O AMOR SEJA SINCERO

(Rm 12, 9)

 

“O amor seja sincero”.

 

A verdadeira caridade manifesta-se de formas muito diversas, de acordo com as necessidades e as possibilidades de cada um; sempre se há de distinguir por buscar o bem e fugir do mal.

O amor de Deus causa em nós, junto à alegria interior, uma grande fortaleza e tenaz perseverança. Como consequência, “sofre-se a tribulação com gozo e esperança porque sabe-se que o que foi prometido em troca é um bem muito maior” (Pseudo-Ambrósio).

Neste clima podemos tirar proveito sobrenatural do sofrimento que costuma acompanhar a vida cristã: “Todo um programa para frequentar com aproveitamento a cadeira da dor, nos é dado pelo Apóstolo – na  esperança, alegres – pacientes na tribulação; na oração, perseverantes” (São Josemaria Escrivá).

Em particular, a alegria mantida mesmo no meio das dificuldades é o sinal mais claro de que o amor de Deus informa todas as nossas ações: “Naquilo que se ama, ou não se sente a dificuldade ou se ama a própria dificuldade... Os trabalhos dos que amam nunca são penosos” (Santo Agostinho).

“O amor seja sincero”. São Paulo começa com uma recomendação de caráter geral, manifestando que o AMOR deve ser SINCERO, isto é, sem SIMULAÇÃO nem FINGIMENTO: “Vós sois testemunhas, e Deus também o é, de quão puro, justo e irrepreensível tem sido o nosso modo de proceder para convosco, os fiéis” (1 Ts 2, 10).

O amor interesseiro não é amor. Infelizmente esse FALSO AMOR se espalhou pelo mundo e enraizou no coração de milhões de pessoas.  O AMOR VERDADEIRO é SINCERO: “O amor do próximo há de ser sobrenatural, isto é, deve partir de Deus e voltar para Deus. Resulta, portanto, que não há verdadeiro amor do próximo quando se ama por pendor de caráter, interesse ou paixão. Para amar o próximo como convém, é preciso amá-lo em Deus e para Deus” (Bem-aventurado José Allamano).

O Pe. João Colombo diz que “nem todo amor é caridade”.

Se alguém amasse uma pessoa porque lhe é simpática, o seu amor não seria caridade, mas sim, instinto que guia também os animais.

Se alguém amasse uma pessoa só por haver recebido dela benefícios, o seu amor não seria caridade, seria gratidão. Também o leão feroz sentiu este afeto, diz a fábula, para com o macaco que lhe arrancara o espinho.

Se alguém amasse uma pessoa porque é rica e poderosa, e, assim, porque é capaz de socorrê-lo e de protegê-lo, o seu amor não seria caridade, seria interesse: “A caridade não procura o seu próprio interesse” (1 Cor 13, 5).

É preciso tomar cuidado com o AMOR FINGIDO e INTERESSEIRO.

O Pe. João Colombo diz que “nem toda caridade é caridade cristã”.

Antigamente se amava o próximo; mas era um amor segundo a carne ou segundo o mundo, e não era o amor segundo Jesus Cristo que trouxe um MANDAMENTO NOVO: Quero que vos ameis como eu vos amei (Jo 15, 12). AMAR o próximo como fomos amados por Jesus Cristo: eis a CARIDADE CRISTÃ. Mas o divino Mestre amou-nos até o ponto de sacrificar por nós todos os seus interesses, até o sacrifício completo de si.

Se quisermos ser católicos, assim devemos AMAR o nosso próximo. Não como o sacerdote e o levita que passaram perto do ferido e lhe concederam apenas um estéril olhar de compaixão; mas sim, como o samaritano que não olhou para a urgência dos seus negócios, para a fadiga, ao dinheiro... Caridade cristã é caridade pronta a todo desinteresse e sacrifício; sacrifício de dinheiro; sacrifício de honras... e até sacrifício da própria vida: “Nisto conhecemos o Amor: ele deu a sua vida por nós. E nós também devemos dar a nossa vida pelos irmãos” (1 Jo 3, 16).

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)

Anápolis, 02 de fevereiro de 2015

 

 

Bibliografia

 

Sagrada Escritura

Edições Theologica

Santo Tomás de Aquino, Comentário sobre Romanos

Pseudo-Ambrósio, Comentário sobre a Epístola aos Romanos

São Josemaria Escrivá, Caminho, 209

Santo Agostinho, De bono viduitatis, 21, 26

Pe. Lorenzo Turrado, Bíblia Comentada

Pe. Juan Leal, A Sagrada Escritura

Bem-aventurado José Allamano, A Vida Espiritual

Pe. João Colombo, Pensamentos sobre os Evangelhos e sobre as festas do Senhor e dos Santos

 

 

 

 

Este texto não pode ser reproduzido sob nenhuma forma; por fotocópia ou outro meio qualquer sem autorização por escrito do autor Pe. Divino Antônio Lopes FP.
Depois de autorizado, é preciso citar:
Pe. Divino Antônio Lopes FP. “O amor seja sincero

www.filhosdapaixao.org.br/escritos/comentarios/escrituras/escritura_0489.htm