A PAZ DE DEUS EXCEDE TODA A COMPREENSÃO

(Fl 4, 7)

 

“Então a paz de Deus, que excede toda a compreensão, guardará os vossos corações e pensamentos, em Jesus Cristo”.

 

1.     A FÉ DÁ A PAZ Á MENTE

 

Santa Perpétua, por ser cristã, foi arrastada perante o juiz e condenada às feras. Esta mulher, tão amável e afetuosa, que um dia fora censurada pelo rigorista Tertuliano porque beijava seu filhinho com demasiado amor, não tremeu diante da morte, mas pareceu sorrir.

Quando, no meio do circo, em presença do povo africano, ela viu vir contra ela uma vaca enfurecida, juntou as mãos e lançou-se para a fera como se se preparasse para rezar sobre o berço de seu filhinho adormecido. Ao primeiro assalto ela foi envolvida pelo pó, mas nenhum mal lhe foi feito. E ela se levantou da terra sem se perturbar, e recompôs modestamente os cabelos que se haviam desalinhado no choque, e sacudiu o pó das vestes, e esperou a morte como se espera uma irmã que venha...

Mas quem podia dar a uma mulher tanta PAZ serena para ainda cuidar do aspecto decente da sua pessoa, justamente quando lhe sobrevinha um trágico martírio? A FÉ.

Diz a FÉ: esta terra não é a nossa morada, é só um vale de lágrimas.

Diz a FÉ: quem perde a vida por amor de Deus reencontrá-la-á. Santa Perpétua cria firmemente, e que podia temer?

Feliz da pessoa que possui a verdadeira , e não blasfema contra a Providência de Deus quando lhe envia as cruzes!

 

2.     A CONFISSÃO DÁ A PAZ AO CORAÇÃO

 

Um missionário do século XVIII pregava numa aldeia alpestre da França. Narra o Pe. Monsabré que uma vez entrou também naquela igreja para ouvi-lo um oficial de cavalaria envolto na sua capa.

O seu olhar negro e profundo era irrequieto, e parecia um lampejo que esguichasse fora do nevoeiro que se amontoava naquele coração em tempestade. De vez em quando respirava com dificuldade, calcando a mão sobre o coração tumultuoso.

E Deus quis que o missionário falasse justamente sobre a confissão.

A palavra persuasiva do sacerdote penetrava-lhe no coração, e por fim ele resolveu lançar-se aos pés do confessor.

O missionário acolheu-o com amor e ajudou-o a confessar-se diante de Deus.

Quando aquele oficial de ampla capa saiu da igreja, chorava, e, virando-se para algumas pessoas, disse: Na minha vida nunca experimentei uma PAZ tão suave como esta que o ministro de Deus me proporcionou pondo-me em estado de graça. E creio que nem mesmo o rei, a quem sirvo há trinta anos, pode ser mais feliz do que eu.

Será que todos possuem a PAZ? Será que ela está em todos os corações? Se em nós não há PAZ, não será talvez porque nos havemos confessado mal, ou talvez mesmo porque não confessamos? O pecado é como um cupim que rói sem trégua o nosso pobre coração; e ele não morre senão com o perdão de Deus que se recebe aos pés do confessor.

Eis aí porque Jesus Cristo, aparecendo naquela tarde no cenáculo, depois de dizer: A paz esteja convosco, curvou-se sobre os apóstolos e, soprando-lhes nas frontes, disse: Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes serão perdoados; aqueles a quem não perdoardes não serão perdoados.

Como o Divino Pai enviara Jesus, assim agora Jesus envia os seus discípulos a levarem a PAZ ao mundo. Não pode, porém, haver PAZ senão na consciência pura. E para isto Deus instituiu o Sacramento da Confissão.

 

3.     A OBSERVÂNCIA DA LEI DE DEUS PÕE A PAZ EM TODAS AS NOSSAS AÇÕES

 

Um dia Deus mandou Saul marchar contra os Amalecitas, saquear e incendiar tudo. E Saul precipitou-se contra os inimigos de Deus e venceu-os: mas quis poupar o rei, talvez para tornar mais belo seu triunfo; quis ainda poupar algumas ovelhas, a pretexto de sacrificá-las a Deus. De volta da guerra, o profeta Samuel foi ao seu encontro e lhe disse: Destruíste tudo? Cumpri a palavra do Senhor, respondeu Saul.

Mas naquele momento as ovelhas baliram. Mas ouço um balir de cordeiros, disse o profeta. Saul titubeou um instante procurando uma desculpa: Foi o povo que quis que se poupassem as cabeças melhores, para fazer sacrifícios delas.

Samuel irou-se. Pois, já que lançastes pelas costas a palavra de Deus, eis aqui: Deus te repudia e não te quer mais como rei.

Está claro que não basta a quando não se age ainda na luz da ! Não basta a CONFISSÃO quando se conservam no coração certos APEGOS ao pecado.

Deus quer de cada um de nós a OBEDIÊNCIA CEGA... TOTAL FIDELIDADE... SIM SINCERO. SOMENTE ASSIM A PAZ REINARÁ EM NOSSAS AÇÕES.

Que é esse balir de cordeiros? Deus não impusera a destruição de tudo? E por que então se quis continuar com certas amizades, certas companhias, com certos desejos que a lei do Senhor proíbe? Por que no fundo do coração ainda se incuba aquele tédio ou aquele apego aos bens alheios? Por que se quis poupar o rei dos Amalecitas, ou seja, a própria paixão dominante?

É de admirar então se a PAZ do Senhor não veio para dentro de nós?

A PAZ de Deus só está na observância dos seus mandamentos. É ilusão e perda de tempo buscar a VERDADEIRA PAZ no barulho, nos bailes, na prostituição, nas drogas, nos assassinatos, nas noitadas, nas modas imorais e na pornografia. O mundo é falso e pequeno para oferecer a mais PURA PAZ: “Não podes saciar-te com nenhum bem temporal, porque não és criada (alma) para gozar do que é caduco” (Tomás de Kempis).

Só Deus, quando vive na nossa mente, no nosso coração, em toda a nossa vida, só Deus é a nossa PAZ.

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)

Anápolis, 06 de abril de 2016

 

 

Bibliografia

 

Sagrada Escritura

Pe. João Colombo, Pensamentos sobre os Evangelhos e sobre as festas do Senhor e dos Santos

Tomás de Kempis, Imitação de Cristo

 

 

 

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP. “A paz de Deus excede toda a compreensão”

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