SEI QUE AGISTES POR IGNORÂNCIA (At 3, 11-26)
“11 Como ele não largasse a Pedro e a João, acorreu todo o povo, atônito, para junto deles, no pórtico chamado de Salomão. 12 À vista disso, Pedro dirigiu-se ao povo: ‘Homens de Israel, por que vos admirais assim? Ou por que fixais os olhos em nós, como se por nosso próprio poder ou piedade tivéssemos feito este homem andar? 13 O Deus de Abraão, de Isaac, de Jacó, o Deus de nossos pais glorificou o seu servo Jesus, a quem vós entregastes e negastes diante de Pilatos, quando este já estava decidido a soltá-lo. 14 Vós acusastes o Santo e o Justo, e exigistes que fosse agraciado para vós um assassino, 15 enquanto fazíeis morrer o Príncipe da vida. Mas Deus o ressuscitou dentre os mortos, e disto nós somos testemunhas. 16 Graças à fé em seu nome, este homem que contemplais e a quem conheceis, foi o seu nome que o revigorou; e a fé que nos vem por Ele é que deu a este homem a sua perfeita saúde diante de todos vós. 17 Entretanto, irmãos, sei que agistes por ignorância, da mesma forma como vossos chefes. 18 Assim, porém, Deus realizou o que antecipadamente anunciara pela boca de todos os profetas, a saber, que seu Cristo havia de padecer. 19 Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, a fim de que sejam apagados os vossos pecados, 20 e deste modo venham da face do Senhor os tempos do refrigério. Então enviará ele o Cristo que vos foi destinado, Jesus, 21 a quem o céu deve acolher até os tempos da restauração de todas as coisas, das quais Deus falou pela boca de seus santos profetas. 22 Moisés, na verdade, falou: O Senhor nosso Deus vos suscitará dentre os vossos irmãos um profeta semelhante a mim; vós o ouvireis em tudo o que ele vos disser. 23 E todo aquele que não escutar esse profeta, será exterminado do meio do povo. 24 Também os outros profetas, desde Samuel e todos os que a seguir falaram, prenunciaram estes dias’. 25 Vós sois os filhos dos profetas e da aliança que Deus estabeleceu com os nossos pais, quando disse a Abraão: Na tua descendência serão abençoadas todas as famílias da terra. 26 Para vós em primeiro lugar Deus ressuscitou seu Servo e o enviou para vos abençoar, a partir do momento em que cada um de vós se afaste de suas maldades”.
O homem, agora já curado, não larga mais os Apóstolos São Pedro e São João Evangelista. “Como ele não largasse a Pedro e a João, acorreu todo o povo, atônito, para junto deles, no pórtico chamado de Salomão” (At 3, 11). A gratidão é própria do coração generoso. Diante da ajuda que recebemos do próximo, não nos resta outra coisa senão agradecer: “A gratidão é dever frequentemente descuidado até pelos bons, até pelos mais beneficiados” (Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena).
O coração do homem, agora curado, transbordava de carinho pelos dois Apóstolos: “O homem segurava em suas mãos ou em seus mantos” (Pontifício Instituto Bíblico de Roma). “Como ele não largasse a Pedro e a João, acorreu todo o povo, atônito, para junto deles, no pórtico chamado de Salomão” (At 3, 11). Não podemos sentir medo ou vergonha de tratar com carinho as pessoas que nos ajudam... contanto que seja um carinho cheio de respeito e sinceridade: “Aquele que tem caridade no coração, tem sempre qualquer coisa para dar” (Santo Agostinho).
Os dois Apóstolos: São Pedro, primeiro Papa, e São João Evangelista, agiram com bondade... não desprezaram o homem que estava com o coração cheio de felicidade. “Como ele não largasse a Pedro e a João, acorreu todo o povo, atônito, para junto deles, no pórtico chamado de Salomão” (At 3, 11). Existem muitos brucutus (homens grosseiros... não civilizados) nesse mundo que não sabem usar de bondade para com o próximo: “Sejamos bondosos uns para com os outros, seguindo a misericórdia e a doçura do nosso Criador” (São Clemente Romano).
O homem estava transbordando de alegria... alegria “irrefreável”. Não conseguia “frear” a sua felicidade. Estava curado! Não queria mais se separar dos dois Apóstolos... amava-os verdadeiramente. “Como ele não largasse a Pedro e a João, acorreu todo o povo, atônito, para junto deles, no pórtico chamado de Salomão” (At 3, 11). Se somos alegres, é porque amamos: “Sem amor, não há alegria” (Pius-Aimone Reggio). Toda a alegria pressupõe, portanto, um certo amor; e também procede de um certo amor. Encontramos tantas formas de alegria quantas as formas de amor.
