ME CHAMARÃO DE BEM-AVENTURADA (Lc 1, 46-56)
“46 Maria, então, disse: ‘Minha alma engrandece o Senhor, 47e meu espírito exulta em Deus em meu Salvador, 48 porque olhou para a humilhação de sua serva. Sim! Doravante as gerações todas me chamarão de bem-aventurada, 49 pois o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. Seu nome é santo 50 e sua misericórdia perdura de geração em geração, para aqueles que o temem. 51Agiu com a força de seu braço, dispersou os homens de coração orgulhoso. 52 Depôs poderosos de seus tronos, e a humildes exaltou. 53 Cumulou de bens a famintos e despediu ricos de mãos vazias. 54 Socorreu Israel, seu servo, lembrado de sua misericórdia 55 — conforme prometera a nossos pais — em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre!’ 56 Maria permaneceu com ela mais ou menos três meses e voltou para casa”.
Única oração composta por Nossa Senhora. “Maria, então, disse: ‘Minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito exulta em Deus em meu Salvador’” (Lc 1, 46-47). Essa é a única oração e a única obra composta por Maria Santíssima, ou melhor, que Jesus Cristo fez por meio dela, pois Ele fala pela boca de sua Mãe Santíssima.
O mais humilde, sublime e elevado de todos os cânticos. “Maria, então, disse: ‘Minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito exulta em Deus em meu Salvador’” (Lc 1, 46-47). Dum lado, o mais humilde e o mais reconhecido e, doutro, o mais sublime e mais elevado de todos os cânticos.
Os demônios tremem e fogem diante das palavras contidas nesse canto. “Maria, então, disse: ‘Minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito exulta em Deus em meu Salvador’” (Lc 1, 46-47). Benzônio escreve: “Os demônios tremem e fogem, quando ouvem as palavras do Magnificat”.
“Maria, então, disse: ‘Minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito exulta em Deus em meu Salvador’” (Lc 1, 46-47). O Pe. Didon escreve: “O magnificat é o mais belo grito de alegria saído do coração humano. Maria Santíssima só pensa na própria pequenez, não se exalta senão em Deus. Prediz a sua glória, mas vê nisso unicamente o triunfo de Deus”.
“Maria, então, disse: ‘Minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito exulta em Deus em meu Salvador’” (Lc 1, 46-47). Adolfo Cellini escreve: “O principal conceito do Magnificat é: Deus é soberano absoluto; todo ser criado é um nada e depende essencialmente dele”.
“Maria, então, disse: ‘Minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito exulta em Deus em meu Salvador’” (Lc 1, 46-47). São João Paulo II escreve: “Maria eleva aos céus o Magnificat, um hino transbordante de alegria messiânica”, e o Bem-aventurado Paulo VI escreve: “O Magnificat é o cântico dos tempos messiânicos, onde confluem a alegria do antigo e do novo Israel”.
Nas suas palavras se manifesta todo o coração de Nossa Senhora. “Maria, então, disse: ‘Minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito exulta em Deus em meu Salvador’” (Lc 1, 46-47). Essas palavras são o testemunho espiritual da Virgem Maria.
As palavras da Virgem Maria nesse canto nos dão uma nova perspectiva da vida. “Maria, então, disse: ‘Minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito exulta em Deus em meu Salvador’” (Lc 1, 46-47). Visão de uma fé perseverante e coerente. Fé que é a luz da vida cotidiana, naqueles dias às vezes tranquilos, mas com frequência também tempestuosos e difíceis. Afinal, fé que ilumina as trevas da morte de cada um de nós. Este olhar sobre a vida e sobre a morte seja fruto da Assunção.
Esse canto é a manifestação mais pura do segredo íntimo de Nossa Senhora, que lhe fora revelado pelo anjo. “Maria, então, disse: ‘Minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito exulta em Deus em meu Salvador’” (Lc 1, 46-47). Não há nesse canto rebuscamento nem artificialismo: é o espelho da alma de Nossa Senhora, uma alma cheia de grandeza e tão próxima do seu Criador.
