JUDAS MACABEUS TOMBOU (1 Mac 9, 5-21)
“Judas estava acampado em Elasa, tendo consigo três mil homens escolhidos. Estes, ao verem aquela multidão de soldados, tão numerosos, ficaram tomados de pavor, e fugiram muitos deles do acampamento, não restando mais que oitocentos homens. Judas, ao ver o seu exército esfacelado justamente quando a batalha urgia, sentiu partir-lhe o coração porque não tinha mais tempo de reagrupá-los. Consternado, mesmo assim dirigiu-se aos que tinham permanecido: ‘Levantemo-nos e subamos contra nossos adversários, a ver se podemos enfrentá-los!’ Mas eles tentavam dissuadi-lo, dizendo: ‘Não conseguiremos! Salvemos, pois, agora, as nossas vidas! Depois voltaremos, nós e nossos irmãos, e então lhes daremos combate. Somos poucos demais!’ Judas, porém, replicou: ‘Longe de mim fazer tal coisa, fugir diante deles! Se é chegada a nossa hora, morramos varonilmente pelos nossos irmãos, sem deixar qualquer motivo de censura à nossa glória!’ O exército inimigo saiu do acampamento e tomou posição para atacá-los. A cavalaria estava dividida em duas alas, e os atiradores de funda e os arqueiros precediam o grosso do exército, cuja primeira linha era formada por todos os mais valentes. Báquides encontrava-se na ala direita. A falange avançou pelos dois lados ao som das trombetas, a cujo clangor responderam os homens de Judas. A terra estremeceu com o fragor dos exércitos e o combate prolongou-se da manhã até à tarde. Então, ao ver Judas que Báquides e a força do seu exército estavam na ala direita, agruparam-se em torno dele todos os magnânimos de coração. E a ala direita foi por eles destroçada, perseguindo-os Judas até ao monte de Azara. Mas os da ala esquerda, ao verem desbaratada a ala direita, atiraram-se no encalço de Judas e dos seus, acossando-os pelas costas. Recrudesceu a batalha e, de ambos os lados, muitos caíram mortos. Também Judas tombou, e os restantes fugiram. Jônatas e Simão recolheram Judas, seu irmão, e o sepultaram no túmulo de seus pais em Modin, chorando sobre ele. E todo Israel fez por ele intensa lamentação, guardando luto por muitos dias e dizendo: ‘Como pôde cair o herói, aquele que salvava Israel?’”
Judas Macabeus reuniu muitos homens... homens escolhidos: “Judas estava acampado em Elasa, tendo consigo três mil homens escolhidos” (1 Mac 9, 5). Milhões de pessoas aceitam o convite para um acampamento, algo provisório e sossegado, mas longe da provação e da cruz... distante da renúncia: “... largo e espaçoso é o caminho que conduz à perdição. E muitos são os que entram por ele” (Mt 7, 13).
Judas não escolheu homens fracos e desprezíveis... mas, homens fortes e valentes: “... tendo consigo três mil homens escolhidos” (1 Mac 9, 5). Sem provação, estavam todos no acampamento. Infelizmente, nem sempre os escolhidos são exemplares e dignos de confiança. Muitos traem a confiança e vivem no aburguesamento até que chegue uma dificuldade: “Na prosperidade não se pode reconhecer o verdadeiro amigo” (Eclo 12, 8).
Os escolhidos por Judas Macabeus, três mil homens, não suportaram ver a multidão de inimigos e muitos fugiram: “Estes, ao verem aquela multidão de soldados, tão numerosos, ficaram tomados de pavor, e fugiram muitos deles do acampamento, não restando mais que oitocentos homens” (1 Mac 9, 6). Estava tudo bem até surgir uma provação. O mundo está cheio de covardes, de pessoas que fogem diante de qualquer obstáculo... principalmente no trabalho para a glória de Deus: “Ai dos corações covardes e das mãos fracas” (Eclo 2, 12).
Os homens escolhidos por Judas Macabeus eram medrosos... muitos deles fugiram diante dos inimigos antes de iniciar a batalha: “... fugiram muitos deles do acampamento, não restando mais que oitocentos homens” (1 Mac 9, 6). O medroso treme e foge diante das provações... é derrotado antes de entrar no campo de batalha... péssimo exemplo: “A vida é muito curta para que nós a encurtemos ainda mais com a nossa visão temerosa e mesquinha” (Disraeli).