O homem que fora curado não queria mais se afastar dos dois Apóstolos. Esse bom exemplo dado por ele fez com que o povo se aproximasse dos dois. “Como ele não largasse a Pedro e a João, acorreu todo o povo, atônito, para junto deles, no pórtico chamado de Salomão” (At 3, 11). O bom exemplo arrasta multidões! Todas as pessoas... de qualquer idade... pode e deve dar o bom exemplo: “O bom exemplo é um sermão que todos podem pregar. Com ele pode fazer-se mais fruto nas almas, do que com muitos discursos que só recreiam os ouvidos. O pregar com a palavra nem a todos é concedido; mas pregar com o exemplo a ninguém é defeso. O bom exemplo é um sermão que todos entendem e que se pode pregar a cada hora do dia, não só na Igreja, mas na rua e em casa. Como não há de ser maior o seu fruto?” (Pe. Alexandrino Monteiro).
O homem não largava os dois Apóstolos; e, agora, caminhava só, sem a ajuda das pessoas... a multidão olhava com grande admiração (atônita) para ele. “Como ele não largasse a Pedro e a João, acorreu todo o povo, atônito, para junto deles, no pórtico chamado de Salomão” (At 3, 11). Quando um pecador abandona as máximas e as vaidades do mundo, e volta para Deus de todo o coração... com arrependimento e propósito firme, causa admiração em muitas pessoas. Antes, vivia “aleijado” espiritualmente... agora, percorre o caminho da luz sem tropeçar: “O pai manifesta-lhe alegria, antes de mais por ele ter sido ‘reencontrado’ e por ter ‘voltado à vida’” (São João Paulo II).
Pórtico de Salomão: o pórtico oriental do templo, uma das suas partes mais amplas e belas. O prodígio deu-se exatamente onde Jesus Cristo, ao afirmar a própria divindade e unidade com o Pai, estivera a ponto de ser apedrejado (Jo 10, 23-31). O pórtico tornar-se-á, em breve, o lugar de reunião dos fiéis (At 5, 12). “Como ele não largasse a Pedro e a João, acorreu todo o povo, atônito, para junto deles, no pórtico chamado de Salomão” (At 3, 11). O Céu, “casa ampla” com muitas moradas (Jo 14, 2); “lugar” de grande beleza (1 Cor 2, 9). Nesse “lugar” reunirá todos os amigos de Deus... aqueles que venceram as batalhas com fé, alegria e perseverança: “O céu é a nossa pátria, lá Deus nos preparou o repouso numa eterna felicidade. Passamos pouco tempo neste mundo, mas neste pouco tempo temos muitas dores a sofrer” (Santo Afonso Maria de Ligório).
São Pedro, primeiro Papa, fala ao povo com sinceridade e sem respeito humano. “À vista disso, Pedro dirigiu-se ao povo: ‘Homens de Israel, por que vos admirais assim? Ou por que fixais os olhos em nós, como se por nosso próprio poder ou piedade tivéssemos feito este homem andar? O Deus de Abraão, de Isaac, de Jacó, o Deus de nossos pais glorificou o seu servo Jesus, a quem vós entregastes e negastes diante de Pilatos, quando este já estava decidido a soltá-lo. Vós acusastes o Santo e o Justo, e exigistes que fosse agraciado para vós um assassino, enquanto fazíeis morrer o Príncipe da vida. Mas Deus o ressuscitou dentre os mortos, e disto nós somos testemunhas’” (At 3, 12-15). O povo ouvia com amor o primeiro Papa, São Pedro: “O amor ao papa é sinal do nosso amor a Cristo” (Pe. Francisco Fernández Carvajal).
