O JOIO

(Mt 13, 24-43)

 

 

"24 Propôs-lhes outra parábola: 'O Reino dos Céus é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo. 25 Enquanto todos dormiam, veio o seu inimigo e semeou o joio no meio do trigo e foi-se embora. 26 Quando o trigo cresceu e começou a granar, apareceu também o joio. 27 Os servos do proprietário foram procurá-lo e lhe disseram: 'Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Como então está cheio de joio?' 28 Ao que este respondeu: 'Um inimigo é que fez isso'. Os servos perguntaram-lhe: 'Queres, então, que vamos arrancá-lo?' 29 Ele respondeu: 'Não, para não acontecer que, ao arrancar o joio, com ele arranqueis também o trigo. 30 Deixai-os crescer juntos até a colheita. No tempo da colheita, direi aos ceifeiros: 'Arrancai primeiro o joio e atai-o em feixes para ser queimado; quanto ao trigo, recolhei-o no meu celeiro'. 31 Propôs-lhes outra parábola, dizendo: 'O Reino dos Céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou e semeou no seu campo. 32 Embora seja a menor de todas as sementes, quando cresce é a maior das hortaliças e torna-se árvore, a tal ponto que as aves do céu se abrigam nos seus ramos'. 33 Contou-lhes outra parábola: 'O Reino dos Céus é semelhante ao fermento que uma mulher tomou e pôs em três medidas de farinha, até que tudo ficasse fermentado. 34 Jesus falou tudo isso às multidões por parábolas. E sem parábolas nada lhes falava. 35 Para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta: Abrirei a boca em parábolas; proclamarei coisas ocultas desde a fundação do mundo. 36 Então, deixando as multidões, entrou em casa. E os discípulos chegaram-se a ele, pedindo-lhe: 'Explica-nos a parábola do joio no campo'. 37 Ele respondeu: 'O que semeia a boa semente é o Filho do Homem. 38 O campo é o mundo. A boa semente são os filhos do Reino. O joio são os filhos do Maligno. 39 O inimigo que o semeou é o Diabo. A colheita é o fim do mundo. Os ceifadores são os anjos. 40 Da mesma forma que se junta o joio e se queima no fogo, assim será no fim do mundo: 41 O Filho do Homem enviará seus anjos e eles apanharão do seu Reino todos os escândalos e os que praticam a iniquidade 42 e os lançarão na fornalha ardente. Ali haverá choro e ranger de dentes. 43 Então os justos brilharão como o sol no reino de seu Pai. O que tem ouvidos, ouça!"

 


 

Em Mt 13, 24-30 diz: "Propôs-lhes outra parábola: 'O Reino dos Céus é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo. Enquanto todos dormiam, veio o seu inimigo e semeou o joio no meio do trigo e foi-se embora. Quando o trigo cresceu e começou a granar, apareceu também o joio. Os servos do proprietário foram procurá-lo e lhe disseram: 'Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Como então está cheio de joio?' Ao que este respondeu: 'Um inimigo é que fez isso'. Os servos perguntaram-lhe: 'Queres, então, que vamos arrancá-lo?' Ele respondeu: 'Não, para não acontecer que, ao arrancar o joio, com ele arranqueis também o trigo. Deixai-os crescer juntos até a colheita. No tempo da colheita, direi aos ceifeiros: 'Arrancai primeiro o joio e atai-o em feixes para ser queimado; quanto ao trigo, recolhei-o no meu celeiro".

 

"Propôs-lhes outra parábola: 'O Reino dos Céus é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo".

São João Crisóstomo escreve: "O Senhor falou na parábola anterior daqueles que não recebem a palavra de Deus; e agora fala daqueles que a recebem alterada, porque é próprio do demônio misturar o erro com a verdade. Por isso segue: 'Outra parábola lhes propôs" (Homilia In Matthaeum, hom. 46, 1), e: "Lhes propôs outra parábola, à maneira de um rico que serve distintos manjares a seus convidados, a fim de que tome cada um o que é mais adequado para seu estômago. E não disse a outra, senão outra, porque se houvesse dito a outra, não poderíamos esperar outra terceira; e disse outra, para manifestar que seguiriam muitas outras. O sentido da parábola o manifesta o Senhor quando acrescenta: 'O reino dos céus é semelhante a um homem que semeou boa semente" (São Jerônimo), e também: "Chama reino dos céus ao mesmo Filho de Deus, e disse que este reino é semelhante a um homem que semeou boa semente em seu campo" (Remígio).

 

 

I

 

O INIMIGO, A SUA SEMENTE E A SUA HORA

        

Um homem semeara no seu campo trigo de primeira qualidade. Mas, enquanto os agricultores dormiam, o inimigo passou sobre os sulcos, a lançar neles a grama cizânia. Ninguém percebeu a vingança: "Está claro: o campo é fértil e a semente é boa; o Senhor do campo lançou às mãos cheias a semente no momento propício e com arte consumada; além disso, preparou toda uma vigilância para proteger a recente sementeira. Se depois apareceu o joio, é porque não houve correspondência, já que os homens - os cristãos especialmente - adormeceram e permitiram que o inimigo se aproximasse" (São Josemaría Escrivá, Cristo que passa, n° 123), e: "A parábola não perdeu atualidade: muitos cristãos dormiram e permitiram que o inimigo semeasse a má semente na mais completa impunidade; surgiram erros sobre quase todas as verdades da fé e da moral. É necessário que vigiemos dia e noite, e não nos deixemos surpreender; que vigiemos para podermos ser fiéis a todas as exigências da vocação cristã, para não deixarmos prosperar o erro, que leva rapidamente à esterilidade e ao afastamento de Deus. É necessário que vigiemos, sobretudo, o nosso coração, sem falsas desculpas de idade ou de experiência, pois o coração é um traidor, e tem que estar fechado a sete chaves" (Pe. Francisco Fernández-Carvajal).

O joio é uma planta muito parecida com o trigo, com o qual facilmente se confunde antes de brotar a espiga. Misturada com farinha boa contamina o pão e produz graves náuseas e enjôos. Semear joio entre o trigo era um caso de vingança pessoal, que se deu não poucas vezes no Oriente. O Direito Romano previa-o e castigava (Digesto, IX. 2).

Dom Duarte Leopoldo escreve: "O joio é uma planta anual da família das gramincas. É o Lolium tumulentum dos botânicos, comum nas searas da Europa como da Palestina, que a propriedade de ocasionar uma espécie de embriaguês e muitas vezes sintomas de envenenamento, náuseas, vertigens, etc. É tão semelhante ao trigo, que é quase impossível distingui-los antes de despontarem as espigas. Mesmo os camponeses, habituados a desembaraçar as searas das ervas daninhas, não conseguem distingui-las antes daquela época".

Chegou a boa estação, e os grãos germinados cresceram em erva. Um dia, voltando dos campos, os agricultores correram ao seu senhor, pálidos da dolorosa surpresa, e lhe disseram: "Senhor, tu semeaste grão escolhido, e crescem trigo e joio!" Ele respondeu tristemente: "Foi o inimigo quem fez isso".

E eles, ardendo em ira disseram: "Quer que voltemos para trás e extirpamos toda erva má?"

