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                ...VEIO JESUS DA GALILÉIA AO 
                JORDÃO 
          
          (Mt 3, 
          13-17) 
            
          
          “13 
          Nesse tempo, veio Jesus da Galiléia ao Jordão até João, a fim de ser 
          batizado por ele. 14 Mas João 
          tentava dissuadi-lo, dizendo: ‘Eu é que tenho necessidade de ser 
          batizado por ti e tu vens a mim?’ 
          15 
          Jesus, porém, respondeu-lhe: ‘Deixa estar por enquanto, pois assim 
          nos convém cumprir toda a justiça’. E João consentiu. 
          16 
          Batizado, Jesus subiu imediatamente da água e logo os céus se abriram 
          e ele viu o Espírito de Deus descendo como uma pomba e vindo sobre 
          ele. 17Ao mesmo tempo, 
          uma voz vinda dos céus dizia: ‘Este é o meu Filho amado, em quem me 
          comprazo”. 
            
          
          
            
            
          
          Em Mt 
          3, 13-15 diz: “Nesse 
          tempo, veio Jesus da Galiléia ao Jordão até João, a fim de ser 
          batizado por ele. Mas João tentava dissuadi-lo, dizendo: ‘Eu é que 
          tenho necessidade de ser batizado por ti e tu vens a mim?’ Jesus, 
          porém, respondeu-lhe: ‘Deixa estar por enquanto, pois assim nos convém 
          cumprir toda a justiça’. E João consentiu”. 
          
          Edições Theologica 
          comenta: “Jesus tinha passado uns trinta anos 
          (Lc 3, 23) no que normalmente chamamos vida oculta. Admira-nos o 
          silêncio do Verbo de Deus Encarnado durante todo este tempo. Muitas 
          podem ser as razões desta longa espera de Jesus antes de começar o Seu 
          ministério público. Pode ter influído nisso o costume judaico de que 
          os rabinos tivessem feito os trinta anos, antes de exercer o seu 
          ofício de mestres. Em qualquer dos casos, Nosso Senhor, com os Seus 
          longos anos de trabalho na oficina de São José, ensina aos cristãos o 
          sentido santificador da vida e trabalho ordinários. 
          
          Jesus 
          começa o Seu ministério público depois de o Batista ter preparado o 
          povo, segundo o plano divino, para receber o Messias. 
          
          São João 
          Batista, ao ver aproximar-se do seu batismo Aquele de quem tinha dado 
          testemunho tão autêntico, resistia razoavelmente a batizá-Lo. Não era 
          necessário que Jesus fosse batizado por João, já que não tinha pecado 
          algum. Mas Jesus quis submeter-Se a este batismo antes de inaugurar a 
          Sua pregação para nos ensinar a obedecer a todas as disposições 
          divinas (antes tinha-Se submetido, por exemplo, à circuncisão, à 
          apresentação no Templo e ao resgate como primogênito). Os planos de 
          Deus dispunham que Jesus Se aniquilasse até Se submeter à autoridade 
          de outros homens. 
          
          
           “Justiça”, na Bíblia, tem um significado muito rico: refere-se ao 
          plano que Deus, na Sua infinita bondade e sabedoria, traçou para a 
          salvação do homem. Por isso “cumprir toda a justiça” deve ser 
          interpretado na linha de cumprir a vontade de Deus e os Seus 
          desígnios. Daí que pudéssemos traduzir “cumprir toda a justiça” por: 
          “cumprir tudo o estabelecido por Deus”. 
          
          Jesus 
          Cristo acorre ao batismo de João em reconhecimento de uma etapa da 
          História da Salvação, prevista por Deus como preparação última e 
          imediata da era messiânica. O cumprimento de qualquer destas etapas ou 
          atos do plano divino pode chamar-se, resumidamente, um ato de justiça. 
          Jesus, que veio cumprir a Vontade do Pai (Jo 4, 34), procura cumprir 
          esse plano salvador em lodos os seus pormenores”. 
          
          João, com a sua 
          vida austera e a sua pregação, mantinha o povo em suspense, e 
          provocava uma expectativa cheia de fervor. Os judeus estavam à espera 
          de grandes acontecimentos religiosos, e a missão de João pressagiava, 
          com efeito, sucessos extraordinários. As suas palavras davam um novo 
          alento à esperança messiânica e muitos perguntavam-se no seu interior 
          se ele mesmo não seria o Cristo. Mas João dizia: Eu não sou o Cristo (Jo), 
          e acrescentava: Eu batizo-vos com água; mas vem quem é mais forte que 
          eu, ao qual não sou digno de desatar a correia das sandálias: ele vos 
          batizará no Espírito Santo e em fogo (Lc). 
          
          Esta declaração, 
          envolvida em certo mistério, estava penetrada de uma profunda 
          humildade. Com uma comparação simples colocava-se no lugar que lhe 
          competia: o que vem — diz — é um grande senhor, e os grandes senhores 
          têm servos para lhes tirar as sandálias quando chegam de um longo 
          caminho. Eu sou tão pouca coisa ao seu lado que nem sequer sou digno 
          de servir-lhe de criado. Em comparação com ele, eu não existo, vinha a 
          declarar . 
          