São Pedro não se intimidou diante do povo nem o bajulou... mas disse toda a verdade: Vós acusastes o Santo e o Justo, e exigistes que fosse agraciado para vós um assassino, enquanto fazíeis morrer o Príncipe da vida. “À vista disso, Pedro dirigiu-se ao povo: ‘Homens de Israel, por que vos admirais assim? Ou por que fixais os olhos em nós, como se por nosso próprio poder ou piedade tivéssemos feito este homem andar? O Deus de Abraão, de Isaac, de Jacó, o Deus de nossos pais glorificou o seu servo Jesus, a quem vós entregastes e negastes diante de Pilatos, quando este já estava decidido a soltá-lo. Vós acusastes o Santo e o Justo, e exigistes que fosse agraciado para vós um assassino, enquanto fazíeis morrer o Príncipe da vida. Mas Deus o ressuscitou dentre os mortos, e disto nós somos testemunhas’” (At 3, 12-15). A mentira e a bajulação não podem agradar a Deus. Não é bom caminho pretender tornar fácil o Evangelho, silenciando ou rebaixando os mistérios que devem ser cridos e as normas de conduta que devem ser vividas: “Ninguém pregou nem pregará o Evangelho com maior credibilidade, energia e atrativo que Jesus Cristo, e houve quem não o seguisse fielmente” (Pe. Francisco Fernández Carvajal).
São Pedro fala abertamente que somente Deus é poderoso. Ele começa o discurso excluindo a causa humana como princípio da cura do homem aleijado: Nem nosso poder, nem nossa piedade. Fala também em nome de São João Evangelista. “À vista disso, Pedro dirigiu-se ao povo: ‘Homens de Israel, por que vos admirais assim? Ou por que fixais os olhos em nós, como se por nosso próprio poder ou piedade tivéssemos feito este homem andar? O Deus de Abraão, de Isaac, de Jacó, o Deus de nossos pais glorificou o seu servo Jesus, a quem vós entregastes e negastes diante de Pilatos, quando este já estava decidido a soltá-lo. Vós acusastes o Santo e o Justo, e exigistes que fosse agraciado para vós um assassino, enquanto fazíeis morrer o Príncipe da vida. Mas Deus o ressuscitou dentre os mortos, e disto nós somos testemunhas’” (At 3, 12-15). O homem sem o poder de Deus é nada: “Tendo admirado o poder do Bom Deus, pude ainda admirar o poder que deu às suas criaturas” (Santa Teresa do Menino Jesus).
Os cristãos veem em Jesus Cristo o Servo de Deus. A glorificação que Deus lhe concedeu consiste na ressurreição e ascensão. “À vista disso, Pedro dirigiu-se ao povo: ‘Homens de Israel, por que vos admirais assim? Ou por que fixais os olhos em nós, como se por nosso próprio poder ou piedade tivéssemos feito este homem andar? O Deus de Abraão, de Isaac, de Jacó, o Deus de nossos pais glorificou o seu servo Jesus, a quem vós entregastes e negastes diante de Pilatos, quando este já estava decidido a soltá-lo. Vós acusastes o Santo e o Justo, e exigistes que fosse agraciado para vós um assassino, enquanto fazíeis morrer o Príncipe da vida. Mas Deus o ressuscitou dentre os mortos, e disto nós somos testemunhas’” (At 3, 12-15). Quem for amigo fiel de Nosso Senhor Jesus Cristo aqui na terra, será também um dia “glorificado”... ressuscitará e irá para a Glória Eterna: “O Espírito Santo não só santifica as almas dos que pertencem à Igreja, mas também pelo seu poder ressuscitará os corpos” (Santo Tomás de Aquino).
Da vida natural e, sobretudo, da vida sobrenatural (Jo 11, 25). Como Moisés deu a salvação aos hebreus (At 7, 25), Jesus Cristo é autor da vida para os que creem (At 5, 31; Hb 2, 10). “À vista disso, Pedro dirigiu-se ao povo: ‘Homens de Israel, por que vos admirais assim? Ou por que fixais os olhos em nós, como se por nosso próprio poder ou piedade tivéssemos feito este homem andar? O Deus de Abraão, de Isaac, de Jacó, o Deus de nossos pais glorificou o seu servo Jesus, a quem vós entregastes e negastes diante de Pilatos, quando este já estava decidido a soltá-lo. Vós acusastes o Santo e o Justo, e exigistes que fosse agraciado para vós um assassino, enquanto fazíeis morrer o Príncipe da vida. Mas Deus o ressuscitou dentre os mortos, e disto nós somos testemunhas’” (At 3, 12-15). Jesus Cristo é o primogênito de todos os homens, é a fonte de sua vida, não só na ordem natural, ou seja, no que diz respeito à criação, mas também e particularmente na ordem sobrenatural, quanto à vida da graça.
