JESUS CRISTO FOI COM OS APÓSTOLOS AO GETSÊMANI
(Mt 26, 36; Mc 14,
32; Lc 22, 39; Jo 18, 1)
Em Mt 26, 36 diz:
“Então Jesus foi com eles a um lugar
chamado Getsêmani”.
Em Mc 14, 32 diz:
“E foram a um lugar cujo nome é
Getsêmani”.
Em Lc 22, 39 diz:
“Ele saiu e, como de costume, dirigiu-se
ao monte das Oliveiras. Os discípulos o acompanharam”.
Em Jo 18, 1 diz:
“Tendo dito isso, Jesus foi com seus
discípulos para o outro lado da torrente do Cedron. Havia ali um
jardim, onde Jesus entrou com seus discípulos”.
Depois da Última Ceia, Jesus Cristo
e os Apóstolos recitaram os salmos de ação de graças, como era
costume. A seguir, a pequena comitiva dirigiu-se a um horto
vizinho, chamado das Oliveiras. Jesus tinha prevenido Pedro e os
demais Apóstolos de que, nessa noite, todos – de um modo ou de
outro – o negariam deixando-o só.
O Pe. Juan Leal explica: O nome de
Getsêmani, em hebraico, gath schemanim, significa
lagar do azeite. Era, ao parecer, uma propriedade
ou horto fechado plantado de oliveiras situado ao lado oriental
da torrente do Cedron, ao pé do Monte das Oliveiras, frente ao
Templo, cuja muralha externa oriental apenas distava uns cem
metros. Uma tradição que se remonta até o século IV nos permite
assinalar com bastante exatidão o lugar que ocupava este lugar
venerando. Em um recinto de uns cinquenta metros de lado se
mostram ainda hoje oito grandes oliveiras muito velhas,
que bem poderiam ser do tempo de Jesus Cristo. Não sabemos quem
era o dono daquele horto, mas podemos supor que pertencia a
algum amigo ou discípulo de Jesus. São Marcos 14, 51-52
foi o único que citou um jovem que saiu envolto num lençol;
alguns dizem que é possível que o horto pertencesse a essa mesma
família do jovem que havia posto o cenáculo a disposição de
Cristo para celebrar a Páscoa. A cena do Getsêmani, contada
pelos três sinóticos, se refere também, resumida, em Hb 5, 7.
O Monte das Oliveiras, ao oriente de Jerusalém, está separado do
Monte do Templo pelo vale do Cedron. Já desde tempo antigo este
monte era um lugar de oração (2 Sm 15, 32) talvez pelo
santuário de Nob (1 Sm 21, 2). O monte foi o cenário da
visão de Ezequiel da glória de Deus. Jesus Cristo tinha o
costume de ir ao Monte das Oliveiras com os seus Apóstolos.
O Pe. Juan de Maldonado comenta:
São João diz que era um lugar onde Jesus Cristo se retirava
muitas vezes para rezar; e, como São João observa, Judas
Iscariotes sabia que era costume de Cristo recolher-se ali (Jo
18, 2). São Lucas diz: Ele saiu e, como de costume,
dirigiu-se ao monte das Oliveiras (Lc 22, 39).
Por que se chama Getsêmani? Isto é, vale
ou horto oitavo e fértil.
Fértil, porque o era; e oitavo,
porque como dizem alguns, havia ao redor de Jerusalém muitas e
formosas vilas e numerosos hortos, que pela distância a que se
encontravam da cidade levavam um número, de
maneira que um era o primeiro, outro o
segundo, como entre os romanos de dizia a primeira
pedra, a segunda, a terceira
de distância da cidade.
Dom Duarte Leopoldo
ensina: Assim chamado por causa dos cedros que abundavam
na vizinhança. O vale do Cedron é o mesmo de Josafá. A
leste de Jerusalém está o Getsêmani ou
Jardim das Oliveiras. Ali está a célebre gruta onde
começou a agonia de Nosso Senhor, hoje convertida em igreja.
Conservou-lhe, quanto possível, a feição primitiva, para nada
tirar da santa unção que reveste este lugar sagrado. Em torno da
gruta florescem ainda hoje oito grandes e colossais
oliveiras que se dizem contemporâneas de Nosso Senhor,
testemunhas da sua agonia e tristeza de morte.
O Pe. Manuel de Tuya explica: Do
Cenáculo foi Jesus Cristo com os onze Apóstolos para o Monte das
Oliveiras, onde havia um horto chamado Getsêmani. Seu nome
corresponde ao aramaico Gath-shemani, e significa
lugar de azeitonas ou azeites. Esse
lugar devia pertencer a algum discípulo ou amigo, pois Jesus
visitava esse lugar com frequência (Lc
22, 39; Jo 18, 2).
O Pe. Luís de la Palma ensina: O
Senhor se reuniu aos discípulos que o esperavam, e acompanhado
por eles, saiu de casa, era noite. Deixou para trás a ingrata
cidade que não o tinha reconhecido, e subiu em direção ao Monte
das Oliveiras do outro lado da torrente do Cedron, onde
costumava rezar de noite. Enquanto caminhava, olhando a todos,
disse-lhes: Todos vós vos escandalizareis de mim esta noite, e
fugireis, e me deixareis sozinho quando virdes o que me vai
acontecer. O Senhor falava-lhes do que naquele momento fazia
sofrer o seu coração; mostrava-lhes antecipadamente, como
verdadeiro Deus, o que havia de acontecer. Para animá-los dizia
que morreria por sua própria vontade, e voltaria para
perdoá-los. Que o sabia antes que acontecesse, e por isso lho
dizia: A mim não me vai surpreender que vos escandalizeis de mim
e me abandoneis; sei que há de acontecer. Há muito tempo o
Profeta Zacarias profetizou: Ferirei o pastor e as ovelhas
do rebanho serão dispersas.
Andareis como fugitivos e assustados. Há, porém,
duas coisas que vos podem consolar: Eu ressuscitarei ao terceiro
dia, e depois de ressuscitado, esperarei por vós na Galiléia e
ali me vereis, e ao ver-me, vos enchereis de alegria.
Conversando, chegaram ao vale profundo e sombrio
chamado Vale do Cedron. Na parte mais profunda passava um riacho
seco, por isso lhe chamavam também Torrente do Cedron (Jr 31,
40). Do outro lado da torrente, à esquerda, no declive do
Monte das Oliveiras, ficava o Horto do Getsêmani que, por ser um
lugar solitário e afastado, o Senhor tinha escolhido muitas
vezes para rezar. Ao passar pelo vale e pela torrente, os
discípulos esforçavam-se por parecer corajosos, mas é de supor
que estivessem angustiados e com medo. O vale era escuro e a
torrente profunda, as árvores frondosas; alongavam-se sombras
negras pelos penhascos e concavidades do monte; a solidão e o
silêncio eram grandes; a noite estava fechada e era muito tarde.
Há muito tempo Judas tinha partido.
Tinham falado de traições, de desonra, de
torturas e de morte. O efeito que tudo isto pode produzir, no
meio daquela escura solidão, no ânimo de uns homens fracos e
indefesos, era notório.
Daniel-Rops
escreve: Para ir do Cenáculo ao Monte das Oliveiras, o
caminho mais direto deveria fazer-se pela ponte que,
atravessando o Tiropéon levava até ao Templo, e, daí, depois de
transposta a esplanada, sair pela Porta Dourada. Todavia,
ninguém, exceto os sacerdotes, penetrava de noite naquele lugar
Santo. Jesus e os discípulos tiveram, pois, de descer para os
bairros baixos, a fim de contornarem o cunhal sudeste das
muralhas, seguindo, talvez, por aquela rua de degraus tão
espaçosos, que burros e camelos podiam subi-los e descê-los. No
fundo do Vale estreito, o Cedron fazia correr as águas turvas
que lhe deram o nome, o qual, em hebraico, significa
“negro” ou “salgado”; águas que, na
primavera, não duram mais do que quatro ou cinco semanas, mas
que, neste momento, rugem e correm com violência, antes que a
estiagem transforme o ribeiro num leito seco, eriçado de
calhaus.
