AS TESTEMUNHAS DE CRISTO
(At 1,
8)
"Mas
recebereis uma força, a do Espírito Santo que descerá sobre vós, e
sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e a Samaria,
e até os confins da terra".
A
missão dos Apóstolos estende-se ao mundo inteiro. Para além da
geografia, "está
latente nas palavras do versículo a esperança universalista do
Antigo Testamento, anunciada por Isaías: 'Sucederá em dias futuros
que o monte da casa de Deus será assentado no cume dos montes e se
elevará por cima das colinas. Confluirão a Ele todas as nações, e
acorrerão povos numerosos. E dirão: vinde, subamos ao monte de Deus,
à casa do Deus de Jacó, para que Ele nos ensine os Seus caminhos e
nós sigamos as Suas veredas. Pois de Sião sairá a Lei e de Jerusalém
a palavra de Deus" (Is 2, 2-3)"
(Edições Theologica).
Os
Apóstolos, testemunhas fiéis de Nosso Senhor, não cruzaram os braços
nem deixaram para depois, mas começaram imediatamente a anunciar o
que haviam recebido de Cristo Jesus:
"Pois não podemos, nós,
deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos"
(At 4, 20),
e sob terrível perseguição:
"Decidimos, contudo,
confiados em nosso Deus, anunciar-vos o evangelho de Deus, no meio
de grandes lutas"
(1 Ts 2, 2).
As testemunhas
fiéis do Imaculado Cordeiro, não podem medir esforços nem se
esmorecerem diante das dificuldades que surgirem pelo caminho; mas a
exemplo dos Apóstolos, é preciso perseverar até o fim no trabalho
para a glória do Senhor: "Filho, se te
dedicares a servir ao Senhor, prepara-te para a prova" (Eclo 2, 1),
e: "Não tenhas medo do que irás sofrer"
(Ap 2, 10).
Os Apóstolos
sofreram terríveis perseguições:
"Lançaram
as mãos sobre eles e os recolheram ao cárcere até a manhã seguinte,
pois já era tarde" (At 4, 3), e:
"Chamando-os, pois, ordenaram-lhes que
absolutamente não falassem nem ensinassem mais em nome de Jesus"
(At 4, 18),
e também: "Tomados de inveja, lançaram as
mãos sobre os apóstolos e os recolheram à prisão pública"
(At 5, 18),
e ainda: "Chamaram de novo os apóstolos e
açoitaram-nos com varas. E, depois de intimá-los a que não falassem
mais no nome de Jesus, soltaram-nos. Quanto a eles, saíram do
recinto do Sinédrio regozijando-se, por terem sido achados dignos de
sofrer afrontas pelo Nome" (At 5, 40-41).
Eles não se
intimidaram, mas enfrentaram tudo com coragem, força e alegria:
"Pedro e João responderam: 'Julgai se é
justo, aos olhos de Deus, obedecer mais a vós do que a Deus"
(At 4, 19),
e: "Pedro e os apóstolos, porém,
responderam: 'É preciso obedecer antes a Deus do que aos homens"
(At 5, 29).
Os Apóstolos e
outras testemunhas fiéis derramaram o sangue por amor ao Imaculado
Cordeiro. Derramaram o sangue, mas não abandonaram a Cristo Jesus.
Santo
Estêvão morreu apedrejado: "Eles, porém,
dando grandes gritos, taparam os ouvidos e precipitaram-se à uma
sobre ele. E, arrastando-o para fora da cidade, começaram a
apedrejá-lo" (At 7,
57-58).
São Tiago Menor,
filho de Alfeu, foi apedrejado em Jerusalém por volta do ano 62.
São Tiago Maior:
"Nessa mesma ocasião o rei Herodes começou a
tomar medidas visando a maltratar alguns membros da Igreja. Assim,
mandou matar à espada Tiago, irmão de João" (At 12, 1-2).
São Bartolomeu,
de Caná da Galiléia, foi esfolado vivo.
Santo André,
irmão de São Pedro, morreu crucificado em Patras, na Acaia.
São Filipe de
Betsaida, na Galiléia, morreu mártir na Ásia Menor.
São Tomé morreu
mártir na Índia.