O termo original grego (pais) equivale em latim a puer (“escravo, servo”) e filius (“filho”). Ao usar esta palavra, São Pedro tem presente, sem dúvida, a profecia de Isaías sobre o Servo de Deus: “Eis que prosperará o meu Servo, será enaltecido, levantado e exaltado sobremaneira. Assim como muitos se assombraram com Ele – pois tão desfigurado tinha o aspecto que não parecia homem, nem a sua aparência era humana –, outro tanto se admirarão muitas nações” (Is 52, 13-15). São Pedro identifica Jesus com o Servo de Deus, que, por causa do seu caráter sofredor, não era interpretado pelos Judeus como figura messiânica. Jesus Cristo, que é o Messias, une em si tanto a dor como a glória. “À vista disso, Pedro dirigiu-se ao povo: ‘Homens de Israel, por que vos admirais assim? Ou por que fixais os olhos em nós, como se por nosso próprio poder ou piedade tivéssemos feito este homem andar? O Deus de Abraão, de Isaac, de Jacó, o Deus de nossos pais glorificou o seu servo Jesus, a quem vós entregastes e negastes diante de Pilatos, quando este já estava decidido a soltá-lo. Vós acusastes o Santo e o Justo, e exigistes que fosse agraciado para vós um assassino, enquanto fazíeis morrer o Príncipe da vida. Mas Deus o ressuscitou dentre os mortos, e disto nós somos testemunhas’” (At 3, 12-15).
São Pedro refere-se a Jesus em termos fáceis de compreender pelos Judeus num sentido messiânico. A expressão, Santo de Deus, é empregada já como predicado ou título messiânico de Jesus em Mc 1, 24 e Lc 4, 34. O Justo é também o próprio Messias, que foi anunciado pelos profetas como modelo e realizador da verdadeira justiça. “Santo” e “Justo” são palavras equivalentes, como o são também aqui santidade de justiça. “À vista disso, Pedro dirigiu-se ao povo: ‘Homens de Israel, por que vos admirais assim? Ou por que fixais os olhos em nós, como se por nosso próprio poder ou piedade tivéssemos feito este homem andar? O Deus de Abraão, de Isaac, de Jacó, o Deus de nossos pais glorificou o seu servo Jesus, a quem vós entregastes e negastes diante de Pilatos, quando este já estava decidido a soltá-lo. Vós acusastes o Santo e o Justo, e exigistes que fosse agraciado para vós um assassino, enquanto fazíeis morrer o Príncipe da vida. Mas Deus o ressuscitou dentre os mortos, e disto nós somos testemunhas’” (At 3, 12-15).
Quando São Pedro recorda aos seus ouvintes a escolha que fizeram de um homicida – Barrabás –, em vez de escolher Jesus, autor da vida, podemos pensar que não se referia apenas à vida física, mas também à espiritual, à vida da graça. “À vista disso, Pedro dirigiu-se ao povo: ‘Homens de Israel, por que vos admirais assim? Ou por que fixais os olhos em nós, como se por nosso próprio poder ou piedade tivéssemos feito este homem andar? O Deus de Abraão, de Isaac, de Jacó, o Deus de nossos pais glorificou o seu servo Jesus, a quem vós entregastes e negastes diante de Pilatos, quando este já estava decidido a soltá-lo. Vós acusastes o Santo e o Justo, e exigistes que fosse agraciado para vós um assassino, enquanto fazíeis morrer o Príncipe da vida. Mas Deus o ressuscitou dentre os mortos, e disto nós somos testemunhas’” (At 3, 12-15). Cada vez que o homem peca – o pecado é a morte da alma – volta-se a repetir esta escolha: “O Senhor foi que no princípio fez o homem, e deixou-o nas mãos do seu próprio arbítrio. Se tu quiseres, guardarás os mandamentos; permanecer fiel é coisa tua. Ele pôs diante de ti fogo e água, onde queiras podes levar a tua mão. Diante dos homens está a vida e a morte; a cada qual será dado o que prefira” (Eclo 15, 14-18).
