É AQUELE QUE EU BEIJAR; PRENDEI-O
(Mt 26, 47-56; Mc 14,
43-52; Lc 22, 47-53; Jo 18, 2-11)
Em Mt 26, 47-56
diz:
“E enquanto ainda
falava, eis que veio Judas, um dos Doze acompanhado de grande
multidão com espadas e paus, da parte dos chefes dos sacerdotes
e dos anciãos do povo. O seu traidor dera-lhes um sinal,
dizendo: ‘É aquele que eu beijar; prendei-o’. E logo,
aproximando-se de Jesus, disse: ‘Salve, Rabi!’ e o beijou. Jesus
respondeu-lhe: ‘Amigo, para que estás aqui?’ Então, avançando,
deitaram a mão em Jesus e o prenderam. E eis que um dos que
estavam com Jesus, estendendo a mão, desembainhou a espada e,
ferindo o servo do Sumo Sacerdote, decepou-lhe a orelha. Mas
Jesus lhe disse: ‘Guarda a tua espada no seu lugar, pois todos
os que pegam a espada pela espada perecerão. Ou pensas tu que eu
não poderia apelar para o meu Pai, para que ele pusesse à minha
disposição, agora mesmo, mais de doze legiões de anjos? E como
se cumpririam então as Escrituras, segundo as quais isso deve
acontecer?’ E naquela hora, disse Jesus às multidões: ‘Como a um
ladrão, saístes para prender-me com espadas e paus! Eu me
sentava no Templo ensinando todos os dias e não me prendestes’.
Tudo isso, porém, aconteceu para se cumprirem os escritos dos
profetas. Então todos os discípulos, abandonando-o, fugiram”.
Em Mc 14, 43-52
diz:
“E, imediatamente,
enquanto ainda falava, chegou Judas, um dos Doze, com uma
multidão trazendo espadas e paus, da parte dos chefes dos
sacerdotes, escribas e anciãos. O seu traidor dera-lhes uma
senha, dizendo: ‘É aquele que eu beijar. Prendei-o e levai-o bem
guardado’. Tão logo chegou, aproximando-se d’Ele, disse: ‘Rabi!’
E o beijou. Eles lançaram a mão sobre Ele e o prenderam. Um dos
que estavam presentes, tomando da espada, feriu o servo do Sumo
Sacerdote e decepou-lhe a orelha. Jesus, tomando a palavra,
disse: ‘Como a um ladrão, saíste para prender-me com espadas e
paus! Eu estive convosco no Templo, ensinando todos os dias, e
não me prendestes. Mas é para que as Escrituras se cumpram’.
Então, abandonando-o, fugiram todos. Um jovem o seguia, e a sua
roupa era só um lençol enrolado no corpo. E foram agarrá-lo.
Ele, porém, deixando o lençol, fugiu nu”.
Em Lc 22, 47-53
diz:
“Enquanto ainda falava,
eis que chegou uma multidão. À frente estava o chamado Judas, um
dos Doze, que se aproximou de Jesus para beijá-lo. Jesus lhe
disse: ‘Judas, com um beijo entregas o Filho do Homem?’ Vendo o
que estava para acontecer, os que se achavam com ele
disseram-lhe: ‘Senhor, e se ferirmos à espada?’ E um deles feriu
o servo do Sumo Sacerdote, decepando-lhe a orelha direita.
Jesus, porém, tomou a palavra e disse: ‘Deixai! Basta!’ E
tocando-lhe a orelha, curou-o. Depois, Jesus dirigiu-se àqueles
que vieram de encontro a ele, chefes dos sacerdotes, chefes da
guarda do Templo e anciãos: ‘Como a um ladrão saístes com
espadas e paus? Eu estava convosco no Templo todos os dias e não
pusestes a mão sobre mim. Mas é a vossa hora, e o poder das
Trevas’”.
Em Jo 18, 2-11 diz:
“Tendo dito isso,
Jesus foi com seus discípulos para o outro lado da torrente do
Cedron. Havia ali um jardim, onde Jesus entrou com seus
discípulos. Ora, Judas, que o estava traindo, conhecia também
esse lugar, porque, frequentemente, Jesus e seus discípulos aí
se reuniam. Judas, então, levando a coorte e guardas destacados
pelos chefes dos sacerdotes e pelos fariseus, aí chega, com
lanternas, archotes e armas. Sabendo Jesus tudo o que lhe
aconteceria, adiantou-se e lhes disse: ‘A quem procurais?’
Responderam: ‘Jesus, o Nazareu’. Disse-lhes: ‘Sou eu’. Judas,
que o estava traindo, estava também com eles. Quando Jesus lhes
disse ‘Sou eu’, recuaram e caíram por terra. Perguntou-lhes,
então, novamente: ‘A quem procurais?’ Disseram: ‘Jesus, o
Nazareu’. Jesus respondeu: ‘Eu vos disse que sou eu. Se, então,
é a mim que procurais, deixai que estes se retirem’, a fim de se
realizar a palavra que diz: Não perdi nenhum dos que me
deste. Então, Simão Pedro, que trazia uma espada, tirou-a,
feriu o servo do Sumo Sacerdote, a quem decepou a orelha
direita. O nome do servo era Malco. Jesus disse a Pedro:
‘Embainha a tua espada. Deixarei eu de beber o cálice que o Pai
me deu?’”
O Pe. Luís de la Palma comenta:
Após sair, Judas que não acreditava mais em Jesus, pois o
considerava como um enganador, começou a organizar como o
entregar. Foi à casa dos príncipes dos sacerdotes, para
indicar que aquela era a ocasião oportuna para que se cumprisse
o combinado, assim deu as coordenadas para a captura.
Conseguiu uma comitiva de soldados da guarda. Parecendo
pouco, mandaram criados e alguns dos príncipes dos sacerdotes,
com isso davam uma autoridade ao fato, pois estes bem
armados e equipados com espadas e paus, lanternas e tochas.
Judas armou tudo para que nada saísse errado. Na cidade, todo
este alvoroço não passou despercebido. Juntou-se todo tipo de
gente: judeus, gentios, servos, comerciantes, vagabundos,
prostitutas; todos nesta noite prenderiam Jesus, porque
a graça da redenção seria para todos.
Judas tomou o comando desta operação, São
Lucas diz que: “… à frente deles
vinha um dos doze, que se chamava Judas” (Lc
22, 47), e que é confirmado pelos Atos dos
Apóstolos: “… foi o guia daqueles
que prenderam Jesus” (At 1,16).
Judas, o traidor, conhecia também aquele lugar, porque Jesus ia
frequentemente para lá com seus discípulos (Jo 18,2),
então escolhendo a noite, quando Jesus estaria com poucos
amigos e fora da cidade, evitariam tumulto e resistência de seus
seguidores, satisfazendo assim, o temor dos pontífices que
tinham medo e queriam prender Jesus após a Páscoa. O
poder das trevas buscava na escuridão a Luz Eterna; seria
necessário então tochas e lanternas. Como era noite, seria
necessário um sinal para que não houvesse engano, pois alguns
não o conheciam, um beijo foi o modo que Judas o encontrou.
Com um beijo no rosto, a saudação habitual entre amigos,
sinalizaria para capturarem Jesus. Agindo com falsidade e
duplicidade, características de um traidor, entregaria
Jesus com um beijo, pois era um dos apóstolos. Comunicou a
todos, o sinal para prender Jesus:
“Aquele que eu beijar, é ele. Prendei-o”
(Mt 26, 48). Vemos que nem
sempre aqueles que seguem Jesus são bons, muitas vezes se tornam
como Judas, os piores traidores.
Judas e seu séquito saíram da cidade em direção
ao Monte das Oliveiras. As armas brilhavam à luz dos archotes.
O traidor caminhava na frente como se fosse
pacificar a cidade prendendo um chefe de quadrilha.
Chegaram ao Horto de Getsêmani no momento que Jesus ainda falava
com os discípulos.
O Senhor demonstrou a sua divindade
entregando-se livremente. Mesmo
com o beijo, nada aconteceu como Judas tinha planejado; ninguém
reconheceu e prendeu Jesus, e ele não passou despercebido
perante os outros apóstolos. Quando Judas aproximava-se, Jesus
foi ao seu encontro. Fingindo-se amigo, saudou-o:
“Salve, Mestre. E beijou-o”
(Mt 26, 49). O Senhor que somente
quer a paz deixou-se beijar. Com mansidão, aceitava aquele
beijo, para mostrar que se entregava por vontade própria.
