TERNA AFEIÇÃO (Rm 12, 10)
“Que o amor fraterno vos una uns aos outros com terna afeição”.
É importante citar alguns trechos da Sagrada Escritura sobre o AMOR FRATERNO: “O que ama a seu irmão, permanece na luz, e não há nele escândalo. Mas aquele quem odeia o seu irmão está nas trevas” (1 Jo 2, 10-11). Ora, permanecer na luz é permanecer em Deus fonte de toda a luz, e estar nas trevas é estar em pecado. E São João continua: “Nós sabemos que fomos transladados da morte para a vida, porque amamos a nossos irmãos... Todo o que tem ódio a seu irmão, é homicida” (1 Jo 3, 14-15). Ele ainda diz: “Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque a caridade vem de Deus. E todo o que ama, é nascido de Deus e conhece a Deus. Quem não ama, não conhece a Deus, porque Deus é caridade... Se nos amarmos uns aos outros, permanece Deus em nós e a sua caridade é em nós perfeita... Deus é caridade, e assim aquele que permanece na caridade, permanece em Deus, e Deus nele... Se alguém, pois disser: eu amo a Deus, e aborrecer o seu irmão, é um mentiroso. Porque aquele que não ama o irmão a quem vê, como pode amar a Deus a quem não vê? E nós temos de Deus este mandamento: que quem ama a Deus, ame também a seu irmão” (1 Jo 4, 7-8 . 12. 16. 20-21). Jesus Cristo nos diz que considera como feito a si mesmo todo o serviço prestado ao menor dos seus. É evidente que Jesus não se deixa vencer em generosidade e retribui centuplicado, em graças de toda a espécie, o menor serviço que se lhe faz na pessoa de seus irmãos. Como é consolador este pensamento para aqueles que praticam o AMOR FRATERNO e dão esmola corporal ou espiritual ao próximo; e mais ainda para aqueles cuja vida é inteiramente devotada às obras de caridade ou apostolado. A cada instante prestam serviço a Jesus Cristo na pessoa de seus irmãos; e, por conseguinte, também a cada instante Jesus lhes cultiva a alma para adorná-la e santificá-la. O princípio que nos deve guiar constantemente é ver a Jesus Cristo no próximo. Santo Agostinho diz que o edifício da nossa santificação “aperfeiçoa-se no amor”, no AMOR FRATERNO. Santo Tomás de Aquino diz que “a caridade não é simples amor; a caridade supõe que a pessoa amada corresponda, que haja mútua afeição e certa troca de comunicação”. Amar o próximo é um mandamento de extrema importância que Nosso Senhor impôs mais do que qualquer outro. Denomina-o: o seu mandamento: “O meu mandamento é este: amai-vos uns aos outros” (Jo 15, 12); chama-o ainda de mandamento novo: “Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros” (Jo 13, 34). A prática do AMOR FRATERNO pode reduzir-se a quatro espécies de atos: 1. COM A MENTE – “A caridade não pensa mal” (1 Cor 13, 5). Não se refere aos pensamentos e juízos que passam pela mente; mandam-se embora, ou então não se lhes dá importância; refere-se a juízos voluntários, consentidos, especialmente de juízos temerários. É preciso afastar os maus juízos, sobretudo os juízos temerários. São todos filhos do orgulho. São Boaventura declara que “as pessoas espirituais são muito propensas a julgar temerariamente a conduta alheia”. 2. COM O CORAÇÃO – Não fomentemos, mas cortemos imediatamente as antipatias ou malquerenças para com o próximo. Que surjam antipatias, é natural; porém, devemos reagir e vencer tais fragilidades. 3. COM AS PALAVRAS – Não falemos somente nós; não interrompamos a conversa já iniciada. Especialmente, não murmuremos do próximo. Se descubro um defeito no próximo, por que revelá-lo a quem não o imaginava sequer? Nunca nos arrependeremos de ter falado pouco; de ter falado muito, sim. Podemos falar de tantas coisas boas sem inocular veneno de maldade. Ai de quem tivesse este péssimo costume! Não há nada que desculpe. Se for necessário dizer alguma coisa, digamo-la ao interessado, mas não semeemos o mal, porque isto é diabólico. 4. COM AS OBRAS – Nosso Senhor declara no Evangelho: “Dai e dar-se-vos-á” (Lc 6, 38). Através da esmola, bons conselhos, uma palavra de conforto, animar, dar bom exemplo e rezar. Há quatro sinais para saber se, de fato, alguém pratica o AMOR FRATERNO: 1. Alegrar-se com o bem e a felicidade dos outros. É este, aliás, o ensinamento de São Paulo: “Alegrar-se com os que se alegram” (Rm 12, 15). 2. Sofrer com quem sofre. Diz São Paulo: “Chorar com os que choram” (Rm 12, 15). Tal participação no sofrimento alheio, porém, não deve ser feita através de perguntas inoportunas ou curiosas, mas respeitosamente: mediante uma oração, um gesto de atenção, uma pequena preferência... são coisas quase imperceptíveis, todavia, cercam o próximo de um clima de afeto santo e indiretamente suavizam sua pena. 3. Corrigir os nossos defeitos e suportar os alheios. São Paulo afirma: “Carregai os fardos uns dos outros” (Gl 6, 2). Antes de tudo, esforcemo-nos por extirpar em nós os defeitos que podem causar aborrecimento ao próximo; são os primeiros a serem combatidos. Devemos, ao mesmo tempo, suportar os defeitos alheios. 4. Perdoar as ofensas; mais ainda, antecipar-se ao ofensor. Devemos perdoar todas as pequenas ofensas que, querendo ou não, podem acontecer. Se não pudermos pedir desculpas (às vezes nem é preciso), ao menos tratemos ou falemos com tal pessoa.
Pe. Divino Antônio Lopes FP (C) Anápolis, 06 de fevereiro de 2015
Bibliografia
Sagrada Escritura Bem-aventurado José Allamano, A Vida Espiritual Santo Agostinho, De verbis apost., sermo 27, c. I Santo Tomás de Aquino, IIa IIae, q. 23, a. 1 São Boaventura, Escritos Adolfo Tanquerey, Compêndio de Teologia Ascética e Mística São João Eudes, Le Royaume de Jésus
|
Este texto não pode ser reproduzido sob
nenhuma forma; por fotocópia ou outro meio qualquer sem autorização por
escrito do autor Pe. Divino Antônio Lopes FP. www.filhosdapaixao.org.br/escritos/comentarios/escrituras/escritura_0491.htm |