Os homens de Judas Macabeus não sentiram somente medo, mas ficaram apavorados, isto é, aterrorizados diante dos inimigos: “... ficaram tomados de pavor” (1 Mac 9, 6). Quem possui Deus no coração não se apavora nem fica aterrorizado diante das dificuldades, mas enfrenta-as com calma e perseverança: “Cada dificuldade que surge no caminho dos nossos bons propósitos nos põe à prova. É um teste de sinceridade. Porque a dificuldade, incitando-nos a desistir ou a recuar, obriga-nos a tomar uma posição, a determinar se queremos ou não” (Pe. Francisco Faus).
Judas Macabeus escolheu três mil soldados... mais da metade o abandonou na provação: “... fugiram muitos deles do acampamento, não restando mais que oitocentos homens” (1 Mac 9, 6). Deus também escolhe os seus, mas nem todos perseveram na vocação religiosa... milhares abandonam a vocação nas horas difíceis e dificilmente se salvarão: “Os que são chamados e não obedecem a Deus, poderiam, sim, salvar-se, mas dificilmente se salvarão” (Santo Afonso Maria de Ligório).
Judas escolheu três mil homens, mas nem todos ficaram com ele para a batalha: “... não restando mais que oitocentos homens” (1 Mac 9, 6). Para vencer as batalhas que surgem pelo caminho, não devemos nos apoiar no número de pessoas; mas sim, na santidade delas: “A perfeição não consiste na quantidade, mas na qualidade. Tudo o que é muito bom foi sempre pouco e raro, enquanto a abundância é pouco apreciada” (Pe. Baltasar Gracián y Morales).
Muitos homens escolhidos por Judas Macabeus não perseveraram, mas desistiram de segui-lo antes da batalha iniciar: “... fugiram muitos deles do acampamento” (1 Mac 9, 6). Os inconstantes no serviço de Deus não se salvarão... não basta uma pessoa ter sido escolhida por Deus para se salvar; mas é preciso perseverar até o fim: “Sem perseverança não há salvação. Na perseverança no bem até o fim da nossa vida está o princípio da nossa eterna felicidade” (Pe. Alexandrino Monteiro).
Os homens de Judas Macabeus ficaram apavorados e fugiram diante da multidão dos inimigos: “Estes, ao verem aquela multidão de soldados, tão numerosos, ficaram tomados de pavor, e fugiram muitos deles do acampamento, não restando mais que oitocentos homens” (1 Mac 9, 6). Não devemos nos assustar nem fugirmos da presença de Deus nas horas difíceis e cheias de provações; mas, com o coração confiante no Deus que tudo pode, devemos nos apoiar na sua força: “Eles lutarão contra ti, mas nada poderão contra ti, porque eu estou contigo... para te libertar” (Jr 1, 19).
Muitos homens escolhidos por Judas fugiram assustados por causa na multidão contrária: “Estes, ao verem aquela multidão de soldados, tão numerosos, ficaram tomados de pavor, e fugiram muitos deles” (1 Mac 9, 6). Não podemos desistir da caminhada para o céu por causa da quantidade de cruzes que surgem pelo caminho: perseguições, zombarias, calúnias... Mas devemos fixar os olhos no Deus que prova os seus amigos: “... o Senhor açoita os que dele se aproximam” (Jt 8, 27).
Judas Macabeus escolheu três mil homens, com a fuga restaram apenas oitocentos... dois mil e duzentos fugiram, foram infiéis: “... não restando mais que oitocentos homens” (1 Mac 9, 6). São poucos os que permanecem fiéis a Jesus Cristo nas provações e no caminho da santidade... a maioria foge do caminho da salvação para seguir as trevas: “Cansamo-nos nas veredas da iniquidade e perdição, percorremos desertos intransitáveis, mas não conhecemos o caminho do Senhor!” (Sb 5, 7).
Judas Macabeus confiou nos três mil homens... foi abandonado por muitos, e o seu coração mergulhou na decepção: “Judas, ao ver o seu exército esfacelado justamente quando a batalha urgia, sentiu partir-lhe o coração porque não tinha mais tempo de reagrupá-los” (1 Mac 9, 7). Quem confia nas criaturas jamais andará seguro, porque o coração do homem muda continuamente: “O nosso fim é Deus, fonte de todos os bens, e devemos, como repetimos em nossa oração, confiar unicamente nele e em mais ninguém” (São Jerônimo Emiliani).
