FOI ELEVADO À VISTA DELES

(At 1, 6-11)

 

6 Estando, pois, reunidos, eles assim o interrogaram: ‘Senhor, é agora o tempo em que irás restaurar a realeza em Israel?’ 7 E ele respondeu-lhes: ‘Não compete a vós conhecer os tempos e os momentos que o Pai fixou com sua própria autoridade. 8 Mas recebereis uma força, a do Espírito Santo que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e a Samaria, e até os confins da terra’. 9 Dito isto, foi elevado à vista deles, e uma nuvem o ocultou a seus olhos. 10 Estando a olhar atentamente para o céu, enquanto ele se ia, dois homens vestidos de branco encontraram-se junto deles 11 e lhes disseram: ‘Homens da Galiléia, por que estais aí a olhar para o céu? Este Jesus,  que foi arrebatado dentre vós para o céu, assim virá, do mesmo modo como o vistes partir para o céu’”.

 

 

MENSAGENS PARA A VIDA

 

1.ª mensagem: Apego às coisas da terra.

 

A pergunta dos Apóstolos indica que ainda pensam numa restauração temporal da dinastia de Davi. A esperança escatológica no Reino parece reduzir-se para eles – como para muitos judeus do seu tempo – à expectação de um domínio nacional judaico tão amplo e universal como a diáspora: “Estando, pois, reunidos, eles assim o interrogaram: ‘Senhor, é agora o tempo em que irás restaurar a realeza em Israel?” (At 1, 6).

São João Crisóstomo escreve: “Penso que não compreendiam claramente em que consistia o Reino, pois não tinham sido instruídos ainda pelo Espírito Santo. Observai que não perguntam quando chegará, mas: É agora quando vais restabelecer o Reino de Israel? Como se a época do Reino tivesse já passado. Esta pergunta demonstra que continuavam atraídos pelas coisas terrenas, ainda que menos que antes”.

 

2.ª mensagem: Humildade de Jesus Cristo.

 

Jesus Cristo, o Deus Eterno e Poderoso, não desprezou os Apóstolos, homens simples, mas reuniu com eles... respondendo com humildade as suas perguntas: “Estando, pois, reunidos, eles assim o interrogaram: ‘Senhor, é agora o tempo em que irás restaurar a realeza em Israel?” (At 1, 6).

 

3.ª mensagem: “Liberdade” de interrogar o Mestre.

 

Os Apóstolos amavam e respeitavam a Jesus Cristo... e também tinham uma certa “liberdade” de perguntar-lhe muitas coisas. Nosso Senhor não era um Mestre carrancudo, mas deixava os Apóstolos à vontade: “Estando, pois, reunidos, eles assim o interrogaram...” (At 1, 6).

 

4.ª mensagem: Ilusionados.

 

É interessante mostrar como os discípulos, depois de vários anos de convivência com o Mestre Jesus Cristo, seguiam ainda ilusionados com uma restauração temporal da realeza de Davi, com o domínio de Israel sobre os outros povos... apesar de que já Jesus, em várias ocasiões, lhes havia declarado a natureza espiritual desse reino: “Estando, pois, reunidos, eles assim o interrogaram: ‘Senhor, é agora o tempo em que irás restaurar a realeza em Israel?” (At 1, 6).

 

5.ª mensagem: Não deixaram de acreditar em Jesus Cristo.

 

Os Apóstolos não deixaram de acreditar no Mestre, antes, ao contrário, vendo-o agora ressuscitado e triunfante, se sentiam mais confiantes e unidos a Ele; porém, tinham na cabeça essa concepção político-messiânica, que tantas vezes se deixa aparecer nos Evangelhos, e que obrigava a Jesus a usar de suma prudência ao manifestar seu caráter de Messias a fim de não provocar situações perigosas que obstaculizassem sua missão: “Estando, pois, reunidos, eles assim o interrogaram: ‘Senhor, é agora o tempo em que irás restaurar a realeza em Israel?” (At 1, 6).

 

6.ª mensagem: Paciência de Jesus Cristo.

 

É admirável e alentadora a resposta do Senhor que, cheio de paciência, lhes fala do caráter misterioso do Reino e da sua imprevisível vinda, assim como da necessidade que têm do Espírito Santo para compreenderem adequadamente os ensinamentos que receberam. Jesus não se impacienta com eles. Simplesmente os corrige e os instrui: “E ele respondeu-lhes: ‘Não compete a vós conhecer os tempos e os momentos que o Pai fixou com sua própria autoridade’” (At 1, 7).

 

7.ª mensagem: Nosso Senhor os instrui.