O senhor disse: "Não, pois assim também me arruinaria a planta boa. Deixai uma e outra crescerem até à ceifa; então direi aos ceifeiros: 'Chegado é o tempo: extirpai primeiro o joio, e atai-o em feixes, que daremos às chamas. O grão, ao contrário, recolhe-o no meu  celeiro".

A parábola é muito clara. Jesus Cristo é o senhor, o mundo é o seu campo. Por este seu campo Ele não poupou suores e sangue, e nem mesmo a vida.

Discorramos agora sobre o inimigo, sobre a sua semente e sobre a sua hora.

 

1. O inimigo

 

O inimigo mais forte e mais encarniçado da nossa alma é o demônio: "O inimigo que o semeou é o Diabo" (Mt 13, 39). Ele aproxima-se das almas, - diz São João - para roubá-las, para feri-las e para matá-las: "Quando os servidores irresponsáveis perguntam ao Senhor porque cresceu o joio no seu campo, a explicação salta aos olhos: foi o inimigo! Nós, os cristãos, que devíamos estar vigilantes para que as coisas boas, postas pelo Criador no mundo, se desenvolvessem ao serviço da verdade e do bem, adormecemos - triste preguiça, esse sono! - enquanto o inimigo e todos os que o servem se moviam sem descanso. Bem vedes como cresceu o joio: que sementeira tão abundante espalhada por todos os sítios!" (São Josemaría Escrivá, Cristo que passa, n° 123).

De fato, o Demônio é o ladrão do tesouro mais precioso que cada um trás consigo: a graça santificante. Ele é o feridor que abriu em nós chagas mortais, e quase incuráveis: o pecado. Ele ainda é a perdição de muitas almas, que, seduzidas pelas suas astúcias, se precipitam nas chamas eternas.

O Pe. João Colombo escreve: "Não se deve, porém, crer que o demônio esteja pessoalmente em torno de nós. Ele é esperto demais para assim fazer: ele sabe que é horrível e que nós fugiríamos dele para longe, de pavor. Então se transfigura de mil maneiras, e mais frequentemente sob as aparências de um homem, amigo ou companheiro ou vizinho de casa", e: "O inimigo de Deus e das almas sempre lançou mão de todos os meios humanos possíveis. Vemos, por exemplo, que ora se desfiguram umas notícias, ora de silenciam outras; ora se propagam idéias demolidoras sobre o casamento, por meio dos seriados de televisão de grande alcance, ora se ridiculariza o valor da castidade e do celibato; propugna-se o aborto ou a eutanásia, ou semeia-se a desconfiança em relação aos sacramentos e se dá uma visão pagã da vida, como se Cristo não tivesse vindo redimir-nos e lembrar-nos que o Céu nos espera. E tudo isto com uma constância e um empenho incríveis. O inimigo não descansa" (Pe. Francisco Fernández-Carvajal).

Santa Teresa, já freira no Convento da Encarnação em Ávila, travara amizade com uma pessoa cujo nome ela não quis escrever; sem dúvida era pessoa de condição nobre e grande dama da cidade. De grave não havia aí nada, mas com essa pessoa ela passava longas horas no locutório, esquecendo assim os rigores da sua vida monástica. Já muitas vezes ela sentira remorsos disso, e já muitas vezes também prometera a Deus cortar de uma vez com aquela amizade: mas o seu coração estava tão apegado a ela, que, no momento decisivo, vinha a lhe faltar a coragem, e ela cedia.

"Uma vez - narra a Santa na sua autobiografia - achando-me ainda com aquela pessoa no locutório, vimos vir para nós (e viram-no igualmente outras pessoas que lá estavam) algo que se assemelhava a um enorme sapo, porém muito mais ligeiro do que costumam ser estes animais. Ainda não posso compreender como em pleno dia, naquele lugar, pudesse ali entrar um animal dessa espécie, nem jamais eu soube de onde ele vinha".

Seja como for, ela sentiu tamanho pavor, que aquela doce e perigosa amizade, que lhe impedia os seus deveres e a sua santificação, foi cortada para sempre.

Examinemos as nossas amizades: são todas boas? No fundo, naquela familiaridade com pessoa de sexo diferente não há talvez o sapo asqueroso do inferno? Se tivéssemos a graça de Santa Teresa, talvez nós também o víssemos aproximar-se pavorosamente depois de certos colóquios, em certos passeios e em certas reuniões. Não é talvez por causa daquele companheiro, daquela amizade, que nós tantas vezes temos pecado, tantas vezes temos descurado os deveres religiosos?

Já na nossa consciência temos sentido remorso, já em alguma confissão teremos prometido a Deus emendar-nos. Depois a coragem faltou-nos. É por demais agradável aquela companhia, é tão doce aquela amizade!

 

2. A sua semente

 

O coração do homem é o campo místico de Deus.   Nele Deus semeia todo dia inspirações boas e propósitos santos, nele frequentemente deixa cair a sua palavra, que desce da boca dos sacerdotes; nele o Espírito Santo reza e geme sem interrupção; nele há os anjos em guarda.

Contudo, por culpa nossa, o inimigo se aproxima, e pode lançar a sua maligna semente.

 

Semente de rebelião a Deus. "Por que lhe obedece? - insinua a serpente no coração de Adão. - Come o fruto proibido, e tornar-te-ás independente e soberano como Ele". Por que, insinua ainda a serpente no nosso coração, por que respeitas as leis da Igreja, santificas o domingo, rezas de manhã e à noite? Faze o que quiseres e serás senhor de ti" (Pe. João Colombo).

 

Semente de discórdia em família. "Por que razão teu irmão Abel deve ser sempre preferido, e tu deixado de lado? Não vês que o seu mister de pastorear os rebanhos é sem fadigas, e tu, ao contrário, tens de cavar a terra dura e de banhá-la de suor? Mata-o, e terás a parte dele". Variada segundo as circunstâncias, mas ainda é esta a semente que ele lança em muitas casas, onde os irmãos odeiam os irmãos, onde os filhos não amam os pais, as noras não suportam os velhos" (Idem).

 

Semente de palavras más. "As blasfêmias, os discursos obscenos, os livros impuros, os jornais sem pudor nem fé, tudo isso são sementes do homem inimigo" (Idem).

 

Semente de vícios desonestos. "A história do filho pródigo que abandona a casa paterna induzido pelos amigos a ir atrás dos prazeres da carne, é verdadeira também nos nossos tempos. Há famílias que choram, há pobres corações que sofrem, há almas em que o bom trigo de Deus foi sufocado pelo joio das paixões impuras" (Idem).

 

3.  A sua hora

 

É hora da noite. Jesus é o dono da semente na luz do pleno dia; mas o inimigo escolhe para as suas vinganças as horas da noite: "O homicida levanta-se antes do alvorecer, e nas trevas executa os seus latrocínios. O olho do adúltero deseja a escuridão, e, escondendo nela a sua face, diz: ninguém me verá. De noite os maus arrombam as portas marcadas de dia. Para esta gente, como para os gatunos, o dia é tão aborrecido como a morte" (Jó 24, 14-17).

Assim, quando Judas decidiu-se a sair do cenáculo para correr a vender o Salvador, o Evangelho observa: "Era noite" (Jo, 13, 30). "De noite foi cometido, pois, o pecado mais grave que jamais a terra viu" (Pe. João Colombo).