São Mateus morreu
mártir na Etiópia.
São Simão morreu
crucificado.
São Judas Tadeu
morreu mártir em Edessa.
São Pedro morreu
crucificado em Roma.
São João,
provavelmente faleceu em Éfeso no tempo do Imperador Trajano
(98-117). Conforme uma tradição unânime ele viveu em Éfeso em
companhia de Nossa Senhora, e sob o imperador Domiciano foi colocado
dentro de uma caldeira de óleo fervendo, daí saindo ileso e todavia
com a glória de ter dado testemunho.
São Paulo
Apóstolo, foi decapitado em Roma:
"Cada dia
erguia-se mais alto, cada dia mais ardente, e, ameaçado de perigos,
lutava com vigor sempre novo... Assim não se importava com as coisas
visíveis, como se costuma desprezar a erva apodrecida. Tinha por
mosquitos os próprios tiranos e as pessoas ferventes de raiva.
Quanto à morte, aos tormentos e mil suplícios, tinha-os na conta de
brinquedos de crianças, contanto que lhe permitissem sofrer algo por
causa de Cristo" (Das
Homilias de São João Crisóstomo sobre São Paulo Apóstolo).
Nos
três primeiros séculos, milhares de católicos, testemunhas fiéis,
derramaram o sangue por amor a Nosso Senhor:
"Na primeira perseguição contra a Igreja, suscitada pelo Imperador
Nero, depois do incêndio de Roma, no ano 64, muitos fiéis foram
mortos por atrozes tormentos. Deste fato dão testemunho o escritor
pagão Tácito (Annales, 15, 44) e Clemente, bispo de Roma, em sua
Epístola aos Coríntios (cap. 5-6)" (Liturgia das Horas).
São Clemente de
Roma escreve: "Mas deixemos os exemplos
antigos e venhamos aos militantes que viveram mais perto de nós,
sendo nobres exemplos de nossa própria geração.
Por
ciúme e inveja foram perseguidos os que eram as supremas e
digníssimas colunas da Igreja, devendo sustentar seu combate até a
morte" (Carta aos Coríntios, cap. 5),
e: "(Os cristãos) amam a todos e por todos
são perseguidos. São ignorados e, no entanto, condenados; entregues
à morte, dão a vida. Mendigos, enriquecem a muitos; tudo lhes falta
e vivem na abundância. Vilipendiados e no meio dos opróbrios
enchem-se de glória; cobertos de ignomínia, cresce sua reputação;
por isso mesmo obtêm a glória. Destruída sua fama, a justiça dá-lhes
testemunho. Repreendidos, bendizem. Tratados com desprezo, prestam
honra. Ao fazerem o bem, são castigados como maus; punidos,
alegram-se como se revivessem. Os judeus fazem-lhes guerra como a
estrangeiros e os gentios os perseguem; e aqueles que os odeiam não
podem dizer qual a causa da inimizade" (Da Epístola a Diogneto, NN. 5-6:
Funk, 397-401).
Do século quarto
até hoje, são milhares também, aqueles que derramaram o próprio
sangue por amor a Jesus Cristo.
São Paulo Miki e
vinte e cinco companheiros foram crucificados em 1597 no Japão.
São Carlos de
Lwanga e vinte e dois companheiros foram martirizados entre 1886 e
1887 em Uganda.
São centenas de
mártires na Coréia, no Vietnã, na China, etc. São milhares em toda a
História da Igreja.
Foram colocados
apenas esses, para servir de exemplo para os católicos relaxados,
parasitas e "poltroneiros"; para milhões de católicos tão
bonzinhos, mas tão bonzinhos, que não prestam para nada.
Existem também na
Santa Igreja, milhares de santos que não derramaram o sangue por
Cristo, mas foram também testemunhas fiéis, porque perseveraram até
o fim, isto é, não cederam perante os uivos e garras dos lobos:
"... tem o jardim do Senhor não apenas rosas
dos mártires; tem também lírios das virgens, heras dos casados,
violetas das viúvas..." (Dos Sermões de Santo Agostinho).
Contemplemos a
vida dos santos, bebamos de seus exemplos, imitemo-los na fortaleza
e no amor a Deus, sejamos também testemunhas fiéis de Cristo Jesus,
Inocente Cordeiro.