 

A resposta de Jesus Cristo, em forma evasiva, afirma de modo geral que quando se refere ao reino messiânico está no poder e sabedoria de Deus. Todo ele se vá desenrolando segundo o plano sábio e poderoso de Deus. Do humano e temporal se aproxima ao plano de Deus: “E ele respondeu-lhes: ‘Não compete a vós conhecer os tempos e os momentos que o Pai fixou com sua própria autoridade’” (At 1, 7).

 

8.ª mensagem: Desenvolvimento da Igreja Católica Apostólica Romana.

 

Anuncia-se agora o plano do livro dos Atos dos Apóstolos: narrar o desenvolvimento da Igreja, que começa em Jerusalém e vai estender através da Judéia e da Samaria, até aos últimos confins da terra. É o esquema geográfico que São Lucas seguirá na sua exposição. Se Jerusalém é no terceiro Evangelho ponto de chegada da vida pública de Jesus – que partiu da Galiléia –, aqui é ponto de partida: “Mas recebereis uma força, a do Espírito Santo que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e a Samaria, e até os confins da terra’” (At 1, 8).

 

9.ª mensagem: A missão estende-se ao mundo inteiro.

 

A missão dos Apóstolos não fica somente na Galiléia, mas estende-se ao mundo inteiro. Para além da geografia, está latente nas palavras do versículo a esperança universalista do Antigo Testamento, anunciada por Isaías: “Dias virão em que o monte da casa de Deus será estabelecido no mais alto das montanhas e se alçará acima de todos os outeiros. A ele acorrerão todas as nações, muitos povos virão, dizendo: Vinde, subamos ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó, para que ele nos instrua a respeito dos seus caminhos e assim andemos nas suas veredas. Com efeito, de Sião sairá a Lei, e de Jerusalém, a palavra de Deus” (Is 2, 2-3). “Mas recebereis uma força, a do Espírito Santo que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e a Samaria, e até os confins da terra’” (At 1, 8).

 

10.ª mensagem: Força do Espírito Santo.

 

O efeito próprio da vinda do Espírito se caracteriza pela força. O Espírito na Sagrada Escritura é a manifestação dinâmica de Deus. Esta força divina era necessária aos Apóstolos para a missão peculiar sua: a de serem testemunhas da ressurreição de Jesus Cristo em todo o mundo: “Mas recebereis uma força, a do Espírito Santo que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e a Samaria, e até os confins da terra’” (At 1, 8).

 

11.ª mensagem: Ascensão aos Céus.

 

A vida de Nosso Senhor Jesus Cristo na terra não se conclui com a sua morte na cruz, mas com a Ascensão aos Céus. Por isso é este o último acontecimento, o último mistério da vida do Senhor na terra: “Dito isto, foi elevado à vista deles, e uma nuvem o ocultou a seus olhos. Estando a olhar atentamente para o céu, enquanto ele se ia, dois homens vestidos de branco encontraram-se junto deles e lhes disseram: ‘Homens da Galiléia, por que estais aí a olhar para o céu? Este Jesus, que foi arrebatado dentre vós para o céu, assim virá, do mesmo modo como o vistes partir para o céu’” (At 1, 9-11).

 

12.ª mensagem: Consolação para todos os amigos de Nosso Senhor.

 

Os Anjos disseram que o Senhor que foi arrebatado para o céu virá. Essa promessa se gravou profundamente nos discípulos. Desde então sofreram as provações com alegria pensando na volta do Mestre.

Essa esperança é a esperança de todos os que acreditam em Jesus: veremos o Senhor na sua glória: “Dito isto, foi elevado à vista deles, e uma nuvem o ocultou a seus olhos. Estando a olhar atentamente para o céu, enquanto ele se ia, dois homens vestidos de branco encontraram-se junto deles e lhes disseram: ‘Homens da Galiléia, por que estais aí a olhar para o céu? Este Jesus, que foi arrebatado dentre vós para o céu, assim virá, do mesmo modo como o vistes partir para o céu’” (At 1, 9-11).

 

13.ª mensagem: Entre o Céu e a terra.