Enquanto estavam tranquilos no acampamento, todos juravam fidelidade a Judas Macabeus; agora que a situação estava ficando complicada, a maioria o traiu: “Judas, ao ver o seu exército esfacelado justamente quando a batalha urgia” (1 Mac 9, 7). O coração do homem é traiçoeiro e cheio de falsidade... jura fidelidade na bonança e foge nas horas difíceis: “Desisti do homem, que tem o seu fôlego no seu nariz! Com efeito, que pode ele valer?” (Is 2, 22).
Não devemos imitar as fraquezas do próximo; mas sim, ter compaixão e ajudá-lo a se levantar: “... sentiu partir-lhe o coração” (1 Mac 9, 7). É falta de caridade se alegrar com a queda do próximo... quem ama suporta com paciência as fraquezas do próximo e o ajuda a encontrar o caminho certo: “Nós, os fortes, devemos carregar as debilidades dos fracos e não buscar a nossa própria satisfação. Cada um de nós procure agradar ao próximo, em vista do bem, para edificar” (Rm 15, 1-2).
Judas Macabeus não ficou feliz e tranquilo diante dos fugitivos do seu exército: “... sentiu partir-lhe o coração” (1 Mac 9, 7). Quem ama a Santa Igreja Católica Apostólica Romana não sente alegria com a dispersão dos seus filhos, mas trabalha com fé para trazê-los para o seu seio, porque fora dela não há salvação: “Apoiado na Sagrada Escritura e na Tradição, (o Concílio) ensina que esta Igreja peregrina é necessária para a salvação. O único mediador e caminho da salvação é Cristo, que se nos torna presente em seu Corpo, que é a Igreja. Ele, porém, inculcando com palavras expressas a necessidade da fé e do batismo, ao mesmo tempo confirmou a necessidade da Igreja, na qual os homens entram pelo Batismo, como que por uma porta. Por isso não podem salvar-se aqueles que, sabendo que a Igreja Católica foi fundada por Deus por meio de Jesus Cristo como instituição necessária, apesar disso não quiserem nela entrar ou nela perseverar” (Catecismo da Igreja Católica).
Muitos homens escolhidos por Judas Macabeus o traiu e fugiram da batalha; mas ele não ficou indiferente, mesmo sabendo da difícil situação: “... sentiu partir-lhe o coração porque não tinha mais tempo de reagrupá-los” (1 Mac 9, 7). Não podemos agir com indiferença diante dos pecadores que fogem do caminho certo e da batalha contra os inimigos da alma; mas devemos buscá-los com zelo, paciência e amor... mesmo sabendo dos ventos contrários: “Reconduzirei a desgarrada, procurarei a perdida. Quer queiras quer não, assim farei. E se, em minha busca, os espinhos dos bosques me rasgarem, eu me obrigarei a ir por todos os atalhos difíceis; baterei todos os cercados; enquanto me der forças o Senhor que me ameaça, percorrerei tudo sem descanso. Reconduzirei a desgarrada, procurarei a perdida. Se não me queres atrás de ti, não te desgarres, não te percas. É pouco dizer que tenho pena de ti, desgarrada e perdida. Tenho medo de que, se te abandonar, venha a matar o que é forte. Escuta o que se segue. ‘E ao que era forte, matastes’. Se eu abandonar a desgarrada e perdida, o que é forte terá gosto em desgarrar-se e perder-se” (Santo Agostinho).
Judas Macabeus sentiu muito ao ver o seu exército esfacelado exatamente na hora da batalha: “Judas, ao ver o seu exército esfacelado justamente quando a batalha urgia, sentiu partir-lhe o coração” (1 Mac 9, 7). A vitória era quase impossível. Como uma pessoa que possui a alma “esfacelada”, isto é, em pecado mortal, poderá vencer a batalha contra o mundo, o Demônio e a carne? Não terá força para isso: “O pecado mortal destrói a caridade no coração do homem” (Catecismo da Igreja Católica).