          João tinha plena 
          consciência da sua missão de ser precursor de alguém maior que ele: é 
          humilde, sabe qual é o seu lugar e não tenta ocupar outro. Não procura 
          a sua própria glória, mas a do Senhor. 
          
          João não 
          apresentava diretamente o Senhor, mas tinha-o, sem dúvida, no coração. 
          Ao declarar que ele não era o Cristo empregava a mesma discrição, e 
          pelos mesmos motivos, que mostrará Jesus para dizer que Ele sim é o 
          Cristo. 
          
          O evangelho não nos 
          diz se houve algum encontro anterior entre Jesus e João. Os anos de 
          juventude de ambos foram muito diversos, e não parece pelos textos 
          —habitava no deserto (Lc); eu não o conhecia (Jo) — que se tivessem 
          visto antes destes acontecimentos. 
          
          Toda a vida do 
          Precursor culmina no batismo do Senhor. Um dia apresentou-se Jesus 
          entre a multidão. Vinha da Galiléia para ser batizado por João (Mt), 
          ainda que Ele não necessitava, pois tinha a plenitude da graça. 
          
          Quando João viu 
          aproximar Jesus sabia que era Ele, o Messias tanto tempo esperado. 
          Talvez não conhecesse a divindade do Senhor e a sua íntima e eminente 
          relação com Deus Pai. Isto ser-lhe-á revelado de modo parcial. 
          Aparentemente, Jesus ia, como os outros, escutar a sua palavra e 
          receber o seu batismo. Solicita-o com modéstia, mas o Batista 
          negou-se, dizendo: Sou eu quem necessita de ser batizado por ti, como 
          vens tu a mim? E Jesus replicou-lhe: Deixa-me agora, assim é que 
          devemos nós cumprir toda a justiça (Mt), isto é, tudo o estabelecido 
          por Deus Pai. 
          
          Estas são as 
          primeiras palavras que conhecemos de Jesus na sua vida pública; estão 
          na mesma linha daquelas que disse a seus pais quando o encontraram no 
          Templo. Ao longo dos três anos de pregação repetirá de modos diversos 
          que Ele veio para cumprir a vontade do Pai. 
          