São Pedro disse ao povo: Vós acusastes o Santo e o Justo, e exigistes que fosse agraciado para vós um assassino, enquanto fazíeis morrer o Príncipe da vida. Mas Deus o ressuscitou dentre os mortos. “À vista disso, Pedro dirigiu-se ao povo: ‘Homens de Israel, por que vos admirais assim? Ou por que fixais os olhos em nós, como se por nosso próprio poder ou piedade tivéssemos feito este homem andar? O Deus de Abraão, de Isaac, de Jacó, o Deus de nossos pais glorificou o seu servo Jesus, a quem vós entregastes e negastes diante de Pilatos, quando este já estava decidido a soltá-lo. Vós acusastes o Santo e o Justo, e exigistes que fosse agraciado para vós um assassino, enquanto fazíeis morrer o Príncipe da vida. Mas Deus o ressuscitou dentre os mortos, e disto nós somos testemunhas’” (At 3, 12-15). Quem sofre... quem carrega a cruz de todos os dias com paciência, alegria e amor a Deus não se perderá, mas receberá o céu por recompensa: “É preciso passar por muitas tribulações para entrarmos no Reino de Deus” (At 14, 22).
O texto original tem uma redação muito característica da língua judaica, que é notoriamente obscura para os nossos modos de expressão. Uma das causas é o emprego de “nome” em vez de exprimir claramente a pessoa. Nesse trecho, “nome” equivale a “Jesus”. Desde modo, o versículo pode ser interpretado assim: mediante a fé em Jesus, o coxo de nascença, a quem conhecem e viram, foi curado; foi o próprio Jesus que realizou a cura completa e instantânea. “Graças à fé em seu nome, este homem que contemplais e a quem conheceis, foi o seu nome que o revigorou; e a fé que nos vem por Ele é que deu a este homem a sua perfeita saúde diante de todos vós” (At 3, 16).
Na mentalidade dos antigos, o nome é inseparável da pessoa. A invocação do nome de Jesus nos merece todo seu poder. Esta invocação deve ser feita com fé (At 19, 13-17). A fé de que se trata pode ser a dos Apóstolos ou a do enfermo. Se Pedro cura no nome de Jesus, é que Jesus tem poder para ele, que vive e reina depois da morte. A fé no nome de Jesus e a fé que é obra de Jesus não são duas coisas distintas. “Graças à fé em seu nome, este homem que contemplais e a quem conheceis, foi o seu nome que o revigorou; e a fé que nos vem por Ele é que deu a este homem a sua perfeita saúde diante de todos vós” (At 3, 16). Jesus Cristo realizava milagres em seu próprio nome, exigindo unicamente a fé dos que iam ser curados; enquanto que os Apóstolos realizam milagres invocando a autoridade de Jesus Cristo e apoiados na fé n’Ele: “São Pedro declara que não operou o prodígio com outro poder senão com a fé em Jesus Cristo e a confiança em suas promessas” (Pontifício Instituto Bíblico de Roma).
Essa cura do homem aleijado não foi um milagre falso... coisa inventada... pura vaidade e charlatanismo, como acontece nas igrejolas protestantes e reuniões da Renovação Carismática “C”. Foi um milagre verdadeiro... presenciado por muitas pessoas como afirma São Pedro: Ele (Jesus) é que deu a este homem a sua perfeita saúde diante de todos vós. “Graças à fé em seu nome, este homem que contemplais e a quem conheceis, foi o seu nome que o revigorou; e a fé que nos vem por Ele é que deu a este homem a sua perfeita saúde diante de todos vós” (At 3, 16). Já pensou se os reboladores e os sectários vivessem no tempo de Herodes? Penso que o “Rei Porcão” passaria todos ao fio da espada, porque ele, apesar de ridículo e idiota, queria presenciar um milagre e não macaquice, como acontece hoje. Como é nojento ver os fundadores de seitas obrigarem os sectários mentirem a cada minuto, dizendo que foram curados dessa ou daquela doença. Quanta mentira! Muitos que se dizem católicos estão no mesmo caminho. Quanta vaidade!
O povo judaico agiu por ignorância, diz São Pedro. Já Jesus tinha dito na cruz: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23, 34). O povo não sabia que Jesus era o Cristo, o Filho de Deus. Deixou-se levar pelos sacerdotes e pelos principais do povo. Estes, que conheciam as Escrituras, deveriam tê-Lo reconhecido, mas ofuscaram a sua mente e por malícia e inveja crucificaram-No. “Entretanto, irmãos, sei que agistes por ignorância, da mesma forma como vossos chefes. Assim, porém, Deus realizou o que antecipadamente anunciara pela boca de todos os profetas, a saber, que seu Cristo havia de padecer” (At 3, 17-18). Infelizmente, muitos sacerdotes católicos usam do poder, amizades e cargos, para perseguirem pessoas inocentes e seguidoras fiéis de Jesus Cristo: outros sacerdotes e leigos. No tempo de Santo Antônio Maria Zaccaria, os sacerdotes católicos instigavam o povo contra ele dizendo: Quem colocar fogo na casa do Pe. Antônio irá para o céu.