Judas Macabeus sentiu profunda dor no coração ao ver o seu exército esfacelado, porque não tinha mais tempo de reagrupá-los para a batalha: “Judas, ao ver o seu exército esfacelado justamente quando a batalha urgia, sentiu partir-lhe o coração porque não tinha mais tempo de reagrupá-los” (1 Mac 9, 7). A última batalha da nossa alma aqui na terra é exatamente na hora da morte; se ela não estiver na graça de Deus na hora do último suspiro, com certeza estará em pecado mortal e será impossível “reagrupá-la”, isto é, recuperar a graça... e se perderá eternamente: “Esta alma em pecado mortal perdeu sem dúvida o céu; se morresse assim, separada de Deus, não poderia ir para lá, pois não há modo de restabelecer a união com Deus depois da morte” (Pe. Leo J. Trese).
Vendo o exército esfacelado, Judas Macabeus não se desesperou... ficou desolado, mas não se esmoreceu: “Consternado, mesmo assim dirigiu-se aos que tinham permanecido: ‘Levantemo-nos e subamos contra nossos adversários, a ver se podemos enfrentá-los!’” (1 Mac 9, 8). Nada nesse mundo deve nos fazer desistir de batalhar para conquistar a Vida Eterna; nem mesmo o desprezo dos parentes, amigos e conhecidos deve nos esmorecer na luta: “Necessitamos de fortaleza para falar de Deus sem medo, para nos comportarmos sempre de modo cristão, ainda que entremos em choque com um ambiente paganizado” (Pe. Francisco Fernández Carvajal).
Judas Macabeus ficou consternado, isto é, triste, diante da situação do seu exército... mas não abandonou a batalha: “Consternado, mesmo assim dirigiu-se aos que tinham permanecido” (1 Mac 9, 8). Quem confia em Deus não pode deixar a tristeza aninhar em seu coração e ser vencido por ela. É preciso fixar os olhos no Deus que tudo pode e lutar para vencer: “Quanto a vós, sede firmes, e que vossas mãos não se enfraqueçam, pois vossas ações terão sua recompensa” (2 Cr 15, 7).
Judas Macabeus não disse para os soldados que ficaram que seria inútil lutar, pois a derrota seria humilhante... mas agiu com otimismo: “Levantemo-nos e subamos contra nossos adversários, a ver se podemos enfrentá-los!” (1 Mac 9, 8). O otimismo não se baseia na ausência de dificuldades, de resistências e de erros pessoais, mas em Deus, que nos diz: “Eu estarei sempre convosco” (Mt 28, 20). Com Ele, podemos tudo; vencemos..., mesmo quando aparentemente fracassamos.
Judas Macabeus convidou os soldados fiéis para se levantarem: “Levantemo-nos...” (1 Mac 9, 8). Quem quiser vencer as batalhas de cada dia deve abandonar o comodismo e lutar com garra... os acomodados serão vencidos: “Aquele que luta tem o que esperar. Onde há luta, há coroa” (Santo Ambrósio). É impossível vencer uma batalha adormecido no “colchão” do comodismo.
Judas Macabeus não convidou os seus soldados para se esconderem; mas sim, para subirem ao encontro dos inimigos: “... subamos contra nossos adversários” (1 Mac 9, 8). Não podemos deixar que o medo nos impeça de caminhar contra os obstáculos... sem a coragem é impossível vencê-los: “Homem valente é aquele em quem a coragem acaba por prevalecer sobre o medo” (Dom Rafael llano Cifuentes).
Judas Macabeus os convidou para subir, e não para descer: “... subamos” (1 Mac 9, 8). É impossível vencer os inimigos da alma sem esforço... e esforço contínuo... é preciso “subir” a montanha das dificuldades: “... quero que cresçais e persevereis. E que nenhuma contrariedade, tentações do demônio ou de pessoas vos façam voltar atrás” (Santa Catarina de Sena).
Os soldados tentaram fazer Judas Macabeus mudar de ideia... tudo em vão, ele não era pessimista: “Mas eles tentavam dissuadi-lo, dizendo: ‘Não conseguiremos! Salvemos, pois, agora, as nossas vidas! Depois voltaremos, nós e nossos irmãos, e então lhes daremos combate. Somos poucos demais!’” (1 Mac 9, 9). Muitos pessimistas desistem de lutar antes de começar a batalha, dizendo que será impossível vencer o inimigo que é muito forte. Quem confia em Deus afasta o pessimismo: “Tudo posso naquele que me fortalece” (Fl 4, 13).
