ENQUANTO TODOS
DORMIAM
Mt 13, 24-25:
“O Reino dos Céus é
semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo.
Enquanto todos dormiam, veio o seu inimigo e semeou o joio
no meio do trigo e foi-se embora”.
I.
Jesus querido, nessa parábola vê-se quão grande é a
paciência do Senhor para com os pecadores e também o seu
rigor para com os obstinados (os que teimam em pecar):
“Todas as criaturas, por natural instinto, quereriam
castigar o pecador e assim vingar as injúrias feitas ao
Criador”
(Santo Tomás de Aquino).
“Queres, então, que vamos arrancá-lo?”
(Mt 13, 28). O
Deus misericordioso impede que o arranque:
“E assim faz,
não só por amor dos justos, aos quais não quer tirar a
ocasião para praticarem a virtude, suportando os maus;
senão também, e muito mais, pela sua longanimidade para
com os próprios pecadores, a quem quer dar tempo para se
converterem”
(Santo Afonso Maria de Ligório),
e:
“Por isso o Senhor espera, para ter
misericórdia de vós”
(Is 30, 18).
II.
Jesus amor,
infeliz daquele que abusa de sua misericórdia. Ai do
obstinado em seu pecado... que deixa passar o tempo da
divina misericórdia:
“Chegará o dia da
colheita, isso é, assim como Jesus mesmo explica, o fim do
mundo e o juízo universal. Então ordenará aos ceifeiros, a
saber, aos anjos, que separem os maus dos justos afim de
fazerem estes entrar no eterno gozo do céu e lançarem
àqueles no fogo do inferno, onde serão atormentados por
toda a eternidade”
(Santo Afonso Maria de Ligório).
Onde irão parar aqueles pecadores que se
obstinam em seus pecados e que abusam do tempo de
penitência que Deus lhes concede para se tornarem mais
orgulhosos? Irão queimar para sempre no fogo do inferno,
sem esperança de saírem em tempo algum:
“O que ofende a
justiça pode recorrer à misericórdia, mas a quem poderá
recorrer o que ofende a própria misericórdia?”
(Afonso Tostato).
III.
Jesus amigo,
nesse mundo vive-se bons e maus... também dentro da Santa
Igreja Católica existem bons e maus... viverão assim até o
dia da colheita:
“Quantos maus
existem também no seio da Igreja; bons e maus vivendo num
único seio materno, até que finalmente um dia serão
separados”
(Santo Agostinho),
e:
“Deus permite que vivam juntos uns e
outros, tanto para provar os bons e consolidá-los na
virtude, como para dar tempo aos maus de se converterem, e
também porque não se exclui que a boa semente a um certo
ponto degenere em cizânia. Assim como nesta vida ninguém é
definitivamente filho do Maligno porque pode sempre se
converter do mal, assim também ninguém é definitivamente
filho do Reino porque pode, infelizmente, se perverter”
(Pe. Gabriel de Santa Maria
Madalena).
IV.
Jesus bondoso,
os Santos Padres viram no joio
“uma imagem da má
doutrina, do erro”
(São João
Crisóstomo), que, sobretudo, nos
começos, pode confundir-se com a própria verdade,
“porque
é próprio do demônio misturar o erro com a verdade”
(Santo Agostinho).
Senhor, dai-nos força e coragem para
permanecermos sempre acordados e não deixar que o inimigo
semeie o joio em nosso coração:
“Olha que o
coração é um traidor. – Fecha-o a sete chaves”
(São Josemaría Escrivá).
V.
Jesus manso,
sabemos que o inimigo não dorme, não cochila nem tira
férias:
“Sede sóbrios e vigilantes! Eis que o vosso
adversário, o diabo, vos rodeia como um leão a rugir,
procurando a quem devorar”
(1 Pd 5, 8).
A luta contra ele será até no último
suspiro:
“Que homem incomparável! O labor não o
vence, a morte não o vencerá; ele, que não se inclinava
para nenhum dos lados, não temeria morrer e nem recusaria
viver! No entanto, olhos e mãos sempre erguidos para o
céu, não afrouxava da oração o espírito invicto; e quando
os presbíteros, que se haviam reunido junto dele, lhe
pediram aliviar o frágil corpo, virando-o para o lado,
disse: ‘Deixai-me, deixai-me, irmãos, olhar para o céu de
preferência à terra, para que o espírito já se dirija ao
caminho que o levará ao Senhor’. Dito isto, viu o demônio
ali perto. ‘Por que está aqui, fera nefasta? Nada em mim,
ó cruel, encontrarás; o seio de Abraão me acolhe”
(Das
Cartas de Suplício Severo sobre São Martinho de Tours),
e:
“O infame não cessará com seus ataques até
o último suspiro da alma que não soube defender-se já
contra os primeiros golpes”
(São João Crisóstomo).
Ajude-nos Senhor a permanecermos acordados
e atentos para não sermos vencidos pelo inimigo infernal:
“Não te esqueças, meu amigo, de que precisas de armas para
vencer nesta batalha espiritual. As tuas armas serão: a
oração contínua, a sinceridade e franqueza com o teu
diretor espiritual, A Santíssima Eucaristia e o Sacramento
da Penitência, um generoso espírito de mortificação cristã
– que te levará a fugir das ocasiões e a evitar a
ociosidade –, a humildade de coração e uma devoção terna e
filial à Santíssima Virgem”
(Salvatore
Canals).
Pe.
Divino Antônio Lopes FP.
Anápolis, 11 de julho de 2011
Veja também:
O joio