ESPÍRITO SANTO: DOCE HÓSPEDE DA ALMA (At 19, 6)
“E quando Paulo lhes impôs as mãos, o Espírito Santo veio sobre eles...”
Esta passagem menciona o rito da imposição das mãos, diferente do Batismo, com já o tinha feito em At 8, 14-17, pelo qual se recebe o ESPÍRITO SANTO. Trata-se do sacramento que mais tarde se chamará Confirmação e que vemos praticado, desde os começos da Igreja, como um dos sacramentos da iniciação cristã. Referindo-se à Confirmação, São João Paulo II dizia: “O dom de Cristo, o Espírito Santo, será derramado sobre vós de maneira particular. Escutareis as palavras da Igreja que serão pronunciadas sobre vós, para invocar o Espírito Santo a fim de que confirme a vossa fé, vos acolha no Seu amor, vos revigore para o Seu serviço. Assumireis então o vosso posto entre os vossos irmãos cristãos de todo o mundo, como cidadãos de pleno direito do Povo de Deus. Sereis testemunhas da verdade do Evangelho no nome de Jesus Cristo. A vossa fé será tal que santifique toda a vida humana. Juntamente com todos os que foram confirmados, tornar-vos-eis pedras vivas da catedral da paz. Sois verdadeiramente chamados por Deus a ser instrumentos de paz. Hoje deveis compreender que não estais sozinhos. Somos um só corpo, um só povo, uma só Igreja de Cristo. Naquele primeiro Pentecostes o Salvador deu aos Apóstolos o poder de perdoar os pecados quando derramou nos corações deles e dom do Espírito Santo. O mesmo Espírito Santo vem hoje a vós no Sacramento da Crisma, para vos inserir de modo mais completo na luta da Igreja contra o pecado e na sua missão de promover a santidade. Vem para permanecer mais plenamente nos vossos corações e para vos revigorar na luta contra o mal... o mundo precisa de vós, porque tem necessidade de homens e mulheres repletos do Espírito Santo. Precisa da vossa coragem e da vossa esperança, da vossa fé e da vossa perseverança. O mundo de amanhã será construído por vós. Recebeis hoje o dom do Espírito Santo a fim de poderdes atuar com fé profunda e caridade constante, e contribuir para levar ao mundo os frutos da reconciliação e da paz. Revigorados pelo Espírito Santo e pelos seus múltiplos dons, empenhai-vos com todo o coração na luta da Igreja contra o pecado. Esforçai-vos por ser desinteressados; esforçai-vos por não serdes seduzidos pelas coisas materiais”.
O ESPÍRITO SANTO NÃO PODE SER DADO A QUEM NÃO VIVE NO AMOR
Em virtude do batismo de Cristo, o ESPÍRITO SANTO – terceira Pessoa da Santíssima Trindade, em tudo igual ao Pai e ao Filho, Espírito de amor procedente do Pai e do Filho, Espírito que vivifica e guia a vida do Salvador – desce sobre a Igreja e sobre cada fiel, vivifica a Igreja inteira e cada membro dela em particular. “Único e idêntico”, em Cristo, na Igreja e nos fiéis, é o ESPÍRITO SANTO o princípio vital e santificador da Igreja. Por Ele a Igreja e, portanto, cada fiel vive em Cristo e de Cristo. Quem pertence a Cristo tem o Espírito de Cristo, diz São Paulo em Romanos 8, 9. “Se me amardes, observareis meus mandamentos. E eu pedirei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito, que ficará convosco para sempre, o Espírito da verdade” (Jo 14, 15-17). Ao prometer aos discípulos o ESPÍRITO SANTO, pede-lhes Jesus uma só condição: o amor autêntico que se prova pelas obras e pelo generoso cumprimento da vontade divina. O ESPÍRITO SANTO, Espírito de amor, não pode ser dado a quem não vive no amor. Mas para quem vive no amor e, portanto, na graça, o ESPÍRITO SANTO é assegurado pela promessa infalível e pela oração onipotente de Jesus Cristo. Não se trata de dom passageiro, restringido ao momento em que se recebem os sacramentos ou, de qualquer forma, limitado a certo tempo, mas de dom estável, permanente: é o ESPÍRITO SANTO enviado para “ficar” conosco sempre. O DIVINO PARÁCLITO “permanece” no fiel em estado de graça: “nos corações (dos fiéis) habita o ESPÍRITO SANTO como num templo” – afirma o Concílio Vaticano II. É “o doce Hóspede da alma” (Sequência) e quanto mais a alma cresce em graça e amor, tanto mais se compraz o ESPÍRITO SANTO em habitar nela e em trabalhar para santificá-la. Está o ESPÍRITO SANTO no homem para formá-lo à imagem de Cristo, para solicitá-lo ao cumprimento da vontade de Deus, para sustentá-lo na luta contra o mal e na prática do bem: “Vem o Espírito Santo em auxílio da nossa fraqueza” (Rm 8, 26) e, fazendo sua a nossa causa, “intercede com insistência por nós” (Idem.) junto ao Pai. Se tem os batizados tão poderoso Advogado, tão válido apoio, por que são tão raros os que chegam à santidade? É o tremendo mistério da liberdade do homem e, ao mesmo tempo, de sua responsabilidade! Deus, que criou o homem livre, não o santifica contra sua vontade. Se o católico não se santifica é unicamente porque não deixa em si livre campo à AÇÃO do ESPÍRITO SANTO, mas a impede com os pecados, com sua falta de docilidade e de generosidade. Se usasse a liberdade para abrir-se totalmente à invasão do DIVINO PARÁCLITO, para submeter-se em tudo ao seu influxo. Ele o tomaria sob sua direção e o santificaria. Cumpre, portanto, rezar com a Igreja: “Vinde, Espírito Santo, lavai o que é impuro, regai o que é árido... dobrai o que é rígido, aquecei o que é frio” (Sequência).
Oração
Ó Santo Espírito Paráclito, aperfeiçoai em nós a obra iniciada por Jesus Cristo! Tornai forte e contínua a oração que fazemos em nome do mundo inteiro. Apressai para cada um de nós os tempos de profunda vida interior. Dai vigor ao nosso apostolado que quer alcançar todos os homens e todos os povos, todos remidos pelo Sangue de Cristo e, todos, herança sua. Mortificai em nós a natural presunção, e elevai-nos às regiões da santa humildade, do verdadeiro temor de Deus e da generosa coragem. Que nenhum vínculo terreno impeça-nos de honrar nossa vocação. Por negligência nossa, nenhum interesse prejudique as exigências da justiça. Ninguém queira reduzir os espaços imensos da caridade aos estreitos limites dos pequenos egoísmos. Tudo seja grande em nós! A busca e o culto da verdade, a prontidão ao sacrifício até a cruz e à morte, tudo enfim corresponda à última oração do Filho ao Pai celeste e àquela efusão que de vós, ó Santo Espírito de amor, o Pai e o Filho quiseram que descesse sobre a Igreja e sobre suas instituições, sobre cada alma e sobre os povos. Amém.
Pe. Divino Antônio Lopes FP (C) Anápolis, 01 de julho de 2014
Bibliografia
Sagrada Escritura Concílio Vaticano II Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena, Intimidade Divina São João XXIII, Escritos Edições Theologica Pe. Lorenzo Turrado, Bíblia comentada Pe. Juan Leal, A Sagrada Escritura São João Paulo II, Homilia aeroporto Conventry, 30 de maio de 1982
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