Os homens escolhidos por Judas Macabeus queriam desistir da batalha para salvar as suas vidas: “Não conseguiremos! Salvemos, pois, agora, as nossas vidas!” (1 Mac 9, 9). Quem quiser entrar no céu, caso seja necessário, deve dar a vida por Jesus Cristo... nada de fugir da batalha: “Aquele que acha a sua vida, vai perde-la, mas quem perde a sua vida por causa de mim, vai achá-la” (Mt 10, 39).
Judas Macabeus não quis fugir... não quis que as gerações futuras olhassem para ele como um fracassado: “Judas, porém, replicou: ‘Longe de mim fazer tal coisa, fugir diante deles! Se é chegada a nossa hora, morramos varonilmente pelos nossos irmãos, sem deixar qualquer motivo de censura à nossa glória!’” (1 Mac 9, 10). Todos deixarão rastros nesse mundo... de luz ou de trevas. Feliz da pessoa que vive santamente na presença de Deus para deixar rastros luminosos: “A memória do justo é bendita, o nome dos ímpios apodrece” (Pr 10, 7).
Judas Macabeus estava decidido a morrer, não como um covarde, mas varonilmente... heroicamente: “Se é chegada a nossa hora, morramos varonilmente” (1 Mac 9, 10). Os mártires são os heróis de Deus, morreram heroicamente... derramaram o sangue por amor a Jesus Cristo, não se acovardaram: “Que felicidade se pudesse derramar todo meu sangue para provar meu amor a Deus!” (Santa Teresa dos Andes).
Mesmo sabendo do pequeno grupo de soldados e do pedido dos mesmos para abandonar a luta, Judas Macabeus foi ousado e não aceitou fugir: “Longe de mim fazer tal coisa, fugir diante deles!” (1 Mac 9, 10). Os santos estão no céu porque foram ousados... não fugiram dos perseguidores e venceram as batalhas confiando em Deus e não nas próprias forças: “Entremos em nossos corações, onde Cristo habita, comportando-nos com justiça e prudência, de tal forma, porém, que não ponhamos em nós mesmos a confiança nem nos apoiemos em tão frágil proteção” (São Bernardo de Claraval).
O exército inimigo que caminhava contra o pequeno grupo de Judas Macabeus era grande e poderoso... mesmo assim, Judas não se intimidou: “O exército inimigo saiu do acampamento e tomou posição para atacá-los. A cavalaria estava dividida em duas alas, e os atiradores de funda e os arqueiros precediam o grosso do exército, cuja primeira linha era formada por todos os mais valentes. Báquides encontrava-se na ala direita” (1 Mac 9, 11). Os inimigos da nossa alma: o mundo, o Demônio e a carne são fortes, valentes e atrevidos; para vencê-los é preciso muita paciência e luta contínua... não podemos abaixar a cabeça diante deles: “São tantos os inimigos que o tempo não dá para descanso prolongado. Uns são visíveis, outros invisíveis; uns vindos de fora, outros nascidos de dentro” (Pe. Alexandrino Monteiro).
A primeira linha do exército inimigo era formada pelos soldados mais valentes: “... cuja primeira linha era formada por todos os mais valentes” (1 Mac 9, 11). A carne, inimigo valente, está na primeira fila para atacar a nossa alma... é preciso “sufocá-la” com penitência e mortificação: “É nosso inimigo a nossa mesma carne, com todas as depravadas inclinações com que nasce infeccionada pelo pecado original” (Pe. Alexandrino Monteiro).
Os inimigos de Judas Macabeus avançaram tocando trombetas; o exército de Judas, menor número, não calou a boca: “A falange avançou pelos dois lados ao som das trombetas, a cujo clangor responderam os homens de Judas” (1 Mac 9, 12). Não podemos calar a boca diante dos inimigos que nos atacam com calúnias, maledicências e difamações... principalmente daqueles que atacam a Santa Doutrina Católica: “Recuar diante do inimigo ou calar-se, quando de toda parte se ergue tanto alarido contra a verdade, é próprio de homem covarde ou de quem vacila no fundamento de sua crença. Qualquer destas coisas é vergonhosa em si; é injuriosa a Deus; é incompatível com a salvação tanto dos indivíduos, como da sociedade e só é vantajosa aos inimigos da fé, porque nada tanto afoita a audácia dos maus, como a pusilanimidade dos bons” (Leão XIII).