São João Crisóstomo escreve: "Nos apresenta em seguida os laços do demônio dizendo: 'E enquanto dormiam os homens, veio seu inimigo e semeou cizânia  no meio do trigo e se foi'. Com essas palavras nos faz ver que o erro vem depois da verdade, coisa demonstrada pela experiência. Assim, depois dos profetas vieram os falsos profetas; depois dos Apóstolos os falsos apóstolos; e depois de Cristo o Anticristo" (Homilia In Matthaeum, hom. 46, 1), e: "E disse: 'Enquanto dormiam os homens', porque quando os chefes da Igreja trabalham com negligência, ou quando os apóstolos são visitados pelo sono da morte, vem o diabo e semeia sobre aqueles a quem o Senhor chama filhos maus. Porém se pergunta agora: são estes os hereges ou os maus católicos? Porque manifestando-nos que estão semeados no meio do trigo parece significar que são todos de uma mesma comunhão. Todavia, como na interpretação da palavra, campo não significa a Igreja, mas, todo o mundo; se compreende que fala dos hereges que se acham misturados nesse mundo com os bons. Daqui é que os que são maus, mas têm a mesma fé, lhes chama palha melhor que a cizânia. A palha, efetivamente, tem a mesma raiz e fundamento que o grão. Enquanto aos cismáticos, parece que tem mais semelhança com as espigas podres... Porém não se deve tirar daqui a consequência de que os hereges e cismáticos são forçosamente separados da Igreja corporalmente, porque há muitos no seio da Igreja que não defendem seus erros de maneira que possam atrair o povo. Porque se fizessem assim, então seriam expulsos em seguida da Igreja. (E mais abaixo): Quando o diabo com seus detestáveis erros e falsas doutrinas há semeado a cizânia (isto é, lançado as heresias valendo-se do nome de Cristo) se oculta com mais cuidado e se faz mais invisível; e isto é o que significa: 'E se foi'. Se compreende, pois, que o Senhor quis dizer nesta parábola com a palavra cizânia (como germinou a explicação) não alguns escândalos, mas todos os escândalos, e àqueles que cometem certas maldades" (Santo Agostinho, Quaestiones Evangeliorum, 11).

Dom Duarte Leopoldo escreve: "O joio é uma erva daninha e inútil. Deus impele as almas para a prática da virtude, o demônio espalha as más doutrinas e anima o pecado. Ele o faz geralmente à noite, enquanto dormem os ministros do Senhor".

 

É hora de ócio. Mas a hora do inimigo não é apenas a hora da noite, mas também a hora do ócio. Há o sono que sana e restaura as forças perdidas; e há outra espécie de sono que debilita e arruína a alma e o corpo: o ócio. Nenhuma hora é tão própria do demônio quanto a hora do ócio. As imaginações más assaltam-nos nos momentos do ócio. Como explicais o ato sacrílego dos Hebreus que se rebaixaram até o ponto de honrarem o bezerro de ouro? Estavam ociosos.

 

É hora de negligência. Enfim, a hora do inimigo não só é nas trevas e no ócio, mas é também no descuido. Muitos cristãos dormem e não mais fazem penitência, nem dizem mais nenhuma oração; enquanto isso, o demônio semeia neles aquelas tentações a que eles não podem resistir. Dormem muitos pais, e não se preocupam mais de guardar com paciência os filhos e as filhas; e, em certo momento, percebem que já não são nem obedecidos nem amados. Percebem que os filhos não vão ao oratório, em casa, nem à igreja, e que as filhas dão que falar mal de si.

O Pe. Francisco Fernández-Carvajal comenta: "A abundância de joio só pode ser enfrentada com maior abundância ainda de boa doutrina: vencer o mal com o bem, com o exemplo da vida e a coerência da conduta. O Senhor chama-nos para que procuremos a santidade no meio do mundo, no cumprimento dos deveres quotidianos; e este chamado reclama de nós uma presença ativa nas realidades humanas nobres, que de alguma maneira nos dizem respeito. Não basta lamentar-se perante tantos erros e perante meios tão poderosos para difundi-los, sobretudo, num momento em que uma sutil perseguição condena a Igreja a morrer de inanição, expulsando-a da vida pública e, sobretudo, impedindo-a de intervir na educação, na cultura e na vida familiar. Não são direitos nossos: são de Deus, e foi Ele que os confiou a nós, os católicos..., para que os exerçamos! É hora de sairmos à luz do dia de peito descoberto, com os meios, poucos ou muitos, que tenhamos ao nosso alcance, e com a disposição de não deixar de aproveitar só ocasião que se nos apresente. Devemos também dizer aos nossos amigos, aos que seguem ou começam a dar os primeiros passos em seguimento do Mestre, que Ele precisa de nós para que tantas pessoas não fiquem sem conhecê-lo e sem amá-lo. Hoje podemos perguntar-nos na nossa oração: o que posso eu fazer - na minha família, no meu trabalho, na escola... entre os meus vizinhos... - para que Cristo esteja realmente presente com a sua graça e a sua doutrina nessas pessoas? De que meios posso servir-me com mais proveito para aproximá-los de Deus? As modas passam, e, quanto àqueles aspectos contrários à doutrina de Jesus Cristo que possam perdurar, nós os mudaremos com empenho, com alegria, com santa persistência humana e sobrenatural".

 

 

II

 

BONS E MAUS JUNTOS

 

O campo onde o trigo e o joio crescem juntos é este mundo, em que os bons estão misturados aos maus, e a mistura durará até o fim do mundo; os Anjos são os ceifeiros que então farão a grande separação. Esta é a interpretação da palavra que o próprio Jesus deu aos apóstolos.

Contudo, não muito tempo depois Tiago e João esqueceram-se dela. Indignados com a maldade dos Samaritanos que não os deixavam passar pelo seu território, eles disseram a Jesus: "Queres que mandemos ao fogo do céu cair sobre eles e incinerá-los imediatamente?" E ouviram-no responder-lhes: "Não sabeis de que espírito sois" (Lc 9, 54-55).

A quantos católicos, ainda hoje, depois de dois milênios de cristianismo, Jesus poderia repetir a censura feita aos dois filhos de Zebedeu! Quando vos lamentais e dizeis que quase perdeis a fé porque Deus permite que os maus subvertam as nações, destruam as igrejas, trucidem padres e freiras, violem os sepulcros, não sabeis de que espírito sois. Quando vos admirais de que Deus não faça morrer, ou ao menos não envie uma desgraça a certos impudicos, sacrílegos, turbulentos que lançam escândalo e discórdia entre as boas famílias, não sabeis de que espírito sois.

Por que, pois, esta tolerância divina de deixar crescer o joio no meio do grão fino até à ceifa?

Por misericórdia para com os maus. Por amor para com os bons.