          
          Remígio escreve: 
          “Adverte-se que nestas palavras designam-se as pessoas, o lugar, o 
          tempo e o ofício. O tempo, quando disse Tunc, então”, 
          e:  “Depois 
          que Cristo foi anunciado na pregação do seu precursor, quis 
          manifestar-se aos homens o que por tanto tempo tinha vivido oculto. 
          Por isso, se diz: - Então veio Jesus desde a Galiléia ao Jordão, onde 
          se encontrava João, para ser batizado por ele- ” 
          (A Glosa), e também:
          “Quando tinha trinta anos: E nisso, se 
          manifesta, que não se deve autorizar a ninguém, nem sacerdote, nem 
          pregador, se não é de idade madura. José foi encarregado do governo do 
          Egito quando tinha trinta anos. Davi iniciou seu reinado quando tinha 
          a mesma idade. Ezequiel mereceu ser designado profeta na mesma idade”
          ( Rábano), e ainda:
          “Dado que depois deste batismo, Jesus queria derrogar a Lei e espera 
          até esta idade, onde cabem todos os pecados, e a cumpre íntegra até 
          então; não foi o que disseram alguns; que a derrogava, por não ser 
          capaz de cumpri-la” 
          (São João Crisóstomo, 
          Homilia in Matthaeum, Hom. 10,1), e: “Também 
          se diz (isto é, quando João pregava: fazei penitência) para confirmar 
          sua pregação e para que recebesse seu testemunho do mesmo São João. 
          Assim como quando sai o luzeiro, este marcha diante do sol; e a luz do 
          sol não espera o ocaso do luzeiro para brilhar, e sim, aparece, 
          continuando sua trajetória, porém o sol escurece seu brilho com seus 
          raios; da mesma forma, Jesus Cristo não esperou que São João 
          finalizasse sua trajetória, senão que apareceu quando ele ainda 
          pregava” (Pseudo-Crisóstomo,
          Opus Imperfectum super Matthaeum, Hom. 4), 
          e também: 
          “Se faz menção das pessoas 
          quando se diz: ‘Veio Jesus a João’, isto é, Deus ao homem, o Senhor ao 
          servo, o Rei ao seu soldado, a luz à lanterna. Se designam os lugares 
          quando se diz:    ‘Da Galiléia ao Jordão’. Galiléia quer dizer 
          emigração. Todo aquele que quiser se batizar, emigre dos vícios às 
          virtudes e, vindo ao batismo, humilhe-se. Jordão significa descida”
          (Remígio), e ainda: “A Sagrada 
          Escritura diz que se hão verificado muitas coisas admiráveis neste 
          rio, entre outras, diz também: ‘O Jordão voltou-se atrás’ ( Sl 113,3). 
          Antes, as águas voltaram atrás, agora, os pecados voltam. Assim como, 
          Elias dividiu as águas do Jordão, assim Cristo, Nosso Senhor, fez no 
          mesmo Jordão a separação dos pecadores” 
          (Santo 
          Agostinho, In Sermonibus de Epiphania), 
          e: 
          “Se expressa o ofício, quando 
          se segue: ‘Para que fosse batizado por ele” 
          (Remígio), 
          e também:  “Não 
          para que ele mesmo recebesse o perdão de seus pecados através do 
          batismo e sim para deixar santificadas as águas aos que se batizassem 
          depois” (Pseudo-Crisóstomo,
          Opus Imperfectum super Matthaeum, Hom. 4), 
          e ainda: 
          “O Salvador quis batizar-se 
          não para adquirir limpeza para si; senão, para nos deixar uma fonte de 
          limpeza. Desde o momento que Cristo desceu às águas, a água limpa os 
          pecados de todos. E não deve admirar-se que a água, isto é, uma 
          substância corporal, aproveita-se para purificar a alma. Vem e penetra 
          perfeitamente todos os segredos da consciência. Mesmo quando a água é 
          sutil e débil, com a bênção de Cristo, se faz sumamente forte e 
          penetra com o seu delicado orvalho, as causas ocultas da vida, até os 
          segredos do pensamento. É muito mais sutil a penetração das bênçãos, 
          que a da umidade das águas. ‘Daí provém que a bênção do Salvador no 
          seu batismo tem enchido as regiões mais escolhidas e as fontes dos 
          mananciais como rio espiritual” 
          (Santo 
          Agostinho, In Sermonibus de Epiphania), 
          e: 
          “Veio a este batismo para 
          que, aquele que havia tomado à natureza humana, pudesse encher 
          plenamente todos os segredos da mesma natureza. Porque ainda que Ele 
          não fosse pecador, tomou, porém a natureza pecadora. Portanto, ainda 
          que por si mesmo não necessitasse o batismo, a natureza carnal de 
          outros o necessitava” 
          (Pseudo-Crisóstomo,
          Opus Imperfectum super Matthaeum, Hom. 4), 
          e também: 
          “Quis batizar-se, 
          ademais, porque quis fazer o que nos manda fazer, para que como bom 
          Mestre não só nos ensinasse com a sua doutrina, senão também com o seu 
          exemplo”  (Santo Agostinho, In 
          Sermonibus de Epiphania), e ainda:
          “Por esta razão quis 
          ser batizado por São João: para que saibam seus servos com quanta 
          alegria devem correr ao batismo do Senhor, ao ver como Ele não tem 
          desdenhado receber o batismo do servo” 
          (Santo 
          Agostinho, In Ioannem, 5,5), e: “Ademais 
          quis batizar-se para confirmar com o seu batismo, o batismo de João”
          (São 
          Jerônimo), 
          e também: 
          “Porque o batismo de João era de arrependimento, e levava consigo a 
          confissão das culpas, para que não tivesse alguém que acreditasse que 
          Cristo havia vindo a se batizar por esse motivo. O Batista disse ao 
          que vinha: ‘Eu devo ser batizado por ti, e tu vens a mim?” 
          (São 
          João Crisóstomo, Homiliae In Matthaeum, Hom. 
          12,1), 
          e ainda: 
          “Como se dissesse: Está bem 
          que me batizes; esta razão é idônea (para que eu também seja justo, e 
          me faça digno do céu). Porém, há alguma razão para que eu te batize? 
          Tudo o que é bom desce do céu à terra e não sobe da terra ao céu”
          (Pseudo-Crisóstomo,
          Opus Imperfectum super Matthaeum, Hom. 4), 
          e: 
          “Por último, o Senhor não 
          pode ser batizado por João como Deus, mas ensina que deve batizar-se 
          como homem. Se prossegue desta forma, respondendo Jesus lhe disse: 
          ‘Deixa-me agora”  
          (Santo 
          Hilário, In Matthaeum, 2), e também:
          “E delicadamente 
          responde: ‘Deixa-me agora’, para manifestar que Cristo devia ser 
          batizado por São João na água, e São João ser batizado por Cristo em 
          espírito, ou de outro modo: ‘Deixa-me agora’, para que quem há tomado 
          a forma de servo, manifeste sua humildade. Seja consciente de que tu 
          haverás de ser batizado com meu batismo no dia do juízo. ‘Deixa-me 
          agora’, disse o Senhor, porque tenho outro batismo com o qual haverei 
          de ser batizado. Tu me batizas em água para que eu te batize por mim 
          em teu sangue” 
          (São 
          Jerônimo), 
          e ainda: 
          “O que se manifesta também é que Cristo batizou depois a São João, 
          ainda que nos livros apócrifos isto, está escrito de uma maneira 
          patente. Mas agora, deixa-me que expresse a retidão do batismo não só 
          com palavras, senão também com obras. Primeiro receberei, depois 
          pregarei. De onde provém: ‘Assim convém que nós cumpramos toda 
          justiça’. Isto, não quer dizer que se fosse batizado cumpriria toda 
          justiça, senão que a cumpre assim, dessa maneira. Quer dizer, 
          primeiro, cumpriu toda a justiça do batismo com obras, depois a 
          pregou, segundo àquelas palavras: Jesus começou a fazer e ensinar, ou 
          de outro modo: Convém que nós façamos toda justiça, como fazemos a do 
          batismo, isto é, segundo as necessidades da natureza humana. Assim 
          cumpriu a justiça nascendo, crescendo e todas demais coisas” 
          (Pseudo-Crisóstomo, Opus 
          Imperfectum super Matthaeum, Hom. 4), 
          e: 
          “Por Ele devia cumprir-se 
          toda justiça, por quem unicamente podia cumprir-se a lei” 
          (Santo 
          Hilário, In Matthaeum, 2), e também:
          “Mas não acrescentou 
          si se tratava da justiça da lei ou da natureza, para que entendamos 
          ambas” (São 
          Jerônimo), e ainda:
          “Assim: Convém que nós 
          cumpramos toda justiça, isto é, devemos dar o exemplo de cumprir toda 
          justiça no batismo; sem o qual, não pode se abrir a porta do reino dos 
          céus, ou também, para que aprendam os soberbos, o exemplo de 
          humildade, e não se sintam rebaixados ao ser batizados por meus 
          humildes ministros, ao ver que eu fui batizado pelo meu servo João. A 
          verdadeira humildade é a que segue a sua companheira, a obediência. De 
          onde vem: ‘Então lhe deixou”, isto é, permitiu que se batizasse”
          ( Remígio). 
          