O lugar que, naquela última noite, deveria
acolher Jesus, era uma propriedade plantada de oliveiras, que
São Marcos e São Mateus denominam Getsêmani, o que significa
“engenho do azeite”. Sem dúvida que se trata duma
dessas instalações modestas, como ainda hoje se veem com
frequência na Palestina, às quais os proprietários das regiões
circunvizinhas levam as azeitonas, e onde um burro atrelado a
uma barra giratória, faz mover vagarosamente as mós de madeira
muito dura.
Hoje, num jardinzinho tosquiado, ao qual
circundam várias cornijas floridas, oito troncos enormes,
quase que inteiramente ocos e reduzidos às cascas, produzem
ainda débeis ramos em que se criam algumas raras azeitonas.
Não é, porém, muito provável que tão nobres destroços hajam, na
juventude, abrigado Jesus Cristo, porque se a oliveira tem uma
vida quase eterna, e se algumas existem em Corfu e Mitilene que
passam por ter para cima de mil anos, a verdade é que por
ocasião do cerco de Tito, nenhuma árvore poderia ter ficado
naquela região, que foi lugar dos mais bárbaros combates. A
vinte metros do cercado, uma capela subterrânea com vitrais
violáceos enche-se do perfume e do clarão ardente de cem tochas.
O Dicionário Bíblico explica:
Getsêmani (gr. Gethsemanei, provavelmente do
aramaico gat shemanê, “lagar de azeite”). O lugar onde Jesus
Cristo foi rezar depois da última ceia e onde foi preso (Mt
26, 36ss; Mc 14, 32ss). São Lucas diz que ele foi
para o Monte das Oliveiras (22, 39), como costumava
fazer; São João diz que ele foi para um jardim no Monte
das Oliveiras, onde ia frequentemente com seus discípulos
(18, 1ss). O moderno Getsêmani é um bosque fechado com
oito oliveiras que já eram antigas no século XVI, mas
seguramente não têm 2000 anos de idade. Esse bosque
acha-se ao pé do Monte das Oliveiras, onde a moderna rodovia
para Jericó se afasta do antigo caminho de montanha para
Betânia. A pequena distância ao Norte, junto à cripta da igreja
do túmulo da Virgem, que é tudo o que resta de uma igreja
medieval, há uma gruta que era chamada de gruta da Agonia no
século XIV. Enquanto nenhuma dessas identificações podem ser
aceitas como certas, o Getsêmani devia encontrar-se aqui ou
muito perto daqui.
Nosso Senhor foi para o Getsêmani, lugar onde
costumava se recolher com frequência para rezar.
Não buscou um lugar desconhecido... não fugiu dos
perseguidores. Foi exatamente para o lugar que o
traidor, Judas Iscariotes, conhecia perfeitamente:
“Ora, Judas, que o estava traindo,
conhecia também esse lugar, porque, frequentemente, Jesus e seus
discípulos aí se reuniam” (Jo 18, 2).
Nosso Senhor quer que sejamos corajosos
e que enfrentemos os perseguidores
com valentia... não devemos viver em
cantos escuros com medo de tudo e de todos. Nascemos para a luta
e luta contínua:
“Os bravos, embora temam também as coisas
pavorosas que assustam todos os mortais, enfrentam-nas como
devem e como o prescrevem as regras da honra”
(Aristóteles) e:
“Homem valente é aquele em quem a
coragem acaba por prevalecer sobre o medo”
(Dom Rafael Llano Cifuentes), e
também: “Recuar diante do inimigo
ou calar-se, quando de toda parte se ergue tanto alarido contra
a verdade, é próprio de homem covarde ou de quem vacila no
fundamento de sua crença. Qualquer destas coisas é vergonhosa em
si; é injuriosa a Deus; é incompatível com a salvação tanto dos
indivíduos como da sociedade, e só é vantajosa aos inimigos da
fé, porque nada tanto afoita a audácia dos maus, como a
pusilanimidade dos bons”
(Leão XIII), e ainda:
“Não importa se és ou não corajoso,
contanto que sempre combatas como se o fosses”
(Santa Teresa do Menino Jesus).
Jesus Cristo não foi para o centro
barulhento e movimentado de
Jerusalém, cidade ingrata; mas sim, buscou o
silêncio do Monte das Oliveiras para esperar os
perseguidores.
Diante das iminentes provações da
vida é preciso buscar com frequência o silêncio
para fortalecer a alma e saber tomar a
decisão correta. Quem não faz silêncio está sempre desprevenido
e acaba sendo pego de surpresa:
“O silêncio nos é necessário para que
planejemos a ação”
(Pe. Gaston Courtois). Aquele que
vive no barulho e agitação está
sempre desprevenido:
“Não há progresso, nem mesmo coragem, sem reflexão e silêncio”
(René Bazin), e:
“O barulho dispersa,
espalha e esbanja. O silêncio recolhe, recupera e condensa.
Aquele que não sabe colocar na vida momentos de silêncio, não
tarda em viver na superfície da alma”
(Pe. Gaston Courtois).
3.ª mensagem:
Santíssima Eucaristia, Pão dos fortes. |
Antes de seguir o Senhor para o Monte das
Oliveiras, os Apóstolos se fortaleceram recebendo
a Santa Comunhão:
“Enquanto comiam, Jesus tomou um pão e, tendo-o abençoado,
partiu-o e, distribuindo-o aos discípulos, disse: ‘Tomai e
comei, isto é o meu corpo’. Depois, tomou um cálice e, dando
graças, deu-lho dizendo: ‘Bebei dele todos, pois isto é o meu
sangue, o sangue da Aliança, que é derramado por muitos para
remissão dos pecados’”
(Mt 26, 26-28).
Para subir o Monte das Oliveiras, ou melhor, o
“Monte” das dificuldades, é preciso fortalecer
a alma recebendo bem e com frequência a Santíssima
Eucaristia.
Quem recebe Jesus eucarístico
frequentemente e bem, recebe continuamente
novas energias. A vida da graça adquire nova
robustez. As faculdades vitais da graça se
desencadeiam, forçam por passar à ação, para realizar algo por
Deus: viver como filhos de Deus, executar intrepidamente
alguma coisa pelo reino de Deus, instaurar tudo em Cristo.
Ama-se o bem, combatem-se os próprios defeitos, exercita-se
contra o mal, evitam-se os pecados graves, os veniais tornam-se
sempre mais raros. Os instintos perversos são controlados e já
não conseguem impor-se. Fica-se a salvo de um sem número de
fraquezas. Cristo aumenta a vida da graça, infunde novas
energias para viver como filhos de Deus:
“Perseverai na prática
fiel da Comunhão cotidiana. Ponde antes de tudo a vida e o
regime espiritual e divino da vida, que Nosso Senhor mesmo vos
deu. Nutri-vos a alma, pela manhã, para o dia todo, com esse
Alimento celeste... Sois de Deus, pertenceis sempre a Deus; é
mister, pois, viver continuamente de Deus, repousar em Deus,
alegrar-vos em Deus. Ora, como podereis senão pela Sagrada
Comunhão? O patrão sustenta a serva: comungai, pois, todos os
dias. Que será de vosso trabalho se não comerdes o Pão da Vida?
Comei para poderdes trabalhar. Gastando diariamente as forças,
precisais refrescá-las e refazê-las incessantemente na fonte
divina: a Comunhão vos é tão necessária à alma quanto a
respiração aos pulmões” (São Pedro Julião
Eymard).
4.ª mensagem: Seguir Jesus
Cristo a qualquer hora.
Era noite. |
Os Apóstolos não sugeriram que
esperasse o dia clarear para irem ao Getsêmani.
Quem ama verdadeiramente a Jesus Cristo não
escolhe horário para segui-lo... de dia ou
de noite está sempre disposto e
preparado para seguir o Mestre. Seguir a Cristo é ser
cristão... está claro que não existe horário
para ser cristão, mas é preciso sê-lo sempre:
de dia e de noite.