São João Crisóstomo escreve: "Nas seguintes linhas descreve perfeitamente o caminho dos hereges: 'E depois que cresceu a erva e deu fruto, apareceu então a cizânia'. Ao princípio os hereges não dão a cara, porém quando têm mais liberdade e outros participam de seus erros, então derramam seu veneno" (Homilia In Matthaeum, hom. 46, 1), e: "Ou de outra maneira, quando o homem espiritual decide julgar todas as coisas, então começam aparecer os erros, e distingue quanto distancia da verdade o que foi ouvido ou lido. Porém, enquanto chega à perfeição espiritual, pode ser envolto na multidão de erros que se vão divulgando com o nome de Cristo. Por isso segue: 'E chegando os servos do pai de família, lhe disseram: Senhor, porventura não semeaste boa semente em teu campo? Pois de onde veio a cizânia?' Ocorre perguntar aqui quem são estes servos: se são os servos aqueles a quem depois chama  ceifadores ou se são os anjos, a quem na explicação que ele nos deu desta parábola, chama também ceifadores; porém que ninguém se atreva afirmar que os anjos não tiveram conhecimento de quem semeou a cizânia" (Santo Agostinho, Quaestiones Evangeliorum, 12), e também: "Se chegam a Deus, não com o corpo, mas com o coração e o desejo da alma. Desta maneira compreendem que tudo se fez por astúcia do Diabo e por isso lhes disse: 'O homem inimigo fez isso" (Remígio), e ainda: "Chama ao diabo homem inimigo porque não é Deus. E assim se diz dele no Salmo 9: 'Levanta-te, Senhor, para que o homem não fortaleça' (Sl 9, 20). Por esta razão não deve dormir-se o que está à frente da Igreja, não seja que por seu descuido, semeie o homem inimigo a cizânia, isto é, as afirmações heréticas" (São Jerônimo), e: "Devemos admirar nesta passagem a solicitude e o amor dos servos: se apressaram em arrancar a cizânia, o que prova a solicitude por sua semente, e não tratam de que se castigue a ninguém, para que não morra a boa semente. A resposta do Senhor é a seguinte: 'E lhe disse: não" (São João Crisóstomo, Homilia In Matthaeum, hom. 46, 1), e também: "Palavras que não podem menos que produzir neles uma paciência e uma tranquilidade grandíssima. A razão desta parábola é, que os que são bons, mas que ainda estão fracos, necessitam desta mistura com os maus, para adquirir fortaleza com o exercício, para que comparando uns com os outros se estimulem a serem melhores. Ou também, se arrancam ao mesmo tempo o trigo e a cizânia, porque há muitos que ao princípio eram cizânia e depois se tornaram trigo. Se estes não sofrem com paciência quando são maus, não conseguem que mudem de costumes; e se fossem arrancados nesse estado, se arrancaria ao mesmo tempo o que com o tempo e o perdão fosse sido trigo. Por isso nos previne o Senhor, que não façamos desaparecer desta vida essa classe de homens, não seja que, por tirar a vida dos maus, tiremos aos que, possivelmente, foram bons, ou prejudiquemos aos bons. O momento oportuno de tirar-lhes a vida, será quando já não lhes sobrar tempo para mudar de vida, e o contraste de seus erros com a verdade não pode ser útil aos bons: 'Deixa crescer um e outro até a colheita' isto é, até o juízo" (Santo Agostinho, Quaestiones Evangeliorum, 12), e ainda: "Porém, parece que esta doutrina contradiz aquele preceito: 'Tirai o mal dentre vós" (1 Cor 5, 13); porque efetivamente se se proíbe arrancar a cizânia, e se manda conservá-la até a colheita, de que modo se hão de tirar dentre nós certos homens? Porém não há ou é muito pouca a diferença entre o trigo e a cizânia, quando ainda está em estado de erva e seu talo não está coroado de espiga, é muito parecida ao trigo. Por esta razão, nos adverte o Senhor, que não demos nossa opinião sem um exame sobre coisas duvidosas, mas que as deixemos ao juízo de Deus, a fim de que expulse o Senhor no dia do juízo dentre os santos, não aos criminosos suspeitos, mas aos que foram declarados publicamente" (São Jerônimo), e: "Quando algum cristão tiver de ser corrigido no seio da Igreja, em algum pecado digno de ser anatematizado, anatematize-se onde não haja perigo de acontecer um cisma, e faça com amor, a fim de não arrancá-lo, mas de corrigi-lo. Mas se ele não reconhecer nem se corrigir com a penitência, o mesmo será cortado fora e será separado da comunhão com a Igreja por sua própria vontade. Por isso o Senhor ao dizer: 'Deixa crescer um e outro até a colheita', dá a razão nas palavras seguintes: 'Não seja que colhendo a cizânia, arranqueis também o trigo'. Donde manifesta claramente, que quando não há esse perigo e há completa segurança da permanência da semente (isto é, quando o crime é tão conhecido e detestado por todos, que não há absolutamente ninguém, ou se há algum que se atreva a defendê-lo, é tão pouco notável que não pode dar lugar ao cisma), não deve descuidar-se a severidade da disciplina, na que é tanto mais eficaz a correção do mal quanto mais se respeitam as leis da caridade. Porém, quando o mal já gangrenou a multidão, não existe outro remédio que sentir e gemer. Daí é que deve o homem corrigir com amor aquilo que pode; e o que não pode, sofrer com paciência, gemer e chorar até que a correção venha do alto, e esperar até a colheita, arrancar a cizânia e mover a palha. Quando se pode levantar a voz no meio de um povo, deve fazer-se a correção das desmoralizadas multidões com expressões gerais, principalmente se nos oferece ocasiões e a oportunidade algum castigo do céu enviado por Deus, de fazer ver que são castigados como merecem" (Santo Agostinho, Contra Epistulam Parmeniani, 3, 2), e também: "Disse o Senhor isso para proibir as mortes. Não convinha tirar a vida dos hereges, porque desta maneira se travaria uma luta sem piedade em todo o mundo. Por isso disse: 'Não a arranqueis ao mesmo tempo que o trigo', é dizer, se empunhais as armas e tirardes a vida dos hereges, vossos golpes alcançarão necessariamente a multidão dos santos. Não proíbe, pois , o Senhor, a conter os hereges, o atalhar a livre propaganda de seus erros, seus sínodos e suas reuniões, se não o destruí-los e tirar-lhes a vida" (São João Crisóstomo, Homiliae In Matthaeum, hom. 46, 1-2), e ainda: "No princípio, eu era da opinião de não obrigar a ninguém a entrar na unidade de Cristo, a realizar com a palavra, a combater com a discussão, a vencer com a razão, a fim de que não tenhamos por católicos hipócritas àqueles a quem temos conhecido como hereges marcados. Todavia, minha opinião era o não combater com palavras, mas o dominar com exemplos" (Santo Agostinho, Epístolas, 93, 17), e: "Chama ele colheita ao tempo em que se está colhendo. E por colheita se entende o dia do juízo, em que os bons serão separados dos maus" (Remígio), e também: "Porém por que disse: colhe primeiramente a cizânia? A fim de que não creiam os bons que juntamente com a cizânia se deve arrancar também o trigo" (São João Crisóstomo, Homiliae In Matthaeum, hom. 46, 2), e ainda: "Está bem anunciado nas palavras: 'Lançai ao fogo os feixes de cizânia e reuni o trigo nos celeiros', que os hereges, de qualquer classe que sejam, e também os hipócritas, serão queimados no fogo do inferno. E os santos (que é o que se dá a entender com a palavra trigo) serão recebidos nos celeiros, isto é, nas mansões celestiais" (São Jerônimo), e: "Pode-se perguntar: Por que não disse o Senhor: fazei um só feixe e um só monte com a cizânia? Sem dúvida, para significar que havia muitas classes de hereges, que estavam separados não só do trigo, mas também uns dos outros. E, por isso, os feixes figuram suas diferentes reuniões, que cada partido está unido por sua própria comunhão, e então é quando se deve principiar a atá-los para jogá-los ao fogo, posto que então é quando separados da Igreja Católica, principiam a formar como umas igrejas próprias. Não serão queimadas até o fim dos tempos, porém serão atados em feixes" (Santo Agostinho, Quaestiones Evangeliorum, 1, 12), e também: "E é de notar que quando disse: 'Semeou boa semente' significa a boa vontade dos escolhidos; e quando disse: 'Chegou o inimigo', quis avisar-nos da cautela que devemos ter nas palavras: 'Crescendo a cizânia, o homem inimigo fez isso' nos recomendou a paciência; e naquelas outras: 'Não seja que colhendo a cizânia' nos deu um exemplo de prudência; e quando acrescentou: 'Deixai crescer um e o outro até a colheita', nos recomendou a longanimidade; e por último a justiça quando disse: 'Atai em feixes para queimá-la" (Rábano).