Sejamos
testemunhas fiéis de Nosso Senhor, sendo luz no meio desse mundo
mergulhado no paganismo. Lembremo-nos continuamente de que o
ambiente onde as trevas estão reinando é que precisa ser iluminado:
"Sê exigente contigo! Tu - cavalheiro
cristão, mulher cristã - deves ser sal da terra e luz do mundo,
porque tens obrigação de dar exemplo com uma santa desvergonha"
(São Josemaría Escrivá, Forja,
n. 450), e:
"Os cristãos devem iluminar o ambiente em
que vivem e trabalham. Não se compreende um discípulo de Cristo sem
luz: seria como uma lâmpada colocada debaixo de um vaso ou da cama"
(Pe. Francisco
Fernández-Carvajal).
Milhões de
católicos, amantes da preguiça e do comodismo, não fazem nenhum
esforço para buscarem a santidade, isto é, para brilharem no
ambiente onde vivem; esses preferem viver enfumaçados pelos vícios a
brilharem com o exemplo.
O que dizer desse
tipo de católico? "Não se salva contudo,
embora incorporado à Igreja, aquele que, não perseverando na
caridade, permanece no seio da Igreja 'com o corpo', mas não 'com o
coração" (Lumen Gentium,
39).
Sejamos
testemunhas fiéis de Cristo Jesus, pregando a Sua Santa Palavra sem
medo: "Cada cristão deve dar testemunho -
não só com o exemplo, mas também com a palavra - da mensagem
evangélica" (Pe.
Francisco Fernández-Carvajal).
Milhões de
católicos não conhecem a Palavra de Deus, não querem conhecê-la e
perseguem terrivelmente os que a pregam.
Esses trabalham
corajosamente e empregam os seus bens materiais para exaltar o mundo
e suas máximas, e para que Satanás triunfe nas almas.
Se cada católico
seguisse o exemplo dos primeiros cristãos, como o mundo seria
diferente! "E cada dia, no Templo e pelas
casas, não cessavam de ensinar e de anunciar a Boa Nova do Cristo
Jesus" (At 5, 42). Se cada católico, batizado e
crismado, se preocupasse com o bem das almas, tudo seria diferente:
"Nada mais frio do que um cristão que não se
preocupa com a salvação dos outros" (São João Crisóstomo).
Hoje não existe
mais Herodes, Nero, Antonino Pio, etc., para mandar matar os
católicos; mas existe a "Imperatriz Preguiça" e o "Imperador
Comodismo", que lançam o católico frouxo e relaxado na "prisão"
da "poltronice", fazendo-o morrer devorado pelo "verme"
do indiferentismo. Esse tipo de católico é um horror para a Santa
Igreja.
Sejamos
testemunhas fiéis do Imaculado Cordeiro, vivendo a fé sem respeito
humano e defendendo a Santa Doutrina Católica.
Disse Cristo
Jesus: "Aquele, porém, que me renegar diante
dos homens, também o renegarei diante de meu Pai que está nos Céus"
(Mt 10, 33).
Como é triste e
vergonhoso renegar o Senhor que morreu na cruz para nos salvar, e
exaltar o mundo inimigo de Deus e do Santo Evangelho.
O que dizer desse
católico que sente vergonha da Luz Eterna? Desse católico que abaixa
a cabeça quando alguém zomba de Cristo e da Santa Igreja? É
lamentável que a Igreja esteja cheia desse tipo de gente:
"Recuar diante do inimigo, ou calar-se,
quando de toda parte se ergue tanto alarido contra a verdade, é
próprio de homem covarde ou de quem vacila no fundamento de sua
crença. Qualquer destas coisas é vergonhosa em si; é injuriosa a
Deus; é incompatível com a salvação tanto dos indivíduos, como da
sociedade e só é vantajosa aos inimigos da fé" (Leão XIII, "Sapientiae christianae",
18), e:
"Ostentar o nome de cristão e ser covarde
são coisas incompatíveis: ou se deixa de ser cristão ou se deixa de
ser covarde" (Dom
Rafael Llano Cifuentes, Fortaleza).