5.ª mensagem: Seguir a Nosso
Senhor em qualquer situação. |
Jesus Cristo não escondeu as dificuldades
e as provações que os Apóstolos teriam que passar,
mas disse-lhes abertamente: “Essa
noite todos vós vos escandalizareis por minha causa, pois está
escrito: Ferirei o pastor e as ovelhas do rebanho se
dispersarão” (Mt 26, 31).
Muitos querem seguir a Jesus Cristo pelo caminho
fácil e tranquilo... longe dos
obstáculos e sofrimentos. Nosso Senhor
mesmo disse: “Se alguém quer vir após
mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”
(Mt 16, 24), e:
“Seguir a Cristo é
acompanhá-lo por onde quer que Ele vá, ou seja para o Tabor, ou
seja para o Calvário...” (Pe. Alexandrino
Monteiro), e também:
“Falo assim não por causa das privações, pois aprendi a
adaptar-me às necessidades; sei viver modestamente, e sei também
como haver-me na abundância; estou acostumado com toda e
qualquer situação: viver saciado e passar fome; ter abundância e
sofrer necessidade” (Fl 4, 11-12).
6.ª
mensagem: Não dispensar o
próximo dos sofrimentos e provações. |
Jesus Cristo não dispensou nenhum
Apóstolo da ida ao Getsêmani, mesmo sabendo do terrível
sofrimento.
Para seguir a Jesus Cristo é preciso
abraçar com amor e alegria os sofrimentos de cada
dia. Longe da cruz de Jesus não há santidade
nem salvação:
“É preciso passar por
muitas tribulações para entrarmos no Reino de Deus”
(At 14, 22).
É grande estupidez querer se salvar percorrendo o
caminho largo: “... porque largo e
espaçoso é o caminho que conduz à perdição. E muitos são os que
entram por ele” (Mt 7, 13).
É terrível engano querer alcançar o céu longe da
cruz: “O céu é nossa pátria, lá Deus nos preparou o repouso numa eterna
felicidade. Passamos pouco tempo neste mundo, mas neste pouco
tempo temos muitas dores a sofrer” (Santo
Afonso Maria de Ligório), e:
“O céu é a posse de Deus.
No céu contempla-se a Deus, adora-se e ama-se a Ele. Mas para
chegar ao céu é preciso desprender-se da terra”
(Santa Teresa dos Andes), e também:
“Nem Jesus Cristo nosso Senhor esteve
uma só hora, enquanto viveu, sem as dores de sua paixão.
Convinha, disse, que sofresse o Cristo, ressurgisse dos mortos e
assim entrasse na sua glória. Como, pois, procuras outro
caminho, que não o da santa cruz? Toda a vida de Cristo foi cruz
e martírio e queres repouso e alegria!”
(Tomás de Kempis).
7.ª mensagem: Animar o próximo
diante das dificuldades. |
Jesus disse aos Apóstolos que sofreria
muito nas mãos dos inimigos, mas que ressuscitaria:
“Jesus disse-lhes então: ‘Essa noite
todos vós vos escandalizareis por minha causa, pois está
escrito: Ferirei o pastor e as ovelhas do rebanho se
dispersarão. Mas, depois que eu ressurgir, eu vos precederei na
Galiléia”
(Mt 26, 31-32).
É preciso animar o próximo diante
das provações dessa vida, dizendo-lhe que Deus
nunca permite um sofrimento sem recompensá-lo:
“Deus não manda nenhum sofrimento sem
pagá-lo imediatamente com algum favor” (Santa
Teresa de Jesus), e:
“Para ganhar o céu, todo
sofrimento é pouco” (São José Calazans),
e também: “Os sofrimentos do tempo
presente não têm proporção com a glória que deverá se revelar em
nós”
(Rm 8, 18), e ainda:
“As nossas tribulações do momento são
leves e nos preparam um peso de glória eterna”
(2 Cor 4, 17), e:
“Seria uma grande vantagem sofrer a vida
inteira todos os tormentos sofridos pelos mártires, só para
gozarmos um momento do céu. Com maior razão devemos então
abraçar as nossas cruzes, sabendo que os sofrimentos desta vida
curta nos farão conquistar uma felicidade eterna”
(Santo Afonso Maria de Ligório).
8.ª mensagem:
Não deixar de cumprir a missão
por causa dos ingratos. |
Jesus Cristo não deixou que a ingratidão
de Judas Iscariotes atrapalhasse sua ida ao Getsêmani.
Milhares de pessoas sentem-se abatidas
e desanimadas diante da ingratidão... lançam
tudo por terra e ficam sem ação. Não podemos deixar de
cumprir o nosso dever e missão por
causa da ingratidão do próximo; pelo contrário,
com o coração cheio de ânimo e fé,
devemos agir como verdadeiros e fiéis
filhos de Deus que jamais desistem:
“Tudo posso naquele que me fortalece” (Fl 4,
13), e: “A verdade é
que todos eles queriam nos amedrontar, pensando: ‘Suas mãos se
cansarão do trabalho e jamais será terminado’. No entanto,
dava-se o contrário: eu fortalecia minhas mãos!”
(Ne 6, 9).
9.ª mensagem: Fidelidade. |
Os Apóstolos seguiram a Jesus Cristo na
bonança; agora O seguem na tormenta:
“Mostra-te fiel até a morte, e eu te
darei a coroa da vida” (Ap 2, 10).
Quem ama a Jesus Cristo permanece fiel
a Ele até a morte; nada nesse mundo consegue destruir essa
fidelidade: “Quem nos
separará do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a
perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada? Pois estou
convencido de que nem a vida, nem os anjos nem os principados,
nem o presente nem o futuro, nem os poderes, nem a altura, nem a
profundeza, nem qualquer outra criatura poderá nos separar do
amor de Deus manifestado em Cristo Jesus, nosso Senhor”
(Rm 8, 35. 38-39), e:
“Tem Jesus muitos que amam seu reino
celeste; poucos, porém, que levem a sua cruz. Tem muitos
sedentos de consolações, raros de tribulações. Encontra
numerosos companheiros de sua mesa, poucos de sua abstinência.
Todos desejam gozar com ele; poucos querem sofrer alguma coisa
por seu amor. Muitos acompanham a Jesus até o partir do pão,
raros até o beber do cálice de sua paixão. Muitos veneram os
milagres; poucos seguem as ignomínias da cruz. Muitos amam a
Jesus, enquanto não lhes sobrevêm adversidades”
(Tomás de Kempis).
10.ª mensagem: Amizade
verdadeira. |
Nenhum Apóstolo mostrou pouca vontade em subir o
Monte das Oliveiras. Jesus Cristo não os obrigou... foram
porque eram amigos verdadeiros do Mestre.
Quem é verdadeiro amigo de Jesus Cristo jamais O
abandona; mas enfrenta todas as dificuldades o
obstáculos para conservar a amizade com o Senhor:
“Quem entrou na amizade com Jesus pôs-se
no caminho da salvação, porque ser amigo de Jesus é ser amigo de
Deus, do bem e da virtude. Para ser amigo de Jesus é necessário
ser inimigo do mundo, do Demônio e do pecado” (Pe. Alexandrino Monteiro).
O Deus Poderoso, criador do céu e da terra, foi
para um horto que não lhe pertencia... era propriedade de um dos
seus discípulos ou amigo. É
edificante o desapego do Senhor; Ele já
havia pregado: “As raposas têm tocas
e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde
reclinar a cabeça”
(Mt 8, 20).
Imitemos o exemplo de Nosso Senhor
desapegando o coração de todos os bens terrenos:
“Quem está agarrado a alguma coisa da
terra, ainda que mínima, nunca poderá voar e unir-se todo a
Deus... É preciso deixar tudo para ganhar tudo... Não invejemos
os grandes do mundo, as suas riquezas, as honras, as dignidades,
nem os aplausos que recebem dos homens. Tenhamos inveja dos que
mais amam a Jesus Cristo, porque vivem certamente mais contentes
do que os maiores reis da terra. Agradeçamos ao Senhor que nos
fez conhecer a vaidade de todos os bens terrenos, que causam a
perda de tantas almas” (Santo Afonso Maria de
Ligório).
Quem possui Jesus Cristo é rico de todos os bens.