A todos é oferecido o perdão de Deus. São Pedro “diz-lhes que a morte de Cristo era consequência da vontade e decreto divinos (...). Vede este incompreensível e profundo desígnio de Deus! Não foi um, foram todos os Profetas em coro que anunciaram este mistério. Mas, embora os Judeus tivessem sido, sem o saberem, a causa da morte de Jesus, esta morte tinha sido determinada pela Sabedoria e pela Vontade de Deus, servindo-se da malícia dos Judeus para o cumprimento dos seus desígnios. O Apóstolo diz-nos: Ainda que os Profetas tivessem predito esta morte e vós a tenhais feito por ignorância, não penseis estar inteiramente desculpados; Pedro diz-lhes em tom suave: ‘Arrependei-vos e convertei-vos’. Com que objetivo? Para que sejam apagados os vossos pecados. Não só o vosso assassinato, no qual intervém a ignorância, mas todas as manchas das vossas almas” (São João Crisóstomo). “Entretanto, irmãos, sei que agistes por ignorância, da mesma forma como vossos chefes. Assim, porém, Deus realizou o que antecipadamente anunciara pela boca de todos os profetas, a saber, que seu Cristo havia de padecer” (At 3, 17-18).
O Concílio Vaticano II indica qual deve ser a atitude dos cristãos perante o povo judaico, assim como perante as outras religiões não cristãs: respeito e zelo prudente para atraí-los à fé: “Ainda que as autoridades dos Judeus e os seus sequazes tenham urgido a condenação de Cristo à morte (Jo 19, 6), não se pode, todavia, imputar indistintamente a todos os Judeus que então viviam, nem aos judeus do nosso tempo, o que na sua Paixão se perpetrou. E embora a Igreja seja o novo Povo de Deus, nem por isso os Judeus devem ser apresentados como reprovados por Deus e malditos (...). Grande parte dos Judeus não receberam o Evangelho; antes, não poucos se opuseram à sua difusão. No entanto, segundo o Apóstolo (Rm 11, 28-29), os Judeus continuam ainda, por causa dos Patriarcas, a ser muito amados de Deus, cujos dons e vocação não conhecem arrependimento”. Não se podem esquecer as prerrogativas do povo judaico (Rm 9, 4-5) e que dele procede Cristo segundo a carne, assim como sua Mãe, a Virgem Maria, e os Apóstolos, fundamento e colunas da Igreja, e muitos dos primeiros discípulos que anunciaram ao mundo o Evangelho de Cristo. “Entretanto, irmãos, sei que agistes por ignorância, da mesma forma como vossos chefes. Assim, porém, Deus realizou o que antecipadamente anunciara pela boca de todos os profetas, a saber, que seu Cristo havia de padecer” (At 3, 17-18). A Igreja, movida pela caridade, roga ao Senhor pela conversão espiritual do povo hebreu: “Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, Senhor e Filho de Davi, segundo as profecias, fazei que Israel Vos reconheça como Messias Salvador dos homens” (Liturgia das Horas, Preces de Laudes, 31 de Dezembro).
Efeito da compunção é o anelo de reparação pelo mal causado. No dia de Pentecostes muitos judeus, movidos pela graça, perguntaram aos Apóstolos que deviam fazer para reparar o crime cometido. Também nesta ocasião São Pedro os move a uma mudança de vida sincera e eficaz orientada para Deus. Esta penitência ou conversão que Pedro prega é a mesma mensagem com que se iniciou o anúncio do Reino (Mc 1, 15; 13, 1-4). O Bem-aventurado Paulo VI escreve: “Significa mudança de mentalidade, e refere-se ao estado do homem pecador, necessitado de mudar de vida e de se dirigir para Deus e desejoso de se levantar das próprias faltas, de se arrepender e de invocar a misericórdia divina”. “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, a fim de que sejam apagados os vossos pecados” (At 3, 19). Noutra ocasião, Paulo VI explicava que a palavra conversão poderia traduzir-se na prática chamando-lhe reforma interior: “A esta reforma estamos chamados e ela far-nos-á ver muitas coisas. A primeira refere-se à análise interior da nossa alma (...): devemos examinar-nos sobre qual é a verdadeira direção principal da nossa vida, qual é o movimento habitual que predomina no nosso modo de pensar e de atuar, qual é a nossa razão de viver (...). Dirige-se o leme da nossa rota para a meta exata ou talvez a sua direção necessita de ser retificada? (...). Depois deste exame sobre nós mesmos (...) encontraremos pecados, ou pelo menos debilidade que necessitam de penitência e reforma profundas”.
