero está obrigado a viver pobre e que não pode possuir bens sem cometer pecado. Deste erro extravagante passou a reprovar o culto das sagradas imagens, a confissão auricular, a extrema unção, as indulgências e o purgatório. Ameaçado em sua própria pátria, saiu dela e foi à Sabóia em companhia de alguns vagabundos; passou dali para Lucerna, perto de Pinerolo, onde ele e seus sectários tomaram o nome de Barbudinhos. Tendo sido refutados várias vezes seus erros, tornaram-se mais orgulhos e por isso foram condenados no undécimo Concílio ecumênico. Estes, contudo, até o século dezesseis ficaram mais ocultos; não tinham igrejas próprias, porém, frequentavam as dos católicos e, quando podiam confundir-se com eles, pediam e recebiam todos os sacramentou da Igreja Católica. Quando surgiu em Genebra a heresia de Calvino, achou ele que ganharia muito atraindo a si os Valdenses. Cedendo a seu convite, abraçaram eles seus erros e desde então os Valdenses identificaram-se com os Calvinistas, sendo eles, portanto, muito diferentes dos primitivos Valdenses, sectários de Pedro Valdo. Pedro Valdo morreu... e a Santa Igreja Católica continuou... “... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18).
O imperador da Alemanha Frederico, chamado de Barba-Roxa pela cor de sua barba, perturbou durante muitos anos a paz da Igreja. Depois de ter incendiado e reduzido a um monte de ruínas as cidades de Susa, Asti e Milão, convocou um concílio e elevou à dignidade pontifícia um antipapa excomungado por Alexandre II. Cheio de ira contra o legítimo pontífice, resolveu marchar sobre Roma para vingar-se cruelmente, mas uma terrível epidemia que fez perecer a maior parte de seus soldados, obrigou-o a desistir da empresa. Então, determinou dirigir suas armas contra Alexandria da Palha, cidade que o mesmo pontífice tinha mandado edificar para libertar assim a Itália da ira do imperador. Sitiou a cidade e quis tomá-la de assalto, mas foram vãos todos os seus esforços. Derrotado pouco depois pelos confederados italianos, na memorável batalha de Lenhano, julgou conveniente humilhar-se e ir pedir perdão ao Papa. Este o recebeu com bondade e levantou-lhe a excomunhão. Frederico, em penitência de seus pecados, foi com seu exército para a Palestina, a fim de reconquistar Jerusalém. Mas depois de muitas e gloriosas vitórias, morreu no ano 1190, em um rio da Cilícia, onde fora tomar banho. Frederido Barba-Roxa morreu afogado... e a Santa Igreja Católica continuou... “... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18).
Enquanto o Grande cisma do Ocidente dividia a Igreja, esforçava-se a heresia por aniquilá-la. João Wiclef, assim chamado pelo nome da cidade da Inglaterra onde nasceu, foi o corifeu dos hereges daqueles tempos. Dotado de não medíocre capacidade, mas inchado de orgulho, abraçou o estado eclesiástico confiado em que o sagrariam bispo. Desiludido na sua ambiciosa expectativa, rebelou-se contra a Igreja. O bispo de Cantuária e os outros bispos ingleses combateram e condenaram logo a impiedade do heresiarca e de seus sectários. Gregório XI aprovou a sentença destes contra Wiclef, e pouco depois foi novamente condenado no Concílio de Constança. Wiclef, porém, seguindo o exemplo dos outros hereges, em vez de humilhar-se, inflamou-se em cólera e deu-se a vomitar blasfêmias contra o Papa, os bispos e particularmente contra o arcebispo de Cantuária, que em consequência disso foi barbaramente assassinado. Deus, porém, não deixou impunes aos que se atreveram a ultrajar seus ministros, pois dos que assassinaram ao prelado, alguns ficaram loucos e outros foram condenados à morte pelas autoridades civis. O mesmo Wiclef, enquanto se achava pregando sarcasticamente contra Santo Tomás de Cantuária, foi surpreendido por uma terrível paralisia que lhe ocasionando mortais convulsões, o deformou e retorceu-lhe aquela boca que fora instrumento de tantas blasfêmias. Enraivecido por não poder já falar, morreu desesperado no ano 1385. João Wiclef morreu mudo e desesperado... e a Santa Igreja Católica continuou... “... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18).
Os erros de Wiclef passaram da Inglaterra para a Boêmia e originaram a heresia de João Huss. Chamava-se assim pelo nome da cidade da Boêmia onde nascera. Tendo concluído seus estudos em Praga, começou a espalhar os erros de Wiclef, pelos quais se combatiam as leis da Igreja, a autoridade do Papa e outros artigos da fé. Citado a comparecer ante o concílio de Constança, concordou com isso e declarou por escrito que queria que o castigassem sempre que pudesse ser convencido de que havia caído em erro. O imperador Sigismundo, com o fim de facilitar os meios para se desculpar, deu-lhe um salvo-conduto. Logo que chegou a Constança, muito longe de acatar o juízo da Igreja, recusou retratar-se. Não houve herege com quem se usassem maiores complacências. Os padres do Concílio, o imperador, e todos enfim, pública e privadamente empregaram toda sorte de meios para convencê-lo. Mas como se mostrasse cada vez mais obstinado no erro, conduziram-no à praça pública, e ali o despojaram de suas vestes sacerdotais e o degradaram. Ano 1414. João Huss morreu ... e a Santa Igreja Católica continuou... “... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18).