Os onze Apóstolos subiram ao Monte das Oliveiras
unidos a Jesus Cristo:
“Quando Jesus Cristo está presente tudo se torna leve e suave”
(Tomás de Kempis). Nenhum deles ficou à
margem, isto é, afastado do Mestre.
Para subir ao “monte” das
dificuldades e obstáculos que surgem todos
os dias pelo caminho, devemos caminhar unidos a
Jesus Cristo, nosso Deus forte e poderoso.
Unidos a Jesus venceremos as batalhas de cada dia:
“Muitas pessoas
desejam chegar à união com Deus, mas não querem as dificuldades
que Deus lhes permite” (Santo Afonso Maria de
Ligório). Quem caminha longe de Jesus Cristo
jamais suportará o peso das dificuldades.
13.ª mensagem: Confiança. |
Os Apóstolos sabiam muito bem das
dificuldades que teriam que enfrentar no Monte das
Oliveiras; confiantes no poder de Jesus
caminharam com passos firmes.
Quem confia em Jesus Cristo não
desiste de caminhar em busca do ideal, mesmo
que soprem ventos contrários:
“Os que confiam em Deus são como o monte
Sião: nunca se abala, está firme para sempre”(Sl
125, 1).
Nosso Senhor não abandona quem confia
no seu poder:
“Ainda que um exército acampe contra mim, meu coração não
temerá; ainda que uma guerra estoure contra mim, mesmo assim
estarei confiante”(Sl 27, 3).
Jesus é a rocha firme onde
podemos nos apoiar sem medo:
“Repouso tranquilo e firme segurança para os fracos, só nas
chagas do Salvador! Ali permaneço seguro porque ele é poderoso
para salvar! O mundo agita, o corpo dificulta, o Demônio arma
ciladas; não caio, estou firme na rocha”
(São Bernardo de Claraval).
Os Apóstolos amavam a Jesus Cristo
de coração e estavam dispostos a enfrentar todas as perseguições
para permanecerem com Ele.
Não podemos amar a Jesus Cristo,
nosso Salvador, com mesquinhez; mas sim, de
todo o coração. Para se chegar ao amor perfeito de Cristo é
preciso empregar os meios adequados:
“1. Recordar-se
continuamente dos benefícios divinos, gerais e particulares. 2.
Considerar a infinita bondade de Deus que está sempre nos
fazendo o bem. Sempre nos ama e procura ser amado por nós. 3.
Evitar com cuidado tudo o que o desagrada, por mínimo que seja.
4. Renunciar a todos os bens sensíveis deste mundo: riquezas,
honras e prazeres dos sentidos”(Santo Tomás de
Aquino), e: “Como sois
felizes por terdes compreendido que Deus é tudo e a criatura
nada, que só Deus merece a homenagem suprema do coração, da vida
e de todos os bens”
(São Pedro Julião Eymard).
Nenhum obstáculo pode nos afastar
do amor de Jesus Cristo:
“Cristo comigo, a quem
temerei? Mesmo que as ondas se agitem contra mim, mesmo os
mares, mesmo o furor dos príncipes: tudo isto me é mais
desprezível que uma aranha” (São João
Crisóstomo).
15.ª mensagem: Olhos fixos em
Jesus Cristo. |
Era noite e o perigo rondava
o caminho do Cenáculo até o Monte das Oliveiras. Os onze
Apóstolos, para não “tropeçarem”, caminhavam com
os olhos fixos em Jesus Cristo, luz do mundo:
“Eu sou a luz do mundo. Quem me segue
não andará nas trevas, mas terá a luz da vida”
(Jo 8, 12).
Esse mundo assemelha-se ao mar tempestuoso.
Quem quiser “navegar” com segurança por ele deve
fixar os olhos em Jesus Cristo, luz do mundo...
sem a ajuda do Senhor as ondas furiosas “engolirão”
a frágil barquinha da nossa vida:
“... com os olhos fixos
naquele que é o autor e realizador da fé, Jesus”
(Hb 12, 2).
O cristão há de fixar o seu olhar em Jesus,
como o corredor que uma vez começada a carreira, não se deixa
distrair por nada que seja alheio ao seu propósito de chegar à
meta: “Se te queres salvar olha para
o rosto do teu Cristo. Ele é iniciador da fé num duplo sentido.
Primeiro, ao ensiná-la com a sua pregação, e depois porque a
imprime no coração. Ele é também por um duplo motivo a
consumação da fé, porque a confirma com os seus milagres e
porque a premeia” (Santo Tomás de Aquino).
Aquele que deixa de olhar para Jesus Cristo
para fixar os olhos nas coisas caducas desse mundo cairá no
abismo, porque longe de Deus a alma se obscurece:
“... a alma, sem a
presença de seu Deus e dos anjos que nela jubilavam, cobre-se
com as trevas do pecado, de sentimentos vergonhosos e de
completa ignomínia” (São Macário).
16.ª mensagem: Fortaleza. |
Jesus Cristo, Deus forte, caminhou
em direção ao Getsêmani com passos firmes e
decididos. Os Apóstolos, apoiados na fortaleza
do Mestre, seguiam-no destemidos.
Para vencer os obstáculos, dificuldades e
provações que surgem no nosso caminho, devemos imitar a
fortaleza de Jesus Cristo, nosso Salvador... caminharmos
apoiados n’Ele, principalmente quando o medo invadir o nosso
coração:
“Marcar metas não basta.
É preciso lutar. É forte não aquele que não experimenta
fraquezas – todos nós a sentimos –, mas aquele que luta por
superá-las; é corajoso não aquele que não sente medo – ninguém é
um super-homem –, mas aquele que luta por ultrapassar a
covardia... A meta está no fim da vida. A luta dura a existência
inteira. E para esse longo combate não bastam gestos enérgicos
intermitentes, mas é necessária uma atitude habitual de
fortaleza que nos faça ganhar, com o último tiro, a última
batalha” (Dom Rafael Llano Cifuentes),
e: “As árvores
que crescem em lugares sombreados e livres de ventos, enquanto
externamente se desenvolvem com aspecto próspero, tornam-se
fracas e moles, e facilmente qualquer coisa as fere; mas as
árvores que vivem no cume dos montes mais altos, agitadas pelos
muitos ventos e constantemente expostas à intempérie e a todas
as inclemências, atingidas por fortíssimas tempestades e
cobertas por frequentes neves, tornam-se mais robustas que o
ferro” (São João Crisóstomo).
Sem fortaleza é impossível
vencer as barreiras e chegar ao lugar desejado:
“Fortaleza é uma virtude moral
sobrenatural que robustece a alma na conquista do bem árduo, sem
se deixar abalar pelo medo, nem sequer pelo temor da morte”
(Adolfo Tanquerey).
Antes de saírem para o Getsêmani, Jesus Cristo e
os Apóstolos rezaram (recitaram os salmos de
ação de graças, como era costume):
“Depois de terem cantado o hino, saíram
para o monte das Oliveiras” (Mt 26, 30).
Sem a oração contínua
e fervorosa é impossível perseverar
no caminho do bem: “É preciso que nos
convençamos de que da oração depende todo o nosso bem. Da oração
depende a nossa mudança de vida, o vencer as tentações: dela
depende conseguirmos o amor de Deus, a perfeição, a perseverança
e a salvação eterna”
(Santo Afonso Maria de Ligório).
Se quisermos nos salvar, rezemos sempre.
A oração fortalece a alma no combate contra
o mundo, o Demônio e a carne. Quem não
reza jamais terá força para vencer os obstáculos e chegar à meta
desejada, mas sucumbirá.
18.ª mensagem: Nosso Senhor
abandona quem abusa do seu amor. |
Jesus Cristo deixa a cidade de
Jerusalém, que tanto tinha amado e cumulado de benefícios.
Um dia chorou sobre ela, agora abandona-a.
Não devemos julgar certa a nossa salvação pelo
número de benefícios de que até agora temos sido cumulados. Não
é só deles que depende a nossa salvação, e sim ainda da nossa
cooperação. Será que fomos mais fiéis que Jerusalém? Jesus já
teve que chorar sobre nós? Mais de uma vez? Terá, talvez, de nos
abandonar? “A clemência foi prometida
a quem teme a Deus e não a quem abusa dela... Desgraçado daquele
que abusa da bondade de Deus para ofendê-lo mais!”