“Maria, então, disse: ‘Minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito exulta em Deus em meu Salvador’” (Lc 1, 46-47). É necessário recitar o Magnificat com particular fervor... para que, em união espiritual com Maria Santíssima, repetindo-o com ela, palavra por palavra, e quase sílaba por sílaba, aprendamos em sua escola como e por que devemos celebrar e bendizer o Senhor.
“Maria, então, disse: ‘Minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito exulta em Deus em meu Salvador’” (Lc 1, 46-47). Esse canto nos ensina que só Deus é grande, por isso deve ser por nós engrandecido. Só Ele nos salva e, por isso, o nosso espírito deve exultar n’Ele. Ele se inclina sobre nós com a sua misericórdia e nos eleva para junto de si com o seu poder.
São Basílo Magno escreve: “Os primeiros frutos do Espírito Santo são a paz e a alegria. E a Santíssima Virgem tinha reunido em si toda a graça do Espírito Santo...” “Maria, então, disse: ‘Minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito exulta em Deus em meu Salvador’” (Lc 1, 46-47).
Os sentimentos da alma de Maria derramam-se no Magnificat. A alma humilde diante dos favores de Deus sente-se movida ao gozo e ao agradecimento. “Maria, então, disse: ‘Minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito exulta em Deus em meu Salvador’” (Lc 1, 46-47).
Na Santíssima Virgem o benefício divino ultrapassa toda a graça concedida a qualquer criatura. A Virgem humilde de Nazaré vai ser a Mãe de Deus; jamais a onipotência do Criador se manifestou de um modo tão pleno. E o Coração de Nossa Senhora manifesta de modo desbordante a sua gratidão e a sua alegria. “Maria, então, disse: ‘Minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito exulta em Deus em meu Salvador’” (Lc 1, 46-47).
Pelo Magnificat Maria projeta em Deus todos os elogios recebidos. Maria desaparece em seu cântico: “Maria, então, disse: ‘Minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito exulta em Deus em meu Salvador’” (Lc 1, 46-47).
No Magnificat só Deus é exaltado e glorificado, enquanto que Nossa Senhora fica na sua humilde posição de serva. “Maria, então, disse: ‘Minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito exulta em Deus em meu Salvador’” (Lc 1, 46-47).
Uma e outra mãe profetizaram: Nossa Senhora de si mesma, Isabel de Maria, pois levava em seu seio o que era o fim de todos os profetas, como disse Orígenes e Santo Ambrósio: “Profetizou Isabel antes de João nascer, e Maria profetizou antes de nascer Jesus Cristo”. “Maria, então, disse: ‘Minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito exulta em Deus em meu Salvador’” (Lc 1, 46-47).
São Beda, como se a Virgem dissesse, escreve: “Deus me valorizou tanto e com um favor tão extraordinário, que não há língua que possa explicar, nem pode alcançar o sentimento íntimo da alma. Por isso consagro todas as minhas forças em bendizê-lo e dar-lhe graças”. “Maria, então, disse: ‘Minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito exulta em Deus em meu Salvador’” (Lc 1, 46-47).
Alma (anima, nefesh) era o princípio da vida corporal, sede das emoções sensíveis. Porém, pode ser também todo o ser humano. Espírito (ruah), a parte superior da alma, sede da vida intelectual, religiosa; porém, pode ser também todo o ser humano (Pe. Juan Leal). “Maria, então, disse: ‘Minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito exulta em Deus em meu Salvador’” (Lc 1, 46-47).
Esta alegria de Maria é em Deus “meu Salvador”. Deus Salvador é fórmula Bíblica, porém não significa somente o libertar de algum mal, mas significa também o favor de bens e benefícios. Esse Deus Salvador é o Deus que ela leva em seu seio, e que se chamará Jesus, Yehoshúa, isto é, Yahvé salva. E ela se alegra e louva a Deus seu Salvador, que é seu filho (Pe. Manuel de Tuya).