Naquele mesmo século viu-se ocupar um dos tronos da Alemanha a crueldade confraternizada com a prepotência para tentar converter um santo sacerdote em traidor de seu ministério. Mas alentado este pela graça, resistiu heroicamente àquele cruel monarca, e foi o primeiro a receber a palma do martírio por ter guardado o sigilo da confissão sacramental. Reinava na Boêmia Venceslau IV, homem feroz, a quem sempre acompanhava um verdugo, para que se chegasse a ter sede de sangue, pudesse logo acalmá-la matando ao primeiro que encontrasse. Dispusera de tal modo o pavimento de uma sala, que, embora parecesse estar firme, ao dar um golpe com o pé, se afundava em um rio. Serviu-se deste meio para matar a muitos insignes personagens. Escreveram um dia na parede de seu aposento: Venceslau, segundo Nero. Ele, porém, em vez de envergonhar-se, escreveu a lápis mais abaixo: Se não fui, sê-lo-ei. Certo dia, porque não lhe agradou uma comida que lhe apresentaram à mesa, mandou que assassem logo ao cozinheiro naquele mesmo fogão onde tinha feito cozinhar aquela comida. Em suas ímpias extravagâncias, chegou até a pretender que São João Nepomuceno lhe fizesse conhecer as culpas declaradas em confissão pela rainha. O fiel ministro de Jesus Cristo respondeu-lhe que, ainda que o ameaçasse de morte, de nenhum modo poderia violar na mínima coisa o sigilo sacramental. O rei, por algum tempo, usou apenas as ameaças, até que um dia como se mostrasse mais decidido que nunca em obrigá-lo a revelar-lhe os segredos de sua esposa, e como achasse o santo firme em sua negativa, o fez encerrar em uma das salas do palácio real e aí o submeteu ocultamente aos mais horríveis tormentos. Saindo o santo muito maltratado do palácio, preparou-se para a morte que via ser inevitável e com este fim foi a um santuário da Santíssima Virgem para implorar seu socorro. Ao voltar a Praga, vendo-o o rei de sua janela, o fez vir à sua presença e o intimou de novo que lhe revelasse o segredo; porém, permanecendo ele firme em sua negativa, mandou-o atirar imediatamente ao rio Moldava. Enquanto o corpo do mártir era levado pelas ondas, foi visto com uma coroa de estrelas ao redor da cabeça. Por isso, os cônegos da catedral deram-lhe honrosa e solene sepultura. Assistiu a seu enterro grande multidão. O Imperador Venceslau IV morreu... e a Santa Igreja Católica continuou... “... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18).
Este príncipe, em seus trinta anos de reinado não cessou um momento de perseguir os cristãos. Depois de ter saqueado Constantinopla, dirigiu-se até a Itália à frente de formidável exército com o fim de matar a todos que não aceitassem a religião dos Turcos. Apoderou-se da cidade de Otranto e fez passar pelas armas todos os seus habitantes. O arcebispo, que revestido com os hábitos pontificais animava ao povo que ficasse firme na fé, foi preso e dividido em duas partes com uma serra de madeira. Diante daquelas terríveis notícias, toda a Itália ficou consternada, temendo uma invasão daqueles bárbaros. Deus, porém, que não permite que as tribulações sejam superiores às nossas forças, socorreu de uma maneira inesperada a sua Igreja aflita, tirando do mundo o autor de tantos males. Maomé II foi atacado por um tumor contagioso que fazendo-o sofrer dores agudíssimas, lhe causou a morte. Ano 1387. Maomé II morreu... e a Santa Igreja Católica continuou... “... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18).
Nesta época foi a Igreja tão fortemente combatida, que parecia já ter chegado o tempo do Anticristo; mas, apesar disto, ela conseguiu novos triunfos. Inúmeros hereges arremetem contra ela, e muitos de seus ministros, em vez de defendê-la, se rebelam e abrem-lhe profundas feridas. Unem-se a estes os príncipes seculares que a oprimem com ferro, morticínios e saques. O demônio se esconde debaixo do manto de sociedades secretas e de uma filosofia mundana e sedutora, mas falsa e corruptora. Excita rebeliões e suscita perseguições sanguinolentas. Deus, porém, desvanece os esforços do inferno e os faz servir para sua glória. Novas ordens religiosas, missionários incansáveis, pontífices grandes pela santidade, zelo e sabedoria, unidos todos em um só coração e em um só pensamento e fortalecidos pelo braço do Todo-Poderoso, defenderam heroicamente a verdade e levaram a luz do Evangelho até os últimos confins da terra, conseguindo a Igreja novas conquistas e ainda mais gloriosas vitórias.