(Santo Afonso Maria de Ligório), e:
“Os pulmões necessitam continuamente
de aspirar oxigênio para renovar o sangue; quem não respira
morre asfixiado. Pois bem, quem não recebe docilmente a graça
que lhe é dada por Deus em cada momento, acaba por morrer de
asfixia espiritual”
(Pe. Reginald Garrigou-Lagrange).
19.ª mensagem: Perseverança. |
Os Apóstolos disseram na ida ao Getsêmani
que seguiriam a Jesus Cristo até o fim, mesmo depois de ouvirem
do Mestre as dificuldades que teriam que passar:
“Ao que Pedro disse: ‘Mesmo que tiver
de morrer contigo, não te negarei’. O mesmo disseram todos os
discípulos” (Mt 26, 35). A
princípio, os onze estavam dispostos a perseverar
diante das provações.
Quem quiser se salvar deve perseverar
até o fim, sem se assustar com as perseguições,
dificuldades e barreiras que surgem no caminho. Não
basta ser santo um dia, um mês, um ano; mas é preciso viver
santamente até o último suspiro... infeliz daquele que abandona
o caminho do céu: “Quem retrocede
condena-se voluntariamente e jamais atingirá a meta: é um fraco,
um vil, um desertor; enquanto deve o cristão ser forte,
intrépido e perseverante... Não há dúvida: quem quiser ganhar
sua alma para a vida eterna deve perseverar no bem, sem se
assustar com a aspereza das provações”
(Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena),
e: “Muitos
começam bem, mas poucos sãos os que perseveram. Nos cristãos,
não se procura o princípio, mas o fim. O Senhor não exige
somente o começo da boa vida, quer também seu bom termo; o fim é
que alcançará a recompensa” (São Jerônimo),
e também:
“Começar é de todos, perseverar, de santos”
(São Josemaría Escrivá).
20.ª mensagem: Não basta o
desejo, mas é preciso a ajuda de Deus. |
São Pedro e os outros Apóstolos disseram a Jesus
Cristo que O seguiriam até o fim, mesmo que tivessem que dar a
vida: “Pedro,
tomando a palavra, disse-lhe: ‘Ainda que todos se escandalizem
por tua causa, eu jamais me escandalizarei’. Jesus declarou: ‘Em
verdade te digo que esta noite, antes que o galo cante, me
negarás três vezes!’ Ao que Pedro disse: ‘Mesmo que tiver de
morrer contigo, não te negarei’. O mesmo disseram todos os
discípulos” (Mt 26, 33-35). Só
o desejo não basta:
“Então todos os discípulos, abandonando-o, fugiram”
(Mt 26, 56).
Para seguir a Jesus Cristo não basta o
desejo nem bons propósitos; mas é preciso
apoiar-se n’Ele. Sem a ajuda de Deus
é impossível permanecer de pé:
“Quando eu penso: ‘Estou quase caindo!’ Vosso amor me sustenta,
Senhor! Quando o meu coração se angustia, consolais e alegrais
minha alma” (Sl
93, 18-19), e: “Junto
convosco eu enfrento os inimigos, com vossa ajuda eu transponho
altas muralhas” (Sl
17, 30).
Os Apóstolos não perderam a fé
naquele Senhor que havia ressuscitado mortos, multiplicado
pães e peixes, acalmado o mar, transformado a água em vinho,
curado enfermos, cegos, paralíticos... e que agora lhes
diz: “Essa noite todos vós vos
escandalizareis por minha causa”
(Mt 26, 31). Confiantes
no poder de Jesus Cristo caminharam unidos a Ele
para o Monte das Oliveiras: “Ele saiu
e, como de costume, dirigiu-se ao monte das Oliveiras. Os
discípulos o acompanharam”
(Lc 22, 39).
É preciso ter fé em Jesus Cristo
principalmente quando alguns acontecimentos nos deixam
abalados. É muito fácil seguir o Senhor quando tudo vai bem...
muitos seguem a Cristo até surgir a primeira provação:
“Dai-me,
Senhor, que minha vida seja vida de fé, que se concretize no
pensar, falar, agir unicamente na base dos ensinamentos da fé,
fundada em vossas palavras, em vossos exemplos; unicamente por
motivos sobrenaturais de fé. Dai-me a graça de reprimir todas as
sugestões da razão humana e da experiência, por mais certas que
me pareçam, caso estejam no mínimo desacordo não só com os
dogmas da fé católica, mas também com tudo o que a fé exigir de
mim em palavras, pensamentos e obras” (Bem-aventurado
Charles de Foucauld), e:
“Esta é a diferença entre nós e os que
não conhecem a Deus: eles na adversidade queixam-se e murmuram;
a nós as coisas adversas não nos afastam da virtude nem da
verdadeira fé. Pelo contrário, estas apoiam-se na dor”
(São Cipriano), e também:
“Nada poderá acontecer que Deus não
queira. E tudo quanto ele quer, mesmo que nos pareça mau, é, na
verdade, realmente ótimo” (Santo Tomás More).
A palavra fé significa
indubitavelmente as mais das vezes uma adesão da
inteligência à verdade, mas fundada na confiança:
é claro que, para dar crédito a alguém, é necessário ter
confiança nele.
Exercitemo-nos em fazer contínuos atos de
fé e vivamos as verdades da nossa fé; porque a fé sem as obras é
morta.
22.ª mensagem: Ação de graças
após a Santa Missa. |
Depois da Instituição da Eucaristia,
antes de saírem para o Monte das Oliveiras, cantaram o
hino (Mt 26, 30; Mc 14, 26):
“Ninguém deve sair do templo sem dar
graças a Deus” (São João Crisóstomo).
Para tirar grandes frutos da comunhão
é conveniente fazer depois a ação de graças. O
tempo que segue à Comunhão é tempo de ganhar muitas graças
de Deus. Santa Maria Madalena de Pazzi dizia: “O
tempo mais apropriado para crescermos no amor de Deus é aquele
que segue após a comunhão”. E Santa Teresa de Jesus
escreveu: “Não percamos tão boa
ocasião de negociar com Deus! Ele não costuma pagar mal a
hospedagem, se o recebemos bem”.
A distância entre o Monte das Oliveiras e a
cidade de Jerusalém era pouco mais de um quilômetro,
alguns dizem que são dois quilômetros, cinco
ou seis estádios (antiga medida de distância grega,
equivalente a 125 pés geométricos, ou seja, 206,25 m),
vinte minutos de caminho a pé. Os Apóstolos, apoiados
em Jesus Cristo, caminharam com ânimo... estava
escuro, caminho irregular e fazia frio:
“... estava
frio” (Jo 18, 18).
Não podemos deixar de seguir a
Jesus Cristo e de trabalhar para a sua glória por
causa das dificuldades que surgem pelo caminho, também as
de deslocar de um ponto para outro. Se Jesus Cristo está
conosco, caminhemos com ânimo até a meta desejada... mesmo que
esta esteja muito distante e cheia de obstáculos:
“Ide por todo o mundo...”
(Mc 16, 15).
Para chegar ao porto desejado é preciso
remar com ânimo contra a maré. Quem
desanimar será arrastado pela correnteza das
provações e “naufragará”.
24.ª mensagem: Fazer a vontade
de Deus. |
Depois de terem cantado o hino,
“saíram para o Monte das Oliveiras”
(Mt 26, 30). Nenhum Apóstolo
dispersou ou permaneceu no Cenáculo; mas
fizeram a vontade do Mestre seguindo-o sem
murmurar.
