TU O CHAMARÁS COM O NOME DE JESUS (Mt 1, 21-23)
“21 Ela dará à luz um filho e tu o chamarás com o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos pecados. 22 Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor havia dito pelo profeta: 23 Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e o chamarão com o nome de Emanuel, o que traduzido significa: ‘Deus está conosco’”.
Segundo a raiz hebraica, o nome de Jesus significa “salvador”. Depois da Virgem Maria, São José é o primeiro homem que recebe esta declaração divina do fato da salvação, que já se estava a realizar. O Catecismo Romano ensina: “Jesus é o nome exclusivo do que é Deus e homem, o qual significa salvador, imposto a Cristo não casualmente nem por ditame ou disposição humana, mas por conselho e mandato de Deus. Os nomes profetizados (... o Admirável, o Conselheiro, Deus, o Forte, o Pai do século, o Príncipe da paz... Is 9, 5), que se deviam dar por disposição divina ao Filho de Deus, resumem-se no nome de Jesus, porque, enquanto os outros se referem apenas sob algum aspecto à salvação que nos devia dar, este compendiou em si mesmo a realidade e a causa da salvação de todos os homens”. “Emanuel”: A profecia de Isaías 7, 14 preanunciava já desde há uns sete séculos, que o sinal da salvação divina ia ser o acontecimento extraordinário de uma virgem que vai dar à luz um filho. O Evangelho revela-nos, pois, nesta passagem duas verdades: A PRIMEIRA que, na verdade, Jesus é o Deus conosco preanunciado pelo profeta. Assim o sentiu sempre a tradição cristã. Inclusivamente o Magistério da Igreja (no Breve Divina de Pio VI, 1779) condenou uma interpretação que negava o sentido messiânico do texto de Isaías. Cristo é, pois, verdadeiramente Deus conosco, não só pela sua missão divina, mas porque é Deus feito homem (cfr Jo 1, 14). Não quer dizer que Jesus Cristo tenha de ser normalmente chamado Emanuel: este nome refere-se mais diretamente ao seu mistério de Verbo Encarnado. O anjo da anunciação indicou que Lhe fosse posto o nome de Jesus, que significa Salvador. Assim o fez São José. A SEGUNDA verdade que nos revela o texto sagrado é que a Virgem Maria, em quem se cumpre a profecia de Isaías 7, 14, permanece virgem antes do parto e no próprio parto. Precisamente o sinal miraculoso que dá Deus de que chegou a salvação é que uma mulher que é virgem, sem deixar de o ser, é também mãe. O Catecismo Romano ensina: “Jesus Cristo saiu do seio materno sem detrimento algum da virgindade de sua Mãe; assim, pois, com louvores merecidíssimos, celebramos a sua imaculada e perpétua virgindade. E isto em verdade operou-se por virtude do Espírito Santo, que tanto engrandeceu a Mãe na conceição e no nascimento do Filho, que deu a ela fecundidade e conservou ao mesmo tempo a sua perpétua virgindade”. Em São Mateus 1, 21 diz: “... tu o chamarás com o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos pecados”. Também estas palavras repetem nas passagens, a honra de por o nome no Menino, nascido não de São José, mas do Espírito Santo, como seu próprio filho. Alguns comentaram que não eram as mães, mas os pais que punham nome nos filhos. Ainda que isso seja verdade, entretanto, não devia ser constante, porque Raquel chamou a seu filho Benoni (Gn 35, 18). E a Jabes não lhe pôs o nome seu pai, mas sua mãe, porque havia sofrido muitas dores no parto (1 Cr 4, 9); e o mesmo que se diz aqui a São José, havia dito a Maria pelo anjo (Lc 1, 31). “... chamarás com o nome de Jesus”. Isto, sem dúvida, quis dar a entender o anjo: honrar a São José no ofício de pai e, ao mesmo tempo, assegurar-lhe de que era verdade o que acabava de dizer: que do céu vinha o Menino a quem lhe punha o nome no céu. Observemos, pois, que a todos os meninos nascidos milagrosamente se lhes impõem os nomes milagrosamente também antes que nascessem: Isaac (Gn 17, 19), São João Batista (Lc 1, 13), e do mesmo nome se derivam suas qualidades. O Menino concebido agora era o enviado que havia de livrar o seu povo de seus pecados. E este é Jesus, o Salvador. Deste nome se podia dizer muitas coisas, já ditas por outros. Cristo é o nome do ofício. Jesus, o da natureza e pessoa. Alguém poderia perguntar: por que manda o anjo que O chame de Jesus, quando Isaías disse que o seu nome era Emanuel? Os hebreus dizem que, com base nesse trecho de Isaías, que essa profecia não se referia a Jesus. Porém, já responderam bem e copiosamente os antigos Padres (São Justino, Tertuliano, Lactâncio e São João Crisóstomo); a saber: o profeta quis declarar não precisamente o nome de Cristo, mas sim, sua missão; e o evangelista quis significar ambas as coisas. Não quis dizer o profeta que Cristo se chamasse Emanuel, mas que o que aquele nome significava conviria a Ele, e, por conseguinte, que na realidade se poderia ser chamado de Emanuel. Em São Mateus 1, 23 diz: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e o chamarão com o nome de Emanuel”. Isto é, tua esposa, longe de ser culpada, é aquela admirável virgem de Isaías 7, 14: Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho. Um filho, não uma filha. “... a virgem conceberá”. Os hebreus dizem que em Isaías não existe a palavra virgem, mas somente moça, isto é, que não fala da condição de Maria, mas somente de sua idade. Mas São Jerônimo explica muito bem: o vocábulo hebreu que nos opõem os judeus não somente significa virgem, mas algo mais, virgenzinha tão escondida e bem guardada, que nem podia ser vista por homem algum, que no seu corpo e na sua atitude era casta. A tal palavra vem de um verbo que significa esconder, como virgem reclusa e escondida, e na Bíblia só se usa ao tratar das moças virgens; por exemplo, Rebeca, virgem formosa, que não conhecia homem (Gn 24, 16). Falando sobre a virgem em Isaías, São João Crisóstomo explica: nessa passagem não se trata de uma virgem vulgar, mas de uma virgem de grande préstimo.
Pe. Divino Antônio Lopes FP (C) Anápolis, 05 de novembro de 2014
Bibliografia
Sagrada Escritura São Jerônimo, Escritos São João Crisóstomo, Escritos Edições Theologica Catecismo Romano, I, 3, 5 e 6; I, 4, 8 Pe. Juan Leal, A Sagrada Escritura Pe. Manuel de Tuya, Bíblia comentada Pe. Juan de Maldonado, Comentários do Evangelho de São Mateus
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