O primeiro a levantar a bandeira da rebelião contra a fé católica e principal autor dos males que amarguraram a Igreja neste tempo foi Lutero. Com seu sistema perverso de submeter a palavra de Deus ao exame e juízo de cada um, causou mais dano à religião católica do que todos os hereges da idade passada; de maneira que, com justiça se pode chamar este apóstata, o primeiro entre os precursores do Anticristo. Nascido em Eisleben, na Saxônia, e filho de um pobre mineiro, manifestou desde sua mais tenra idade uma capacidade muito viva. A morte de um condiscípulo que caiu ao seu lado fulminado por um raio, induziu-o a entrar na ordem dos agostinianos. Por algum tempo pareceu mergulhado em profundas meditações e agitado por escrúpulos e temores. Mas descobriu finalmente o orgulho que se abrigava em seu coração; e, declarando guerra à autoridade do pontífice romano, saiu do claustro e já não houve meio de dominá-lo. Oprimir aos outros com a calúnia e a tirania, ridicularizar e desprezar as coisas mais augustas e santas; soberba, desregramento, ambição, petulância, cinismo grosseiro e brutal, crápula, intemperança, desonestidade, eis os dotes do caráter deste corifeu do protestantismo (Nat. A. Gott, etc.). No ano de 1869 levantaram-lhe na Alemanha uma estátua qual insigne benfeitor da humanidade. No ano 1517, começou a pregar contra as indulgências; mais tarde, contra o Papa. Avançando na impiedade, formulou uma doutrina que, em si mesma, e levada às suas consequências lógicas e práticas, contamina tudo o que é sagrado, destrói a liberdade do homem, faz a Deus autor do pecado e reduz o homem ao estado dos brutos. É bastante lembrar que, conforme ele afirmava, o homem mais virtuoso se não acredita firmemente achar-se entre os eleitos, é condenado. Pelo contrário, o homem mais criminoso, contanto que acredite que será salvo pelos merecimentos de Jesus Cristo, somente por isto, irá sem mais para o céu. Tão abominável doutrina foi logo condenada pelo Papa Leão X. Mas Lutero mandou atirar ao fogo publicamente a bula. As Universidades católicas e todos os doutores clamaram contra aquela impiedade e heresia; mas Lutero desprezou-os e persistiu em sua revolta. Ainda que ligado por votos solenes, casou-se com Catarina de Bora, religiosa de um mosteiro de Mísnia. Teve desgraçadamente muitos sectários, que, sob o nome de protestantes, tomaram as armas e devastaram todas as regiões onde lhes foi dado penetrar. Estava escrito em seus estandartes: Antes turcos que papistas. Ao pensar algumas vezes nos grandes males que causava a nova reforma, Lutero exclamava: “Só tu serás douto? Todos os que te precederam enganaram-se? Tantos séculos ignoraram o que tu sabes? Que acontecerá se te enganas e arrastas contigo a tantos para a condenação?” Eram estas as vozes da consciência que, a seu pesar, protestava contra suas impiedades; mas não bastaram para fazê-lo voltar ao bom caminho. Este miserável apóstata, depois de ter desprezado toda razão e toda autoridade, e depois de ter queimado a bula do Papa que o condenava, não cessou de pregar a rebelião contra a Igreja e contra os príncipes. Refutado em repetidas ocasiões, em disputas e por escrito, não sabendo já como se defender, apelou para um concílio geral. Convidado para assistir a ele, negou-se a princípio, porém logo respondeu enfurecido: “Irei ao concílio, e que me cortem a cabeça se não souber defender minhas opiniões contra todo o mundo”. Mas o infeliz teve de ir defendê-las em presença do juiz divino. Certo dia, depois de uma abundante ceia, acometeram-no fortes dores de estômago; levaram-no logo para a cama, porém as dores se tornavam cada vez mais atrozes. Furibundo de cólera e vomitando horríveis blasfêmias, acabou miseravelmente a vida. Diz-se que, momentos antes de expirar, exclamou olhando para o céu através de uma janela: “Tudo está acabado para mim; formoso céu, jamais te tornarei a ver!” Ano 1546. Martinho Lutero morreu e há mais de quatrocentos anos os seus seguidores perseguem os católicos... e a Santa Igreja Católica continua... “... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18).
Um dos mais célebres sectários de Lutero foi João Calvino, natural da Picardia; mas, antes do que se associar a ele, preferiu fazer-se chefe de outro protestantismo. Filho de pobre seleiro, foi socorrido pelo seu bispo, que compadecido dele, o fez seguir a suas expensas a carreira dos estudos. Esperava conseguir um benefício eclesiástico que lhe foi recusado por seus maus costumes. Protestou que tomaria tal vingança que daria que falar por quinhentos anos. Seguindo as pegadas de Lutero, adotou completamente suas máximas perversas. Não queria Papa nem bispos, nem sacerdotes, nem festas e nem outras funções de igreja. Na cidade de Noyon foi condenado à morte por ter cometido um delito nefando, e somente graças à intercessão do bispo, comutaram essa pena na de ser marcado com ferro em brasa. Acumulando depois delitos sobre delitos, devia ser levado preso. Mas ele desceu por uma janela, trocou sua roupa com a de um camponês e fugiu. Na sua fuga, encontrou-se com um sacerdote que o exortou a que reparasse o mal feito e voltasse ao seio da Igreja Católica, ele, porém, respondeu-lhe: “Se tivesse de recomeçar não deixaria a religião dos meus pais, mas agora já estou empenhado e quero continuar até a morte”. Estabeleceu residência especialmente em Genebra, que foi o centro da sua seita, e ali procedeu como verdadeiro tirano. Negando aos outros o direito que se arrogara de alterar e corromper a doutrina católica, fez morrer nas chamas a Miguel Servet, porque tinha ensinado erros contrários ao mistério da Santíssima Trindade. Por suas tiranias foi expulso de Genebra, mas a força de enredos conseguiu voltar e tornar quase o soberano da cidade. Governou a cidade despoticamente como se tivesse enfeitiçado os cidadãos de qualquer categoria. Prorrompeu em impiedades contra a religião, até que chegou também para ele o tempo de apresentar-se ante o juiz supremo. Surpreendido por uma enfermidade ulcerosa, exalavam seus membros um mau cheiro insuportável. Frenético e enraivecido contra sua doença, invocava os demônios para virem livrá-lo. Mas, aumentando cada vez mais suas dores, detestava sua doutrina e seus escritos. Em semelhante estado de desespero, compareceu à presença de Jesus Cristo juiz, para dar-lhe contas de milhões de almas que por sua causa já se tinham perdido eternamente e das que ainda se iam perder. Ano 1564. João Calvino morreu podre e desesperado... e a Santa Igreja Católica continuou... “... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18).