Edições Theologica comenta: "O fim da parábola do joio explica em figura a misteriosa permissão provisória do mal por parte de Deus e a sua extirpação definitiva. O primeiro está a dar-se na terra até ao fim dos tempos. Por isso não nos deve escandalizar a existência do mal neste mundo. O segundo não se dá nesta terra, mas depois da morte; pelo juízo ( a colheita) uns irão para o céu e outros para o inferno".

 

1. Por misericórdia para com os maus

 

Um instrutivo episódio é contado por São Dionísio numa carta.

Havia numa cidade dois péssimos indivíduos que vexavam de todo modo um homem pacífico e honesto, de nome Carpo. Não podendo obter dos homens respeito e justiça, o perseguido implorava de Deus, suplicando-lhe incessantemente mandasse a morte tirar-lhe do meio os dois iníquos.

Ao invés disso, Deus foi, em sonho, ao bom Carpo. Parecia a este ver a boca escancarada de um abismo, do qual, no meio de fumo e de chamas, subiam imensas serpentes para enlaçarem dois homens e puxá-los da borda para o abismo. Aqueles dois homens eram os seus inimigos, e Carpo tremia de alegria, na esperança de vê-los ali precipitar-se de um momento para outro.

Mas, erguendo um pouco o olhar, viu uma mão nua, furada no meio da palma e sangrando, a qual se estendia em auxílio dos dois desgraçados. Logo ele compreendeu que aquela mão era de Cristo crucificado, cuja voz, no sonho, ele também ouvia dizendo: "Ainda estou pronto a morrer pela vossa salvação".

Quando acordou, Carpo não mais fez a oração pela morte dos iníquos, e não mais se escandalizou da tolerância divina que deixa os maus viverem no meio dos bons, e que às vezes deixa o injusto triunfar sobre o justo.

Ele compreendera três coisas, que também por nós precisam ser compreendidas:

a) "A nós, as almas não custaram nada, mas ao Redentor custaram o sangue e a vida. Ele amou-as até o ponto de morrer na cruz em meio a dores atrozes, e o seu terníssimo Coração não pôde deixá-las cair na condenação infernal sem antes tentar todos os meios para salvá-las. Ele não quer a punição do homem, mas o perdão, não quer a morte do pecador, mas sim que se converta e viva. Acaso o bom pastor bateu ou matou a ovelha desgarrada? Acaso deixou que lapidassem a mulher adúltera? Qual o médico que não tenta todos os recursos, até a última hora, para curar o doente? Jesus é o médico paciente que veio para curar as almas doentes dos pecadores. Como Ele deve sentir-se triste e incompreendido quando em torno d'Ele se grita: 'Façam-nos morrer! Livrem-nos a nós da perturbação deles!' E ainda responde amargamente como aos filhos de Zebedeu: 'Não sabeis de que espírito sois" (Pe. João Colombo).

b) "Além disto, é preciso refletir que, se Deus fizesse justiça com a impaciência por muitos desejada, e deixasse cair no inferno todo homem apenas este o merecesse, não faltariam depois os escandalizados com a exagerada severidade do Senhor. Que diriam então aqueles a quem o inferno já se afigura um suplício incompatível com a bondade divina? Agitados como são pelas paixões, os homens passam de um excesso a outro no seu juízo. Deus, ao contrário, possui o perfeito equilíbrio do amor e da justiça. Só Ele conhece toda a atrocidade e a eternidade das penas do Inferno, e conhece a frágil têmpera da nossa natureza; por isso, suporta os maus, esperando, com amor paternal, a sua conversão. Mas a sua paciência também tem um limite, e, chegado o tempo da ceifa, nela Ele fará relampejar a foice da sua justiça. A paciência de Deus é, pois, uma manifestação do seu amor e da sua justiça" (Idem.).

c) "Enfim, é de refletir que também nós, em algum momento, fomos maus na vida, por anos talvez fomos joio no campo da Igreja. Não permita Deus que neste momento a consciência nos acuse de o sermos ainda. Se a impaciência dos servos fosse escutada, se o joio fosse desarraigado no instante em que é descoberto, que seria de nós agora? Onde estaríamos? Seja agradecida e bendita a misericordiosa tolerância de Deus Nosso Senhor"(Idem.).

Dom Duarte Leopoldo escreve: "Imitemos a Deus em sua paciência, nós que temos o encargo dos outros. Quantos cristãos, como os servos do pai de família, quereriam arrancar a má semente, misturada com o trigo, do campo da Igreja? Admiram-se eles de que Nosso Senhor não castigue os maus, os operários do escândalo e do pecado. Não! Chegará o tempo da colheita e então será o dia da separação - uns para o céu, para o celeiro do pai de família; outros para o fogo, para o inferno e sua eternidade. Quereis, a todo transe, punir o mal; mas é sempre possível fazê-lo sem prejuízo dos bons? Quereis castigar esse moço que, por seus escândalos, é a vergonha da família, e que fareis da pobre mãe que chora os pecados do filho pródigo? Não é isso pregar a tolerância do mal; é pelo contrário, imitar a paciência de Deus que espera a conversão do mau. Todavia, algumas vezes são os bons envolvidos no castigo dos maus. Ainda aqui se manifesta a misericórdia de Deus, porque o castigo de uns é ao mesmo tempo uma provação, um merecimento e, finalmente, um penhor de recompensa eterna para os outros", e: "Neste mundo está o reino dos céus em fase de evolução, de crescimento, por isso não há nítida separação entre bons e maus; Deus não a quer: permite que vivam juntos uns e outros, tanto para provar os bons e consolidá-los na virtude, como para dar tempo aos maus de se converterem, e também porque não se exclui que a boa semente a um certo ponto degenere em cizânia.   Assim como nesta vida ninguém é definitivamente filho do Maligno porque pode sempre se converter do mal, assim também ninguém é definitivamente filho do Reino porque pode, infelizmente, se perverter.  Encerra, pois, a parábola convite à 'vigilância dirigido a todos, convite a não deixarmos passar em vão a hora da graça, a estarmos prontos para a colheita porque assim como se recolhe a cizânia e se lança ao fogo, assim acontecerá no fim do mundo.   Então todos os obreiros da iniquidade serão lançados na fornalha ardente, enquanto os justos resplandecerão como o sol no Reino de seu Pai" (Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena).