O exército inimigo dos homens de Judas avançou pelos dois lados, para não dar-lhes nenhuma chance: “A falange avançou pelos dois lados...” (1 Mac 9, 12). Os três inimigos da nossa alma (mundo, Demônio e carne) nos cercam para nos destruir... é preciso enfrentá-los e não deixar que sufoquem a nossa alma: “Queres entrar no céu e viver e gozar com os Anjos e Santos da minha vista? – dirá Deus. – Pois bem, mostra os direitos que tens a ele, apresenta a tua folha de serviços, e terás entrada franca. Onde estão as obras de amor para comigo e para com o teu próximo? Onde estão as virtudes alcançadas em tantos anos que te dei de vida sobre a terra? Onde estão as vitórias alcançadas nessa prolongada guerra em que andaste lutando contra o mundo, o demônio e a carne? Onde estão os vícios corrigidos com virtudes e as paixões dominadas com penitências?” (Pe. Alexandrino Monteiro).
Os soldados convidaram Judas Macabeus para fugir... mas agora estão prontos para a batalha: “... a cujo clangor responderam os homens de Judas” (1 Mac 9, 12). Infeliz da pessoa que se deixa levar pelo desânimo e que se entrega aos inimigos. Não é assim que se conquista uma batalha espiritual! Para vencer é preciso se revigorar espiritualmente e lutar até o fim: “Marcar metas não basta. É preciso lutar. É forte não aquele que não experimenta fraquezas – todos nós a sentimos –, mas aquele que luta por superá-las; é corajoso não aquele que não sente medo - ninguém é um super-homem-, mas aquele que luta por ultrapassar a covardia... A meta está no fim da vida. A luta dura a existência inteira. E para esse longo combate não bastam gestos enérgicos intermitentes, mas é necessária uma atitude habitual de fortaleza que nos faça ganhar, com o último tiro, a última batalha” (Dom Rafael Llano Cifuentes).
Os dois exércitos fizeram a terra estremecer por causa do combate entre eles: “A terra estremeceu com o fragor dos exércitos” (1 Mac 9, 13). Esse mundo não é lugar de descanso e refrigério; mas sim, de batalha contínua entre a alma e os inimigos dela... quem quiser se salvar deve lutar diariamente e com valentia: “Ao terminar essa batalha, entre a carne e o espírito, abre-se no céu o livro da vida para registrar ou mais uma vitória, ou mais uma derrota! É necessário vencer se queremos ser coroados” (Pe. Alexandrino Monteiro).
Os dois exércitos lutaram durante todo o dia: “... o combate prolongou-se da manhã até à tarde” (1 Mac 9, 13). Para quem quiser se salvar não haverá descanso nem repouso nesse mundo; mas sim, é preciso lutar até o último suspiro... porque a carne e o mundo não dormem... nem o Demônio: “O infame não cessará com seus ataques até o último suspiro da alma que não soube defender-se já contra os primeiros golpes... Na luta com aquele maligno, porém, nunca haverá pausa; nunca poderás despojar-te das armas, nunca poderás entregar-te ao descanso, caso queiras ficar ileso... Aquele adversário infame mantém sempre sua linha de combate perto de nós, pronta para nos perder tão logo note algum relaxamento em nossa vigilância. Podes estar certo: mais zelo emprega ele para a nossa perdição do que nós para a nossa salvação!” (São João Crisóstomo).
Judas Macabeus venceu a ala direita, mas foi surpreendido pela ala esquerda: “Então, ao ver Judas que Báquides e a força do seu exército estavam na ala direita, agruparam-se em torno dele todos os magnânimos de coração. E a ala direita foi por eles destroçada, perseguindo-os Judas até ao monte de Azara. Mas os da ala esquerda, ao verem desbaratada a ala direita, atiraram-se no encalço de Judas e dos seus, acossando-os pelas costas” (1 Mac 9, 14-16). Quem quiser sair vencedor contra os inimigos da alma deve enfrentar todos ao mesmo tempo, sem se descuidar... é preciso vigiar o tempo todo: “Suplico-vos, estejamos de vigia porque o tempo é de luta” (São Bernardo de Claraval). Quem “cochilar” na vida espiritual será pego de surpresa.