          
          Dom Duarte Leopoldo 
          escreve: “Admirável combate de humildade! Quem poderá vencer, em semelhante 
          luta, aquele que disse: Aprendei de mim que sou manso e humilde de 
          coração! – João obedece, como mais tarde obedecerá também São Pedro em 
          idênticas circunstâncias. Não obedecer à voz de Deus, a pretexto de 
          humildade, não é humildade, mas orgulho”. 
          
          Em Mt 
          3, 16 diz: “Batizado, 
          Jesus subiu imediatamente da água e logo os céus se abriram e ele viu 
          o Espírito de Deus descendo como uma pomba e vindo sobre ele”. 
          
          Dom 
          Duarte Leopoldo escreve: 
          “Uma pomba traz a Noé um ramo 
          de oliveira, símbolo da paz; uma pomba repousa sobre Jesus, nas águas 
          do Jordão, para designá-lo como o Príncipe da Paz. – Deus teve de 
          multiplicar os milagres, para provar ao mundo que Jesus é realmente 
          seu Filho feito homem, e que nós devemos ouvi-lo e aceitar a sua 
          doutrina. – O Espírito Santo desce também, posto que invisivelmente, 
          sobre todos aqueles que recebem o Batismo”. 
          
          Edições Theologica 
          comenta: “Jesus desde a Sua própria conceição, 
          possuía a plenitude do Espírito Santo. Isto é assim pela união da 
          natureza humana com a natureza divina na pessoa do Verbo (dogma da 
          união hipostática). A doutrina cristã ensina que em Cristo há uma só 
          Pessoa, divina, e duas naturezas, divina e humana. A descida do 
          Espírito de Deus, de que fala o nosso texto, exprime que, assim como 
          Jesus iniciava de modo solene o Seu ofício messiânico, assim o 
          Espírito Santo começava a Sua ação por meio do Messias. São muitos os 
          textos do Antigo Testamento em que se anuncia a especialíssima 
          manifestação do Espírito Santo no futuro Messias. Com este sinal do 
          Espírito, recebia também São João Batista a prova inequívoca da 
          autenticidade do seu testemunho acerca de Cristo (cf Jo l, 29-34). 
          
          No Batismo 
          de Jesus Cristo revela-se o mistério da Santíssima Trindade: o Filho, 
          que recebe o Batismo; o Espírito Santo, que desce sobre Ele em figura 
          de pomba; e a voz do Pai, que dá testemunho da pessoa de Seu Filho. No 
          nome das três Pessoas divinas deverão ser batizados os cristãos. ‘Se 
          tu tens uma piedade sincera, sobre ti descerá também o Espírito Santo 
          e ouvirás a voz do Pai do alto que diz: este não é o Meu Filho, mas 
          agora depois do Batismo, foi feito meu filho” 
          (De Baptismo, 14)”. 
          