Devemos fazer sempre a vontade de Deus sem
murmurar; somente assim temos a certeza de que estamos
lhe agradando. Fazer a vontade de Deus é o caminho
mais curto para o céu:
“Toda a santidade consiste em amar a Deus, e todo
o amor a Deus consiste em fazer a sua vontade. Devemos, pois,
acolher sem reserva todas as disposições da Providência a nosso
respeito e, consequentemente, abraçar em paz tudo o que nos
acontece de favorável ou desfavorável, nosso estado de vida,
nossa saúde, tudo o que Deus quer. Todas as nossas orações devem
ser dirigidas pedindo que Ele nos ajude a cumprir sua santa
vontade” (Santo Afonso Maria de Ligório),
e: “Querer o
que Deus quer; querê-lo no modo, no tempo e nas circunstâncias
que Ele quer; e querer tudo isto não por outros motivos, mas
somente porque Deus quer assim” (São José
Cafasso).
É preciso fazer a vontade de Deus
na bonança e nas “tempestades”
da vida: “As tribulações,
consideradas em si mesmas, são espantosas; mas, consideradas na
vontade de Deus, são amor e alegria”
(São Francisco de Sales).
25.ª mensagem: Evangelizar
sempre. |
Jesus Cristo não caminhou para o Monte das
Oliveiras com a cabeça baixa, derrotado e humilhado;
mas sim, animado... e aproveitou o tempo
do percurso para orientar os Apóstolos:
“Depois de terem
cantado o hino, saíram para o monte das oliveiras. Jesus
disse-lhes: ‘Essa noite todos vós vos escandalizareis por minha
causa, pois está escrito: Ferirei o pastor e as ovelhas do
rebanho se dispersarão. Mas, depois que eu ressurgir, eu vos
precederei na Galiléia” (Mt 26, 30-32).
Não podemos deixar de evangelizar
por causa dos obstáculos que surgem pelo caminho
nem por estarmos passando por uma situação difícil:
zombaria, desprezo, indiferença, ameaças, críticas e
perseguições:
“Chamaram de novo os apóstolos e açoitaram-nos
com varas. E, depois de intimá-los a que não falassem mais no
nome de Jesus, soltaram-nos. Quanto a eles, saíram do recinto do
Sinédrio regozijando-se, por terem sido achados dignos de sofrer
afrontas pelo Nome. E cada dia, no Templo e pelas casas, não
cessavam de ensinar e de anunciar a Boa Nova do Cristo Jesus”
(At 5, 40-42), e:
“… devemos contar com as
incompreensões que são sinais certos de predileção divina e de
que seguimos os passos do Senhor, pois não é o discípulo mais do
que o Mestre… Não devemos estranhar que em muitas ocasiões
tenhamos que remar contra a corrente num mundo que parece
afastar-se cada vez mais de Deus, que tem como fim o bem-estar
material… num mundo que alguns querem construir completamente de
costas para Deus” (Pe. Francisco Fernández
Carvajal).
Quem ama verdadeiramente a
Deus e as almas imortais e
espirituais não consegue ficar de braços cruzados:
“Uma alma inflamada do amor de Deus não
consegue ficar inativa” (Santa Teresa do
Menino Jesus).
26.ª mensagem: Jesus Cristo não
obriga as pessoas a segui-lo. |
Jesus Cristo saiu para o Monte das Oliveiras e
não obrigou nenhum Apóstolo a segui-lo. Ele já
havia dito: “Se
alguém quer vir após mim...” (Mt 16, 24).
Devemos seguir a Nosso Senhor por
amor e não obrigados.
Ninguém é forçado, mas também ninguém é excluído
de seguir a Jesus Cristo. Para segui-lo de fato, é necessário
querer seriamente; o mero desejo é de todo insuficiente. Devemos
renunciar não só às coisas ilícitas e perigosas, mas também ao
próprio juízo, às desordenadas inclinações e à própria vontade.
É este o primeiro passo para a perfeição:
“Deus não obriga o homem... Ele não
violenta nem força a criatura” (Pe. Luiz
Fernando Cintra).
27.ª mensagem: Bom exemplo. |
O bom exemplo dado
por Nosso Senhor durante a vida pública
“arrastou” os Apóstolos para o Monte das Oliveiras:
“Ele tem feito
tudo bem” (Mc 7, 37).
Não existe meio mais certo e eficaz para exercer
influência direta sobre o próximo do que o
bom exemplo, a força e o prestígio de uma personalidade modelar.
Nada há mais contagioso do que o exemplo:
“O bom exemplo é um sermão que todos
podem pregar. Com ele pode fazer-se mais fruto nas almas, do que
com muitos discursos que só recreiam os ouvidos. O pregar com a
palavra nem a todos é concedido; mas pregar com o exemplo a
ninguém é proibido”
(Pe. Alexandrino Monteiro).
28.ª mensagem: Fugir das más amizades. |
Quando Jesus e os Apóstolos foram
para o Getsêmani, Judas Iscariotes, o traidor, não estava mais
com eles: “Tomando, então, o pedaço
de pão, Judas saiu imediatamente” (Jo 13, 30). Nenhum
Apóstolo quis seguir o traidor... todos
fugiram da sua amizade.
Não deixemos nos enganar:
“... as más companhias
apodrecem os bons costumes (1 Cor 15, 33).
São milhões aqueles que viviam no caminho do bem e se
extraviaram por causa das más companhias:
“Vivendo com santos,
santo serás, no meio dos maus perverter-te-ás”
(Sl 18, 27), e:
“Associai-vos com irmãos,
em nome do Senhor Jesus Cristo, e ficai longe de qualquer irmão,
que tem sua vida em desordem” (2 Ts 3, 6), e também:
“Quem lida com piche suja sua mão”
(Eclo 13, 1).
É preciso estarmos atentos para não
escorregarmos, isto é, seguirmos aqueles que vivem nas trevas. É
próprio da nossa natureza corrompida se deixar impressionar pelo
mal do que pelo bem:
“Mais fácil é contrair
uma doença do que dela se curar. Assim acontece que menos nos
custa imitar o mau exemplo que outros nos dão, do que deixar nos
arrastar pelo seu bom exemplo” (São Gregório Nazianzeno).
29.ª mensagem: Não se apoiar nas criaturas. |
Caminhando para o Monte das
Oliveiras, os Apóstolos não convidaram um exército para
proteger a Nosso Senhor das garras dos inimigos, mas confiaram
no seu poder e força:
“Deus se levanta: seus inimigos
debandam, seus adversários fogem de sua frente. Tu os dissipas
como a fumaça se dissipa; como a cera derrete na presença do
fogo, perecem os ímpios na presença de Deus”
(Sl 68, 2-3).
Infeliz da pessoa que despreza a proteção
de Deus para se apoiar nas criaturas...
viverá sempre insegura:
“Maldito o homem que confia no homem, que faz da carne a sua
força, mas afasta o seu coração de Deus”
(Jr 17, 5), e:
“Desisti do homem, que tem o seu fôlego
no seu nariz! Com efeito, que pode ele valer?”
(Is 2, 22).
É preciso apoiar em Deus em
qualquer situação e desconfiar das
criaturas; somente Ele é apoio seguro:
“Desde o seio tu és o meu apoio, tu és
minha parte desde as entranhas maternas”
(Sl 71, 6), e:
“Em Deus está o meu
abrigo” (Sl 62, 8).
30.ª mensagem: Não murmurar contra Deus. |
Quando Jesus Cristo disse aos
Apóstolos: “Essa noite todos vós vos
escandalizareis por minha causa”
(Mt 26, 31); nenhum Apóstolo
murmurou (queixou-se em voz baixa) contra Ele.
Todos ouviam o Senhor com atenção e
respeito.
É grande loucura e falta de
respeito criticar a Deus e se
rebelar contra a sua Santa Palavra; quem
age assim merece ser repreendido pelo Senhor:
“Mais exatamente, quem és tu, ó homem,
para
discutires com
Deus?”
(Rm 9, 20). Devemos inclinar a
cabeça diante da Palavra de Deus e
obedecê-la com respeito e fidelidade:
“Tua palavra é
lâmpada para os meus pés, e luz para o meu caminho”
(Sl 118, 104).
Quando Deus fala, não podemos murmurar
nem protestar.
Jesus Cristo conhecia tudo
perfeitamente. Todavia, o Salvador não se enfurece...
não amaldiçoa Judas Iscariotes no caminho para o
Getsêmani, mesmo estando o traidor ausente.