Nossa Senhora, criatura pura e toda de Deus, alegrou-se no Criador e não nas criaturas: “Maria, então, disse: ‘Minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito exulta em Deus em meu Salvador’” (Lc 1, 46-47). Quem busca a felicidade nas criaturas perde tempo e jamais será feliz, porque somente Deus pode alegrar uma alma imortal: “Quem pode fazer-me mais feliz do que Deus? N’Ele encontro tudo” (Santa Teresa dos Andes).
Diante da manifestação de humildade de Nossa Senhora, exclama São Beda: “Convinha, pois, que assim como tinha entrado a morte no mundo pela soberba dos nossos primeiros pais, se manifestasse a entrada da Vida pela humildade de Maria”. “... porque olhou para a humilhação de sua serva. Sim! Doravante as gerações todas me chamarão de bem-aventurada, pois o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. Seu nome é santo e sua misericórdia perdura de geração em geração, para aqueles que o temem” (Lc 1, 48-50). Deus despreza os orgulhosos e exalta os humildes. Quantos motivos não temos de humilhar-nos mesmo na ordem da natureza! Há um século não existíamos e nunca teríamos recebido o ser, se a onipotência divina não nos tivesse tirado do nada. Deus, a quem tudo é patente, vê sempre a nossa nulidade, nossa impotência de existir por nós mesmos; e nós nunca deveríamos esquecer isso: “Nada é tão próprio para nos humilhar ante a misericórdia de Deus que a multidão de suas graças e a multidão dos nossos pecados ante a sua justiça” (São Francisco de Sales).
São Josemaría Escrivá diz: “Porque viu a minha humildade, eis que por isto me chamarão bem-aventurada todas as gerações”. Deus premeia a humildade da Virgem Santíssima com o reconhecimento por parte de todos os homens da sua grandeza. “... porque olhou para a humilhação de sua serva. Sim! Doravante as gerações todas me chamarão de bem-aventurada, pois o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. Seu nome é santo e sua misericórdia perdura de geração em geração, para aqueles que o temem” (Lc 1, 48-50). A humildade nos aproxima de Deus e nos une a Ele. Santo Anselmo escreve: “O orgulho transformou anjos em demônios; a humildade é capaz de transformar demônios em anjos”.
Griego escreve sobre a Virgem Maria: “Manifesta a causa pela que convém engrandecer ao Senhor e alegrar-se n’Ele dizendo: ‘Porque olhou a humildade de sua serva’. Como se dissesse: O Senhor o fez assim, eu não esperava, estava contenta com os humildes, agora sou escolhida para um conselho inefável e exaltada da terra ao céu”. “... porque olhou para a humilhação de sua serva. Sim! Doravante as gerações todas me chamarão de bem-aventurada, pois o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. Seu nome é santo e sua misericórdia perdura de geração em geração, para aqueles que o temem” (Lc 1, 48-50). Deus que vela sobre os justos, não poucas vezes os conduz pela trilha das humilhações, ao porto final do mérito e da glória. Sem dúvida, sofre o amor próprio por se ver humilhado; mas por isso mesmo é que a humilhação é mais salutar. Os santos agradeciam a Deus os opróbrios que suportavam como uma grande graça do céu: “Sem humildade não há edifício espiritual” (São Gregório Magno).
Cantou a Santíssima Virgem: “Doravante as gerações todas me chamarão de bem-aventurada” (Lc 1, 48). Então... protestantes? Esse trecho está na Bíblia e é Palavra de Deus! É preciso abaixar a cabeça, ser humilde e verdadeiro, e aceitar a grandeza de Nossa Senhora. “... porque olhou para a humilhação de sua serva. Sim! Doravante as gerações todas me chamarão de bem-aventurada, pois o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. Seu nome é santo e sua misericórdia perdura de geração em geração, para aqueles que o temem” (Lc 1, 48-50). Devemos amar e respeitar a Virgem Maria! A nossa devoção pela Virgem deve ser sincera e não somente exterior. Ela é santa e Mãe de Deus... é a brilhante estrela que nos guia para o porto seguro, isto é, o céu: “Quem navega por mares tempestuosos precisa de uma estrela que lhe sirva de guia por entre as ondas, a fim de por ela dirigir o seu navio para o desejado porto. És navegante no mar da vida, tantas vezes agitado por ventos contrários e por ondas violentas. Qual a estrela que, por entre as nuvens sombrias, te envia um raio de luz para te desviares dos escolhos, para te dirigires ao porto da salvação? A Estrela é Maria. Assim canta a Igreja: Ave, ó estrela do mar!” (Pe. Alexandrino Monteiro).