Fazendo o bem para aquele que lhe fazia mal;
depois de ter recebido o beijo, mostrou-lhe o carinho de
amigo, chamando-o pelo nome, não censurando, mas perguntando-lhe
com ternura: “Judas, com um
beijo trais o Filho do homem? (Lc 22,48),
com sinais de amor e paz me entregas à morte?
Amigo, é então, para isso que vens aqui? (Mt 26,
50). Minhas dor é maior porque vem de um amigo, se o
ultraje viesse de um inimigo, eu o teria suportado; se a
agressão partisse de quem me odeia, dele em esconderia
(Sl 54, 13).
Judas Iscariotes ficou emocionado diante da
serena reação de amizade demonstrada pelo Senhor; perante o
olhar do Mestre, ficou paralisado. Mas, sua disposição para o
mal venceu, então, juntou-se aos soldados. Mesmo após o sinal,
nenhum soldado prendeu Jesus; sua prisão não seria como eles
planejaram, mas, somente quando Ele permitisse.
Judas tinha se afastado, os soldados não o
prendiam. Como Jesus soubesse tudo o que havia de lhe acontecer,
adiantou-se e perguntou-lhes: “A quem
buscais?”
(Jo 18,4). Cegados não o viam,
Judas continuou calado, e eles responderam: A Jesus de
Nazaré. Todos os preparativos foram inúteis, mas Jesus
deu-se a conhecer: Sou eu. Sua voz majestosa e
imponente saiu como um raio… espantados recuaram.
Os apóstolos alegraram-se com a força de
seu Mestre; com sua resposta derrubou um exército. Perante Ele
não há nenhum poder. O que acontecerá com os ímpios quando Ele
vier Julgar?
Jesus estava imponente e os soldados caídos.
Quando se levantaram, perguntou-lhes novamente: A quem
buscais? Perante a grandeza de Jesus, deviam
adorá-lo e servi-lo; mas não reconhecendo sua realeza,
persistiam em sua intenção: A Jesus de Nazaré.
Percebendo que não era possível fazê-los enxergar e preocupado
com seus discípulos respondeu-lhes:
“Já vos disse que sou eu. Se é, pois, a mim que buscais, deixai
ir estes” (Jo 18,8). Assim,
Pedro que feriu um servo do sumo sacerdote, poderia sair ileso.
Todos obedeceram, e assim se cumpriu as Escrituras:
“Conservei os que me deste, e nenhum
deles se perdeu, exceto o filho da perdição”
(Jo 17, 12). Entre aquela
multidão, estava Malco, servo do sumo sacerdote, que estava
indignado pelo que havia escutado sobre Jesus. Quando o Senhor
se revelou, Malco o atacou violentamente. Os discípulos
vendo que a situação era dramática, perguntaram:
“Senhor, devemos atacá-los à espada?”
(Lc 22, 49). Pedro não
esperou nenhuma autorização, desembainhou a espada e desferiu o
golpe na cabeça de Malco, pegando de raspão no capacete
cortou-lhe a orelha direita.
Jesus que desejava entregar-se livremente, vendo
Pedro e os outros que tentavam defendê-lo, disse:
“Deixai, basta!”
(Lc 22, 51). Com sua habitual
piedade, tentando abrandar a ira de Malco, tocou-lhe a ferida e
curou-o. É assim que Jesus domina o ódio de seus inimigos, com
caridade.
Após curar a ferida de seu amigo, corrigiu
os discípulos mostrando novamente que oferecia sua vida por
vontade própria; para se cumprir as profecias e o mandato de seu
Pai. Embora os inimigos atacassem,
mandou: “Embainha sua espada, porque
todos aqueles que usarem da espada, pela espada morrerão”
(Mt 26,52). Eu não fujo da
morte, aceito-a com amor, não são eles que me matam, mas a
vontade de meu Pai, então, não hei de beber eu o cálice que o
Pai me deu? (Jo 18,11). Crês tu que não
posso invocar meu Pai e ele não me enviaria imediatamente mais
de doze legiões de anjos? Mas como se cumpririam então as
Escrituras, segundo as quais é preciso que seja assim?
(Mt 26, 53-54).
Embora fosse preso porque quis, foi uma
desonra para Jesus; pois era uma pessoa conhecida por suas
virtudes, pelos seus milagres, por suas palavras. O povo o
considerava como um profeta. Mas foi preso como um malfeitor, um
ladrão; o Senhor que tinha deixado passar várias injúrias, desta
vez foi incisivo:
“Saístes armados de espadas e varapaus,
como se viésseis contra um ladrão”
(Lc 22, 52). Exprimia seu
sentimento pelo que faziam: cegos e enganados, tratavam o Senhor
como um malfeitor; estava sempre no meio deles, na cidade, mas o
prenderam no campo; usaram de armas para quem só pregava a paz;
buscaram um traidor, contra aquele que sempre fora leal e fazia
tudo às claras.
Por que não se atreveram prender-me, antes?
Fizeste-o, de noite, como se prendessem a um ladrão; mas só o
fizeram, porque consenti. Mas esta é vossa hora
(Lc 22, 53), e é isso que permite a minha prisão; são as
trevas com seu poder que lhes movem.
Com estas palavras, os demônios e seus
servidores, encontraram-se livres para fazer com Jesus o que bem
entendessem. Agarraram-no, e golpearam-no com violência e
insultos. Depois amarraram suas mãos, prendendo assim, o autor
da liberdade. Judas andava ao lado
dos sacerdotes e magistrados, comentando o seu êxito,
embora fosse melhor que não tivesse nascido.
Os apóstolos, envergonhados e assustados,
esquecendo-se que tinham prometido, o abandonaram e fugiram
(Mc 14, 50).
Seguia-o um jovem coberto somente de um
pano de linho (Mc 14, 51),
talvez, acordado pelo grande alvoroço e barulho que faziam
os que traziam Jesus, foi notado e tentaram prendê-lo, mas
largando o lençol, escapou nu. Assim, acontece,
sofremos mais por fugir da cruz do que de carregá-la.
Os apóstolos, dispersos pela fuga, talvez se
reunissem na casa onde tinham ceado; contariam a Maria todo o
ocorrido no horto; descreveriam a prisão de seu Filho, e a
Virgem ficaria ferida de uma dor profunda, embora conformada com
a vontade de Deus.
O Pe. Juan Leal explica: Ao que
parece, Judas Iscariotes, depois de sair do cenáculo, se dirigiu
à casa do sumo sacerdote Caifás para fazer-lhe conhecer e aos
demais membros do Sinédrio que seu propósito de entregar-lhes
Jesus havia sido descoberto durante a ceia, e que, portanto, era
preciso agir rapidamente. Ainda que não fosse conveniente
prender Jesus Cristo durante os dias da festa da Páscoa,
contudo, diante das circunstâncias propícias que Judas oferecia,
decidiram prendê-lo naquela noite, o mais secreto possível, para
que o povo não espalhasse a notícia. Combinaram em tomar todas
as precauções para que os discípulos de Jesus não oferecessem
resistência.
O beijo entre os judeus era habitual nas
saudações e despedidas. Quando se tratava de saudação dos
discípulos a seus rabinos ou mestres, era também um sinal de
reverência. O beijo era dado somente na bochecha ou nas mãos, e
é provável que os apóstolos usassem desta classe de saudação com
seu Mestre, Jesus, depois de alguma ausência prolongada.
Jesus contesta o beijo de Judas com palavras cheias de mansidão.
Com a palavra, amigo, lhe recorda os laços
estreitos que possuía com ele até aquele momento e lhe insinua
que por sua parte está disposto a admiti-lo de novo na sua
amizade se fizesse penitência do seu pecado. Era, por
outra parte, esta palavra, dita naquelas circunstâncias, um
indício da horrorosa ingratidão e deslealdade do traidor.
Os detalhes que da prisão de Jesus Cristo nos
oferecem os três sinóticos são completados com outros detalhes
do Evangelho de São João 18, 4-9. Antes que os inimigos
se adiantassem para prender Jesus, Ele lhes perguntou: A
quem procurais? Então, responderam: A Jesus
Nazareno. Então, ao responder-lhe o Senhor: Sou Eu,
afastaram e caíram por terra. Jesus Cristo mostrou assim o
seu poder para manifestar que se entregava voluntariamente à
morte. E, Ele mesmo, depois de perguntar-lhes pela segunda vez
se era Ele a quem buscavam, se entregou em suas mãos, pedindo
que deixassem em paz os seus apóstolos.