A conversão supõe uma mudança interior do homem. “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, a fim de que sejam apagados os vossos pecados” (At 3, 19). Não existe perdão para aquele que não se arrepende dos pecados cometidos. Sem arrependimento não há perdão nem mesmo na confissão. Deus não perdoa nenhum pecado, mortal ou venial, se não estamos arrependidos: “A dor dos pecados consiste num desgosto e numa detestação sincera da ofensa feita a Deus” (São Pio X).
Para percorrer o caminho da santidade com segurança é preciso se arrepender dos pecados e se converter. Deus é Amor, mas é exigente. “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, a fim de que sejam apagados os vossos pecados” (At 3, 19). A verdadeira contrição deve ser interna, isto é, uma dor da alma, desgosto, pena, tristeza e detestação do pecado. Uma ação exterior, como bater no peito, sem a dor interna, não é ainda arrependimento.
Sem arrependimento e sem se corrigir, o pecador não se salvará. É muito perigoso ofender o Criador e dizer-lhe com desdém: “Sinto muito”... sendo que não sente nada. Deus não é brinquedo de pessoas arrogantes: “Não vos iludais; de Deus não se zomba” (Gl 6, 7). “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, a fim de que sejam apagados os vossos pecados” (At 3, 19). O que é que se entende por arrependimento? Arrependimento ou contrição “é um pesar de coração e detestação do pecado cometido, com o propósito de nunca mais cometê-lo” (Concílio de Trento).
Isto é, da ressurreição final, como aparece no versículo seguinte, que fala da restauração messiânica de todas as coisas e da vinda de Jesus (Is 45, 8). Mas a conversão antecipará, pessoalmente, para cada convertido, após a morte (Mt 24, 50; 25, 13; Jo 14, 3; Ap 3, 3.5), a glória dos eleitos. Em sentido geral, a conversão de Israel deverá preceder os tempos do Juízo Final (Mt 24, 14; Rm 11, 25-32); ignorava-se, porém, se estavam iminentes ou não (Mt 24, 36). São Paulo chegará até a falar do gemido da natureza inteira, que também suspira pela glorificação dos eleitos (Rm 8, 19-23). “... e deste modo venham da face do Senhor os tempos do refrigério. Então enviará ele o Cristo que vos foi destinado, Jesus” (At 3, 20).
Com efeito, a salvação que Jesus operou destinava-se, antes de tudo, aos israelitas, “filhos da promessa”, aos quais, além disso, Jesus prometera reservar a sua missão pessoal (Mt 15, 24). Infelizmente, tornaram-se indignos por causa da sua própria recusa acirrada, que levaram até ao deicídio. “... e deste modo venham da face do Senhor os tempos do refrigério. Então enviará ele o Cristo que vos foi destinado, Jesus” (At 3, 20).
São Pedro deseja demonstrar que em Jesus Cristo se cumprem as profecias do Antigo Testamento, por ser descendente de Davi (At 2, 30), pela sua condição de profeta (Dt 18, 15), pelos seus sofrimentos (At 2, 23), pela sua função de pedra angular (At 4, 11) e pela sua ressurreição e exaltação à direita do Pai (At 2, 25-34). “... a quem o céu deve acolher até os tempos da restauração de todas as coisas, das quais Deus falou pela boca de seus santos profetas. Moisés, na verdade, falou: O Senhor nosso Deus vos suscitará dentre os vossos irmãos um profeta semelhante a mim; vós o ouvireis em tudo o que ele vos disser. E todo aquele que não escutar esse profeta, será exterminado do meio do povo. Também os outros profetas, desde Samuel e todos os que a seguir falaram, prenunciaram estes dias’. Vós sois os filhos dos profetas e da aliança que Deus estabeleceu com os nossos pais, quando disse a Abraão: Na tua descendência serão abençoadas todas as famílias da terra. Para vós em primeiro lugar Deus ressuscitou seu Servo e o enviou para vos abençoar, a partir do momento em que cada um de vós se afaste de suas maldades” (At 3, 21-26).