O cisma anglicano foi motivado por Henrique VIII, rei da Inglaterra. Esse infeliz príncipe, depois de vinte anos de matrimônio com Catarina de Aragão, queria repudiá-la para desposar Ana Bolena. Opôs-se a isto o Sumo Pontífice, afirmando que não podia contrair um segundo matrimônio por ser válido o primeiro contraído com Catarina, ainda viva. Henrique, cego pela paixão, subtrai-se à autoridade do Papa e proclama-se chefe da Igreja da Inglaterra. Desprezou as admoestações de Roma e perseguiu o clero despojando-o de seus bens e casou-se com a astuciosa Ana Bolena. Isto se deu no ano 1532. Deste modo a Inglaterra, que na história é conhecida com o nome de terra dos santos, e que tem muitos dos seus príncipes nos altares, tornou-se inimiga do catolicismo. Henrique, casado com Ana Bolena, não tardou em enfastiar-se dela e mandou cortar-lhe a cabeça. Casou-se sucessivamente com outras quatro; uma delas morreu, outra foi repudiada, a terceira condenou-a à morte e a quarta correu grande perigo de ser decapitada, porém foi bastante sagaz para salvar-se com a fuga. Ainda que muitos nobres e prelados se submetessem à sua tirania, houve, contudo, muitas pessoas de bem que se opuseram; às quais ele condenando-as à morte, fez mártires de fé. Sobe para 630 o número de eclesiásticos que condenou ao suplício. Célebres entre os outros, são o cardeal João Fisher, bispo de Rochester e mestre de Henrique e o ilustre Tomás Moore, chanceler e ministro de Estado. Este último, deposto do seu cargo, despojado de todos os seus bens e encerrado em uma prisão, foi condenado ao atroz suplício dos traidores do Estado, pena que foi comutada na decapitação. Sua esposa, para induzi-lo a ceder à vontade do soberano, foi visitá-lo no cárcere, e pôs em campo toda indústria possível para convencê-lo a que se salvasse a si mesmo e a sua família. Ele, porém, falou-lhe intrepidamente desta maneira: “Diz-me, mulher, se renuncio à minha fé, e recupero juntamente com minhas riquezas, minha primeira dignidade, quantos anos poderia eu gozar delas?” “Talvez vinte anos”, respondeu sua tímida consorte. “Pois bem!”, acrescentou o magnânimo Tomás, “queres tu que por vinte anos de vida eu perca uma eternidade de gozo no céu e me condene a uma eternidade de tormentos no inferno?” Ao subir ao cadafalso, protestou publicamente que morria pela fé católica. Depois de ter rezado o Miserere, deceparam-lhe (Ano 1534). A justiça divina não tardou muito em ferir o ímpio e luxurioso Henrique. Este morreu no ano 1547, entre os mais atrozes remorsos de consciência e separado da Igreja Católica. Sucedeu-lhe no trono seu filho Eduardo de dez anos de idade. Seu tutor, o duque de Sommerset, fez declarar logo o protestantismo calvinista como religião do Estado, e fez desaparecer aquele resto de catolicismo que ainda havia deixado Henrique VIII. Mas falecendo Eduardo aos dezesseis anos, sucedeu-lhe sua irmã Maria, filha de Catarina de Aragão, que reconduziu o reino à fé católica. Esta ocupou somente cinco anos o trono, e à sua morte, no ano 1558, lhe sucedeu Isabel, filha de Ana Bolena. Achando-se infeccionada de heresia calvinista e querendo governar com inteira independência de todo princípio de fé e de justiça, revoltou-se e fez revoltar-se de novo todo o reino contra a obediência ao vigário de Jesus Cristo. Henrique VIII morreu entre os mais atrozes remorsos de consciência e separado da Igreja Católica... e a Santa Igreja Católica continuou... “... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18).
Enquanto era Deus glorificado em seus santos em todas as partes do mundo, suscitava o inferno, no Japão, uma perseguição longa e cruel. Via-se neste vasto império, trazido à fé pelos suores e fadigas de São Francisco Xavier, crescer diariamente o número de católicos e aumentar de modo extraordinário a piedade e o fervor. Quando, porém, subiu ao trono imperial Taicosama, querendo afastar do seu reino uma religião que contradizia as suas brutais paixões, publicou um decreto pelo qual era punido com o desterro e até com a morte quem não renunciasse ao Evangelho. Começou a perseguição na mesma corte imperial. Ucondomo, general-chefe do exército, foi a primeira vítima. Os Jesuítas, os Franciscanos e os Agostinianos caíram logo sob seus ferozes golpes. Mas nem por isso deixou de triunfar a graça de Deus, e ainda então se viram os exemplos de heroísmo dos primeiros séculos da Igreja. Velhos e jovens, nobres e plebeus, encaravam com tal firmeza os mais atrozes tormentos, que o imperador viu-se forçado a dizer: “Há verdadeiramente alguma coisa de extraordinário na constância dos Cristãos”. As próprias mulheres preparavam seus vestidos de festa para honrar o dia de seu triunfo: assim chamavam o dia marcado para o martírio. Conduziram certo dia ao suplício a três tenros jovens, entre os quais se achava um de doze anos, chamado Luís, o qual comoveu de tal maneira ao verdugo, que este se prontificou a pô-lo em liberdade e fez-lhe as mais lisonjeiras promessas. Luís, porém, respondeu-lhe: “Guardai para vós essa compaixão que mostrais para comigo, e tratai antes de conseguir a graça do batismo, sem o qual não podereis evitar uma eternidade de sofrimentos”. Foram empregados os mesmos ardis com outro, chamado Antônio, e prometeram-lhe honras e riquezas da parte do imperador. Antônio respondeu: “Não, não, o amor da fortuna não tem para mim mais eficácia do que os suplícios eternos; a maior felicidade que posso ter é morrer na cruz por um Deus que morreu nela por mim”. Ao chegar ao lugar do suplício, aqueles magnânimos jovens entoaram cheios de alegria o salmo “Louve meninos ao Senhor”; e foram crucificados com outros vintes e seis católicos, mostrando uma firmeza que fazia estremecer aos próprios verdugos. Ano 1597. O Imperador Taicosama morreu... e a Santa Igreja Católica continuou... “... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18).