Quando os inimigos se aproximaram para prender
Jesus, os discípulos perguntaram-lhe: … e se ferirmos à
espada? São Pedro adiantando-se, antes de Cristo dar a
resposta, pegou a espada e cortou a orelha de Malco. Os três
sinóticos, ao contar esse episódio, calam o nome de Pedro, não
porque ignorasse que tinha sido ele o protagonista da cena, mas
por razões de prudência e reserva, para não criar-lhe nenhum
compromisso. São João Evangelista, que escreveu uns
sessenta anos mais tarde, supre essa omissão dos sinóticos,
dando-nos expressamente o nome de Simão Pedro, que já havia
sofrido o martírio em Roma no ano 67.
Jesus Cristo reprime o zelo imprudente e
inútil do impetuoso apóstolo com umas palavras cheias de
mansidão e paciência. Recorda uma
máxima proverbial que violência gera violência… e que o reino
que veio estabelecer se fundará na caridade, na renúncia e na
paciência, para dar aos homens a paz verdadeira, como já havia
pregado no sermão da Montanha (Mt 5, 39-42). Por outra
parte, se nos planos de Deus houvesse entrado que Ele devesse se
defender com a força, bastava-lhe reclamar o auxílio de seu Pai,
que podia socorrê-lo imediatamente com doze legiões de anjos.
Uma legião do exército romano constava de dez coortes, isto é,
de quatro a seis mil homens. Por conseguinte, doze legiões
representavam um corpo de exército muito considerável.
Naturalmente que Jesus Cristo, ao usar estes termos concretos,
quis significar simplesmente que em sua mão estava, se quisesse,
frustrar os planos dos inimigos. Porém, como acrescenta
imediatamente, é necessário que se cumpra o profetizado nas
Escrituras do Antigo Testamento, segundo as quais Jesus Cristo
devia entregar-se sem resistência, como ovelha levada ao
matadouro (Is 53, 7).
Jesus Cristo, entretanto, quer fazer constar o
ultraje de que é objeto pela maneira como vem prendê-lo, como se
Ele fosse um ladrão e malfeitor… que deve ser preso à noite e
num lugar solitário, armados com todo tipo de armas. Se a causa
de sua prisão foram seus ensinamentos, então deveriam ter feito
publicamente quando ensinava no templo. É certo que já haviam
tentado prender Jesus Cristo; porém, os perseguidores não se
atreveram a fazê-lo, e voltaram dizendo: Jamais pessoa
alguma falou como esse homem (Jo 7, 46). As
palavras do último versículo são colocadas na boca de Jesus por
São Marcos (Mc 14, 49). Não há dificuldades de
admitir que São Mateus as fizesse suas, e por sua conta,
como geralmente, advertisse que em tudo isso se cumprirá as
Escrituras dos profetas segundo as quais (Is 53, 12)
Cristo havia de ser contado entre os criminosos. Como o mesmo
Jesus havia dito (Mt 26, 31; Jo 16, 32), então seus
discípulos lhe abandonaram e fugiram.
O Pe. Juan de Maldonado ensina:
Ainda estava Ele falando. Os três evangelistas
(Mateus, Marcos e Lucas) notaram que Jesus Cristo ainda
estava falando no momento que Judas Iscariotes chegou… com a
intenção de confirmar que o Senhor havia sido verdadeiramente
preso: Levantai-vos, vamos: eis que o traidor está
chegando. São João disse isso com outras palavras:
Sabendo Jesus tudo o que lhe aconteceria, adiantou-se e lhes
disse: ‘A quem procurais?’ (Jo
18, 4).
Eis que veio Judas.
Nomeia primeiro a Judas, como um capitão. O mesmo diz São
Marcos; porém, São Lucas, por distinta razão,
mencionou primeiro a multidão e depois a Judas; porque, como é
natural, antes se distinguiu entre as trevas da noite a multidão
que ao traidor.
Multidão.
Assim escreve São Marcos e São Lucas; São João
escreve: Judas, então, levando a coorte e guardas.
Está claro que Judas reuniu toda classe de gente para prender o
Senhor; a saber: um dos doze apóstolos que o havia vendido e
comandava aos servos dos sacerdotes, escribas e anciãos; pois
todos os evangelistas afirmam que aquele a quem Pedro cortara a
orelha era um servo do pontífice. Foram também soldados com
armas para apoderar-se de Cristo como se Ele fosse um ladrão e
malfeitor… ou talvez por medo dos apóstolos; traziam luzes
porque estava escuro.
O seu traidor dera-lhes um sinal.
Que necessidade havia deste sinal, sendo que Jesus Cristo
era tão conhecido por todos? Segundo Orígenes,
era tradição em seu tempo que Jesus Cristo se mostrava com
dois aspectos: um natural e comum, pelo
que todos o conheciam, e outro sobrenatural para algumas
ocasiões, como quando se transfigurou. Porém,
Teofilacto, com mais prudência, disse que como a maior parte
das pessoas que vieram prender a Cristo Jesus eram soldados,
isto é, gentios, que não ouviam as sua pregações, pois eram
distantes da religião dos judeus, não o conheciam.
Leôncio chega a
dizer que Jesus Cristo fez com seu poder, que não somente os
soldados, mas nem sequer Judas, apesar de ter vivido muito tempo
com ele, o conhecera naquele momento; e o mesmo diz Teodoro
de Heraclea, São João Crisóstomo, São Cirilo de Jerusalém e
Teofilacto. E não foi a causa disso as trevas, que por
isso nos avisa o evangelista que vinham os soldados com
tochas e lanternas, e, além disso,
acrescenta: E estava também Judas, que o entregava, com
eles; como se dissesse: Ainda que Judas estava com eles
para indicar-lhes a Jesus Cristo, entretanto, não o conheceram.
Teodoro de Mopsuestia, ao contrário, acredita que o
evangelista notou esta circunstância para declarar o cinismo e a
maldade de Judas Iscariotes: diante de tão grande milagre,
não desistiu de seu crime.
Por que razão usaria Judas Iscariotes deste
sinal (beijo) e não de outro? Segundo o meu parecer,
porque com ele jogava duas cartas: entregava a
Jesus Cristo aos soldados e ocultava a Cristo sua traição.
Era costume entre os judeus, principalmente em se tratando de
inferiores com superiores e dos que muito se amavam, saudar-se
com um beijo; costume que passou também aos cristãos, entre os
que se conservou por longo tempo, segundo nos informa
Tertuliano. Jesus Cristo disse ao fariseu: Entrei em
sua casa e não me deste um beijo (Lc 7, 45).
Pensava o infeliz Judas que poderia esconder sua traição ao
Salvador, porque não acreditava n’Ele, mas que, como entendem
São Jerônimo e São Beda, quantos milagres feitos por
Jesus havia ele presenciado, mas pensava que tudo era feito por
arte e magia. Algo disso parece indicar Cristo em São João 6,
64: Porém, alguns de vocês não acreditam; falava com
os apóstolos e se referia a Judas, segundo declara o mesmo
evangelista, dizendo: Sabia Jesus desde o princípio quem
eram os que não acreditavam e o que o havia de entregar.
Orígenes aponta duas explicações do beijo de Judas.
Uma é que, todavia, não havia perdido o Iscariotes
o costume de reverência para com Jesus Cristo e uma sombra de
vergonha. E, como de todas as maneiras tivesse que beijar a
Cristo, quis que esse beijo obrigado de saudação fosse também
sinal para os soldados. E a outra é que o traidor
temia, se usasse outro sinal, que Jesus Cristo entendesse o laço
que se lhe tendia e o evitasse, como em tantas outras ocasiões.
Levai-o bem guardado.
Marcos 14, 44 disse que Judas Iscariotes acrescentou:
Levai-o bem guardado. Judas Iscariotes
tinha medo que Jesus escapasse… então ele perderia o
Mestre e o dinheiro. Recordava quantas
vezes os judeus tentaram prendê-lo e Ele fugido (Lc 4, 30; Jo
8, 59). São João Evangelista acrescenta nessa passagem:
Sabendo Jesus tudo o que lhe
aconteceria, adiantou-se e lhes disse: A quem procurais?
(Jo 18, 4).
Dois dados que demonstram que Jesus Cristo não só se entregou
aos inimigos com coragem e serenidade;
mas, de certo modo, também quis provocá-los. A pergunta
feita por Ele não era de um covarde que tinha a intenção de se
esconder; mas de um homem forte, capaz de defender-se, como
notou Leôncio.