 

2.  Por amor para com os bons

 

"Não, esperai! - disse o dono do campo; - do contrário, arrancando logo o joio, com isso, sofreria também o bom grão".

Portanto, é também por amor do bom grão que o Senhor manda esperar. De fato, há vantagens para os bons na convivência com os maus.

a) "A primeira vantagem está na possibilidade de uma conquista de almas. Com a oração, com a mansidão, e, mormente, com o bom exemplo, eles podem persuadir o pecador da beleza das virtudes, da paz que se sente em viver com o Senhor; podem induzi-lo a dizer: 'Se estes e estas podem, por que não posso eu?' Não é necessário transpor o oceano para salvar almas. Em nossa casa talvez, entre os nossos parentes e amigos; entre as pessoas com quem a nossa profissão ou o nosso trabalho nos põe em contato, há almas perdidas na escuridão da incredulidade, almas sedentas de alegria que fazem o mal na ilusão de se sentirem felizes. Que grande honra se Deus nos usasse como instrumentos de redenção e de salvação! Que grande glória e recompensa no céu, se conseguíssemos converter um coração! 'Quem fizer que um pecador se converta do seu extravio, salvará sua alma da morte, e cobrirá a multidão dos seus pecados' (Tg 5, 20)"(Pe. João Colombo).

b) "Outra vantagem que, para os bons, deriva da comunidade com os pecadores é o exercício e o estímulo da virtude. A vizinhança incômoda do pecador é a pedra na qual se afia a paciência e a constância do justo. Ouve-se dizer com frequência: 'Todos os meus pecados, desordens, desgostos provêm de ter eu que lidar continuamente com um cônjuge ébrio ou iracundo, com filhos rebeldes, com parentes invejosos, com patrões odiosos e injustos, com companheiros libertinos e irreligiosos, com gente de paixões desenfreadas'. Devemos lastimar as pessoas que assim se lamentam, porque elas sofrem todos os incômodos dessa pesada e aborrecida sociedade com os pecadores, sem tirarem dela nenhum mérito. Acaso não têm elas aí ocasião de se tornarem semelhantes ao seu Mestre e Chefe, o Homem manso e humilde de Coração, o Deus feito cordeiro de expiação, o qual perdoou a todos e rogou por aqueles que o pregavam na cruz? E por que não a aproveitam? Tudo coopera para o bem dos que amam a Deus: mesmo as murmurações, as calúnias, o ódio, as injustiças dos maus, porque através de semelhantes tribulações os bons se purificam e se elevam" (Idem).

No campo do Senhor o joio cresce no meio do grão, e assim será até o dia da ceifa.

Na eira do Senhor os grãos de trigo estão entremeados a muita palha; e assim será até o momento do padejamento.

Enquanto isso, perguntemo-nos: O Senhor, que perscruta os corações, vê-me como grão ou como joio na sua Igreja? Como grão de trigo ou como palha?

Se nos vê como bom grão, lembremo-nos:

 

De velar para não nos tornarmos joio. Embora forçados a viver no meio dos corruptos, mantenhamo-nos separados deles com o coração e com os sentimentos.

 

De suportá-los com caridade e com silêncio. Deus também nos suportou quando éramos maus, e ainda agora nos suporta, porque ao seu olhar ninguém pode dizer-se bom.

 

De dar bom exemplo. "Sede irrepreensíveis e sinceros filhos de Deus, isentos de culpa no meio de uma nação depravada e corrupta, entre a qual resplendei como luzeiros do mundo" (Fl 2, 15).

 

Se, ao contrário, neste momento Ele nos visse como palha na eira ou como joio no seu campo, convertamo-nos sem demora.

Estimule-nos a isso:

"O exemplo e a alegria dos bons.

A amorosíssima paciência com que Deus nos esperou até agora, e ainda nos espera para nos estreitar ao seu coração paterno.

O temor de que o dia da ceifa, de que o momento do padejamento, esteja evidente para nós.

Talvez seja amanhã.

Talvez hoje mesmo" (Pe. João Colombo).

 

Em Mt 13, 31-32 diz:  "Propôs-lhes outra parábola, dizendo: 'O Reino dos Céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou e semeou no seu campo. Embora seja a menor de todas as sementes, quando cresce é a maior das hortaliças e torna-se árvore, a tal ponto que as aves do céu se abrigam nos seus ramos".

 

São João Crisóstomo escreve: "Havia dito o Senhor que se perdem três partes da semente, e só uma se conserva, e nesta última há também muita perda por causa da cizânia que sobre ela se semeia. E para que seus discípulos não Lhe perguntem: Quem e quantos serão, pois, os fiéis? Lhes tira esse temor com a parábola do grão de mostarda: E por isso se diz: 'Outra parábola lhes propôs, dizendo: semelhante é o reino dos céus a um grão de mostarda" (Homiliae In Matthaeum, hom. 46, 2), e: "Se entende por reino dos céus a pregação do Evangelho e o conhecimento das Escrituras que conduz à vida, sobre a qual se disse aos judeus: 'Se os tirará o reino de Deus' (Mt 21, 43); semelhante é, pois, este reino dos céus ao grão de mostarda" (São Jerônimo), e também: "O grão de mostarda figura o fervor da fé..." (Santo Agostinho, Quaestiones Evangeliorum, lib. 1,  quaest. 12), e ainda:  "Ou também, é a menor da semente, porque os Apóstolos eram os menos poderosos dentre os homens; contudo, como tinham uma grande virtude, por isso se estendeu sua pregação por todas as partes do mundo. Por isso segue: 'Porém, depois que cresce, é a maior de todas as hortaliças', isto é, que todos os dogmas" (São João Crisóstomo, Homiliae In Matthaeum, hom. 46, 2), e:  "Os dogmas das seitas não são mais que seus próprios sentimentos, é dizer, o que lhes convém" (Santo Agostinho, Quaestiones Evangeliorum, lib. 1,  quaest. 12), e também: "Ou também, o Senhor se compara a si mesmo ao grão de mostarda, semente pequena, porém ardente, e que tem o atributo de queimar" (Santo Hilário, In Matthaeum, 13), e ainda: "É, em verdade, Ele mesmo o grão de mostarda que, plantado na sepultura, se elevou como uma grande árvore. Foi grão quando morreu; árvore quando ressuscitou; grão pela humildade da carne, árvore pelo poder da majestade" (São Gregório Magno, Moralia, 19, 1), e:  "Depois que o grão foi lançado ao campo (é dizer, quando o Salvador caiu no poder do povo e foi entregue à morte, foi enterrado como no campo, e como semeado seu corpo), cresceu mais que o caule de todos os frutos, e excedeu à glória de todos os profetas... Porém agora, as aves do céu habitam os galhos das árvores. É dizer, entendemos por galhos da árvore aos apóstolos estendidos pelo poder de Cristo, e dando sombra ao mundo, voaram para todas as nações para levar a vida e, maltratados pelos furações, isto é, pelo espírito e as tentações do diabo, nos galhos dessa árvore encontrarão descanso" (Santo Hilário, In Matthaeum, 13), e também: "Sobre esses ramos descansam as aves, porque as almas justas que se elevam dos pensamentos mundanos com as asas das virtudes, respiram longe dessas fadigas, recebendo as palavras e consolos sobrenaturais" (São Gregório Magno, Moralia, 19, 1).