Depois da solene condenação do protestantismo no Concílio de Trento, pode gozar a Igreja de alguma paz, até que apareceu o Jansenismo, heresia que deve seu nome a Cornélio Jansênio, seu autor. Natural de Accoy, na Holanda, e filho de pobres artistas, foi por um caridoso barbeiro guiado na carreira dos estudos. Mas, para sua primeira desgraça, contraiu amizade com tal Du-Verger, conhecido na história sob o nome de Abade de São Cirano. Outra desventura foi o Dr. Janson, o qual procurou por todas as formas infundir em seus discípulos a doutrina de Baio, doutor da Universidade de Lovaina, condenado pela Igreja. Não obstante isto, como Jansênio ocultava seus erros e parecia bastante douto nas ciências sagradas e muito apto em fazer obras de caridade, foi nomeado bispo de Iprés no ano 1636. Foi curto seu episcopado, porque dois anos depois morreu de peste, aos 53 anos de idade. Os erros de Jansênio, que em maior parte são em relação à graça, à liberdade, ao pecado original, ao mérito e demérito, estão espalhados em diferentes partes de suas obras, mas especialmente em seu famoso livro chamado Augustinus. Pretendeu expor nela as doutrinas genuínas daquele santo doutor; alterando, porém, o sentido delas, o que na realidade expôs foi a substância do Calvinismo sob as aparências de uma doutrina estritamente católica. Ensinava, entre outras coisas, que Deus impõe às vezes preceitos impossíveis, e que ao mesmo tempo nega a graça necessária para cumpri-los. Contudo, não imprimiu Jansênio seu livro enquanto viveu; mas ao morrer, dispôs que se imprimisse declarando, entretanto, que o submetia ao juízo da Santa Sé. Antes de expirar pronunciou o seguinte protesto: “Sei que o Papa é o sucessor de São Pedro e o depositário fiel da fé dos padres da Igreja; quero, pois, viver e morrer na fé e em comunhão com a cadeira do sucessor do príncipe dos apóstolos, do vigário de Jesus Cristo, do chefe dos pastores, do pontífice da Igreja universal”. Parece, pois, que os erros de Jansênio devem ser efeito, antes da ignorância que da malícia. Seus sectários, porém, longe de seguir o exemplo de seu mestre na submissão, tornaram-se orgulhosos e soberbos; ainda que condenados em diferentes ocasiões, mostraram-se cada vez mais obstinados. Por isso tal heresia durou longo tempo e causou gravíssimos males à Igreja, porque com mil subterfúgios e enganos achou modo de encobrir-se com o manto do catolicismo. Jansênio morreu... e a Santa Igreja Católica continuou... “... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18).
A perseguição suscitada contra os cristãos por Taicosama pareceu apaziguar-se algum tanto com sua morte e a de seus sucessores. No reinado, porém, de Hogum-Sama e de seu filho, recrudesceu ainda mais e tornou-se muito atroz. Foram postas em obras para fazer apostatar os cristãos todas as barbaridades que se puderam inventar. A uns arrancavam as unhas, a outros furavam os braços e as pernas com trados; a muitos metiam agulhas por debaixo das unhas e repetia-se o tormento durante vários dias consecutivos. Eram lançados em valas cheias de víboras; atavam em seus narizes canos e tubos cheios de enxofre ou de outras matérias de cheiro insuportável e logo ateavam fogo nelas, e sopravam para fazer fumaça e afogá-los, causando assim sufocações, convulsões e dores indizíveis. Metiam dentro de seus corpos canas pontiagudas, e suspendendo-os, os açoitavam até descarna-lhes inteiramente os ossos. Para lacerar ao mesmo tempo o corpo e o coração das mães, davam golpes nelas com as cabeças dos próprios filhos, agarrados nos pés pelos verdugos, que, tanto mais aumentavam sua crueldade quanto mais agudos eram os gritos daquelas inocentes vítimas. Desde o ano 1597 até 1650, calcula-se que foram martirizados mais de um milhão e duzentos mil fiéis, e com tal gênero de tormentos que em sua comparação, a pena do fogo era considerada como uma mercê. A justiça de Deus, porém, não deixou como nos primeiros séculos da Igreja de se manifestar contra os autores de tão horrenda perseguição. Um daqueles sobre o qual mais se fez sentir, foi Brogondono, príncipe de Himbra, que a todos tinha excedido em crueldades. Ao sair de uma conferência em que se tinha decidido exterminar o cristianismo, foi surpreendido por agudas dores intestinais que o faziam dar horrorosos gritos e sofrer espantosas contorções. Causava horror ver a agitação de seu corpo, as espumas que lançava pela boca, os gritos e pedidos que fazia para tirarem de sua presença a um cristão armado de uma foice que, segundo dizia, se achava diante dele ameaçando-o continuamente. Caíram-lhe todos os dentes e acendeu-lhe um fogo tão abrasador em seu corpo, que parecia ferver o sangue de suas veias e a medula de seus ossos. Conduziram-no a um banho de água quente onde fizera perecer a muitos cristãos; porém, apenas o mergulharam nele, ficou cozido e morreu miseravelmente. Outros muitos perseguidores terminaram sua vida de modo a ver-se claramente neles o sinal da ira de Deus. Todavia, a perseguição não cessou senão quando se acreditou que já estavam mortos todos os ministros do santuário e extinto o clero, também se tinham extinguido todos os cristãos. Mas era engano. A fé cristã manteve-se naquele império ainda sem eclesiásticos. O Imperador Hogum-Sama morreu... e a Santa Igreja Católica continuou... “... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18).