          Santo 
          Agostinho escreve: 
          “Porque, como se tem dito, quando nosso Salvador ficou lavado, já 
          estava limpa toda a água para o nosso batismo, para que se pudera 
          administrar a graça do batismo às gerações vindouras. Convinha também 
          que se designassem no batismo de Cristo todas as graças que se 
          concedem por Ele mesmo aos fiéis, de onde se diz: ‘Batizado Jesus, 
          imediatamente saiu da água” 
          (In Sermonibus de Epiphania), 
          e: “A ação de 
          Cristo pertence ao mistério de todos aqueles que depois haviam de ser 
          batizados. Por isso, disse ‘imediatamente’, e não só ‘saiu’, porque 
          todos os que deviam batizar-se dignamente em Cristo, imediatamente 
          saem da água, ou seja, marcham em direção às virtudes e são elevados à 
          dignidade celestial. Os que eram carnais entraram na água, filhos do 
          pecador Adão, logo, se fazem espirituais e convertidos em filhos de 
          Deus. Se alguns, por sua culpa não saem santificados do batismo, o que 
          isso faz ao batismo?” 
          (Pseudo-Crisóstomo,
          Opus Imperfectum super Matthaeum, Hom. 4), e também:  “O 
          Senhor tem nos concedido o lavado do batismo com a imersão do seu 
          corpo, e com isso, nos há demonstrado que pode abrir as portas do céu 
          para nós, quando recebemos o batismo, e nos conceder o Espírito Santo. 
          De onde prossegue: ‘E se lhe abriram os céus”(Rábano), 
          e ainda: 
          “Não com a abertura dos 
          elementos, senão para os olhos espirituais, como nos refere Ezequiel 
          no início do seu livro” 
          (São 
          Jerônimo, In Matthaeum, 3), 
          e: “Se o natural 
          tivesse sido aberto, não diria: ‘Se abriram para Ele’, porque o que se 
          abre de um modo material, se abre para todos. Mas, se acaso diz 
          alguém: O que é isto? Fecharam-se os céus na presença do Filho de 
          Deus; quem, que ainda estava na terra e ao mesmo tempo no céu? Mas, se 
          entende que, assim como foi batizado segundo a condição humana também 
          se abriram para Ele os céus segundo a esta mesma condição. Somente 
          segundo a natureza divina, se encontrava nos céus” 
          (Pseudo-Crisóstomo,
          Opus Imperfectum super Matthaeum, Hom. 4), 
          e também: “Mas, acaso, 
          se abriram os céus a Ele por primeira vez, também conforme  com a 
          natureza humana? A fé da Igreja crê e ensina que não se abriram menos 
          os céus para Ele, antes que depois. Portanto, se diz que se abriram os 
          céus a Ele, porque a porta do reino celestial se abria então para 
          todos os que renasciam à graça” 
          (Remígio), 
          e ainda: 
          “Talvez, pode dizer-se que 
          antes existiam obstáculos invisíveis que se opunham a que as almas dos 
          justos entrassem no reino dos céus. Não creio que nenhuma alma haja 
          ascendido aos céus antes que Jesus Cristo, pois, desde que Adão pecou 
          se fecharam os céus. Somente se abriram, quando Jesus Cristo foi 
          batizado. Quando venceu a tirania do pecado por meio da cruz, como não 
          eram necessárias as portas, (não havendo estado o céu fechado jamais) 
          não disseram os anjos: ‘Abri as portas’, porque já estavam abertas, 
          senão: ‘Levantai as portas’, ou os céus se abrem para que se batizem e 
          vejam as coisas que há nos céus, não olhando com os olhos da carne, 
          senão crendo com os olhos espirituais da fé, ou de outro modo: Os céus 
          são as Sagradas Escrituras, as que todos lêem, mesmo que não as 
          entendam, a não ser que sejam batizados de maneira que recebam o 
          Espírito Santo. Por isso, as Escrituras dos profetas não eram 
          inteligíveis para os apóstolos em um princípio, até que, havendo 
          recebido o Espírito Santo, todas as Escrituras ficaram-lhes 
          perfeitamente inteligíveis. Não obstante, de qualquer modo, que se 
          entenda que os céus se abriram para Ele, ou seja, para todos por meio 
          Dele, como se um imperador dissesse a alguém que pede graça a outro: 
          ‘Este beneficio não o dou a outro, senão a ti, quer dizer, por ti o 
          dou àquele” (Pseudo-Crisóstomo,
          Opus Imperfectum super Matthaeum, Hom. 4), 
          e: “Se tu não vês, não 
          sejas incrédulo, porque nos princípios dos exercícios do espírito 
          aparecem visões sensíveis, a favor daqueles que não podem ter 
          inteligência da natureza incorpórea. Desse modo, se mais adiante ditas 
          visões desaparecem, recebam a fé daquelas que uma vez aconteceram”(São 
          João Crisóstomo, Homiliae In Matthaeum, Hom. 
          12, 2), 
          e também: “Assim, como 
          a porta do reino dos céus se abriu para todos os regenerados pelo 
          batismo, da mesma forma, todos recebem no batismo os dons do Espírito 
          Santo. Por isso, acrescenta: ‘ E viu o Espírito de Deus descendo em 
          forma de pomba e vindo sobre Ele” 
          (Remigio), 
          e ainda: “Jesus Cristo, depois de haver nascido para os homens, renasce nos 
          sacramentos. Assim como o admiramos engendrado numa Mãe sem culpa, 
          agora o recebemos submergido em uma onda pura. A Mãe de Deus engendrou 
          seu Filho e permaneceu pura. Uma onda de água lavou a Cristo e ficou 
          santificada. Por último, o Espírito Santo que o formou nas entranhas, 