Hoje, mais do que
nunca, com tantas seitas, frieza e paganismo, é preciso que o
católico seja testemunha fiel de Nosso Senhor, enfrentando todos os
obstáculos com coragem e fé:
"O cristão
nasceu para a luta, e quanto mais encarniçada se apresenta, tanto
mais segura há de ser a vitória com o auxílio de Deus" (Leão XIII, "Sapientiae christianae,
19).
Os católicos da
Igreja Primitiva:
Morriam
estraçalhados pelos dentes das feras. Hoje, infelizmente, milhões
não têm coragem de fazer um pequeno jejum para domar a carne.
Eram queimados
vivos. Os católicos de hoje não são capazes de cobrir bem o corpo
nem para receber a Santíssima Eucaristia.
Sofriam
terrivelmente, porque eram arrastados de cidade em cidade e de
tribunais em tribunais. Hoje, os católicos nem sequer atravessam a
rua para evangelizar uma pessoa que necessidade de um apoio.
Passavam semanas
e semanas nas prisões, sofrendo todo tipo de humilhações. Milhões de
fiéis hoje, não suportam ficar uma hora diante do Santíssimo
Sacramento.
Eram ameaçados de
morte continuamente, mas permaneciam firmes na fé. Hoje, qualquer
contrariedade faz o católico abandonar Cristo Jesus e a Santa
Igreja.
Sejamos
testemunhas fortes e fiéis do Rei dos mártires:
"Em muitas perseguições, muitos martírios.
Diariamente és testemunha de Cristo. És tentado com o espírito da
luxúria, mas temendo o futuro juízo de Cristo, julgaste não dever
profanar a pureza da mente e do corpo: és mártir de Cristo. És
tentado pelo espírito de avareza a invadir a propriedade do pequeno,
a violar o direito da viúva indefesa; no entanto, pela contemplação
dos preceitos celestes, preferiste prestar auxílio em vez de
praticar a injustiça: és testemunha de Cristo. Enfim, Cristo quer
assistir tais testemunhas, segundo está escrito: 'Julgai o órfão e
fazei justiça à viúva, e vinde, discutamos, diz o Senhor'. És
tentado pelo espírito de soberba, mas ao ver o desamparado e o
indigente, com bom coração te compadeceste, amaste mais a humildade
do que a arrogância: és testemunha de Cristo. E o que é ainda maior,
não deste testemunho só com palavras, mas com atos. Que testemunha
será mais digna de crédito do que 'quem confessa ter o Senhor Jesus
vindo na carne', e guarda os preceitos do Evangelho? Pois quem ouve
e não faz, nega a Cristo; embora afirme pela palavra, nega com os
atos. A quantos disserem: 'Senhor, Senhor, acaso não profetizamos em
teu nome e expulsamos demônios e fizemos muitos milagres?' Naquele
dia responderá: 'Afastai-vos de mim, todos os que praticam a
iniquidade'. É, por conseguinte, testemunha quem, com a garantia dos
atos, dá testemunho dos preceitos do Senhor Jesus. Quantos então são
diariamente, em segredo, mártires de Cristo e confessam Jesus como
Senhor! Conhecia este martírio e testemunho fiel de Cristo o
Apóstolo que disse: 'É esta a nossa glória e o testemunho de nossa
consciência" (Santo Ambrósio).
Sejamos
testemunhas fiéis do Senhor! Sejamos luzes e não trevas, sal e não
lama, perfeitos e não medíocres, sedentos das coisas do alto e não
das da terra e imitadores de Cristo e não do mundo inimigo da
santidade.
Sejamos
testemunhas fiéis de Cristo Jesus! Enfrentemos todos os obstáculos e
dificuldades com valentia e força por amor a Nosso Senhor, que
morreu na cruz para nos salvar e que um dia nos julgará:
"Não temais os que matam o corpo, mas não
podem matar a alma. Temei antes aquele que pode destruir a alma e o
corpo na geena" (Mt 10,
28).
Pe. Divino
Antônio Lopes FP.
Anápolis, 29 de
abril de 2007
Veja também:
Nenhum inimigo destruirá a Esposa do Cordeiro
Sê
corajoso!
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