Costuma-se dar o nome de franco-maçons a uma seita de homens, que para poder satisfazer com toda a liberdade suas paixões, empregam toda a sorte de meios para combater a Religião e as autoridades civis. Dividem-se em diversos graus. Os primeiros são chamados adeptos ou principiantes, e a estes não se manifesta a maçonaria senão como uma sociedade filantrópica e do socorro mútuo. Outros, chamados camaradas ou sociedade dos operários, geralmente pertencem a esta seita, embora muitos o ignorem completamente. À medida que vão subindo de grau, os levam ao ateísmo, à negação de toda religião, da alma, da eternidade e lhes ensinam a por toda a sua felicidade nos gozos da vida presente. Daí a razão por que a mocidade se deixa seduzir mais facilmente, e porque os franco-maçons desprezam os auxílios da religião, tanto em vida como na morte. Suas reuniões costumam ser chamadas conventículo, e o lugar secreto onde se reúnem se chama Loja Maçônica. Acredita-se que é muito antiga a origem da maçonaria; alguns a fazem remontar até os magos do Egito dos tempos de Moisés; porém, ainda que desde muitos remotos tempos tenham existido sociedades secretas, cujo fim é a impiedade e a satisfação das paixões, contudo, a maçonaria de nossos dias talvez tivesse sua origem há apenas alguns séculos. Sua doutrina parece-se em parte com a do heresiarca Manete, cujos segredos e cerimônias adotaram. Em parte é panteísmo, materialismo e ateísmo. Antes de admitir em seu seio a uma pessoa fazem-lhe proferir estas palavras: Jura e perjura que nunca violarás o segredo. Confirma-se este segredo por um juramento tão severo, que ao pai está rigorosamente proibido revelá-lo a seu filho, o filho a seu pai, o irmão à irmã. Loucura da mente humana! Querem destruir a Deus e a Religião, e por esta mesma Religião se obrigam com juramento ao mesmo Deus que pretendem destruir. Clemente XII e Bento XIV condenaram estes fanáticos e excitaram os soberanos a expulsá-los de seus estados. Desgraçadamente, os reis e os príncipes foram ou negligentes ou colaboradores, e muitos deles já pagaram a pena de sua culpa, porque os franco-maçons, com suas reuniões secretas, causaram e ainda causam males imensos à Religião, aos governos civis e às famílias, e pode-se dizer que são a peste do gênero humano. Os que hoje se chamam livres pensadores pertencem à maçonaria. Desgraçados os que se deixam prender nesta rede infernal. Os francos-maçons trabalharam e trabalham furiosamente contra a Igreja Católica... e a Santa Igreja Católica continua... “... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18).
Os franco-maçons, depois da supressão dos Jesuítas, puderam com maior facilidade desfazer-se dos demais religiosos, abolir na França toda autoridade civil, dar a morte a seu próprio soberano e apoderar-se eles mesmos do poder. Entre outras coisas, exigiam de seus súditos um juramento contrário às regras da fé, o qual não podendo ser admitido pelos bons, motivou uma cruel perseguição. Milhares de cidadãos foram afogados ou guilhotinados sem processo algum, reservando-se aqueles bárbaros a processá-los depois, para saber se os que morreram eram culpados ou inocentes. Segundo o costume, a perseguição assanhou-se, de modo especial, contra os eclesiásticos. Estes heróis magnânimos, êmulos dos mártires da Igreja primitiva, mostraram-se prontos a sofrer todo gênero de suplícios. Alguns foram desterrados, outros presos ou condenados ao patíbulo. Um verdugo, ao ver entre a multidão um que parecia sacerdote, dirige-se a ele e lhe pergunta: — És sacerdote? — É esta a minha glória. — Juraste? — Jurar! Horroriza-me só pensar nessa palavra! — O juramento ou morte; ou juras ou morres. — Juro aborrecer esse juramento ímpio e sacrílego; mata-me... te perdôo. - E dizendo isso caiu por terra crivado de balas. Aqueles monstros sedentos de sangue humano entravam nos claustros, nas congregações e nos seminários, prendiam ou matavam a todos os que encontravam na sua passagem. Aboliram os dias consagrados à religião, mudaram o nome das semanas, dos meses, e dos anos; derrubaram toda autoridade e o rei Luís XVI foi deposto, preso e decapitado. As igrejas foram profanadas ou destruídas; as cruzes, as relíquias, os vasos sagrados, a Santíssima Eucaristia sacrilegamente pisada, e nos altares do Deus vivo, em vez de celebrar o santo sacrifício da Missa, foi colocada uma mulher infame e adorada como a deusa razão. Tudo era sangue e destruição. Havia ameaça de morte para quem ainda desse a conhecer que professava a religião católica. Os esforços dos ímpios, porém, quebraram-se contra aquela pedra, sobre a qual Jesus Cristo fundara sua Igreja. Entre aquelas carnificinas, a religião foi duramente provada; mas não pereceu. A perseguição francesa daquela época passou... e a Santa Igreja Católica continuou... “... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18).
Declarada a destronização do Papa, os comissários franceses se apoderaram de sua pessoa e começaram a saquear o palácio pontifício. As bibliotecas preciosas e raras foram vilmente vendidas, foram quebrados os guarda-roupas e os armários. Vendo-se burlados por não achar o ouro e as jóias que ali esperavam encontrar, apresenta-se o calvinista Haller ao Papa e diz-lhe em tom de ameaça: “A república romana vos intima que me entregueis já vossos tesouros: quero-os, pois”. “Eu não possuo tesouro algum”. “Tendes, contudo, dois formosos anéis nos dedos”. Entregou-lhe um deles o Papa, dizendo-lhe: “Não posso entregar-vos o outro, porque devo passar a meus sucessores”. Era o anel do pescador que costumam usar os Papas para firmar ou selar os papéis de maior importância. Mas foi necessário que também fizesse entrega dele. Os cardeais, os bispos e outros prelados foram encarcerados ou desterrados. Assim a Igreja Romana, assaltada em seu chefe e em seus membros, achava-se exposta a uma perseguição tão injusta como odiosa. Em vez de se ouvirem em Roma as glórias de Deus, viam-se em suas ruas procissões cívicas e se cantavam hinos à liberdade. A perseguição em Roma daquela época passou... e a Santa Igreja Católica continuou... “... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18).
