O ESPÍRITO SANTO E A SUA AÇÃO

(At 2, 4)

 

“E todos ficaram repletos do Espírito Santo”.

 

I. O Espírito Santo desceu sobre os apóstolos

 

Os apóstolos e os discípulos foram ILUMINADOS pelo Espírito Santo (At 2, 1-4). Ele lhes ensinou e recordou tudo quanto Jesus Cristo lhes havia dito; sugeriu-lhes as palavras certas para anunciarem a mensagem do seu Senhor perante judeus e gentios.

Os apóstolos e os discípulos foram FORTIFICADOS pelo Espírito Santo. Ele expeliu de seus corações a pusilanimidade e o respeito  humano, consolou-os no tempo da perseguição e os armou de paciência no sofrimento. Deu-lhes a força de entregarem até a própria vida pela fé.

Os apóstolos e os discípulos foram SANTIFICADOS pelo Espírito Santo. Este se estabeleceu, com seus dons e graças, em seu coração, para nele permanecer para sempre.

Já no Antigo Testamento o Espírito Santo havia descido sobre os patriarcas e profetas. Mas no dia de Pentecostes foi derramada a PLENITUDE do ESPÍRITO SANTO sobre os apóstolos e os discípulos. Cumpriu-se então a palavra do profeta: Nos últimos dias hei de derramar o meu espírito sobre toda carne (At 2, 17).

 

II. O Espírito Santo é Deus como o Pai e o Filho

 

O Espírito Santo que desceu sobre os apóstolos e os discípulos no dia de Pentecostes, é VERDADEIRO DEUS como o Pai e o Filho. Por isso, é adorado e glorificado do mesmo modo que o Pai e o Filho.

O Espírito Santo procede desde toda a eternidade do Pai e do Filho; é a terceira Pessoa divina. O Pai e o Filho amam-se mutuamente com amor infinito; o Espírito Santo é a chama viva deste amor entre o Pai e o Filho.

O Pai e o Filho nos ENVIARAM o Espírito Santo, afim de que ele nos una ao Pai e ao Filho, e acenda em nós o fogo do amor divino.

 

III. O Espírito Santo age na Igreja de diversas maneiras

 

São Leão Magno escreve: “Alegremo-nos em honra do Espírito Santo que santifica toda a Igreja Católica, e enche cada uma das almas, que infunde a fé e ensina a sabedoria, que é a fonte do amor, o selo da castidade e a causa primeira de qualquer virtude”.

O Espírito Santo permanece constantemente na Igreja e nela age. Ilumina-a, afim de que nunca desvie da verdade; santifica-a, cumulando-a sem cessar de graças; através de todas as perseguições e de todos os perigos a conduz ao seu destino eterno.

O Espírito Santo concede a cada um de nós suas graças e dons. Torna-nos filhos de Deus e nos ajuda a vivermos como tais. Derrama nos nossos corações o amor de Deus e dá-nos os seus sete dons: sabedoria e entendimento, conselho e fortaleza, ciência e piedade, e o dom do temor de Deus (cfr Is 11, 2).

Para tarefas especiais, o Espírito Santo concede graças especiais. Ele faz com que os pastores e mestres da Igreja Católica possam desempenhar devidamente a sua missão; fortifica os mártires e os confessores, para que professem com firmeza a sua fé. Enche com o seu amor a todos os que labutam na cura de almas ou no cuidado dos doentes.

Às vezes o Espírito Santo concede também graças extraordinárias, como o dom de ler nos corações ou de fazer milagres.

Todo dom interior, sobrenatural, que Deus nos dá para a nossa salvação eterna, chama-se graça. Foi Jesus Cristo quem nos mereceu todas as graças; Ele no-las comunica pelo Espírito Santo.

Sem a graça não podemos conseguir a nossa salvação. Nenhuma criatura pode, apenas com suas próprias forças, contemplar a Deus, e nem mesmo fazer a mínima coisa que seja para alcançar tão alto destino. A graça nos é necessária para podermos crer, viver como filhos de Deus e chegar ao céu.

 

IV. O Espírito Santo nos ilumina e fortalece

 

O Espírito Santo nos ILUMINA. Abre-nos o coração para que creiamos na verdade divina e conheçamos a santa vontade de Deus.

O Espírito Santo nos FORTALECE. Move o nosso coração para que vivamos de acordo com a nossa fé e cumpramos a vontade de Deus. Dá-nos gosto e força para a prática do bem, fortalece-nos na tentação e nos enche de horror pelo mal... consola-nos na dor e nos ajuda a permanecermos fiéis até a morte.

Com tais graças ajuda-nos Deus a conseguirmos o nosso destino eterno. Por isso, chamam-se graças auxiliares, ou, mais comumente, atuais. Sem elas não podemos iniciar, prosseguir ou levar a termo sequer a mínima coisa que sirva para a nossa salvação: “É Deus que em vós opera o querer e o realizar” (Fl 2, 13). Por isso devemos implorar frequentemente a graça divina.

Deus dá a cada homem ao menos a graça suficiente para se salvar: “Deus quer que todos os homens se salvem” (1 Tm 2, 4). Ninguém se perde eternamente sem grave culpa de sua parte.

Deus não dá graças iguais a todos os homens. Leva-nos por caminhos diversos à nossa meta eterna. Deus também não dá a todos os homens a mesma medida de graças. Assim, por exemplo, Deus nos dará a sua graça em maior abundância se formos assíduos à oração, recebermos os sacramentos e nos deixarmos guiar pela sua graça. Também em tempo de necessidade, Deus nos dá a sua graça com particular abundância.

