“CURIOSIDADES” SOBRE O INFERNO (Mt 8, 12)
“... onde haverá choro e ranger de dentes”.
Milhões de católicos buscam desesperadamente um catolicismo onde não menciona a palavra Inferno. Não adianta querer fugir dessa terrível verdade: “O inferno existe! Esta verdade gravou-a Deus profundamente na alma de cada um dos homens. Em vão trabalhará o ateu por apagá-la de sua consciência, por sufocá-la com sofismas e por afogá-la em vícios” (Pe. Alexandrino Monteiro, Raios de luz). Os condenados ao inferno são atormentados por verem os bem-aventurados felizes. Conhecer a alegria dos santos é dor para os réus do inferno. Os condenados aguardam com temor o dia do juízo final. Sabem que então seus sofrimentos aumentarão. No juízo final a alma retornará ao corpo. Para os bem-aventurados será um corpo de glória; para os condenados, um corpo para sempre obscurecido. Os condenados sentirão grande vergonha diante de Jesus Cristo. Também diante dos santos. O remorso martirizará a profundidade do seu ser, a alma; mas também o corpo. Acusá-los-ão: o sangue de Cristo, por eles derramado; as obras de misericórdia, espirituais e corporais; o bem que eles mesmos deveriam ter praticado em benefício dos outros. Os condenados sofrerão pena eterna em seus corpos, usados para o pecado. Ao se verem privados de tamanha beleza (corpos dos santos), os habitantes das trevas verão surgirem nos próprios corpos os sinais dos pecados e terão maiores tormentos e confusão. Ao soar aquela terrível sentença: “Ide, malditos, para o fogo eterno” (Mt 25, 41), suas almas e corpos encaminhar-se-ão para a companhia dos demônios, sem mais remédio nem esperança. Os demônios são encarregados por Deus de atormentar os condenados ao inferno. No juízo final os condenados olharão para o Juiz com vista obscurecida e horrível, como lhes é próprio. Os condenados verão a Cristo ressuscitado em escuridão, na confusão e no ódio, por causa da própria cegueira. Grande é o ódio dos condenados, pois já não amam o bem. Os condenados ao inferno não podem fazer o bem; eles só blasfemam contra Deus, uma vez que suas vidas acabaram no ódio a todo bem. O maior tormento do inferno é a pena de dano ou da privação da visão de Deus, perda irreparável. O inferno é o lugar de tormentos, onde todos os sentidos e todas as faculdades do condenado hão de ter o seu castigo próprio, e onde aquele sentido que mais tiver servido para ofender a Deus mais acentuadamente será atormentado. Os olhos padecerão o tormento das trevas; o inferno é uma prisão fechada por completa e escura, onde nunca penetrará raio de sol nem qualquer outra luz; haverá ali apenas a claridade precisa para aumentar os tormentos. Uma sinistra claridade que permite ver a fealdade dos condenados e dos demônios, assim como o aspecto horrendo que estes tomarão para causarem mais horror. O olfato (cheiro) padecerá o seu tormento próprio; o condenado deve ficar sempre entre milhões de condenados, vivos para a pena, mas cadáveres hediondos quanto à pestilência que exalam; se o corpo de um condenado saísse do inferno, bastaria ele só para produzir uma infecção em consequência da qual morreriam todos os homens do mundo; quanto maior for o número de condenados no inferno, tanto maiores serão os sofrimentos de cada um. A companhia de outros condenados não alivia; antes aumenta a desgraça geral. Muito mais sofrerão, sem dúvida, pela fetidez asquerosa, pelos gritos daquela multidão desesperada, e pelo aperto em que se acharão amontoados e comprimidos os condenados, à semelhança de ovelhas em tempo de inverno. Os condenados padecerão o tormento da imobilidade. Da maneira como o condenado cair no inferno, assim há de permanecer imóvel, sem que lhe seja dado mudar de posição, nem mexer mão nem pé, enquanto Deus for Deus. O ouvido será atormentado com os contínuos gritos aflitivos daqueles pobres desesperados, e pelo barulho horroroso que, sem cessar, os demônios provocam. Infelizes condenados que são obrigados a ouvir, por toda a eternidade, os gritos pavorosos de todos os condenados. A gula será castigada com a fome devoradora. Entretanto, não haverá ali nem uma migalha de pão. O condenado sofrerá sede abrasadora que não se apagaria com toda a água do mar. Mas não se lhe dará uma só gota. Uma só gota d’água pedia o rico avarento e não a obteve, nem a obterá jamais. A pena do sentido que mais atormenta os condenados é o fogo do inferno. O condenado estará dentro das chamas do inferno, envolto por elas, como um pedaço de lenha numa fornalha. O condenado terá um abismo de fogo debaixo de seus pés, imensas massas de fogo sobre sua cabeça e ao derredor de si. Quando abrir os olhos, apalpar ou respirar; fogo há de respirar, apalpar e ver. Estará submerso em fogo como o peixe na água. As chamas do inferno não cercarão apenas o condenado, mas penetrarão nele, em suas próprias entranhas para atormentá-las. Todo o corpo será pura chama: arderá o coração no peito, as vísceras no ventre, o cérebro na cabeça, nas veias o sangue, as medulas nos ossos. Cada condenado converter-se-á numa fornalha ardente. As trevas, a infecção, o pranto e as chamas não constituem a essência do inferno. O verdadeiro inferno é a pena de ter perdido a Deus! Se, ao ouvir os gemidos da alma de um condenado, lhe perguntássemos a causa de tamanha dor, que sentiria ela ao dizer-nos: Choro porque perdi