Deus te salve, Mestre.
Com a frase e com o beijo trata o discípulo de esconder a
traição; enquanto que Jesus Cristo lhe dá a entender que não
ignora a coragem com que vem, e assim no versículo que segue lhe
interroga desta maneira: Amigo, para que estás aqui?
Segundo Lucas, acrescentou (Lc 22, 48):
Com um beijo você entrega o Filho do Homem?
Entretanto, aqueles a quem se dava o sinal, ainda depois de
dado, não conheceram a Jesus Cristo; porque, a meu parecer, o
beijo de Judas foi antes que a pergunta de Cristo aos soldados,
o qual supõe que estes se achavam ignorantes e indecisos, e o
confirma sua resposta, que não foi te buscamos a ti;
mas a Jesus Nazareno; e teve Jesus Cristo de
repetir sua interrogação para que o reconhecessem. E também, se
a pergunta feita por Jesus Cristo tivesse sido antes do beijo de
Judas Iscariotes, não haveria sido necessário o sinal do
traidor, já que Cristo por duas vezes havia dito: Sou eu.
Essa parece ser a opinião de Santo Agostinho.
Amigo, para que estás aqui?
Não parece senão que Jesus Cristo quis
com estas palavras declarar que conhecia o porquê da vinda de
Judas, encorajando o vacilante traidor a fazer a entrega
com ânimo. Também na ceia lhe havia dito (Jo 13, 27):
Faze depressa o que estás fazendo.
E eis que um dos que estavam com Jesus.
Ou seja, dos três que Jesus Cristo havia levado
consigo para rezar (Pedro era um daqueles três),
ou um dos onze discípulos que na ocasião haviam reunido
com Jesus Cristo. O primeiro parece mais provável,
porque, quando Judas Iscariotes veio com os soldados, Jesus
Cristo falava só com os três (Pedro, Tiago e João). São
João Evangelista nos diz quem foi (Jo 18, 10): Foi
Simão Pedro que tirou a espada e cortou a orelha do servo do
pontífice. São Lucas 22, 49 indica que todos os
discípulos presentes estavam preparados com armas para
resistir, já que todos perguntaram a Cristo: Senhor, e se
ferirmos à espada? Talvez não entendessem o que
pouco antes Cristo lhes havia aconselhado (Lc 22, 38),
quando respondendo aos apóstolos que disseram: Eis aqui
duas espadas, disse: Basta! Porque o que
havia dito: Quem não tem espada, que venda a túnica e a
compre (Lc 22, 36), só queria avisar que lhes
aguardava um grande perigo, daqueles que os homens só podem
livrar-se com armas, não que Ele necessitasse de armas ou eles
deviam usá-las. Aquele basta dito pelo Senhor não
indicava que as espadas eram suficientes para a defesa e que não
precisavam de mais armas; mas foi uma maneira de cortar a
conversa, que não queria aquelas espadas nem armas alguma.
Cortou-lhe a orelha.
São Lucas e São João dizem que foi a orelha
direita… muitos afirmam haver mistério. Cortou a orelha e ela
caiu por terra? Não consta com claridade, mas parece que não foi
separada da cabeça… porque não diz que Jesus a colocou de novo,
mas apenas que a tocou e a curou.
Todos os que pegam a espada pela espada
perecerão. Orígenes
interpreta assim essa passagem: Os autores das guerras e
revoltas perecem nelas. São Jerônimo e São
Beda entendem da espada espiritual ou
vingança divina, que sofrerão nessa vida ou na outra.
Eutimio pensa que se refere Jesus Cristo somente aos judeus,
que por causa de sua morte perecerão pela espada dos romanos.
Porém, tudo isso, o que tem que a ver com São Pedro?
Logo Jesus Cristo não quer dizer que materialmente todos os
que usam da espada pela espada morrerão, já que muitos deles não
foram mortos dessa maneira; mas se limita a recordar a lei que
mandava matar ao homicida: O que derrama sangue humano,
também terá o seu derramado (Gn 9, 6). Não disse
que pena haverão de padecer expressamente, mas que castigo
merecem como já indicaram Santo Agostinho e Teofilacto.
Muitos se admiram de que Jesus Cristo
repreendesse a Pedro porque queria expulsar os inimigos com a
espada para defender o Mestre, coisa lícita pelo direito natural
divino e humano. Santo Agostinho pensa que a repreensão
não foi por ter cortado a orelha do servo do pontífice, pois
julga que o fez com a permissão do mesmo Jesus Cristo, o qual
deduz daquela frase de Lc 22, 51: Deixai! Basta!
Como se dissesse: Basta já por ter cortado a orelha
desse homem; agora guarda a espada na bainha,
acrescenta Jo 18, 11; porque todo o que usa
da espada, pela espada morrerá. Só, segue Santo
Agostinho, tratou de deter a Pedro para que não passasse
adiante. Está claro que Jesus repreendeu a Pedro. E por que o
repreendeu? Primeiro, porque ele não era
defesa: O que podia fazer um homem contra uma coorte, senão
irritar os soldados para que tratassem pior a Jesus Cristo?
Além disso, havia agido Pedro sem esperar a licença do Senhor.
E, por último, ainda que pudesse impedir a morte de Jesus Cristo
não deveria fazê-lo; como Cristo mesmo não pediu doze legiões de
anjos a seu Pai para que o defendesse. O Senhor preferiu
obedecer a vontade do Pai e cumprir o que disse os profetas;
razão pelo qual disse neste lugar e por São João 18, 11:
Deixarei eu de beber o cálice que o Pai me deu? Já
em ocasião semelhante (Mt 16, 23) havia repreendido São
Pedro: Afasta-te de mim Satanás! Tu me serves de pedra de
tropeço, porque não pensas as coisas de Deus, mas as dos homens!
Pedro tratava então também de afastá-lo da morte.
Doze legiões de anjos.
Quanto à forma é uma frase romana que os evangelistas usaram
falando em grego, como outras muitas palavras latinas que
utilizaram. Ninguém, longe dos romanos, tinha legiões; assim que
acreditamos que Jesus Cristo falou conforme ao costume dos
romanos que dominavam a Judeia. Segundo escrevem Vegecio
e São Jerônimo, a legião constava de seis mil homens, ou,
como Políbio ensina, as legiões geralmente tinham quatro
mil e duzentos soldados e trezentos cavalos. Jesus Cristo quis
expressar um número de anjos, contrapondo-os aos homens: aqueles
muitos, estes poucos; poderosos os primeiros, impotentes os
segundos. Um anjo em só uma noite matou cento e oitenta
mil homens no exército de Senaquerib (2 Rs 19, 35).
Parece mais provável que Jesus Cristo comparava os anjos a seus
discípulos e não aos soldados; porque os apóstolos, ainda
contando com Judas, não passavam de doze, e por isso cita doze
legiões, nem mais nem menos para dar a entender que por doze
homens escassos podia Ele dispor de doze legiões de anjos, cada
uma delas contava seis mil deles ou mais, se as informações de
Vegecio forem corretas.
Os anjos bons, segundo Orígenes, estão em
perpétua luta com os anjos maus, e que por isso na Escritura são
chamados várias vezes de exército celestial, pois são enviados
frequentemente por Deus aos homens, não só para defendê-los dos
anjos maus, mas também dos demais homens.
Então todos os discípulos, abandonando-o,
fugiram. Pedro o seguia, ainda que
de longe, e também João, segundo escreve ele mesmo (Jo 18,
15). Todos, disse São Mateus, o abandonaram; porém,
Teofilacto diz que matematicamente não foram todos; ou,
então, temos de entender que a princípio todos fugiram, porém,
pouco depois Pedro e João voltaram e seguiram a Jesus Cristo.
Pe. Francisco Fernández Carvajal |
O Pe. Francisco Fernández Carvajal
comenta: Enquanto os discípulos dormiam, os inimigos
vigiavam e organizavam-se. Tudo tinha sido preparado em poucas
horas. Por isso houve muitas idas e vindas e a agitação à volta
do Tempo foi grande.
Ao sair do cenáculo, Judas Iscariotes iria aos
príncipes dos sacerdotes para lhes dizer que era o momento
oportuno para prender Jesus. Naquela noite poderia levar-se a
cabo. Tudo deve ter acontecido muito depressa. Talvez esperassem
o aviso, mas não tão cedo. De fato, tinham previsto aguardar que
passassem as festas, mas imediatamente formou-se um grupo de
gente diversa, especialmente servidores do Templo, para o
prenderem e aproveitar assim a ocasião única que lhes oferecia
um dos seus discípulos mais próximos. Não podiam deixar escapar
esta oportunidade.