No céu deve ser acolhido, porque, após sua ascensão, Jesus não retornará visivelmente à terra até a época do Juízo Final (At 1, 11; Mt 24, 30; 25, 31-36). “... a quem o céu deve acolher até os tempos da restauração de todas as coisas, das quais Deus falou pela boca de seus santos profetas. Moisés, na verdade, falou: O Senhor nosso Deus vos suscitará dentre os vossos irmãos um profeta semelhante a mim; vós o ouvireis em tudo o que ele vos disser. E todo aquele que não escutar esse profeta, será exterminado do meio do povo. Também os outros profetas, desde Samuel e todos os que a seguir falaram, prenunciaram estes dias’. Vós sois os filhos dos profetas e da aliança que Deus estabeleceu com os nossos pais, quando disse a Abraão: Na tua descendência serão abençoadas todas as famílias da terra. Para vós em primeiro lugar Deus ressuscitou seu Servo e o enviou para vos abençoar, a partir do momento em que cada um de vós se afaste de suas maldades” (At 3, 21-26). Santo Tomás de Aquino ensina: “Cristo subiu ao céu e sentou-se à direita de Deus como Senhor de todos, evidentemente compete-lhe o juízo. Por isso, pela Regra da Fé Católica, confessamos que virá julgar os vivos e os mortos”.
Deus promete a Moisés que, depois de sua morte (versículo 22), continuará dando assistência ao povo com o auxílio de sua palavra. São Pedro aplica esta profecia a Jesus Cristo. Jesus é também identificado com o profeta em Jo 6, 14; 7, 40. “... a quem o céu deve acolher até os tempos da restauração de todas as coisas, das quais Deus falou pela boca de seus santos profetas. Moisés, na verdade, falou: O Senhor nosso Deus vos suscitará dentre os vossos irmãos um profeta semelhante a mim; vós o ouvireis em tudo o que ele vos disser. E todo aquele que não escutar esse profeta, será exterminado do meio do povo. Também os outros profetas, desde Samuel e todos os que a seguir falaram, prenunciaram estes dias’. Vós sois os filhos dos profetas e da aliança que Deus estabeleceu com os nossos pais, quando disse a Abraão: Na tua descendência serão abençoadas todas as famílias da terra. Para vós em primeiro lugar Deus ressuscitou seu Servo e o enviou para vos abençoar, a partir do momento em que cada um de vós se afaste de suas maldades” (At 3, 21-26).
São Pedro apela para a ameaça, que formula com palavras de Lv 23, 29 (deve ser exterminado do meio do povo). Aquele que não obedecer a Jesus Cristo ficará fora da salvação messiânica. “... a quem o céu deve acolher até os tempos da restauração de todas as coisas, das quais Deus falou pela boca de seus santos profetas. Moisés, na verdade, falou: O Senhor nosso Deus vos suscitará dentre os vossos irmãos um profeta semelhante a mim; vós o ouvireis em tudo o que ele vos disser. E todo aquele que não escutar esse profeta, será exterminado do meio do povo. Também os outros profetas, desde Samuel e todos os que a seguir falaram, prenunciaram estes dias’. Vós sois os filhos dos profetas e da aliança que Deus estabeleceu com os nossos pais, quando disse a Abraão: Na tua descendência serão abençoadas todas as famílias da terra. Para vós em primeiro lugar Deus ressuscitou seu Servo e o enviou para vos abençoar, a partir do momento em que cada um de vós se afaste de suas maldades” (At 3, 21-26).
Pe. Divino Antônio Lopes FP (C) Anápolis, 03 de agosto de 2017
Bibliografia
Sagrada Escritura Pe. Juan Leal, A Sagrada Escritura (texto e comentário) Edições Theologica São Clemente Romano, Ad Cor. 14, 3 Pius-Aimone Reggio, Por que a alegria? Santo Tomás de Aquino, Exposição sobre o Credo Pe. Francisco Fernández Carvajal, Falar com Deus Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena, Intimidade Divina Santa Teresa do Menino Jesus, História de uma alma, 162 São João Crisóstomo, Homilia sobre os Atos dos Apóstolos, 9 Pontifício Instituto Bíblico de Roma Pe. Lorenzo Turrado, Bíblia comentada Pe. Alexandrino Monteiro, Raios de luz São João Paulo II, Dives in misericórdia, 6 Bem-aventurado Paulo VI, Homilia e Audiência geral Concílio Vaticano II, Nostra aetate, 4 São Pio X, Catecismo Maior Concílio de Trento
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