Griego diz: “Deus olhou desde o alto ou dirigiu seu olhar sobre a humildade de sua serva, Maria”. Quer dizer: o Criador não desprezou nem voltou a face contra a humildade de sua escrava... mas olhou para ela. “... porque olhou para a humilhação de sua serva. Sim! Doravante as gerações todas me chamarão de bem-aventurada, pois o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. Seu nome é santo e sua misericórdia perdura de geração em geração, para aqueles que o temem” (Lc 1, 48-50). Se o próprio Criador olhou para a humildade da Virgem Maria, quem são os homens para desprezá-la? É muita insolência, atrevimento e ignorância desprezar a criatura escolhida por Deus para ser a Mãe do seu Filho: “Deus Pai só deu ao mundo seu Unigênito por Maria... Ele o deu a Maria a fim de que o mundo o recebesse por meio dela. Em Maria e por Maria é que o Filho de Deus se fez homem para nossa salvação” (São Luís Maria Grignion de Montfort).
A Virgem Maria declara com isso o que havia dito, isto é, que Deus havia olhado sua pequenez, elevando-a de sua condição humilde a tão grande altura, que todos os séculos a chamariam de Bem-aventurada. “... porque olhou para a humilhação de sua serva. Sim! Doravante as gerações todas me chamarão de bem-aventurada, pois o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. Seu nome é santo e sua misericórdia perdura de geração em geração, para aqueles que o temem” (Lc 1, 48-50). A Virgem Maria, Mãe de Deus e nossa, a escolhida pelo Criador... deve ser respeitada e chamada por todas as gerações e todos os séculos de Bem-aventurada. Dizer que Nossa Senhora é uma mulher qualquer está completamente errado. Como se a Virgem dissesse: “Desde agora não só tu, Isabel, mas todos os mortais me hão de chamar de Bem-aventurada” (Teofilacto).
Ao dizer a Santíssima Virgem “todas as gerações”, ainda que fale em geral e sem exceção, “porém não entende todos os homens em absoluto, mas somente aqueles que haviam de crer em Jesus Cristo seu Filho” (Eutimio). “... porque olhou para a humilhação de sua serva. Sim! Doravante as gerações todas me chamarão de bem-aventurada, pois o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. Seu nome é santo e sua misericórdia perdura de geração em geração, para aqueles que o temem” (Lc 1, 48-50). Os que dizem ser cristãos não têm muito ou nada que se desculparem, porque seguem a Sagrada Escritura... e esse trecho está na Palavra de Deus. Muitos, mergulhados num mar de ignorância, além de não aceitarem essa grande verdade, insultam a Virgem Maria: “Porque, evidentemente, os protestantes, longe de louvar a Virgem Maria, dizem muitos insultos contra ela” (Pe. Juan de Maldonado).
Santo Agostinho escreve: “E a verdade é que era um grande milagre que uma virgem concebesse sem obra de um homem a um Deus-Homem”. “... porque olhou para a humilhação de sua serva. Sim! Doravante as gerações todas me chamarão de bem-aventurada, pois o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. Seu nome é santo e sua misericórdia perdura de geração em geração, para aqueles que o temem” (Lc 1, 48-50). Devemos nos inclinar, principalmente nos nossos dias com tantos ataques e insultos, diante das grandes coisas que o Senhor fez em favor da Virgem Maria. Os protestantes negam a Maternidade Divina de Nossa Senhora, Virgindade Perpétua e outros... O Todo-Poderoso fez nela grandes coisas... para Deus tudo é possível: “Coisa grande foi que Maria concebeu um filho sem esperma de homem. Grande coisa também que levasse em seu seio, vestido de sua carne, o Verbo de Deus Pai. Grande coisa que, confessando-se a si escrava, foi feita mãe do Salvador. Ele que é poderoso: porque pode acreditar no seu poder, o proclama poderoso; porém, quão grande ou como seja este poder é coisa incompreensível” (Santo Agostinho).