a Deus e nunca mais o tornarei a ver. No inferno não se pode amar a Deus, porque se fosse possível, o inferno deixaria de ser inferno. No inferno, o condenado odiará a Deus para sempre. O condenado odiará e amaldiçoará a Deus para sempre. O inferno é eterno. Se o inferno não fosse eterno não seria inferno. Aquele que entrar uma vez no inferno jamais sairá de lá. Apenas um condenado cai naquele poço de tormentos, fecha-se sobre ele a entrada para nunca mais se abrir. No inferno só há porta para entrar e não para sair. No inferno não há esperança, nem certa nem provável; não há até um quem sabe? O desgraçado condenado verá sempre diante de si a sentença que o obriga a gemer perpetuamente nesse cárcere de sofrimentos. O condenado não sofre somente a pena de cada instante, mas a cada instante a pena da eternidade. Gemem os condenados sob o peso da eternidade. No inferno, o pecador é incapaz de se arrepender. E ainda que Deus quisesse perdoar ao condenado, este não aceitaria a reconciliação, porque sua vontade obstinada e rebelde está confirmada no ódio contra Deus. Os condenados não se humilharão; pelo contrário, crescerá neles a perseverança no ódio. Nos condenados, o desejo de pecar é insaciável. A ferida de tais desgraçados é incurável; porque eles mesmos recusam a cura. No inferno, o que mais se deseja é a morte. Assim como, ao pastar, os rebanhos comem apenas as pontas das ervas e deixam a raiz, assim a morte devora os condenados, mata-os a cada instante e conserva-lhes a vida para continuar a atormentá-los com o castigo eterno. O condenado ao inferno morre continuamente sem morrer nunca. O condenado não terá quem dele se compadeça. Estará sempre a morrer de angústia e não encontrará compaixão. Os condenados ao inferno gritam na prisão infernal, mas ninguém acode a libertá-los, ninguém deles se compadecerá jamais. E quanto tempo durará tão triste estado? Sempre! Sempre! Se um anjo fosse dizer a um condenado ao inferno: Sairás do inferno quando se tiverem passado tantos séculos quantas gotas houver de água na terra, folhas nas árvores e areia no mar, o condenado se alegraria tanto como um mendigo que recebesse a boa notícia de que ia ser rei. Com efeito, passarão todos esses milhões de séculos e outros inumeráveis a seguir, e, contudo, o tempo de duração do inferno estará sempre no seu começo. Este verme que não morre significa o remorso da consciência dos condenados, o qual há de atormentá-los eternamente no inferno. Muitos serão os remorsos com que a consciência roerá o coração dos condenados ao inferno. Há três remorsos que principalmente atormentarão os condenados ao inferno: o pensar no nada das coisas pelo qual se condenou, no pouco que tinha a fazer para salvar-se e no grande Bem que perdeu. Os condenados soltarão gemidos e clamores ao ponderar que, por prazeres momentâneos e envenenados, perderam um reino eterno de felicidade, e se vêem condenados para sempre a contínua e interminável morte! O condenado ao inferno sofrerá muito ao recordar-se da causa de sua ruína. O principal remorso dos condenados será a consideração de que se perderam por verdadeiros nadas, e que podiam ter alcançado facilmente, se o quisessem, o prêmio da glória. O segundo remorso da consciência do condenado consistirá, portanto, no pensar quão pouco cumpria fazer para salvar-se. Mergulhado nas chamas do inferno, o condenado dirá: Se me tivesse mortificado para não olhar aquele objeto, se tivesse vencido o respeito humano ou tal amizade, não me teria condenado. Se me tivesse confessado todas as semanas, se tivesse frequentado as associações piedosas, se tivesse feito todos os dias leitura espiritual e se me tivesse recomendado a Jesus e a Maria, não teria recaído em minhas culpas. Muitas vezes, resolvi fazer tudo isso, mas, infelizmente não perseverei. Iniciava a prática do bem, mas, em breve, desprezava o caminho começado. Por isso, me perdi. O condenado, porém, deverá reconhecer que, no estado em que se acha, já não há remédio. Como espadas agudas atuarão sobre o coração do condenado as recordações de todas as graças que recebeu, quando vir que já não é possível reparar a ruína eterna. Considerar o grande Bem que perderam, será o terceiro remorso dos condenados, cuja pena, será mais grave pela privação da glória do que pelos próprios tormentos do inferno. Maior aflição, entretanto, sentirá o condenado ao reconhecer que perdeu a glória e o Sumo Bem, que é Deus, não por acidentes de má sorte nem pela malevolência de outros, mas por sua própria culpa. Verá que foi criado para o céu, e que Deus lhe permitiu escolher livremente a vida ou a morte eterna. Verá que teve em sua mão faculdade de tornar-se, para sempre, feliz e que, apesar disso, quis lançar-se, por sua livre vontade, naquele abismo de suplício, donde nunca mais poderá sair, e do qual ninguém o livrará. Um dos tormentos do inferno é a contínua escuridão, um terrível cheiro sufocante, e embora haja escuridão, os demônios e as almas condenadas vêem-se mutuamente, e vêem todo o mal dos outros e o seu. Existem, no inferno, terríveis prisões subterrâneas, abismos de castigo, onde um tormento distingue-se do outro. O pecador será atormentado com o sentido que pecou, por toda a eternidade.
Pe. Divino Antônio Lopes FP. Anápolis, 08 de janeiro de 2013
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