Cansada já a França de seus tiranos, nomeou cônsul a Napoleão Bonaparte, que manifestava vontade e valor suficiente para restabelecer a ordem naquela nação mergulhada em tanta confusão. A guilhotina cessa de trabalhar, mitiga-se muito a perseguição, extingui-se o cisma constitucional e a França volta à unidade católica. Mas Bonaparte talvez estimasse a religião somente enquanto servia às suas ambições. Firmou uma concordata com o romano pontífice, que foi violada no ato mesmo de sua publicação, pois a acompanhou de certos artigos, chamados orgânicos, que contrastam com a própria concordata. Faz-se proclamar imperador e pede ao Papa que vá a Paris para sagrá-lo. Pio VII hesita longo tempo e não se resolveu a ir senão com a esperança de reparar graves desordens e impedir muitos males que ameaçavam a Igreja. Parte de Roma no ano 1804, atravessa a França entre grandíssimas honras e aplausos, entra em Paris e põe a coroa imperial sobro a cabeça de Napoleão. Mas este correspondeu à condescendência do Papa com monstruosa ingratidão. Para conseguir que o Papa o coroasse, protestou que queria ser filho obedientíssimo da Santa Sé. Assim, porém, que foi coroado, escreveu cartas injuriosas ao Papa, e poucos anos mais tarde, fez marchar suas tropas sobre Roma. Depois da paz dada à Igreja por Constantino, o Grande, Constante II, protetor dos hereges monotelitas, foi o primeiro dos imperadores que, usando da violência, tirou de Roma ao sumo Pontífice; Napoleão foi o segundo. Pretendia este que o Papa lhe outorgasse coisas contrárias aos direitos da Igreja e ao bem da religião. Tendo-se recusado a isto o Papa, o imperador assalta Roma, apodera-se dela, rouba as obras de arte mais preciosas, força o palácio papal e encarrega o general Radet da empresa sacrílega de se apoderar do Papa. Durante a noite, um grupo de soldados escala como ladrões noturnos o palácio pontifício, derrubam a machadadas as portas, quebram as janelas e a mão armada penetrara no aposento do papa. Radet rodeado dos seus, ordena ao pontífice que saia imediatamente de Roma. Pio VII levanta os olhos para o céu e cheio de confiança n’Aquele que assiste a Igreja, entrega-se, assim como estava, nas mãos de seus inimigos, que o encerram a chave em um coche entre guardas, como malfeitor (Ano 1809). Pio VII, durante seus cinco anos de cativeiro, mostrou-se sempre intrépido confessor da fé. Durante a viagem aconteceram vários acidentes. Perto de Florença, por inexperiência dos cocheiros, tombou com ímpeto o coche ao passar sobre uma elevação de terra e o Santo Padre caiu debaixo das rodas. Teria sido esmagado, se Deus não o protegesse. Fica três anos prisioneiro em Savona, e depois (1812) ordena-lhe que parta para Fonteinebleau, na França. Durante a viagem, é obrigado a viajar dia e noite, sem nunca lhe permitirem sair do veículo. Isto lhe sacrificou a saúde de tal modo que ficou a ponto de morrer. Ao aproximar-se de Turim, parecia que tinha chegado ao fim da vida e lhe administraram a extrema-unção. Não obstante isto, não pode obter um momento de descanso. Chegado a Fontainebleau, separado dos seus conselheiros, rodeado por pessoas que tinham sacrificado a fé e o pudor ao despotismo de Napoleão, oprimido pelos incômodos que diariamente lhe causava o ambicioso imperador, assina um papel pelo qual se deixava a nomeação dos bispos, isto é, dos pastores das almas, em mãos do poder civil. Mas, logo arrependido revogou valorosamente o que firmara, e a fé triunfa. Não podendo Napoleão induzir o Papa a secundar seus malvados propósitos, e como começassem, por outra parte, a tomar mau caminho suas empresas militares, achou restituir a liberdade àquele que de maneira alguma tinha podido vencer. O intrépido Pontífice Pio VII, depois de cinco anos de prisão, de sofrimentos, de ultrajes e insultos, saiu finalmente de Fontainebleau para voltar à sua sede, a 23 de janeiro de 1814. Ao passar uma ponte sobre o Ródano, entre Beaucoure e Tarascon, o coronel Lagorse, ensurdecido pelos gritos de alegria com que o povo saudava o Santo Padre em sua passagem, perguntou: “Que faríeis se passasse por aqui o imperador? — “Dar-lhe-íamos de beber”, responderam a uma voz, mostrando o rio que corria debaixo da ponte. Depois de quatro meses de viagem entrou Pio VII solenemente na cidade eterna, com indizível alegria de Roma e de todos os bons. A história nos demonstra claramente que o favorecer a religião é o princípio da grandeza dos soberanos, e que persegui-la é causa de ruína. Napoleão não queria crer, porém os fatos lho provaram. Seu imenso poder fazia tremer toda a Europa e era seu nome temido em todo o mundo. Quando soube que Pio VII o queria excomungar por suas violências contra a Igreja e seus ministros, dizia em tom de mofa: “Pensa talvez o Papa que a excomunhão fará cair as armas das mãos de meus soldados?” Porém, as censuras da Igreja, tarde ou cedo, produzem inexoravelmente seu efeito. A ambição levou de fato Napoleão até as extremidades da Rússia, onde mais de quatrocentos mil homens do seu exército morreram pelo ferro, pela fome ou pelo frio. O general Ségur, um dos chefes daquele formidável exército, deixou escrito: “Os soldados mais valentes, gelados de frio, já não podiam segurar as armas e estas lhes caiam das mãos”. Sublevou-se, entretanto, a Europa contra Napoleão como contra um inimigo comum. Os mesmos que, por meio da força, se tinham aliado a ele, o abandonaram; arrojam-no da Alemanha, da