A Virgem Maria cantou: “Seu nome é santo...” (Lc 1, 49). Em que sentido se diga aqui que o nome de Deus é santo: “Santo aqui é grande e excelente” (Eutímio), e: “Equivale a puro, incontaminado, por não ter manchado em nada o Verbo de Deus no seio da Virgem” (Teofilacto), e também: “Poderoso, separado de todas as coisas, superior a todas elas” (São Beda), e ainda: “Venerável, digno de ser adorado e louvado pelas maravilhas que havia feito na Virgem Maria” (Pe. Juan de Maldonado). Santo Agostinho diz: “Santo é este nome, pois está com os santos e com eles se gloria, e é louvado pelos santos e blasfemado pelos ímpios”. “... porque olhou para a humilhação de sua serva. Sim! Doravante as gerações todas me chamarão de bem-aventurada, pois o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. Seu nome é santo e sua misericórdia perdura de geração em geração, para aqueles que o temem” (Lc 1, 48-50). Quem ama verdadeiramente a Deus respeita o seu Santo Nome. Jamais devemos mencionar com falta de respeito ou de reverência, como exclamação de ira, de impaciência ou de surpresa o Nome de Deus: “Não pronunciarás em vão o nome do Senhor teu Deus, porque o Senhor não deixará impune aquele que pronunciar em vão o seu nome” (Ex 20, 7).
A misericórdia de Deus perdura de geração em geração, isto é, é perpétua, infinita e eterna. A Virgem Maria quis dizer com essas palavras que Deus exercitava a sua misericórdia inesgotável não só com aquele povo antigo seu, mas também com o novo, por meio de Jesus Cristo: “Indicou com isso que os que temem conseguirão misericórdia nesta geração, isto é, no presente, e na outra vida, na eterna... recebendo nesta vida cem por um, e na outra benefícios bem maiores” (Teofilacto). “... porque olhou para a humilhação de sua serva. Sim! Doravante as gerações todas me chamarão de bem-aventurada, pois o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. Seu nome é santo e sua misericórdia perdura de geração em geração, para aqueles que o temem” (Lc 1, 48-50). Deus está sempre pronto para usar de misericórdia com um coração humilhado e arrependido... sua misericórdia é ilimitada: “Deus corre, como amante desesperado atrás do pecador, exortando-o a que não se perca” (São Dionísio Areopagita).
Quem abusa do amor de Deus não pode receber o seu perdão... é preciso temer o Senhor e se arrepender dos pecados. Deus usa de misericórdia para os que o temem, e não para quem abusa da sua bondade: “A clemência foi prometida a quem teme a Deus e não a quem abusa dela” (Santo Afonso Maria de Ligório). “... porque olhou para a humilhação de sua serva. Sim! Doravante as gerações todas me chamarão de bem-aventurada, pois o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. Seu nome é santo e sua misericórdia perdura de geração em geração, para aqueles que o temem” (Lc 1, 48-50).
São Beda escreve: “Voltando desde os dons especiais que recebeu do Senhor para as graças gerais, explica a situação de todo o gênero humano acrescentando: ‘E sua misericórdia de geração em geração aos que o temem’. Como dizendo: O poderoso não só me dispensou graças especiais, mas dispensa a todos os que o temem e são aceitos na sua presença”. “... porque olhou para a humilhação de sua serva. Sim! Doravante as gerações todas me chamarão de bem-aventurada, pois o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. Seu nome é santo e sua misericórdia perdura de geração em geração, para aqueles que o temem” (Lc 1, 48-50). Deus é um Pai cheio de amor, mas também é exigente. É muito bom contemplarmos a Deus com olho de amor, confiança e terna reverência, mas é também muito bom nunca esquecer que Ele é o Juiz de justiça infinita, diante de quem um dia teremos que responder pelas graças que nos concedeu: “O temor de Deus é princípio do saber” (Pr 1, 7).