A graça de Deus só nos serve para a salvação se cooperarmos com ela. Mesmo nas coisas pequenas, devemos ser prontos em seguir as inspirações divinas.

Deus não nos violenta com a sua graça. Por isso, é possível resistir à graça. Neste caso, a graça não nos serve para a salvação, mas por nossa culpa: “Exortamo-nos a que não recebais em vão a graça de Deus” (2 Cor 6, 1).

 

V. O Espírito Santo nos santifica

 

Pelo Espírito Santo nos é dado participar da vida do Deus infinitamente santo. Deste modo tornamo-nos filhos de Deus, irmãos de Cristo e herdeiros da vida eterna. Este magnífico dom chama-se vida da graça. A vida da graça sobrepuja de muito qualquer vida natural; por isso, recebe também o nome de vida sobrenatural.

No coração dos filhos de Deus habita o Espírito Santo. Ele é o sopro da vida eterna; é o penhor vivo de que um dia viveremos eternamente junto ao Pai.

Como o Espírito Santo, também o Pai e o Filho habitam em nós. Jesus Cristo diz: “Viremos a ele e nele estabeleceremos morada” (Jo 14, 23). Por isso São Paulo nos admoesta: “Não sabeis que sois um templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1 Cor 3, 16).

Pela vida da graça ficamos na mais íntima união com Deus nosso Senhor, fonte de todas as graças; ficamos, por isso, santificados. Por este motivo a vida da graça é também chamada graça santificante.

“Se vivemos no Espírito, também andemos no Espírito” (Gl 5, 25). Se somos filhos de Deus, como tais devemos também viver: devemos amar a Deus, glorificá-lO, receber os sacramentos e cumprir a santa vontade do nosso Pai. Então estaremos crescendo em graça e produziremos abundantes frutos para a vida eterna.

 

VOLTAI, Ó NAÇÕES, AO ESPÍRITO SANTO!

 

Se é coisa manifesta que o mundo, dia por dia, se subtrai cada vez mais da influência do Espírito Santo, não é menos evidente que cai, em proporção análoga, sob o império do espírito maligno, condenando-se a todas as consequências de sua culpável infidelidade.

O passado é a história do futuro. Apesar das profecias tranquilisadoras dos falsos profetas, as nações atuais têm o pressentimento do que lhes está reservado: têm medo. Este sentimento indefinível, desconhecido em épocas regularmente constituídas, forma um dos característicos da nossa.

E por que é que temem? Porque o instinto de conservação os adverte de que já não são regidas pelo Espírito da verdade, da justiça e da caridade, sem o qual não há ordem possível, nem sociedade duradoura, nem segurança para ninguém. Não são vãos tais temores. Para as nações, como para os indivíduos, entre a cidade do bem e a do mal, entre Jesus Cristo e o Demônio, não há meio nenhum.

Ora, voltando Satanás ao mundo, digam o que quiserem os seus apologistas, virá tal qual é, tem sido e será, o ódio. Que ele consiga transpor-lhe os limites, que se veja desembaraçado da resistente camisa de força que se chama catolicismo e veremos logo o que fará. Conjunto de orgulho e crueldade, de mentira e sensualidade, fará amanhã o que fez em todos os tempos em que foi deus e rei, o que continua fazendo em todas as nações submetidas ainda a seu tirânico império. A guerra há de estender-se a todas as partes, o solo há de cobrir-se de viúvas, correrão rios de lágrimas e sangue. A espécie humana envilecida (desprezível) sofrerá ultrajes desconhecidos na história, castigo condigno da sua rebelião contra o Espírito Santo.

Não fazendo Deus um milagre, tal é, não há negá-lo, o enorme abismo para onde caminhamos. Como será possível pararmos na descida? Correndo atrás dos meios de sabedoria humana? Não e mil vezes não. O mundo infiel ao Espírito Santo não se salvará nem pela filosofia, nem pela democracia, nem pelo ouro, nem pela indústria, nem pelas artes, nem pela agiotagem, nem pelo vapor, nem pela eletricidade, nem pelo luxo, nem pelos discursos, nem com baionetas, nem com canhões, nem com belonaves, nem com fortalezas voadoras. Então, como se salvará? A resposta é fácil. O mundo atual, perdido como o antigo, por se ter entregue ao espírito do mal, não se salvará se não se entregar ao Espírito do bem.

O filho pródigo não encontra vida senão voltando ao pai.

 

Oração

 

Ó Espírito Santo, Divino Espírito de luz e de amor, eu vos consagro a minha inteligência, o meu coração e a minha vontade, todo o meu ser, no tempo e na eternidade. Que a minha inteligência seja sempre dócil às vossas celestes inspirações e à doutrina da Santa Igreja Católica, de quem sois guia inefável. Que o meu coração esteja sempre inflamado de amor a Deus e ao próximo. Que a minha vontade seja sempre conforme à vontade divina, e que toda a minha vida seja uma imitação fiel da vida e das virtudes de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, a quem com o Pai e convosco, sejam dadas honra e glória para sempre. Amém.

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)

Anápolis, 20 de junho de 2014

 

 

Bibliografia

 

Sagrada Escritura

São Leão Magno, Escritos

Catecismo Católico, ano de 1957

São Pio X, Escritos

Pe. João Batista Lehmann, Euntes... Praedicate!

 

 

 

 

Este texto não pode ser reproduzido sob nenhuma forma; por fotocópia ou outro meio qualquer sem autorização por escrito do autor Pe. Divino Antônio Lopes FP.
Depois de autorizado, é preciso citar:
Pe. Divino Antônio Lopes FP. “O Espírito Santo e a sua ação”

www.filhosdapaixao.org.br/escritos/comentarios/escrituras/escritura_0452.htm