Judas sabia que Jesus não voltaria para Betânia.
É possível que, depois de se pôr de acordo com os judeus, se
mantivesse oculto numa esquina e seguisse depois os passos da
pequena comitiva até que se internou no horto. Não esqueçamos
que a ceia e a conversa posterior se alongaram bastante. Depois
foi à procura da tropa improvisada, que já estava
preparada para atuar. Apesar da hora, conseguiram de Pilatos
alguns poucos soldados para acompanhar os servidores do Templo e
do sumo sacerdote. O Templo tinha a sua própria guarda aceita
pelos romanos.
São Marcos diz que
acompanhava Judas uma multidão com espadas e varapaus,
e que ia da parte dos príncipes dos sacerdotes, dos
escribas e dos anciãos. Intervêm os três estamentos que
compunham o Sinédrio, a assembleia suprema nacional e
religiosa: os sumos sacerdotes eram todas aquelas
pessoas que durante algum tempo tinham conseguido essa
dignidade; os anciãos eram a aristocracia laica,
varões de grande relevo social; e os escribas – na
sua maioria fariseus –, peritos e intérpretes da Lei.
O grupo que acompanhava Judas era exclusivamente
Judeu. São João menciona a coorte e o tribuno,
mas os termos empregados pelo evangelista induzem a pensar que o
contributo romano para a prisão de Jesus se reduziu a uma
assistência mais ou menos passiva de uns poucos soldados,
destinada, sobretudo, a proteger a ordem em caso de tumulto. De
nenhuma maneira tiveram a iniciativa; a responsabilidade judaica
parece assinalada expressamente pelos evangelistas. Não era
aquele certamente um assunto da administração romana.
Jesus Cristo estava ainda a falar com os seus
adormecidos discípulos quando apareceu aquele grupo armado, com
Judas à frente. O resto dos apóstolos também se tinham
aproximado ao perceber o ruído daquelas gentes e a claridade dos
archotes.
Judas adiantou-se e beijou o Mestre: era o sinal
combinado com aqueles que haviam de detê-lo. Enquanto o beijava,
saudou-o: Salve, Mestre. Jesus estremeceu e
respondeu-lhe com imensa pena: Amigo
a que vieste?
São João refere que,
antes de se entregar, Jesus quis dar uma última prova do seu
poder. Adiantou-se uns passos e perguntou: A quem
procurais? E responderam: Jesus Nazareno.
E ao dizer Jesus: Sou eu; todos retrocederam e
caíram por terra. Bastaram duas palavras cheias de majestade
para que todos rolassem pelo chão. Jesus já não é a vítima que
se encontrava numa profunda agonia uns minutos antes; agora é o
homem excepcional de sempre. Ele sabe o que o espera. De novo
voltou a perguntar-lhes o mesmo. Então pediu que deixassem
partir os seus apóstolos.
Os apóstolos tinham levado consigo as duas
espadas que havia no cenáculo! Talvez alguém pensasse que
poderiam ser úteis… e levaram-nas para o Getsêmani.
Quando todos se lançaram sobre Jesus Cristo, Pedro puxou por uma
delas e feriu um servo do pontífice chamado Malco, e cortou-lhe
uma orelha.
O Senhor reprimiu o zelo inútil do seu apóstolo
com estas palavras: Mete a tua espada na bainha.
Porventura não vou beber o cálice que o Pai me deu? Ou pensas
que não posso recorrer a meu Pai e no mesmo instante poria à
minha disposição mais de doze legiões de anjos? Como se
cumpririam então as Escrituras, segundo as quais tem que suceder
assim? E curou a orelha do servo do pontífice. É a
última cura de Jesus, que conhecemos, antes da sua ressurreição.
Imediatamente rodearam-no; Judas partiria em breve. Já
tinha concluído a sua missão. Desde então já não teria um
momento de paz.
O Senhor, enquanto olhava, disse-lhes em amável
queixa: Como contra um ladrão vistes com espadas e
varapaus prender-me? Todos os dias me sentava a ensinar no
Templo, e não me prendestes; teria sido mais simples para vós.
É provável que algum deles tivesse escutado os seus ensinamentos
nos átrios do Templo. Muitos conheceriam o milagre da cura do
cego de nascença, que tanta agitação tinha organizado entre os
seus chefes. E o da ressurreição de Lázaro.
Prenderam a seguir Jesus Cristo. São João
diz que o ataram; provavelmente com as mãos atrás.
Quando os discípulos viram Jesus preso deixaram-no
e fugiram. Para fugir estavam bem acordados.
A Paixão é para Jesus só.
São Marcos conta-nos
que havia no horto um jovem que, envolvido o seu corpo nu
com um lençol, o seguia, e agarraram-no. Mas ele, largando o
lençol, escapou-se nu e escondeu-se na noite. Nenhum
outro evangelista faz menção deste jovem. Muitos comentaristas
pensam que, dado que esta passagem nada oferece à vida do
Senhor, o jovem é o próprio Marcos. É como se
dissesse: eu estava ali.
Edições Theologica
explica: O Senhor volta a sublinhar a liberdade da sua entrega
quando aquele tropel de gente se aproxima para se apoderar
d’Ele. Podia recorrer ao Pai pedindo o envio de anjos que
atuassem em sua defesa, mas não o fez. Conhece o porquê destes
fatos e assim o quer manifestar claramente: não são a violência
nem as exigências dos homens que, em última análise, o conduzem
à morte, mas o seu amor e o seu desejo de cumprir a vontade do
Pai.
Os judeus não compreendem este modo sobrenatural
que caracteriza o proceder do Senhor; tinha estado entre eles a
ensiná-los. Mas a dureza de coração tinha-os impedido de
compreender e de aceitar a sua doutrina.
Judas Iscariotes, para levar a cabo a sua
traição, emprega um sinal que, por si, indica amizade e
confiança. O Senhor, mesmo conhecendo os seus propósitos,
trata-o com grande delicadeza: dá-lhe uma oportunidade para
abrir o seu coração e para se arrepender. A atitude do Senhor
ensina-nos a respeitar e a tratar com caridade delicada
inclusive aqueles que nos fazem o mal.
1.ª mensagem: O traidor torna-se
implacável. |
Os Apóstolos dormiam, mas Judas
Iscariotes, o traidor, não dormia; pelo contrário,
andava desesperadamente de um lado para o outro
negociando a entrega do Salvador.
Quando um católico abandona a
Igreja Católica Apostólica Romana e entra numa seita,
torna-se implacável… trabalha com garra para arruinar outros
católicos.
Quando estava com Jesus Cristo, Judas Iscariotes
vivia às margens e desprezava o Senhor:
“Então Maria, tendo tomado uma libra de
um perfume de nardo puro, muito caro, ungiu os pés de Jesus e os
enxugou com seus cabelos; e a casa inteira ficou cheia do
perfume do bálsamo. Disse, então, Judas Iscariotes, um de seus
discípulos, o que o iria trair: ‘Por que não se vendeu este
perfume por trezentos denários para dá-los aos pobres?’ Ele
disse isso, não porque se preocupasse com os pobres, mas porque
era ladrão e, tendo a bolsa comum, roubava o que aí era
colocado” (Jo 12, 3-6).
Milhares de pessoas que foram batizadas na Igreja
Católica, Única Igreja fundada por Jesus Cristo, quando estavam
na Igreja eram rebeldes e não faziam nenhum tipo de
trabalho… viviam às margens. Agora, participando das
seitas, são as primeiras a atacarem a Doutrina Católica,
“evangelizam”, pagam o dízimo com alegria e lutam para fazer a
seita crescer.
3.ª mensagem: Quem trai Jesus
Cristo fica cego espiritualmente. |
Por que Judas Iscariotes estava à frente de um
grupo de pessoas armadas com paus e espadas?
Ele não ouviu que Jesus era manso e humilde de Coração?
Por que tantas armas e pessoas
para prender um Senhor tão bondoso e amigo?
Judas Iscariotes já estava cego espiritualmente… de nada se
lembrava, nada enxergava.
Quem abandona a Jesus Cristo fica cego
espiritualmente… não enxerga mais todo o bem que o Senhor lhe
fez. Esta é a primeira astúcia do Demônio para arrastar
os pecadores: torna-os cegos para que nada vejam, em nada
reparem.