Devemos usar de caridade para com
as pessoas que nos fazem o mal... somente assim seremos
verdadeiros seguidores de Nosso Senhor:
“Nisso reconhecerão todos que sois meus
discípulos, se tiverdes amor uns pelos outros”
(Jo 13, 35), e:
“Com efeito, se amais aos que vos amam,
que recompensa tendes?” (Mt 5, 46).
Jesus Cristo é Deus, dotado de ciência divina e
infinita... conhecia a negação de São
Pedro... a covardia dos demais Apóstolos que
debandariam na hora da grande provação... e
permanece manso no caminho para o Monte das Oliveiras.
Aprendamos de Nosso Senhor a permanecermos
mansos diante das pessoas que nos traem...
e fogem ao invés de nos ajudar nas horas de
provações: “A humilde
mansidão é a virtude das virtudes que Deus tanto nos recomendou.
É necessário praticá-la sempre e em toda parte”
(São Francisco de Sales), e:
“Se em algum caso raro
houvesse necessidades de dizer uma palavra áspera para que
alguém percebesse a gravidade do seu erro, é preciso temperar a
dureza, terminando com alguma palavra mais mansa”
(Santo Afonso Maria de Ligório).
33.ª mensagem: Paciência. |
Com certeza, Jesus Cristo no
caminho para o Monte das Oliveiras, olhava para o rosto de
cada Apóstolo sabendo que todos O abandonariam em breve...
mesmo assim, usou de paciência para
com todos; não quis reprová-los com aspereza, rigor e
severidade.
Aprendamos de Jesus Cristo a renunciar aos
sentimentos de ódio, de rancor, de antipatia e de
vingança... e suportemos com
paciência a fraqueza do próximo:
“Nós, os fortes, devemos carregar as
debilidades dos fracos e não buscar a nossa própria satisfação”
(Rm 15, 1).
34.ª mensagem: Humildade. |
O Deus Poderoso e Santo caminha para
o Getsêmani junto com os Apóstolos... homens rudes que O
abandonariam na provação.
Quem possui uma formação espiritual sólida
e fiel não pode desprezar as pessoas
pecadoras e ingratas, mas deve ajudá-las com
humildade a encontrarem o caminho da salvação:
“Nunca devemos
considerar os homens como perdidos e sem esperança de salvação,
nem deixar de ajudar com todo o empenho os que se encontram em
perigo nem demorar em prestar-lhes auxílio”
(Santo Astério de Amaséia).
35.ª mensagem: Alegria interior. |
Os Apóstolos caminharam para o Monte das Oliveiras com a
alma transbordando de alegria por terem recebido a Santíssima
Eucaristia.
Quem recebe com frequência e
dignamente a Santíssima Eucaristia
não fica perturbado diante dos obstáculos, mas
caminha com alegria interior em busca do
ideal: “Essa alegria do espírito,
essa manifestação que, pela Comunhão, faz Jesus de si mesmo,
produz em nós o gosto de Deus, sentimento esse que nos conduz às
suavidades do seu Coração, nos introduz no santuário do seu
Espírito, e no-lo dá a conhecer antes pela impressão mais forte
pelo Santíssimo Sacramento e por tudo o que lhe diz respeito e
mergulhamos sem dificuldades em Jesus Cristo. Tal facilidade,
tal atrativo é um quase mistério, é a graça própria da Comunhão”
(São Pedro Julião Eymard).
Quando Jesus Cristo disse aos Apóstolos no caminho para o
Getsêmani: “Essa noite todos vós vos
escandalizareis por minha causa” (Mt 26, 31); nenhum
deles faltou ao respeito com o Senhor perguntando
onde estava o seu poder e autoridade.
Diante de alguns acontecimentos
desagradáveis, não podemos desrespeitar o
Senhor que cuida de nós. Ele sabe o que faz e o que é
melhor para seus amigos fiéis:
“Vivei respeitando a Deus
durante o tempo de vossa peregrinação neste mundo”
(1 Pd 1, 17b).
Por trás de tudo está o Senhor:
“A dor dos inocentes está relacionada
com Deus porque o acaso não existe. Em última instância, tudo
depende do Senhor, que é sempre a origem. Portanto, seja como
for, por trás de tudo está Ele. Só não podemos dizer que o
pecado e a maldade foram determinados e originados diretamente
por Ele, porque semelhante afirmação seria pura e simplesmente
incompatível com a essência divina. Digamos apenas que Deus
permite a maldade”
(Pe. Richard Gräf).
Tudo o que acontece na nossa vida
“ou é vontade de Deus ou
permissão d’Ele”
(Santo Afonso Maria de Ligório).
Caminhando para o Monte das Oliveiras, os Apóstolos conservaram
a paz no coração depois de ouvirem de Jesus
Cristo o que aconteceria com Ele naquela noite. Nenhum Apóstolo
se desesperou.
Devemos manter a paz no
coração quando recebermos notícias tristes.
É preciso confiar em Nosso Senhor e não
desesperarmos:
“Persuadamo-nos que neste vale de lágrimas não
pode ter a verdadeira paz interior senão quem recebe e abraça
com amor os sofrimentos, tendo em vista agradar a Deus”
(Santo Afonso Maria de Ligório).
38.ª mensagem: Só Jesus Cristo basta! |
Os onze Apóstolos, depois
de ouvirem as palavras de Jesus sobre o que aconteceria naquela
noite, não foram buscar força nos parentes,
conhecidos e amigos, mas permaneceram com
o Senhor da Vida.
Diante das dificuldades que surgem
pelo caminho, devemos continuar a busca pela santidade de vida e
a salvação da nossa alma contando com a ajuda de Nosso
Senhor e não das criaturas volúveis... assim jamais vacilaremos:
“Quanto a mim, estou sempre contigo,
tu me agarraste pela mão direita; tu me conduzes com teu
conselho e com tua glória me atrairás... Contigo, nada mais me
agrada na terra... Quanto a mim, estar junto de Deus é o meu
bem! Em Deus coloquei o meu abrigo”
(Sl 73, 23-25. 28), e:
“Nada te perturbe, nada te espante, tudo
passa, Deus não muda, a paciência tudo alcança; quem a Deus tem,
nada lhe falta. Só Deus basta” (Santa Teresa de
Jesus).
39.ª mensagem: Caminhar na presença de Deus. |
No caminho para o Getsêmani, os Apóstolos não formaram um
grupo fechado e separado de Jesus Cristo,
depois de ouviram suas palavras relatando o que iria lhe
acontecer, mas caminharam resolutos
na sua presença.
Muitas pessoas não suportam ouvir falar em
provações, dificuldades e perseguições, e fogem apavoradas da
presença de Deus. Sejamos fortes e
resolutos... nada nesse mundo deve nos
afastar da presença de Nosso Senhor:
“A vida sempre foi semelhante a uma
viagem. Frequentemente também, nós caminhamos no mundo cansados
e aflitos por tantas desgraças; somos atormentados por dúvidas
de fé que nos tiram a luz da esperança futura, e nos deixam
presa das tentações” (Pe. João Colombo).
40.ª mensagem: Determinação. |
Jesus Cristo levantou-se da
mesa da ceia determinado, firme e resoluto
para ir ao Getsêmani; os Apóstolos imitaram-no. Deixaram o
Cenáculo sem titubearem... estavam seguros.
Não podemos vacilar nem
desanimar quando sabemos que temos de enfrentar
provações, dificuldades e perseguições pela frente; mas devemos
ser determinados, decididos e perseverantes, custe o que custar:
“Sobrevêm muitas ondas e fortes
procelas; mas não tememos afundar, pois estamos firmes sobre a
pedra. Enfureça-se o mar, não tem forças para dissolver a pedra;
ergam-se as vagas, não podem submergir o navio de Cristo”
(São João Crisóstomo), e:
“Bem-aventurado o homem que suporta com
paciência a provação! Porque, uma vez provado, receberá a coroa
da vida, que o Senhor prometeu aos que o amam”
(Tg 1, 12).
41.ª mensagem: Corresponder à formação. |
Jesus Cristo formou
os Apóstolos durante três anos; formou-os na
fidelidade e no verdadeiro amor. Na ida
para o Monte das Oliveiras eles mostram para o Senhor que a
formação foi bem assimilada.