Os que se elevam no seu próprio conceito são os que querem aparecer como superiores aos outros, a quem desprezam. E também alude à condição daqueles que na sua arrogância projetam planos de ordenação da sociedade e do mundo de costas ou contra a Lei de Deus. Embora possa parecer que de momento têm êxito, no fim cumprem-se estas palavras do cântico da Virgem Santíssima, pois Deus dispersá-los-á como já fez com os que tentaram edificar a torre de Babel, que pretendiam chegasse até ao Céu. “Agiu com a força de seu braço, dispersou os homens de coração orgulhoso. Depôs poderosos de seus tronos, e a humildes exaltou” (Lc 1, 51-52). Quando o orgulho se apodera da alma, não é estranho que atrás dele, como pela arreata, venham todos os vícios: a avareza, as intemperanças, a inveja e a injustiça. O soberbo procura inutilmente arrancar Deus – que é misericordioso com todas as criaturas – do seu trono para se colocar lá ele, que atua com entranhas de crueldade: “Temos de pedir ao Senhor que não nos deixe cair nesta tentação. A soberba é o pior dos pecados e o mais ridículo. A soberba é desagradável, mesmo humanamente, porque o que se considera superior a todos e a tudo está continuamente a contemplar-se a si mesmo e a desprezar os outros, que lhe pagam na mesma moeda, rindo-se da sua fatuidade” (São Josemaría Escrivá).
O braço, segundo o hebraico, significa poder e energia, por mostrar-se aqui particularmente a força do homem. Nesse trecho equivale que Ele realizou tão esforçadamente com seu braço, que mostrou, pela energia com que realizou, o forte que era seu braço. Parece que trata de excluir também com esta frase toda humana ajuda, como se dissesse que Ele só realizou grandes milagres, sem que ninguém o ajudasse. “Agiu com a força de seu braço, dispersou os homens de coração orgulhoso. Depôs poderosos de seus tronos, e a humildes exaltou” (Lc 1, 51-52).
Aqui foi colocado, poderosos, não para significar o poder, mas o ofício em que se exercita. Existem muitos poderosos sem serem reis e sem possuir tronos. “Agiu com a força de seu braço, dispersou os homens de coração orgulhoso. Depôs poderosos de seus tronos, e a humildes exaltou” (Lc 1, 51-52). Devemos nos humilhar diante da grandeza e do poder de Deus, porque somente Ele é grande e poderoso... enquanto que o homem, mesmo ocupando altos cargos não é poderoso diante de Deus: “Diante dele todos os poderosos da terra se prostrarão” (Sl 22, 30).
Deus levanta as pessoas humildes até colocá-las no trono de onde haviam sido expulsas pelos orgulhosos. Aqui humilde não significa a humildade virtude, mas a condição simples e baixa. “Agiu com a força de seu braço, dispersou os homens de coração orgulhoso. Depôs poderosos de seus tronos, e a humildes exaltou” (Lc 1, 51-52). Deus cuida das pessoas simples e que são desprezadas pelos orgulhosos e poderosos desse mundo. Grande diante de Deus não são os que possuem altos cargos, mas os que possuem o Criador no coração e que caminha na sua presença: “Deus dá chuva à terra, envia as águas sobre os campos, para os humildes poderem erguer-se e os abatidos pôr-se a salvo” (Jó 5, 10-11).
Segundo Teofilacto e São Cirilo de Jerusalém, poderosos, são os demônios, que antes da vinda de Jesus Cristo reinavam no mundo; e os humildes são os homens humilhados pelos demônios. “Agiu com a força de seu braço, dispersou os homens de coração orgulhoso. Depôs poderosos de seus tronos, e a humildes exaltou” (Lc 1, 51-52). Mesmo depois da vinda do Salvador, milhões de homens caminham com as costas voltadas para Deus e com o coração aberto para o Maligno... pisam no Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo: “Com Jesus Cristo, o poder do demônio reduziu-se consideravelmente, pois Ele nos libertou do poder de Satanás. Graças à obra redentora de Cristo, o demônio só pode causar verdadeiros danos a quem livremente lho permitir, consentindo no mal e afastando-se de Deus” (Pe. Francisco Fernández Carvajal).