4.ª mensagem: Ajudar o próximo a
enxergar seu erro. |
Jesus Cristo que tinha chamado a Pedro de
Satanás, porque por um amor indiscreto queria
dissuadi-lo de morrer por nós:
“Ele, porém, voltando-se
para Pedro, disse: 'Afasta-te de mim, Satanás! Tu me serves de
pedra de tropeço, porque não pensas as coisas de Deus, mas as
dos homens!” (Mt 16, 23),
chama a Judas, o traidor, de amigo, porque conhecia
as suas intenções, dizendo-lhe:
“Amigo, para que estás
aqui?” (Mt 26, 50); para que,
entrando em si, conhecesse seu erro e detestasse a sua
culpa.
Devemos ajudar as pessoas que caminham
longe de Deus a reconhecerem seus erros e voltarem
para o caminho da luz, isto é,
para perto do Criador:
“Saiba que aquele que reconduz um pecador
desencaminhado salvará sua alma da morte e cobrirá uma multidão
de pecados” (Tg 5, 20).
5.ª mensagem: Coração petrificado. |
Jesus Cristo chamou Judas Iscariotes de amigo:
“Amigo, para que
estás aqui?” (Mt 26, 50);
mas o seu coração não esmoreceu.
Feliz da pessoa que esmorece o
coração diante da bondade de Jesus Cristo. Pecar e
permanecer no pecado é grande rebeldia:
“… retornai a mim de todo vosso coração”
(Jl 2, 12).
6.ª mensagem:
A força da Palavra de Deus. |
Jesus Cristo disse aos inimigos:
“Sou eu”
(Jo 18, 5), e todos caíram por
terra. Nunca houve quem com uma só palavra fosse capaz de
derrubar a seus inimigos. Nem Alexandre, nem César com
todo seu poder, nem Pompeu, nem Aníbal com todas as suas
astúcias puderam produzir efeitos semelhantes a este.
Todos ouvirão esse Sou eu após a
morte na hora do Julgamento. Sou eu a quem tendes
ofendido tantas vezes; Sou eu contra quem vos
tendes levantado; Sou eu a quem tendes desprezado;
Sou eu que venho agora fazer justiça à minha
Majestade infinita ofendida. Esse Sou eu
será terrível! Feliz da pessoa que vive santamente… não
temerá esse Sou eu na hora do Juízo.
7.ª mensagem: Abrir o coração para
Deus. |
Os inimigos ouvindo Cristo dizer:
“Sou eu”
(Jo 18, 5), caíram por terra:
“… recuaram e caíram por terra”
(Jo 18, 6). Nenhum se arrependeu de
perseguir o Senhor… não abriu o coração diante desse
estrondoso acontecimento.
Devemos nos inclinar diante da grandeza de
Jesus Cristo, do seu poder, milagres, santidade, amor, mansidão…
É loucura conhecer a Jesus Cristo e o seu poder e
continuar com o coração fechado.
8.ª mensagem: Nem todos que
conhecem a Jesus Cristo se salvarão. |
Essas pessoas se aproximaram de Jesus Cristo,
Luz do mundo, mas permaneceram nas trevas… não aceitaram a
amizade com o Senhor:
“Então, avançando, deitaram a mão em Jesus e o
prenderam” (Mt 26, 50).
Para alcançar a salvação eterna não basta
ter conhecido a Jesus Cristo, mas é preciso
perseverar com sinceridade na sua amizade:
“Não basta ter-se uma ideia geral do
espírito que Jesus viveu, é preciso aprender com Ele pormenores
e atitudes. É preciso contemplar a sua vida, sobretudo para daí
tirar força, luz, serenidade e paz. Quando se ama alguém,
deseja-se conhecer toda a sua vida, o seu caráter, para nos
identificarmos com essa pessoa. Por isso, temos de meditar na
vida de Jesus, desde o seu nascimento num presépio até à sua
morte e à sua ressurreição” (São Josemaría
Escrivá).
9.ª mensagem: Muitos contemplam a
Jesus Cristo, mas permanecem nas trevas. |
Esse grupo de soldados contemplou a Santíssima
Face do Salvador e permaneceu no caminho escuro.
Milhares de pessoas “contemplam” a
Face de Cristo através da pregação, bons conselhos,
leitura espiritual, adoração do Santíssimo Sacramento,
Confissão, Santa Missa… e permanecem no caminho da perdição… não
aceitam o Senhor.
10.ª mensagem: Não pagar o mal com
o mal. |
Os inimigos se aproximam de Jesus Cristo para
prendê-lo, São Pedro fere a Malco, servo do Sumo
Pontífice, e Jesus o repreende:
“Guarda a tua espada no
seu lugar, pois todos os que pegam a espada pela espada
perecerão” (Mt 26, 52).
O Salvador não quer que paguemos o mal com
o mal; mas sim, que paguemos a maldade com a
bondade: “A ninguém pagueis o
mal com o mal” (Rm 12, 17).
11.ª mensagem: Não basta não fazer o mal,
mas é preciso realizar o bem. |
O Senhor mandou São Pedro guardar
a espada e curou imediatamente a orelha de
Malco:
“E tocando-lhe a orelha, curou-o” (Lc 22, 51).
Milhões de pessoas desculpam-se dizendo – eu
não faço nada de mal: não odeio, não roubo, não blasfemo…
Mas não basta não fazer nada de mal: o não fazer nada de bem
já é um fazer mal:
“Seja a vossa preocupação fazer o que é bom para
todos os homens” (Rm 12, 17).
12.ª mensagem: Ingratidão. |
Jesus Cristo chamou Judas, o
traidor, de amigo, curou a orelha de Malco… não ameaçou os
soldados nem os servos. Mesmo assim, nenhum se arrependeu.
E nós? Somos gratos para com Nosso Senhor?
Agradecemos ao Senhor por ter morrido na cruz para nos salvar e
pelas graças que recebemos de suas mãos generosas…
ou somos ingratos para com o Senhor?
Continuaremos, portanto, a desprezá-lo e a ofendê-lo?
13.ª mensagem: Amizade fingida. |
Judas Iscariotes, o traidor, entregou o Filho de Deus à
morte com um fingido beijo de amizade:
“‘Salve, Rabi!’ e o
beijou” (Mt 26, 49).
A nossa amizade com o próximo deve ser
sincera; nenhum fingimento deve existir no nosso
coração: “Um amigo fiel é um
poderoso refúgio, quem o descobriu, descobriu um tesouro”
(Eclo 6, 14).
14.ª mensagem: Arrogância de quem trai. |
São Cipriano diz:
“A multidão perversa e desenfreada, que
nesta fatal noite procurava a Jesus no Jardim das Oliveiras,
devia naturalmente ser precedida e guiada pelo mais perverso,
pelo mais infame dos homens, Judas Iscariotes!” Judas
estava à frente:
“À frente estava o chamado Judas, um dos
Doze” (Lc 22, 47). Com
arrogância, querendo ser o superior de todos.
Milhares de pessoas abandonam a Jesus Cristo e
encabeçam a fila dos perseguidores contra o Senhor. Gastam
dinheiro, escrevem livros e reúnem multidões com a intenção de
“destruir” o Salvador:
“Meu povo, que te fiz eu? Em que te cansei? Responde-me!”
(Mq 6, 3). Os que abandonam o
caminho da luz tornam-se arrogantes.
15.ª mensagem: Hipocrisia. |
Judas Iscariotes beija Jesus
Cristo para entregá-lo aos perseguidores. Nunca as
histórias registrarão hipocrisia tão detestável. O
traidor chamou Jesus de Mestre quando já tinha renunciado a ser
seu Apóstolo:
“‘Salve, Rabi!’ e o beijou” (Mt 26, 49).
Hipocrisia é
mentira em ato, que consiste em aparentar qualidades que não se
tem, para os outros nos julgarem menos culpados ou mais
virtuosos… consiste em aparentar exteriormente o que não se é na
realidade, a fim de conquistar a estima dos outros. É
sempre feio fingir; mas fingir virtude que não
existe, é das simulações, a pior:
“Menor pecado é pecar abertamente que
simular santidade”
(São Jerônimo). Que o nosso
coração esteja livre de toda hipocrisia.
16 .ª mensagem: Desmascarar os falsos. |
Jesus Cristo não esperou que o
prendessem, mas perguntou a quem estavam procurando… para
descobrir a traição de Judas Iscariotes que ocultava seu delito
sob uma aparência pacifica.