Edições Theologica comenta: "O homem é Jesus Cristo; o campo, o mundo. O grão de mostarda entende-se da pregação do Evangelho e da Igreja: com uns princípios muito pequenos chega a estender-se por todo o mundo. A parábola alude evidentemente à universalidade e ao crescimento do reino de Deus: a Igreja, que acolhe todos os homens de qualquer classe e condição e em todas as latitudes e tempos, desenvolve-se constantemente, apesar das contrariedades, em virtude da promessa  e assistência divinas".

 

"Embora seja a menor de todas as sementes, quando cresce é a maior das hortaliças e torna-se árvore, a tal ponto que as aves do céu se abrigam nos seus ramos".

 

Dom Duarte Leopoldo comenta: "A mostarda, sinapis nigra, atinge na Palestina enormes proporções, chegando a ter, mesmo no estado selvagem, mais de três metros de altura, de sorte que as aves do céu podem literalmente repousar à sombra dos seus ramos. Como o grão de mostarda, a Igreja era pequena em seu começo, e está hoje espalhada por todo o mundo; tornou-se uma grande árvore onde os pássaros - os cristãos de todos os séculos - vêm buscar abrigo e alimento. Os grandes e belos ramos desta grande árvore são os ensinos que saem do firmíssimo tronco, que é a Igreja. As almas nobres e verdadeiramente aladas, os que sabem erguem-se acima das misérias da vida, encontram repouso, paz e tranquilidade, à sombra da sua doutrina".

 

Em Mt 13, 33 diz: "Contou-lhes outra parábola: 'O Reino dos Céus é semelhante ao fermento que uma mulher tomou e pôs em três medidas de farinha, até que tudo ficasse fermentado".  

 

São João Crisóstomo escreve: "O Senhor para demonstrar a mesma verdade lhes apresenta a seguinte parábola: 'Semelhante é o reino dos céus ao fermento', que é como se dissera: à maneira que o fermento  muda toda a farinha em sua substância, assim também vós mudareis todo o mundo" (Homiliae In Matthaeum, hom. 46, 2), e: "A medida que  aqui se fala é uma medida que estava em uso na Palestina" (São Jerônimo), e também: "Ou também, o fermento significa a caridade, porque a caridade estimula  e excita o fervor. A mulher figura a sabedoria; as três medidas figuram os três graus  de caridade manifestados nestas palavras: 'Com todo o coração, com toda a alma e com toda a inteligência' (Mt 22), ou também aquelas três classes de homens: Noé, Daniel e Jacó (Ez 14) " (Santo Agostinho, Quaestiones Evangeliorum,  1, 12), e ainda:  "E se disse: 'Até que há fermentado tudo'. Porque a caridade escondida em nossa alma deve crescer até que a faça perfeita" (Rábano), e: "Ou de outra maneira, me parece que a mulher que toma o fermento e mistura, representa a pregação apostólica, ou a Igreja formada de diversas nações. Ela toma o fermento, é dizer, a inteligência das Escrituras e a mistura nas três medidas de farinha: o espírito, a alma e o corpo, a fim de que, reduzidos à unidade, não haja divergência entre eles" (São Jerônimo), e também: "O Senhor se compara a si mesmo com o fermento. Porque o fermento, que é feito de farinha, tem a propriedade de comunicar a todas as farinhas de sua espécie a virtude que há recebido; e a mulher, isto é, a sinagoga, esconde este fermento mediante sua condenação a morrer, e o fermento colocado em três medidas de farinha, é dizer, na da lei, na dos profetas e na dos Evangelhos, não forma dos três elementos mais que uma só crença" (Santo Hilário, In Matthaeum, 13).

O Pe. Marcos Carneiro de Almeida escreve: "A parábola do fermento explica a força interior do Reino de Deus. Três medidas de farinha, equivalentes a quarenta litros, são, para os Santos Padres, a Lei, os Profetas e o Evangelho; ou a Ásia, a Europa e a África; ou ainda os judeus, os samaritanos e os pagãos", e: "A imagem é tomada agora de uma experiência quotidiana: assim como o fermento vai pouco a pouco fermentando e assimilando toda a massa; da mesma maneira a Igreja vai convertendo todos os povos. O fermento é também figura do cristão. Vivendo no meio do mundo, sem se desnaturalizar, o cristão conquista com o seu exemplo e com a sua palavra as almas para o Senhor" (Edições Theologica), e também: "A nossa vocação de filhos de Deus, no meio do mundo, exige-nos que não procuremos apenas a nossa santidade pessoal, mas que vamos pelos caminhos da Terra, para convertê-los em atalhos que, através dos obstáculos, levem as almas ao Senhor; que participemos, como cidadãos normais e correntes, em todas as atividades temporais, para sermos fermento que há de fermentar toda a massa" (São Josemaría Escrivá, Cristo que passa, n° 120), e ainda: "A palavra de Deus é como um fermento que se introduz no espírito, no coração e na vontade do homem, levando por toda parte a sua influência salutar. Ela modifica os nossos pensamentos, as nossas afeições e as nossas obras..." (Dom Duarte Leopoldo).

 

Em Mt 13, 34-35 diz: "Jesus falou tudo isso às multidões por parábolas. E sem parábolas nada lhes falava. Para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta: Abrirei a boca em parábolas; proclamarei coisas ocultas desde a fundação do mundo".

 

São João Crisóstomo escreve: "E por isso disse: 'Todas estas coisas falou', e São Marcos disse: 'Pelo mesmo que podiam compreender, lhes falava em parábolas' (Mc 4, 33). Não é de admirar, por conseguinte, se ao tratar de seu reino faz menção do grão de mostarda e do fermento, porque se dirigia a homens ignorantes e a quem era preciso aconselhar dessa maneira" (Homilia In Matthaeum, hom. 47, 1), e: "A palavra grega parábola, em latim significa comparação, a qual serve para demonstrar a verdade. Porque com a comparação se manifestam certas figuras de palavras e imagens da verdade" (Remígio), e também: "Mas não falava o Senhor em parábolas aos discípulos, mas às multidões, e ainda hoje em dia escutam as multidões as parábolas, e por esta razão se diz: 'E não lhes falava senão em parábolas" (São Jerônimo), e ainda: "Ainda que em muitas ocasiões falou às multidões sem parábolas, porém não nesta circunstância" (São João Crisóstomo, Homilia In Matthaeum, hom. 47, 1).

Edições Theologica comenta: "A Revelação, os planos de Deus, ocultam-se (cfr Mt 11, 25) aos que não estão bem dispostos para os receber. O Evangelista quer sublinhar a necessidade de ser simples e dóceis ao Evangelho. Ao evocar o Salmo 78, 2 ensina-nos outra vez, sob a luz da inspiração divina, que na pregação do Senhor se cumprem as profecias do Antigo Testamento".