Teofilacto também entende por poderosos aos fariseus e escribas, que se sentavam na cátedra de Moisés; e os humildes são o povo ignorante e miserável, sobre o qual colocavam cargas insuportáveis sem ajudar sequer com um dedo. “Agiu com a força de seu braço, dispersou os homens de coração orgulhoso. Depôs poderosos de seus tronos, e a humildes exaltou” (Lc 1, 51-52).
Esta Providência divina manifestou-se muitíssimas vezes ao longo da História. Assim, Deus alimentou com o maná o povo de Israel na sua peregrinação pelo deserto durante quarenta anos (Ex 16, 4-35); igualmente Elias por meio de um anjo (1 Rs 19, 5-8); Daniel no fosso dos leões (Dn 14, 31-40); a viúva de Sarepta com o azeite que miraculosamente não se esgotava (1 Rs 17, 8ss.). Assim também culminou as ânsias de santidade da Virgem Santíssima com a Encarnação do Verbo. Deus tinha alimentado com a sua Lei e a pregação dos seus profetas o povo eleito, mas o resto da humanidade sentia a necessidade da Palavra de Deus. Agora, com a Encarnação do Verbo, Deus satisfaz a indigência da humanidade inteira. Serão os humildes que acolherão este oferecimento de Deus; os autossuficientes, ao não desejarem os bens divinos, ficarão privados. “Cumulou de bens a famintos e despediu ricos de mãos vazias” (Lc 1, 53).
Teofilacto diz que os famintos são os gentios e os ricos são os judeus. Santo Agostinho diz que os famintos são os humildes e os ricos os soberbos. Outros dizem que os famintos são os que têm fome e sede de justiça e os ricos os que subornam os juízes. “Cumulou de bens a famintos e despediu ricos de mãos vazias” (Lc 1, 53).
Deus conduziu o povo israelita como uma criança, como seu filho a quem amava ternamente: “Deus, teu Deus, conduziu-te por todo o caminho que tendes percorrido, como um homem conduz o seu filho...” (Dt 1, 31). Isto fê-lo Deus muitas vezes, valendo-se de Moisés, de Josué, de Samuel, de Davi... e agora conduz o seu povo de maneira definitiva enviando o Messias. A origem última deste proceder divino é a grande misericórdia de Deus que se compadeceu da miséria de Israel e de todo o gênero humano. A misericórdia de Deus foi prometida desde tempos antigos aos Patriarcas. Assim, a Adão (Gn 3, 15), a Abraão (Gn 22, 18), a Davi (2 Sm 7, 12). A Encarnação de Cristo tinha sido preparada e decretada por Deus desde a eternidade para a salvação da humanidade inteira. Tal é o amor que Deus tem aos homens; o próprio Filho de Deus Encarnado o declarará: “De fato, Deus amou de tal maneira o mundo que lhe deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que n’Ele acredita não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16). “Socorreu Israel, seu servo, lembrado de sua misericórdia — conforme prometera a nossos pais — em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre!” (Lc 1, 54-55).
Quando fala o evangelho da ida de Nossa Senhora à casa de Santa Isabel, diz que ela foi com pressa; falando, de sua volta, já não faz menção da pressa... tudo indica voltou sem pressa: “Que outro fim, pois, forçava a Mãe de Deus a apressar-se ao ir visitar a casa do Batista, senão o desejo de fazer o bem àquela família?” (Conrado de Saxônia). “Maria permaneceu com ela mais ou menos três meses e voltou para casa” (Lc 1, 56). Quem ama a Deus de todo o coração e ao próximo como a si mesmo, não deixa para depois, mas faz o bem imediatamente: “A caridade de Cristo estimula, incita-nos a correr e voar com as asas do santo zelo. Quem ama a Deus de verdade, também ama o próximo; o verdadeiro zeloso é o mesmo que ama, mas em grau maior, conforme o grau de amor; quanto arde de amor, tanto mais é impelido pelo zelo... Quem tem zelo, deseja e faz as maiores coisas e se esforça para que Deus seja sempre mais conhecido, amado e servido nesta e na outra vida, já que este amor sagrado não tem fim” (Santo Antônio Maria Claret).