Não podemos permitir que a pessoa falsa
viva nesse mundo enganando o próximo; mas devemos
desmascará-la, mostrando para todos a sua intenção.
17.ª mensagem: Existe beijo sincero e beijo
falso. |
Há uma diferença muito grande
entre o beijo de Santa Maria Madalena e o
beijo de Judas Iscariotes. Um alcança o
perdão, outro a reprovação; um eleva a
Maria Madalena à maior santidade, outro leva Judas
ao desespero e a reprovação eterna.
O que dizer do beijo de um esposo dado em sua
esposa depois de trai-la com outra mulher? É um beijo que
santifica ou condena? E um filho que beija seus pais
dizendo que está tudo bem, mas anda na companhia dos maus?
Esse beijo é verdadeiro ou falso?
A falsidade não pode agradar a Deus!
18.ª mensagem: Sacrilégio. |
Quanto deve dilacerar o Coração de Jesus os hipócritas
imitadores de Judas Iscariotes que
“beijam” Jesus Cristo comungando em pecado mortal. Esses cometem
o horrível pecado de sacrilégio!
Não pode agradar a Jesus Cristo quem afirma ser
amigo d’Ele e se aproxima da comunhão em pecado mortal.
19.ª mensagem: Nem sempre um beijo é sinal
de paz. |
O sinal dado por Judas Iscariotes
para prender Jesus não foi uma bofetada, mas um beijo. Santo
Agostinho diz: “Ó Judas, que
infâmia! Que sacrilégio! Servir-te de um sinal pacífico para
quebrantar a paz, do amor para ferir, da amizade para matar?”,
e: “Como te atreveste imprimir teus
lábios e derramar o fel da perfídia sobre aquele rosto, onde
brotava a graça e a vida?” (Santo Ambrósio).
Devemos ser prudentes com as pessoas, porque o
coração do homem é um abismo. A pessoa de palavra fácil e
personalidade agradável raras vezes é pessoa de bem. Não nos
enganemos com beijos, palavras suaves e sorrisos; pois os falsos
também sabem fazer isso: “Sua
boca é mais lisa do que o creme, mas no seu coração está a
guerra; são suaves como óleo suas palavras, porém são espadas
fora da bainha” (Sl 55, 22).
20.ª mensagem: Buscar continuamente a Jesus
Cristo. |
Judas Iscariotes
buscou com garra a Jesus Cristo para entregá-lo
aos inimigos.
Nós também devemos buscar Jesus Cristo com
garra, esforço e muito amor, não para entregá-lo aos
inimigos; mas sim, para ser nosso amigo íntimo:
“Estar com Jesus é suave paraíso”
(Tomás de Kempis).
21.ª mensagem: Conservar Jesus Cristo na
nossa alma. |
Judas Iscariotes mandou prender a
Jesus Cristo e guardá-lo bem:
“Prendei-o e levai-o bem guardado”
(Mc 14, 44).
Não basta encontrar a Jesus Cristo! Devemos
encontrá-lo e guardá-lo bem… com cautela,
conservando-nos na sua graça, para que possamos dizer
com a esposa do Cântico dos Cânticos:
“Achei meu amor e
não o largarei mais” (Ct 3, 4).
22.ª mensagem: Beijo de amor. |
Judas Iscariotes beijou a
Santíssima Face do Senhor como sinal
de traição: “‘Salve, Rabi!’ e o
beijou” (Mt 26, 49).
Devemos imprimir com frequência sinceros
beijos de amor no crucifixo:
“A minha mais elevada sabedoria é
conhecer a Jesus crucificado” (São Bernardo de
Claraval).
Jesus Cristo fora preso por
inveja: “Para manifestar o
Evangelista que era a inveja a causa da prisão de Jesus Cristo”
(Remígio), acrescenta:
“Enviados pelos príncipes dos sacerdotes
e anciãos do povo” (Mt 26, 47).
Inveja é o vício pelo qual o homem
experimenta tristeza profunda em face do bem alheio, acompanhada
do desejo de que esse seja destruído.
O invejoso não se contenta nunca com aquilo que possui ou
recebe, e fica revoltado com os benefícios, elogios ou
felicidade de qualquer tipo atribuídos a outra pessoa. A
inveja leva, frequentemente, à maledicência e à calúnia.
24.ª mensagem: É impossível agradar a
todas as pessoas. |
Jesus Cristo, o Deus da Verdade,
não agradou a todos com as suas pregações.
Muitos creram n’Ele, muitos também o perseguiram:
“… grande multidão com espadas e paus, da parte dos chefes dos
sacerdotes e dos anciãos do povo” (Mt 26, 47).
Orígenes escreve: “Pode alguém
dizer que por ser muitos os que acreditavam em Jesus Cristo,
foram também muitos os que se reuniram contra Ele”.
Não podemos desanimar quando as pessoas se
revoltam contra nós por causa da verdade e nos persegue…
nem por isso devemos omiti-la. Não devemos pregar para agradar
aos homens:
“A verdade possui poucos amigos”
(Santo Agostinho), e:
“Em suas pregações, procure não agradar
aos homens” (São João Crisóstomo).
25.ª mensagem: Não duvidar do poder de
Jesus Cristo. |
Os inimigos vieram ao encontro de
Jesus Cristo com paus e espadas por medo d’Ele usar forças do
mal para se libertar:
“Eu acredito também em
outra coisa; porque como acreditavam que expulsava os demônios
em nome de Belzebu, imaginavam que Jesus escaparia por arte do
demônio” (Orígenes).
Não podemos duvidar do
poder de Jesus Cristo. Ele é Deus poderoso e
não necessita da ajuda das criaturas…
principalmente do Demônio.
Jesus Cristo foi preso por pessoas
armadas de espadas. O
Senhor continua sendo perseguido até hoje pela espada da
heresia:
“Muitos são também agora os que se armam contra Jesus com as
espadas espirituais da heresia” (Orígenes).
Existem muitos hereges dentro da Santa
Igreja. Pessoas batizadas que se
recusam a crer numa ou mais verdades reveladas por Deus e
ensinadas pela Igreja Católica Apostólica Romana.
27.ª mensagem: Jesus Cristo não fingiu. |
Nosso Senhor
não nos ensina a fingir:
“Recebeu o Senhor o beijo
do traidor, não para ensinar-nos a fingir, mas para nos mostrar
que não fugiu da traição” (Rábano).
Não podemos fugir diante da traição e vivermos em
cantos escuros; pelo contrário, confiantes no Deus da
Verdade, permaneçamos firmes e convictos na presença do Senhor
sem nos vender.
28.ª mensagem: Fingindo amar a Jesus Cristo. |
Jesus Cristo é a Verdade… Judas Iscariotes beijou o Senhor
fingindo amar a Verdade: “Eu
jugo que todos os traidores da verdade usam do beijo fingindo
amá-la”
(Orígenes).
Milhares de pessoas fingem amar a Jesus Cristo
pregando, isto é, “beijando” a verdade;
mas são traidoras porque não vivem o que pregam:
“Melhor é calar-se e ser, do que
falar e não ser. Coisa boa é ensinar, se quem diz o faz”
(Santo Inácio de Antioquia).
29.ª mensagem: Jesus Cristo repreende os
hereges. |
Jesus Cristo não aceita a
falsidade dos hereges,
principalmente aqueles que o chamam de Mestre:
“Todos os hereges (como Judas)
dizem a Jesus: Mestre. Porém, Jesus Cristo mansamente lhes diz:
‘Amigo, para que estás aqui?’ Chama-os de amigos repreendendo
sua falsidade” (Orígenes).
Infeliz do herege que chama Jesus Cristo de
Mestre para traí-lo, enganado as almas que estão no bom caminho.
Deus não aceita essa aparência de respeito.
30.ª mensagem: Não se apoiar nas criaturas. |
Judas Iscariotes abandonou
a Jesus Cristo para buscar apoio nas
criaturas: “… eis que veio Judas, um dos Doze acompanhado de grande
multidão com espadas e paus, da parte dos chefes dos sacerdotes
e dos anciãos do povo” (Mt 26, 47).
Pseudo-Jerônimo
escreve: “Se apoia nos homens o que
se desespera do auxílio de Deus”.
É grande loucura desprezar e
desconfiar do poder de Deus para se
apoiar naquilo que passa, isto é, na força das
criaturas.