 

A Ascenção situa-se no termo da existência terrena de Jesus (Lc 24, 50-53) e nas origens da Igreja. A cena da Ascensão desenvolve-se, por assim dizer entre o Céu e a terra: “Por que o ocultou uma nuvem ao olhar dos Apóstolos? A nuvem era um sinal de que Jesus já tinha entrado nos Céus: não foi, com efeito, um turbilhão ou um carro de fogo como aconteceu com o profeta Eliseu (2 Rs 2, 11), mas uma nuvem, que simboliza o próprio Céu” (São João Crisóstomo). “Dito isto, foi elevado à vista deles, e uma nuvem o ocultou a seus olhos. Estando a olhar atentamente para o céu, enquanto ele se ia, dois homens vestidos de branco encontraram-se junto deles e lhes disseram: ‘Homens da Galiléia, por que estais aí a olhar para o céu? Este Jesus, que foi arrebatado dentre vós para o céu, assim virá, do mesmo modo como o vistes partir para o céu’” (At 1, 9-11).

 

14.ª mensagem: Olhar para o alto.

 

A Ascensão do Senhor faz parte dos fatos pelos quais Jesus Cristo nos redime do pecado e nos concede a vida nova da graça. É um mistério redentor: “Os fiéis devem entender acerca da Ascensão o mesmo que sobre o mistério da Morte e Ressurreição do Senhor. Pois ainda que devamos a nossa Redenção e salvação à Paixão de Cristo, que com os seus méritos abriu aos justos a porta do Céu, todavia, a sua Ascensão não só nos foi proposta como exemplar no qual aprendamos a dirigir a vista para o alto e a subir ao Céu com o espírito, mas também nos deu em abundância a graça divina para que possamos consegui-lo” (Catecismo Romano). “Dito isto, foi elevado à vista deles, e uma nuvem o ocultou a seus olhos. Estando a olhar atentamente para o céu, enquanto ele se ia, dois homens vestidos de branco encontraram-se junto deles e lhes disseram: ‘Homens da Galiléia, por que estais aí a olhar para o céu? Este Jesus, que foi arrebatado dentre vós para o céu, assim virá, do mesmo modo como o vistes partir para o céu’” (At 1, 9-11).

 

15.ª mensagem: A Ascensão salva-nos.

 

A subida do Senhor ao Céu não é apenas um estímulo para que levantemos o coração, tal como somos convidados a fazer no prefácio da Santa Missa, com o fim de buscar e amar as coisas lá de cima (Cl 3, 1-2). A Ascensão de Cristo – unida aos outros mistérios da sua vida, Morte e Ressurreição – salva-nos: “Hoje não só fomos constituídos possuidores do paraíso, mas com Cristo ascendemos, mística, mas realmente, ao mais alto dos Céus, e conseguimos por Cristo uma graça mais inefável  do que a que tínhamos perdido pela inveja do Diabo” (São Leão Magno). “Dito isto, foi elevado à vista deles, e uma nuvem o ocultou a seus olhos. Estando a olhar atentamente para o céu, enquanto ele se ia, dois homens vestidos de branco encontraram-se junto deles e lhes disseram: ‘Homens da Galiléia, por que estais aí a olhar para o céu? Este Jesus, que foi arrebatado dentre vós para o céu, assim virá, do mesmo modo como o vistes partir para o céu’” (At 1, 9-11).

 

16.ª mensagem: Mistério pascal.

 

Com a Ascensão culmina a exaltação de Cristo, que já se realiza na Ressurreição, e que constitui, juntamente com a Paixão e a Morte, o mistério pascal. O Concílio Vaticano II ensina-o ao dizer que: “Cristo Senhor realizou a obra da Redenção humana e da glorificação perfeita de Deus (...) principalmente pelo mistério pascal da sua bem-aventurada Paixão, Ressurreição dos mortos e gloriosa Ascensão”. A teologia explicou igualmente algumas das razões que mostram a conveniência de que o Senhor glorioso subisse ao céu, para estar sentado à direita do Pai: “Subiu primeiramente porque ao seu corpo, que pela Ressurreição estava dotado da glória imortal, não era adequada a morada desta vida terrena e obscura, mas o trono altíssimo e brilhante do Céu. E não subiu somente para tomar posse do trono da sua Glória e do Reino ganho com o seu Sangue, mas também para cuidar de tudo o que é conveniente para a nossa saúde espiritual. Além disso, para demonstrar realmente que o seu Reino não procede deste mundo” (Catecismo Romano e Santo Tomás de Aquino). “Dito isto, foi elevado à vista deles, e uma nuvem o ocultou a seus olhos. Estando a olhar atentamente para o céu, enquanto ele se ia, dois homens vestidos de branco encontraram-se junto deles e lhes disseram: ‘Homens da Galiléia, por que estais aí a olhar para o céu? Este Jesus, que foi arrebatado dentre vós para o céu, assim virá, do mesmo modo como o vistes partir para o céu’” (At 1, 9-11).

 

17.ª mensagem: Triunfo e exaltação de Jesus Cristo.