Pergunta-se se a Virgem Maria permaneceu até o parto de Isabel ou se voltou antes para sua casa. A maioria dos autores supõe que ela voltou antes para sua casa, pelas seguintes razões: 1. Disse o evangelista que ela permaneceu mais ou menos três meses, não três meses, como indicando que não foram íntegros; e então não pôde assistir ao parto de Isabel, pois é de acreditar que seria, como nos casos normais, aos nove meses; e como havia dito que o anjo vinha a Maria no sexto mês, ou seja, não completo ainda, não tinha completado os nove meses quando Maria deixou a casa de sua prima. 2. Além disso, disse São Lucas que se cumpriu o tempo de dar a luz, depois de dizer que Maria havia voltado, como indicando que este havia sido antes. 3. Não parece que ignorasse o evangelista a presença e atuação de Maria se tivesse estado naqueles dias, sendo circunstância tão importante e mostrando tanta diligência em notar o tempo de sua permanência. 4. Por último, parece mais conveniente que a Virgem Maria assistira ao parto, e assim era costume que, quando uma mulher fosse dar a luz, tinha a ajuda das mais jovens de casa (afirmam isso: Teofilacto, Eutimio, Nicéforo e outros).
Alguns autores afirmam que a Virgem Maria não se retirou antes do parto de sua prima Santa Isabel. Eis as razões: 1. Quando o evangelista diz que a Virgem permaneceu três meses com Isabel, quis indicar que esteve presente ao parto. 2. Não dá para admitir que a Virgem Maria visitando a sua prima, movida pela sua caridade, não ficasse com ela para assisti-la, precisamente quando era mais necessário e havia mais perigo. 3. A mesma razão que a moveu a visitar a sua prima grávida, a devia levar agora a esperar o parto. Veio para visitá-la e contemplar a palavra do anjo: Eis que Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice; como duvidar que quisesse ver também o nascimento daquele filho tão assinalado, faltando pouco tempo para o dia do parto? Além disso, sabendo Maria o mistério de João, que havia de ser o precursor de seu Filho, quem poderia duvidar que quisesse ver nascido ao que havia de ser tão grande profeta, que, segundo havia ouvido, tinha se alegrado com a sua vinda estando ainda no ventre materno? 4. Nenhuma mulher, ainda que não fosse parenta, mas que tivesse um pouco de caridade, não teria ausentado no momento de maior necessidade, estando já há três meses com a grávida; não devemos nem pensar isso da Virgem Maria.
OBS: Essa pregação não está concluída; assim que “surgirem” novas mensagens as acrescentaremos.
Pe. Divino Antônio Lopes FP (C) Anápolis, 18 de outubro de 2016
Bibliografia
Sagrada Escritura Benzônio, Escritos Pe. Didon, Escritos Adolfo Cellini, Escritos Griego, Escritos São João Paulo II, Escritos Bem-aventurado Paulo VI, Escritos São Basílio Magno, In Psalmos homiliae, in Ps 32 São Francisco de Sales, Filotéia Edições Theologica Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena, Intimidade Divina Santo Ambrósio, Escritos Orígenes, Escritos Teofilacto, Escritos São Josemaría Escrivá, Caminho, 598; Amigos de Deus, 100 São Beda, In Lucae Evangelium expositivo, ad loc. e outros Santa Teresa dos Andes, Cartas Pe. Juan Leal, A Escritura Sagrada Pe. Leo J. Trese, A fé explicada Pe. Manuel de Tuya, Bíblia Comentada Santo Agostinho, Sermão II da Ascensão; outros Escritos Santo Anselmo, Escritos São Gregório Magno, Patr. lat. t. 76, col. 1103 Pe. Alexandrino Monteiro, Raios de luz São Luís Maria Grignion de Montfort, Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Pe. Juan de Maldonado, Comentários ao quatro Evangelhos São Dionísio Areopagita, Escritos São Cirilo de Jerusalém, Escritos Santo Antônio Maria Claret, Escritos
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