Para se salvar é preciso colocar em prática
os ensinamentos da Santa Igreja Católica Apostólica
Romana, Esposa de Jesus Cristo; é preciso
corresponder à formação recebida:
“Não basta para nos
salvarmos o sermos de qualquer maneira membros da Igreja
Católica, mas é preciso que sejamos seus membros vivos. Quem,
sendo muito embora membro da Igreja Católica, não pusesse em
prática os seus ensinamentos, este seria membro morto, e,
portanto, não se salvaria, porque para a salvação de um adulto
requerem-se não só o Batismo e a fé, mas também as obras
conformes à fé” (São Pio X, Catecismo Maior).
42.ª mensagem: Jesus conta com a debilidade
dos seus seguidores. |
Caminhando para o Monte das
Oliveiras, Jesus Cristo disse para São Pedro que ele o
negaria três vezes; mas São Pedro disse-lhe que
isso não aconteceria (Mc 14, 30-31). E
aconteceu! (Jo 18, 17ss.).
Não devemos desanimar diante das
nossas fraquezas e debilidades...
Nosso Senhor conta com a debilidade dos que Ele
ama para O seguirem: “Os Apóstolos
são homens com defeitos, com debilidades, com palavras maiores
do que as suas obras. E, contudo, Jesus chama-os para fazer
deles pescadores de homens... Deus costuma procurar instrumentos
fracos, para que se manifeste com evidente clareza que a obra é
sua” (São Josemaría Escrivá).
43.ª mensagem: Ouvir atentamente a Palavra
de Deus. |
Caminhando para o Getsêmani, São Pedro e os outros Apóstolos ouviam
atentamente as palavras de Jesus Cristo, Deus Eterno.
Jesus lhes disse: “Esta noite todos
vós vos escandalizareis...” (Mt 26, 31), e São Pedro
lhe respondeu: “Ainda que todos se
escandalizem por tua causa, eu jamais me escandalizarei”
(Mt 26, 33). Estavam atentos às
palavras do Mestre!
Não podemos tapar os ouvidos para a Palavra
de Deus, mas devemos ouvi-la atentamente,
e assim percorreremos o caminho certo sem vacilarmos:
“Meu filho, sê atento às
minhas palavras; dá ouvidos às minhas sentenças: não se afastem
dos teus olhos, guarda-as dentro do coração. Pois são vida para
quem as encontra, e saúde para a sua carne. Guarda o teu coração
acima de tudo, porque dele provém a vida”
(Pr 4, 20-24), e: “As
minha ovelhas ouvem a minha voz, eu as conheço e elas me seguem”
(Jo 10, 27), e também:
“Quem é de Deus ouve as palavras de
Deus” (Jo 8, 47).
44.ª mensagem: Dar a vida por Cristo. |
Na ida para o Monte das Oliveiras, os Apóstolos disseram estar
prontos a morrer por Jesus Cristo:
“Pedro disse: ‘Mesmo que tiver de morrer contigo, não te
negarei’. O mesmo disseram todos os discípulos”
(Mt 26, 35).
Quem ama verdadeiramente a Jesus Cristo está
pronto a dar a vida por Ele... enfrentando com fé e
fortaleza o martírio: “O
martírio é o ato supremo da fortaleza, e Deus não deixou de
pedi-lo a muitos fiéis ao longo da história da Igreja. Os
mártires foram - e são - a coroa da Igreja, bem como uma prova
mais da sua origem divina e da sua santidade. Cada cristão deve
estar disposto a dar a vida por Cristo, se as circunstâncias o
exigirem. O Espírito Santo dar-lhe-á então as forças e a coragem
necessárias para enfrentar essa prova suprema”
(Pe. Francisco Fernández Carvajal),
e: “O
martírio, ato supremo do amor de Deus, é obrigatório para todo
cristão, quando fugir dele significa renegar a fé”
(Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena), e
também: “Aprendemos que o ato supremo
da fortaleza consiste em enfrentar o martírio com valentia. Na
época dos mártires, os que claudicavam era considerados
apóstatas. E eu às vezes me pergunto: se neste nosso tempo as
pessoas mascaram a sua fé pelo simples temor de uma gozação, que
aconteceria se vivessem na época de Nero ou de Diocleciano,
quando confessar a fé significava perder a vida? Sem dúvida, a
apostasia – disfarçada de ‘jeitinhos’ e ‘jogos de
cintura’ – converter-se-ia em verdadeira doença epidêmica”
(Dom Rafael Llano Cifuentes).
45.ª mensagem:
Esquecer as próprias aflições para consolar o próximo. |
Aquele dia fora exaustivo para
Jesus. Caminhou de Betânia a Jerusalém, celebrou a ceia pascal,
lavou os pés dos Apóstolos, instituiu o Sacramento da Eucaristia
e o repartiu com seus discípulos. Conversou durante muito
tempo, procurando animá-los e confortá-los; esquecendo-se de sua
aflição, para acalentá-los, consumindo-se nesta entrega afetuosa:
“Mas, depois que eu ressurgir, eu vos
precederei na Galiléia”
(Mt 26,32).
Imitemos o exemplo do Servo Sofredor. Não
deixemos de fazer o bem ao próximo por causa do peso das cruzes
que carregamos; mas sim, carreguemos as nossas cruzes e
consolemos aqueles que gemem sob o peso de suas cruzes... As
nossas cruzes não devem servir de obstáculos para praticarmos o
bem, mas sim, incentivo.
46.ª mensagem: Firme propósito. |
Jesus disse aos Apóstolos no caminho para o Monte
das Oliveiras: “Essa noite todos vós
vos escandalizareis por minha causa”
(Mt 26, 31). Nosso Senhor predisse
que os Apóstolos não perseverariam na fidelidade.
Uma coisa é pensar no perigo, na perseguição e na morte, outra é
vê-la presente.
As pessoas fazem o propósito de não mais ofender
a Deus... de não abandoná-lo, e, entretanto, caem no pecado...
não perseveram na amizade de Deus. Não é
certo confiar nas próprias forças nem na firme vontade; mas sim,
na graça de Deus: “...
ninguém se salvará por sua força”
(Sl 32, 17).
47.ª mensagem: Não julgar-se melhor que os
outros. |
No caminho para o Getsêmani, São Pedro disse para
Jesus Cristo: “Ainda que todos se
escandalizem por tua causa, eu jamais me escandalizarei”
(Mt 26, 33).
O zelo do Apóstolo São Pedro não estava unido à
devida humildade... e caiu!
Devemos todos os dias inclinar a cabeça diante de
Deus e dizer-lhe com profunda humildade:
Dai-me, Senhor, tua graça, para que eu não me escandalize, ainda
que todos os outros o façam. Quem julgar-se melhor que o próximo
cairá:
“O orgulhoso confia nas suas forças e por isso cai; mas o
humilde, que só confia em Deus, ainda que o assaltem as mais
veementes tentações, mantém-se firme e não sucumbe”
(Santo Afonso Maria de Ligório).
OBS: Essa pregação não está concluída;
assim que “surgirem” novas mensagens as acrescentaremos.
Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)
Anápolis, 14 de junho de 2016
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a Jesus Cristo; Preparação para a morte
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Divina
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sobre o Evangelho, Op., sp. 147
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Santa Maria Madalena de Pazzi, Escritos
Santo Tomás More, Carta à sua filha Margarida
São José Cafasso, Escritos
São Francisco de Sales, Tratado do amor de Deus
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Pe. Luiz Fernando Cintra, A misericórdia divina
São Gregório Nazianzeno, Escritos
Pe. João Batista Lehmann, Euntes... Praedicate!
Santo Astério de Amaséia, Escritos
Pe. Reginald Garrigou-Lagrange, Escritos
Pe. Gaston Courtois, Escritos
René Bazin, Escritos
Pe. Richard Gräf, O cristão e a dor
Pe. João Colombo, Pensamentos sobre os Evangelhos
e sobre as festas do Senhor e dos Santos
São Pio X, Catecismo Maior
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