          agora o rodeia de luz no profundo das águas. E ele quem antes fez pura 
          a Maria, agora santifica as águas. De onde provém: ‘E vi o Espírito de 
          Deus, descendo”(Santo 
          Agostinho, In Sermonibus de Epiphania)
          , e: “Por isso, o Espírito Santo tomou a forma de pomba, porque esta ave 
          mansa e pura é a que, entre todos os animais, pratica mais a caridade. 
          Todas as aparências de justiça que têm os que são filhos de Deus, em 
          verdade, podem ter os escravos do demônio através da ficção. Somente a 
          caridade do Espírito Santo é a que não pode imitar o espírito imundo. 
          Por isso, o Espírito Santo reservou para si esta espécie privada de 
          caridade. Não se conhece pelo testemunho de alguém, onde se encontra o 
          Espírito Santo, mais que pela graça da caridade”(Pseudo-Crisóstomo,
          Opus Imperfectum super Matthaeum, Hom. 4), 
          e também: “Se 
          distingue sete virtudes nos batizados através do Espírito Santo sob a 
          forma de pomba. A pomba habita junto às águas, para que, ao ver ao 
          gavião, possa submergir-se na água e livrar-se de suas garras; escolhe 
          os melhores grãos, alimenta aos filhos de outro, não fere com o seu 
          bico, carece de fel, faz seus ninhos nas fendas das pedras e tem uma 
          espécie de gemido em vez de canto. Assim, os santificados pelo 
          batismo, vivem junto às águas das Sagradas Escrituras, para fugir das 
          investidas do inimigo e se alimentam com as sãs sentenças que escolhem 
          e não com as interpretações heréticas. Aos homens que foram ‘crias’ do 
          diabo, isto é, seus imitadores, os alimentam com a doutrina e com seu 
          exemplo; não interpretam mal as boas sentenças, ferindo como o fazem 
          os hereges; carecem de indignação racional; colocam seu ninho nas 
          chagas da morte de Cristo, que é a pedra firme, isto é, seu refúgio e 
          sua esperança. E assim, como os outros se deleitam no canto, eles se 
          deleitam no pranto pelos seus pecados” 
          (Rábano), 
          e ainda: “Se faz menção de certa história antiga: quando nossa linhagem no 
          dilúvio, apareceu também a pomba pra assinalar o final da tormenta e, 
          levando o ramo da oliveira, anunciou a boa nova da paz sobre a terra. 
          Tudo era figura do que depois haveria de suceder. Pois agora aparece a 
          pomba para  nos assinalar àquele que viria nos livrar de nossos males 
          e traz, em vez do ramo da oliveira, a filiação divina para todo o 
          gênero humano” 
          (São João 
          Crisóstomo, Homiliae In Matthaeum, Hom. 12,3), e: “É de 
          estranhar que: Quando se diz que o Espírito Santo foi enviado quando 
          descendeu sobre o próprio Deus; de uma maneira visível na forma de 
          pomba. Se formou no princípio uma espécie de criatura, na qual 
          representasse as propriedades do Espírito Santo. Esta operação 
          manifestada no exterior e oferecida à vista dos mortais, chama-se 
          missão do Espírito Santo, não porque aparecesse sua essência 
          invisível, senão para que o coração humano, estimulado pelas coisas 
          visíveis, se mova ao desejo da oculta eternidade. Porém o Espírito 
          Santo não tomou esta criatura em quem apareceu, na união da pessoa, 
          como o Filho tomou a forma humana no seio de uma Virgem; nem o 
          Espírito Santo tem santificado a pomba, nem a tem unido a sua pessoa 
          pra sempre. Portanto, ainda que aquela pomba chama-se Espírito, para 
          que se manifeste por pomba o Espírito patenteado, não podemos chamar 
          ao Espírito Santo, Deus e pomba, como dizemos Filho, Deus e Homem; nem 
          como dizemos ao Filho, Cordeiro de Deus. Não somente pelo que nos diz 
          São João Batista pregando, senão também São João evangelista vendo no 
          seu Apocalipse o Cordeiro santificado. Aquela visão profética não se 
          patenteia aos olhos da carne através de formas corpóreas, senão em 
          espírito, através de imagens espirituais dos corpos. Daquela pomba, 
          porém, ninguém jamais tem duvidado que tenha sido vista com os 
          próprios olhos. Nem como chamamos ao Filho, pedra (porque está 
          escrito: Cristo era pedra), podemos chamar pomba ao Espírito Santo; 
          porque a pedra já existia e metaforicamente se lhe designa com o nome 
          de Cristo a quem significava. Não sucede o mesmo com a pomba, que para 
          significar estas coisas existiu momentaneamente. Isto se assemelha, a 
          meu modo de entender, àquela chama que apareceu a Moisés a quem o povo 
          seguia pelo caminho do deserto e sob trovões e raios que se percebia 
          no monte enquanto se dava a Lei. Estas formas corpóreas somente 
          existiram para explicar algumas coisas que tinham seu significado, mas 
          logo desapareceram. Através destas formas corporais, se diz que foi 
          enviado o Espírito Santo; por isso estas formas apareceram em um 
          momento e desapareceram depois”(Santo Agostinho, De 
          Trinitate, 2,5), e também: “Pousou a 
          pomba sobre a cabeça de Jesus, para que não houvesse quem pudera crer 
          que a voz do Pai dirigia-se ao Batista e não ao Senhor. De onde se 
          seguem estas palavras: se pousava sobre Ele” 
          (São 
          Jerônimo, In Matthaeum, 3). 
          