 

Em Mt 13, 36-43 diz: "Então, deixando as multidões, entrou em casa. E os discípulos chegaram-se a ele, pedindo-lhe: 'Explica-nos a parábola do joio no campo'. Ele respondeu: 'O que semeia a boa semente é o Filho do Homem. O campo é o mundo. A boa semente são os filhos do Reino. O joio são os filhos do Maligno. O inimigo que o semeou é o Diabo. A colheita é o fim do mundo. Os ceifadores são os anjos. Da mesma forma que se junta o joio e se queima no fogo, assim será no fim do mundo: O Filho do Homem enviará seus anjos e eles apanharão do seu Reino todos os escândalos e os que praticam a iniquidade e os lançarão na fornalha ardente. Ali haverá choro e ranger de dentes. Então os justos brilharão como o sol no reino de seu Pai. O que tem ouvidos, ouça!"

 

São João Crisóstomo escreve: "O Senhor havia falado ao povo em parábolas com o objetivo de incentivá-lo a Lhe perguntar; e ainda que disse o Senhor muitas coisas em parábolas, ninguém, todavia, Lhe perguntou, e por isso os despediu. Por isso segue: 'Então, despedidas as gentes, entrou em casa'. Porém não o seguiu nenhum dos escribas, donde resulta claramente, que ao seguir o Senhor não tinham outro objetivo, que o surpreendê-lo em seus discursos" (Homilia In Matthaeum, hom. 47, 1), e: "Mas Jesus despediu o povo e entrou em sua casa, a fim de que aproximassem seus discípulos e Lhe perguntasse, em segredo, o que não podia entender o povo" (São Jerônimo), e também: "Em sentido místico, despedido os judeus que se amontoavam; entra na Igreja de todas as nações e expõe nela para os fiéis os mistérios celestiais. Por isso segue: 'E aproximaram d'Ele seus discípulos" (Rábano), e ainda: "Chama o Senhor a si mesmo Filho do homem, para dar-nos um exemplo de humildade, ou também, já que sabia que os hereges haviam de negar que Ele fora homem, ou porque mediante a fé em sua humanidade, pudéssemos ascender ao conhecimento da divindade. Segue: E o campo é o mundo" (Remígio), e: "Sendo Ele mesmo o que semeia seu campo, é evidente que o mundo atual é d'Ele. Segue: 'A boa semente são os filhos do reino" (Glosa), e também: "É dizer, os homens santos e os eleitos, são os que se contam entres seus filhos" (Remígio), e ainda: "O Senhor entende por cizânia, não alguns erros introduzidos nas verdadeiras Escrituras (segundo interpretam os maniqueus), mas todos os filhos perversos, isto é, os imitadores dos erros do Diabo. A cizânia são os filhos maus, pelos quais entendem os ímpios e perversos" (Santo Agostinho, Contra Faustum, 18, 7), e: "Tudo o que é impuro na messe é cizânia. Segue: 'O inimigo que a semeia é o Diabo" (Idem., Quaestiones Evangeliorum, 1, 11), e também: "É obra do Diabo misturar o erro com a verdade. Segue: 'A messe é a consumação do século'. Disse em outro lugar, porém, falando dos samaritanos: 'Levantai vossos olhos e considerai os campos que já estão brancos para a colheita' (Jo 4, 35). E: 'A messe, em verdade, é muita, seus operários são poucos' (Mt 9, 37, Lc 10), em cujas palavras expressa que a colheita já chegara. Como, pois, disse aqui que chagara? Porque está tomada em sentido diferente a palavra colheita. Em (Jo 4) diz: 'Um é o que semeia, e outro é o que colhe'; e aqui se diz que é um mesmo o que semeia e o que colhe. Quando estabelece a distinção entre o que semeia e o que colhe, diferencia aos apóstolos, não de si mesmo, mas dos profetas, porque o mesmo Cristo é o que semeou por meio dos profetas entre os judeus e os samaritanos" (São João Crisóstomo, Homilia In Matthaeum, hom. 47, 2), e ainda: "Por colheita se entende o dia do juízo em que serão separados os bons dos maus pelo ministério dos anjos. Por isso disse mais abaixo: 'Quando virá o Filho do homem com seus anjos a julgar' (Mt 25). Por isso segue: 'E os ceifeiros são os anjos" (Remígio), e: "A cizânia, que é o primeiro que se separa, nos indica as perseguições que precederão ao dia do juízo, e separarão os bons dos maus, mediante o ministério dos anjos bons... Os anjos maus são incapazes de realizar o ministério da misericórdia" (Santo Agostinho, Quaestiones Evangeliorum, 1, 10-11), e também: "Ou de outro modo: pela palavra escândalo pode entender aqueles que dão ao próximo ocasião para pecar e para perder-se, porque comete maldade todos os que pecam" (Glosa), e ainda: "Observai o que disse: E aqueles que cometem iniquidades, não os que as cometeram, porque não serão entregues ao eterno tormento os que se converteram e que fizeram penitência, mas só os que continuam em pecado" (Rábano), e: "Não porque brilhem só como o sol, mas que o Senhor se vale destes exemplos conhecidos, porque o sol é o astro que brilha mais que todos os demais" (São João Crisóstomo, Homilia In Matthaeum, hom. 47, 1), e também:   "E quando disse: 'Então resplandecerão', se refere que agora brilham para exemplo de outros, e então brilharão como o sol para louvar a Deus, e segue: 'O que tem ouvidos para ouvir, ouça" (Remígio), e ainda: "Isto é, o que tem entendimento entenda, porque todas estas palavras têm um sentido místico" (Rábano).

Edições Theologica comenta: "A Igreja, enquanto caminha na terra, está integrada por bons e maus, por justos e pecadores. Todos viverão misturados uns com os outros até ao tempo da colheita, o fim do mundo, quando o Filho do Homem, Jesus Cristo, constituído Juiz dos vivos e mortos separará os bons dos maus no Juízo Final: aqueles para a glória eterna - herança exclusiva dos santos -; os maus, pelo contrário, para o fogo eterno do inferno. Ainda que agora os justos e os pecadores permaneçam juntos, a Igreja tem o direito e o dever de excluir os escandalosos, especialmente os que atentam contra a sua doutrina e unidade; pode fazê-lo mediante a excomunhão eclesiástica e as penas canônicas. Contudo, a excomunhão tem um fim medicinal e pastoral: a correção do que se obstina no erro e a preservação dos outros", e: "Quantos maus existem também no seio da Igreja; bons e maus vivendo num único seio materno, até que finalmente um dia serão separados" (Santo Agostinho), e também: "Quando Jesus veio pela primeira vez ao mundo, veio para nos salvar, e por isso, nos deu a sua doutrina, os seus sacramentos e a sua Igreja. Depois da ressurreição, demorou-se na terra para confirmar na fé os seus Apóstolos. No fim do mundo há de tornar a vir visivelmente para julgar, etc. Ele permite que, durante a vida, façamos ou desprezemos o que nos ensinou e ordenou. Porém, naquele dia, pedir-nos-á contas publicamente; julgar-nos-á... Assim seremos todos nós julgados no fim do mundo; isto é, será examinada a nossa vida com todas as obras e deste se demonstrará ou a nossa inocência ou a nossa culpa" (Teólogo Giuseppe Perardi).

 

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

Anápolis, 13 de julho de 2008

 

Veja também:

Enquanto todos dormiam

 

 

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP. "O joio"

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