 

A Ascensão representa o reconhecimento do triunfo e exaltação de Cristo por parte do mundo celestial: “É justo que a Santa Humanidade de Cristo receba a homenagem, a aclamação e a adoração de todas as hierarquias dos Anjos e de todas as legiões dos bem-aventurados da Glória” (São Josemaría Escrivá). “Dito isto, foi elevado à vista deles, e uma nuvem o ocultou a seus olhos. Estando a olhar atentamente para o céu, enquanto ele se ia, dois homens vestidos de branco encontraram-se junto deles e lhes disseram: ‘Homens da Galiléia, por que estais aí a olhar para o céu? Este Jesus, que foi arrebatado dentre vós para o céu, assim virá, do mesmo modo como o vistes partir para o céu’” (At 1, 9-11).

 

18.ª mensagem: Segunda vinda de Jesus Cristo.

 

Os Anjos referem-se à Parusia, isto é, à segunda vinda do Senhor como Juiz dos vivos e mortos: “Disseram-lhes: Que fazeis aí a olhar para o céu? Estas palavras estão cheias de solicitude e não obstante não anunciam como próxima a segunda vinda do Salvador. Os Anjos afirmam apenas o mais importante, isto é, a certeza de que Jesus Cristo virá de novo e a confiança com que temos de esperar o seu regresso” (São João Crisóstomo). “Dito isto, foi elevado à vista deles, e uma nuvem o ocultou a seus olhos. Estando a olhar atentamente para o céu, enquanto ele se ia, dois homens vestidos de branco encontraram-se junto deles e lhes disseram: ‘Homens da Galiléia, por que estais aí a olhar para o céu? Este Jesus, que foi arrebatado dentre vós para o céu, assim virá, do mesmo modo como o vistes partir para o céu’” (At 1, 9-11).

 

19.ª mensagem: Vigiar sempre.

 

Sabemos com certeza que Jesus Cristo virá pela segunda vez no fim dos tempos. Confessá-lo no Credo, como parte da nossa fé. Mas não conhecemos nem o dia nem a hora (Mt 25, 13) em que virá. É uma informação de que não necessitamos. Jesus Cristo está sempre à porta. Sempre há que vigiar. Importa, por isso, vivermos ocupados no serviço de Deus e dos outros, que é o programa da nossa santificação: “Não há neste mundo, quando bem se considera, pessoa mais desprezada que Nosso Senhor Jesus Cristo. Respeita-se mais a um aldeão que o próprio Deus; porque se teme que esse aldeão, vendo-se injuriado e oprimido, se vingue movido por violenta cólera. Mas a Deus se ofende e se ultraja sem receio, como se não pudesse castigar quando quisesse. Por isso, o Redentor destinou o dia do juízo universal (chamado com razão, na Escritura, o dia do Senhor), no qual Jesus Cristo se fará reconhecer por todos como universal e soberano Senhor de todas as coisas. Esse dia não se chama dia de misericórdia e perdão, mas dia da ira, da tribulação e da angústia, dia de miséria e calamidade. Nele o Senhor se ressarcirá justamente da honra e da glória que os pecadores quiseram arrebatar-lhe neste mundo” (Santo Afonso Maria de Ligório). “Dito isto, foi elevado à vista deles, e uma nuvem o ocultou a seus olhos. Estando a olhar atentamente para o céu, enquanto ele se ia, dois homens vestidos de branco encontraram-se junto deles e lhes disseram: ‘Homens da Galiléia, por que estais aí a olhar para o céu? Este Jesus, que foi arrebatado dentre vós para o céu, assim virá, do mesmo modo como o vistes partir para o céu’” (At 1, 9-11).

 

OBS: Essa pregação não está concluída; assim que “surgirem” novas mensagens as acrescentaremos.

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)

Anápolis, 02 de junho de 2017

 

Bibliografia

 

Sagrada Escritura

São João Crisóstomo, Homilia sobre os Atos dos Apóstolos, 2

Pe. Juan Leal, A Sagrada Escritura  (texto e comentário)

Edições Theologica

São Josemaría Escrivá, Santo Rosário, 2.º mistério glorioso

Pe. Lorenzo Turrado, Bíblia comentada

Catecismo Romano, I, 7, 9; I, 7, 5

São Leão Magno, Homilia 1 da Ascensão

Concílio Vaticano II, Sacrosanctum Concilium, n. 5; Dei Verbum, n. 19

Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, III, q. 57, a. 6

Santo Afonso Maria de Ligório, Preparação para a morte, Consideração XXV, Ponto I

 

 

 

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP(C). “Foi elevado à vista deles”

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