          E o Senhor recebeu 
          o batismo das mãos de João. Imediatamente depois de ser batizado, 
          Jesus saiu da água (Mt) e recolheu-se em oração, indica-nos 
          expressamente São Lucas. E então, enquanto dialogava com seu Pai do 
          Céu, teve lugar a manifestação do mistério da Santíssima Trindade. 
          Esta cena, junto à da Transfiguração, é uma das mais belas de toda a 
          vida do Senhor. E viu o Espírito de Deus que descia em forma de 
          pomba e vinha sobre ele. Uma voz do Céu testemunhou: Este é o meu 
          Filho amado, no qual pus as minhas complacências (Mt). 
          
          Em Mt 
          3, 17 diz: “Ao mesmo 
          tempo, uma voz vinda dos céus dizia: ‘Este é o meu Filho amado, em 
          quem me comprazo”. 
          
          Edições Theologica 
          comenta: “Literalmente: ‘Este é o Meu Filho, o 
          amado’. ‘Amado’, precedido do artigo e unido à expressão ‘o Filho’, 
          normalmente refere-se a um filho único (cf. Gn 22, 2.12.16; Jr 6, 26; 
          Am 8,10; Zc 12,10, etc.). O duplo uso do artigo e a solenidade do 
          passo fazem que este testemunho divino acerca de Jesus mostre 
          claramente, na linguagem da Bíblia, que Jesus Cristo não é mais um, 
          nem sequer o mais excelente, de tantos filhos adotivos de Deus; mas 
          com toda a propriedade e força, declara que Jesus é ‘o Filho de Deus’, 
          o Unigênito, absolutamente distinto, pela Sua condição divina, dos 
          outros homens (cf. Mt 7, 21; 11, 27; 17, 5; Jo 3, 35; 5, 20; 20, 17, 
          etc). 
          
          Neste 
          passo têm cumprimento as profecias messiânicas, especialmente Is 42, 
          1, cuja expressão é aplicada agora a Jesus Cristo pela voz do Pai, que 
          fala do céu”. 
          
          Dom Duarte Leopoldo 
          escreve: “São Lucas dá a genealogia da 
          Santíssima Virgem (embora não a nomeie, por não ser esse o costume dos 
          hebreus), para demonstrar que Jesus descendia de Davi e de Abraão. 
          Heli, pai da Santíssima Virgem, é o mesmo que Joachim, pois as duas 
          palavras têm o mesmo sentido. Heli, Elias, Heliachim, Joachim ou 
          Joakim são variantes hebraicas da mesma palavra”. 
          
          Santo Agostinho 
          comenta: “O Pai ensinou que o 
          Filho não havia de vir através de Moisés, nem pelos profetas, nem 
          através de outros tipos ou figuras, senão que demonstra claramente que 
          veio em pessoa, dizendo: ‘Este é meu Filho” 
          (In 
          Sermonibus de Epiphania), e: “Para que 
          nessas coisas que se verificavam em Cristo, especialmente depois do 
          batismo, conhecêssemos que não viria em figuras, desceu o Espírito 
          Santo ao abrirem as portas do céu e descendeu sobre nós para que nele 
          víssemos que nos eram abertas as portas do céu e nos inundava de 
          glória, fazendo-nos filhos de Deus, adotados pela voz do Pai”
          (Santo Hilário, In 
          Matthaeum, 2), e também: “O 
          mistério da Santíssima Trindade é demonstrado no batismo. Jesus Cristo 
          ( o Filho) é batizado, o Espírito Santo desce na forma de pomba e se 
          ouve a voz do Pai, dando testemunho do Filho”  
          (São Jerônimo, In 
          Matthaeum, 3), e ainda: “Não é 
          de estranhar-se que patenteie o mistério da Santíssima Trindade no 
          batismo de Nosso Senhor. Dado que, nosso batismo não é outra coisa que 
          a representação de tão augusto mistério. Primeiro, quis Deus que fosse 
          verificado n’Ele o que depois haveria de mandar a todo gênero humano”
          (Santo Agostinho, In 
          Sermonibus de Epiphania), e: “Mesmo que o 
          Pai, o Filho e o Espírito Santo sejam de uma mesma natureza, se crê 
          firmemente que subsiste em três pessoas: O Pai, quem disse, este é meu 
          Filho muito amado; O Filho, sobre quem se ouve a voz do Pai; e o 
          Espírito Santo, quem aparece em forma de pomba sobre o Filho batizado”
          (São Fulgêncio de Ruspe, 
          De Fide ad Petrum, 9), e também: “Esta 
          obra é a de toda Trindade. O Pai, o Filho e o Espírito Santo, existem 
          em uma mesma essência, sem diferenças de tempo nem de lugares. Nessas 
          palavras se distinguem o Pai, o Filho e o Espírito Santo e não pode 
          dizer-se que se apresentem em uma mesma essência. Quanto ao que se diz 
          visivelmente nas sagradas letras, apareceram separadamente de acordo 
          aos espaços que cada pessoa ocupava. Portanto, sabe-se que a 
          Santíssima Trindade se conhece em si mesma inseparável, mas pode-se 
          mostrar separadamente através de aspectos materiais. Que seja somente 
          a voz própria do Pai, demonstra-se pelas palavras que disse: ‘Este é 
          meu Filho” (Santo 
          Agostinho, De Trinitate, 4, 21), 
          e ainda:  “Não somente 
          tem demonstrado que é seu Filho com o nome, senão com propriedade. 
          Muitos somos filhos de Deus, mas o Filho de quem falamos não é dessa 
          classe. Este é seu Filho próprio e verdadeiro, por origem, não por 
          adoção; em verdade, não em aparência; por natividade, não por criação”
          (Santo 
          Hilário, De Trinitate, 3,11), e:  
          “O Pai, pois, ama ao Filho, mais como um pai ama ao seu filho, não 
          como um amo quer ao seu servo; como unigênito, não como adotado e por 
          isso acrescenta: n’Ele me comprazo” 
          (Santo 
          Agostinho, In Ioannem, 14,11). 
          