Quando os inimigos da ala esquerda viram que a ala direita tinha sido derrotada, atacaram o exército de Judas Macabeus pelas costas: “Mas os da ala esquerda, ao verem desbaratada a ala direita, atiraram-se no encalço de Judas e dos seus, acossando-os pelas costas” (1 Mac 9, 16). Sejamos sóbrios e vigilantes! No caminho da vida devemos ser prudentes e não tontos: “Viajamos carregados de ouro: é o grande tesouro da graça de Deus, da sua paz santa. Não nos deixemos roubar. Temamos os ladrões astutos e ferozes que estão escondidos dentro e fora de nós” (São Jerônimo).
A ala esquerda do exército inimigo surpreendeu os soldados de Judas Macabeus pelas costas: “... acossando-os pelas costas” (1 Mac 9, 16). Os inimigos da nossa alma espiritual e imortal são traiçoeiros e sabem muito bem se disfarçarem: “Não propõe de entrada coisas evidentemente más, mas algo que tenha aparência de bem, com o fim de desviar pelo menos o homem dos seus propósitos fundamentais, porque depois uma vez desviado por pouco que seja, arrasta-o com maior facilidade para o pecado: ‘O próprio Satanás transforma-se em anjo de Luz’ (2 Cor 11, 14). Depois, quando conseguir que peque, amarra-se de tal forma que não deixa que se levante (...). Dois passos, pois, dá o Diabo: engana e depois de enganar retém no pecado” (Santo Tomás de Aquino).
A batalha recrudesceu, isto é, tornou-se violenta... e muitos morreram: “Recrudesceu a batalha e, de ambos os lados, muitos caíram mortos” (1 Mac 9, 17). Milhares de pessoas morrem espiritualmente, isto é, cometem pecado mortal durante a batalha demorada e insistente... não conseguem permanecer de pé diante dos ataques dos inimigos da alma: “Deus, depois de unir-nos a si pelo Batismo, jamais nos abandona. Após o Batismo, o único modo de nos separarmos d’Ele é repeli-lo deliberadamente. E isto acontece quando, com plena consciência, deliberada e livremente, nos recusamos a obedecer a Deus em matéria grave. Neste caso, cometemos um pecado mortal, que, como a palavra indica, causa a morte da alma” (Pe. Leo J. Trese).
Diz que morreram soldados de ambos os lados... inimigos também: “Recrudesceu a batalha e, de ambos os lados, muitos caíram mortos” (1 Mac 9, 17). Não é possível “matar” os inimigos da nossa alma: o mundo, o Demônio e a carne, mas é possível enfraquecê-los e derrotá-los... “matando-os”... usando as armas da penitência, mortificação dos sentidos, fuga das ocasiões, oração, Confissão e Comunhão frequentes, leitura espiritual e outros.
Morreram muitos soldados... Judas Macabeus também morreu: “Também Judas tombou...” (1 Mac 9, 18). Não são somente os súditos que podem cair no pecado; os superiores também podem cair se não agirem com prudência. Não são somente os fracos que caem no pecado; os fortes espiritualmente também podem cair se não vigiarem: “Assim, pois, aquele que julga estar de pé, tome cuidado para não cair” (1 Cor 10, 12).
Quando Judas Macabeus morreu, os seus soldados fugiram: “... e os restantes fugiram” (1 Mac 9, 18). Se o forte morreu... o que seria dos fracos? Dependendo da ferocidade dos inimigos da nossa alma, o melhor remédio é a fuga... não por covardia, mas por prudência: “O soldado, que a pátria envia para a guerra, mostra fraqueza e covardia, se deixa o campo e foge. No combate espiritual, na luta com as paixões e ocasiões de pecado, a cena é outra... o fugir aqui não é muitas vezes covardia, mas valor; o abandonar o campo do combate não é perder, mas ganhar a vitória; o voltar as costas ao inimigo não é fraqueza, mas valentia” (Pe. Alexandrino Monteiro). É melhor fugir do que pecar mortalmente.
O corpo de Judas Macabeus não ficou jogado no chão e desprezado, mas foi sepultado com muito respeito: “Jônatas e Simão recolheram Judas, seu irmão, e o sepultaram no túmulo de seus pais em Modin” (1 Mac 9, 19). É preciso tratar os corpos dos defuntos com respeito: “Os corpos dos defuntos devem ser tratados com respeito e caridade, na fé e na esperança da ressurreição. O enterro dos mortos é uma obra de misericórdia corporal que honra os filhos de Deus, templos do Espírito Santo” (Catecismo da Igreja Católica). Tratar o corpo com respeito não significa vesti-lo com roupas da moda, maquiá-lo, lambuzá-lo de perfume caro, colocá-lo em caixões com espelhos e outros.