Espanha e da Suíça; perseguem-no seus inimigos e penetram, em sua perseguição, no interior da França. É feito prisioneiro, conduzido a Fontainebleau, naquele mesmo palácio onde tinha guardado preso o Santo Padre, naqueles mesmos lugares onde tinha acabrunhado e humilhado ao Vigário de Jesus Cristo, assina o ato de sua abdicação. Ainda que Napoleão, durante o tempo de sua prosperidade, tivesse perseguido a Religião na pessoa de seu Chefe visível, contudo, quando se acalmou nele a ambição, o mesmo pode refletir sobre a vaidade das grandezas humanas, parece que caiu em si e reconheceu seus erros. Pio VII depois de lhe ter perdoado sinceramente, intercedeu perante os ingleses para mitigarem as penas de seu cativeiro; e para despertar sentimentos religiosos no coração daquele filho transviado, enviou-lhe um eclesiástico para o absolver das censuras e para assisti-lo nas coisas da religião. Reconheceu então Napoleão a mão do Senhor que o tinha humilhado e vendo próximo o seu fim, exclamava: “Eu nasci na religião católica, desejo ardentemente cumprir os meus deveres e receber os socorros que ela subministra”. Depois de ter recebido os últimos sacramentos, pronunciou estas palavras: “Estou satisfeito: eu precisava disto; eu não pratiquei a religião no trono, porque o poder transtorna aos homens, porém sempre conservei a fé; eu queria guardá-la em segredo, mas isto era fraqueza; agora desejo glorificar a Deus”. Morreu aos 5 de maio do ano 1821. Atribuía Napoleão sua queda aos ultrajes feitos ao Chefe da Igreja. Ele costumava dizer: “O Papa não tem exércitos; mas é uma potência formidável. Tratai-o como se tivesse atrás de si duzentos mil homens”. Napoleão Bonaparte morreu... e a Santa Igreja Católica continuou... “... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18).
No ano de 1825 subiu ao trono da Rússia Nicolau I, homem digno de elogio sob muitos respeitos. A mania, porém, de constituir-se juiz supremo em matérias religiosas tinha-o induzido a oprimir a seus súditos católicos, cujo número passava de quinze milhões. Começou fazendo crer que de acordo com o Papa, tirava o ensino aos católicos e os obrigava a frequentar as escolas cismáticas; em seguida proibiu aos seus súditos cismáticos fazerem-se católicos, e aos católicos pregar sua religião e professá-la publicamente. Feito isto, pôs-se de acordo com três bispos, que seduzidos por ele, apostataram. Em consequência dessa submissão mandou o imperador que em suas dioceses todos deviam usar os ritos, breviários, missais e práticas religiosas segundo a liturgia do império. Muitos sacerdotes, párocos e bispos se declararam contra semelhante impiedade; porém foram logo depostos, despojados de seus bens, encerrados em horrendos calabouços ou desterrados para a Sibéria, o que equivalia a condená-los à morte pelo frio ou pelos sofrimentos. Embora ficassem privadas as dioceses de seus bispos, o povo permaneceu por algum tempo firme na fé, mesmo no meio das perseguições, de tal sorte que muitos morreram por confessá-la; porém, tendo ficado como ovelhas sem pastor, muitos caíam no cisma; na Rutênia e na Lituânia, prevaricaram miseravelmente uns três milhões. No ano de 1839 festejava-se com solenidade no império russo esta deplorável apostasia, ao passo que os católicos do mundo inteiro choravam tamanha desgraça e rogavam a Deus que se compadecesse da Rússia. Nicolau I morreu... e a Santa Igreja Católica continuou... “... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18).
Esse RESUMO do RESUMO é suficiente para COMPROVAR que a Santa Igreja Católica Apostólica Romana VENCEU os seus perseguidores. Fizeram um GRANDE MAL, mas NÃO CONSEGUIRAM DESTRUIR a Esposa do Deus Eterno. A PERSEGUIÇÃO continua: Os muçulmanos, hindus, comunismo, budismo... matam os católicos... queimados, enforcados, degolados... Os protestantes caluniam a Santa Igreja... Os maçons trabalham secretamente contra a ÚNICA IGREJA... MAS SERÃO DERROTADOS... TODOS SERÃO DERROTADOS... MILHÕES JÁ CAÍRAM POR TERRA... ESSES TAMBÉM CAIRÃO. Durante uma audiência, São Pio X perguntou a um seminarista: “Quantas são as notas da verdadeira Igreja?” – “Quatro, Santo Padre! Uma, santa, católica e apostólica”. – “Somente essas quatro?” – admirou-se o pontífice. Ora, acrescentaria: perseguida, pois está escrito no Evangelho: como me perseguiram a mim, assim hão de perseguir a vós. O católico que não vive o que a Santa Igreja ensina é também perseguidor da mesma: “Três angústias da Igreja: a morte dos mártires, bem amarga; a luta contra os hereges, ainda mais amarga; finalmente os pecados e as ofensas dos católicos, de todas a mais amarga” (São Bernardo de Claraval). Nenhum comedor de feijão vencerá a IGREJA fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo: “Pode ser ferida, mas ela não cai. Quanto mais durarem as perseguições, tanto mais ela se desenvolve. Mas os que a perseguem, e os que ela condena, sucumbem” (Santo Tomás de Aquino).
Pe. Divino Antônio Lopes FP. Anápolis, 30 de agosto de 2011
Bibliografia
Sagrada Escritura Santo Afonso Maria de Ligório, Meditações São João Bosco, História Eclesiástica Edições Theologica M. Hamon, Meditações para todos os dias do ano Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena, Intimidade Divina Dom Rafael Llano C ifuentes, Fortaleza São Bernardo de Claraval, Escritos Alfred Barth, Enciclopédia catequética Santo Tomás de Aquino, Escritos
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