          Literalmente há de 
          ler-se: Este é o meu Filho, o amado. E o Amado, precedido do artigo e 
          unido à expressão o Filho, normalmente na Escritura refere-se ao filho 
          único. Com toda a propriedade e força declara-se aqui que Jesus é o 
          Filho de Deus, o Unigênito, Filho num sentido completamente diferente 
          dos outros homens. Por essa filiação possuía a plenitude do Espírito 
          Santo. Esta nova descida significa que a Terceira Pessoa da Trindade 
          começava a sua ação por meio do Messias. Muitos textos do Antigo 
          Testamento anunciavam esta especialíssima manifestação do Espírito 
          Santo. 
          
          O Senhor não 
          necessitava de ser batizado, como não precisava da circuncisão, à 
          qual, não obstante, também se submeteu. O evangelista indica a razão: 
          era a vontade de seu Pai que se submetesse à Lei, como Ele mesmo 
          ensinará mais tarde. 
          
          Os céus abertos são 
          o primeiro elemento da teofania; se se abrem sobre o novo profeta é um 
          sinal de que está inteiramente na intimidade de Deus. A este primeiro 
          elemento agregam-se os outros dois: o vôo da pomba, símbolo do 
          Espírito, e a voz do Pai que sai do mais profundo. 
          
          O testemunho do 
          Precursor, a partir deste momento, será mais completo e mais premente. 
          Vede o Cordeiro de Deus - dirá João - vede o Eleito. 
          
          Quando o Batista 
          compreendeu como lhe tinha sido mostrado o Cristo, pensou talvez que 
          devia ele retirar-se para lhe deixar o lugar. Mas Jesus desapareceu 
          tão subitamente como tinha aparecido, e durante mais de um mês, o 
          tempo que permaneceu em jejum e em oração no deserto, ninguém o viu, 
          nem provavelmente ninguém sabia onde estava. João compreendeu que 
          devia continuar a sua missão. 
          
          Jesus quis começar 
          a sua vida pública a partir do movimento religioso iniciado pelo seu 
          Precursor. É tão importante este momento que Pedro exigirá ter 
          acompanhado Jesus desde o Batismo de João para cobrir a vacante 
          deixada por Judas no Colégio dos Doze. 
          
          Tinha Jesus ao 
          começar uns trinta anos. Após o Batismo, regressou do Jordão e foi 
          conduzido pelo Espírito ao deserto (Lc). 
          
          Os Padres gregos, 
          desde o século II, colocam unanimemente o dia do Batismo do Senhor no 
          dia 6 de janeiro. Também a Igreja ocidental celebrava no mesmo dia 
          este acontecimento já desde tempos remotos (agora comemora-se no 
          primeiro domingo depois da Epifania). Os dados que conhecemos pelos 
          evangelhos parecem confirmar de alguma maneira esta tradição. 
          Efetivamente, entre o batismo de Cristo e a primeira Páscoa no mês de 
          abril há que supor pelo menos dois meses de distância. Cristo, 
          imediatamente depois do batismo retirou-se para o deserto, onde 
          permaneceu durante quarenta dias. Dali voltou para as margens do 
          Jordão, onde o Batista continuava a pregar (Jo). Depois de uns oito 
          dias tiveram lugar as bodas de Caná da Galiléia (Jo). Veio depois a 
          Cafarnaum, onde não permaneceu um longo espaço de tempo, segundo nos 
          indica São João. E dali subiu a Jerusalém para celebrar a Páscoa. O 
          batismo, portanto, deve ter tido lugar nos primeiros dias de janeiro. 
           
           
          
          Pe. 
          Divino Antônio Lopes FP. 
          
          
          Anápolis, 09 de janeiro de 2008 
            
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