O corpo de Judas Macabeus não foi cremado... mas sepultado: “... e o sepultaram no túmulo de seus pais em Modin” (1 Mac 9, 19). O enterro dos mortos é uma obra de misericórdia corporal... mas a Santa Igreja permite a cremação: “A Igreja permite a cremação, se esta não manifestar uma posição contrária à fé na ressurreição dos corpos” (Catecismo da Igreja Católica).
Judas Macabeus era muito amado... choraram sobre ele: “... chorando sobre ele” (1 Mac 9, 20). Não é proibido chorar a morte de uma pessoa, Jesus também chorou; mas é preciso chorar com moderação... é melhor rezar pela alma do falecido do que chorar: “Na morte de algum parente, em vez de perdermos tempo chorando sem proveito algum, empreguemo-lo rezando pelo falecido, e ofereçamos a Jesus a dor que sentimos nessa perda” (Santo Afonso Maria de Ligório).
Israel lamentou a morte de Judas Macabeus, porque era um homem bom: “E todo Israel fez por ele intensa lamentação, guardando luto por muitos dias...” (1 Mac 9, 20). Quem vive unido a Deus e realiza o bem jamais será esquecido, mesmo que passem mil anos. Os santos são inesquecíveis: “... a memória do justo é para sempre!” (Sl 112, 6).
Judas Macabeus era tido por herói para o povo de Israel... mesmo sendo herói, morreu: “Como pôde cair o herói, aquele que salvava Israel?” (1 Mac 9, 20). Quem se apega às criaturas, cedo ou tarde ficará decepcionado, porque o homem é falho e limitado... passa. Devemos nos apoiar somente em Deus que é eterno: “Só Deus basta!” (São Luis Maria Grignion de Montfort).
O povo de Israel fez intensa lamentação e guardou muitos dias de luto pelo falecimento de Judas Macabeuns: “E todo Israel fez por ele intensa lamentação, guardando luto por muitos dias...” (1 Mac 9, 20). Quando perdemos uma pessoa querida, devemos fazer a vontade de Deus que sabe o que é o melhor para nós. Evitemos as lamentações e queixas: “Toda a santidade consiste em amar a Deus, e todo o amor a Deus consiste em fazer a sua vontade. Devemos, pois, acolher sem reserva todas as disposições da Providência a nosso respeito e, consequentemente, abraçar em paz tudo o que nos acontece de favorável ou desfavorável, nosso estado de vida, nossa saúde, tudo o que Deus quer. Todas as nossas orações devem ser dirigidas pedindo que Ele nos ajude a cumprir sua santa vontade” (Santo Afonso Maria de Ligório).
OBS: Essa pregação não está concluída; assim que “surgirem” novas mensagens as acrescentaremos.
Pe. Divino Antônio Lopes FP (C) Anápolis, 08 de setembro de 2016
Bibliografia
Sagrada Escritura Disraeli, Escritos Pe. Francisco Faus, Escritos Santo Afonso Maria de Ligório, A prática do amor a Jesus Cristo Pe. Baltasar Gracián y Morales, Escritos Pe. Alexandrino Monteiro, Raio de luz São Jerônimo Emiliani, Carta aos seus confrades São Jerônimo, Escritos Catecismo da Igreja Católica, 845, 1855, 2300 e 2301 Santo Agostinho, Do sermão sobre os pastores Pe. Leo J. Trese, A fé explicada Pe. Francisco Fernández Carvajal, Falar com Deus Santo Ambrósio, Os sacramentos, I, 2 Santa Catarina de Sena, Carta 289 Dom Rafael Llano Cifuentes, Escritos Santa Teresa dos Andes, Carta 88 São Bernardo de Claraval, Sermões Leão XIII, “Sapientiae christianae”, 18 São João Crisóstomo, O sacerdócio Santo Tomás de Aquino, Exposição da oração dominical ou Pai-Nosso, 6.º pedido São Luís Maria Grignion de Montfort, Escritos
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