31.ª mensagem: É impossível enganar a Deus. |
Judas fingiu ser amigo de Jesus Cristo beijando-o, mas
estava à frente dos inimigos do Senhor:
“Observemos a loucura
deste homem que acreditava enganar a Cristo com um beijo e ser
tido por seu amigo. Porém, se era amigo do Senhor, por que razão
estava encabeçando o grupo de inimigos do d’Ele?”
(Teofilacto).
Jesus Cristo não aceita uma amizade fingida…
um coração dividido entre Ele e os inimigos.
É impossível enganar um Deus que tudo sabe! Muitos
dizem serem amigos de Cristo, mas vivem com o Maligno na alma.
32.ª mensagem: É preciso ouvir atentamente
a Palavra de Deus. |
Jesus Cristo havia pregado para
todos sobre a sua dolorosa paixão; mas, tudo indica, o sumo
sacerdote estava surdo à sua pregação:
“Cortou a orelha
do servo do sumo sacerdote, porque os sumos sacerdotes foram os
primeiros que desobedeceram as Escrituras como se não as
entendessem” (Teofilacto).
Não podemos tapar os ouvidos para a mensagem da
Sagrada Escritura, mas devemos ouvi-la atentamente sem jamais
desprezá-la: “Grande precipício e
profundo abismo é desconhecer as Escrituras”
(Santo Apifânio). Quem tapa
os ouvidos para a Palavra de Deus caminha na escuridão.
33.ª mensagem: Não se queixar no trabalho
para a glória de Deus. |
Jesus
Cristo não se queixou nem ficou revoltado na hora da prisão, mas
se entregou voluntariamente: “Esta é
uma manifestação da sua divindade; pois quando ensinava no
templo não puderam apoderar-se d’Ele, ainda que o tivesse em
suas mãos, porque ainda não havia chegado a hora da paixão.
Porém, quando quis, então se entregou Ele mesmo cumprindo-se
assim as Escrituras, porque foi levado como um cordeiro à morte
(Is 53, 7). Não se queixou nem gritou, mas sofreu
voluntariamente”
(Teofilacto).
Não devemos trabalhar para a glória de Deus e
pelo das almas com o semblante carregado e o
coração revoltado; mas sim, voluntariamente,
com amor, disponibilidade e alegria:
“Deus ama a quem dá com alegria”
(2 Cor 9, 7).
34.ª mensagem: Não abandonar a Jesus Cristo
diante das provações. |
Um jovem que seguia a Jesus Cristo
fugiu dos perseguidores:
“Um jovem o seguia, e a sua roupa era só um
lençol enrolado no corpo. E foram agarrá-lo. Ele, porém,
deixando o lençol, fugiu nu” (Mc 14, 51-52).
Não podemos deixar de seguir a Jesus Cristo por
causa das perseguições; nas provações é que se conhecem os
verdadeiros amigos do Senhor.
35.ª mensagem: Abandonar tudo o que é
mundano. |
O jovem
deixou o lençol e fugiu nu:
“Assim como José que abandonando a capa fugiu sem roupa daquela
mulher impura (Gn 39, 7ss.); quem quiser fugir das mãos
dos iníquos deve abandonar tudo o que é mundano e correr em
busca de Jesus Cristo” (Pseudo-Jerônimo).
Para se livrar das mãos dos mundanos é preciso
desprezar as coisas da terra… um coração cheio das coisas
passageiras não pode seguir a Jesus Cristo.
36.ª mensagem: Arrepender-se depois de uma
fraqueza. |
Tudo indica, esse jovem que fugiu voltou
logo em seguida para pegar o lençol que havia deixado:
“Pode ter acontecido, que escapando
das mãos dos que queriam detê-lo, voltou em seguida para pegar o
lençol que havia deixado no Getsêmani” (São
Beda).
Está claro que uma pessoa pode voltar para Deus
depois de ter perdido a graça santificante. Nem
tudo está perdido; mas é preciso se arrepender e pegar o
“lençol” da graça deixado pelo caminho.
37.ª mensagem: Obstinação no pecado. |
Judas Iscariotes estava obstinado no
pecado… nem as palavras do Senhor esmorecia seu coração
petrificado: “Assim como as
feridas incuráveis não obedecem às medicinas mais eficazes, nem
aos mais rigorosos cuidados, assim o espírito, uma vez
aprisionado e entregue a algum pecado, não pode sair desse
estado por meio de exortações nem conselhos. Isso aconteceu com
Judas por não ter deixado a tempo suas intenções de ser traidor,
ainda que este tantas vezes havia sido proibido pelo Salvador
quando pregava às pessoas”
(São João Crisóstomo).
Emendar de vida é uma necessidade para chegar a
uma verdadeira conversão. Quem teima no pecado corre
grande risco de se condenar eternamente:
“De que serve confessar os pecados, se a
vida continua a mesma?” (Pe. Alexandrino
Monteiro).
38.ª mensagem: Não podemos deixar de
admoestar os pecadores. |
Jesus Cristo não voltou as costas
para o traidor, mas disse-lhe:
“Judas, com um beijo
entregas o Filho do Homem?” (Lc 22, 48).
Não podemos desprezar as pessoas por causa dos
seus pecados, mas devemos ajudá-las a voltarem para Deus
aconselhando-as com bondade:
“Quando eu disser ao ímpio: ‘Ó ímpio, certamente hás de morrer’
e tu não o desviares do seu caminho ímpio, o ímpio morrerá por
causa da sua iniquidade, mas o seu sangue o requererei de ti”
(Ez 33, 8).
39.ª mensagem: Corrigir as pessoas com
amabilidade. |
Jesus Cristo não
falou com grosseira e ira com Judas,
o traidor, mas com amabilidade:
“Jesus não disse:
entregas a teu Mestre, nem entregas o teu Senhor, nem a teu
benfeitor; mas ao Filho do Homem, isto é, manso e humilde”
(São João Crisóstomo).
Devemos corrigir o próximo com amabilidade
e bondade:
“Admoestações feitas com zelo amargo causam mais frequentemente
mais prejuízo do que proveito, principalmente estando perturbada
a pessoa a ser corrigida”
(Santo Afonso Maria de Ligório).
40.ª mensagem: São Pedro recebeu o poder de
ligar e desligar. |
São Pedro cortou a orelha de Malco,
o servo do sumo pontífice:
“Então, Simão Pedro, que trazia uma
espada, tirou-a, feriu o servo do Sumo Sacerdote, a quem decepou
a orelha direita. O nome do servo era Malco” (Jo
18, 10). Santo Ambrósio diz:
“Quando São Pedro cortou voluntariamente
a orelha deu a conhecer que não devemos fixar nosso ouvido nas
coisas superficiais, mas nos mistérios. Porém, por que foi São
Pedro que feriu o servo? Porque havia recebido o poder de ligar
e desligar. Ele pega a espada espiritual e corta com ela o
ouvido interno do que ouve mal”.
Devemos ter um grande respeito pelo
Santo Padre, o Papa, porque ele é o sucessor de São Pedro e
possui o poder de ligar e desligar:
“Eu te darei as chaves do Reino dos Céus
e o que ligares na terra será ligado nos céus, e o que
desligares na terra será desligado nos céus”
(Mt 16, 19).
41.ª mensagem: Quem se converte poderá se
salvar. |
Jesus Cristo, o Deus de bondade,
curou a orelha de Malco:
“E tocando-lhe a orelha, curou-o”
(Lc 22, 51). Santo Ambrósio
diz: “Porém, o Senhor coloca a orelha
de Malco no seu devido lugar, dando a entender que se se
convertem, poderão se salvar todos os que pecaram na paixão do
Senhor”.
Nosso Senhor, o Deus de misericórdia, está sempre
pronto para perdoar um coração contrito e
humilhado que deseja verdadeiramente mudar de vida.
Ele não quer a morte do pecador, mas a sua mudança de vida…
conversão.
42.ª mensagem: A força de Jesus e a
fraqueza dos homens. |
Jesus Cristo disse aos inimigos:
“Sou eu”
(Jo 18, 6), todos caíram por
terra. Santo Agostinho diz:
“Onde está a coorte de soldados? Onde
estão as armas? Uma voz derrubou por terra uma grande multidão
enfurecida de ódio e temida pelas armas”.
Infeliz da pessoa que despreza a força de
Deus para contar com o apoio das criaturas
volúveis e fracas.
43.ª mensagem: Amor de Jesus Cristo pelos
homens. |
Jesus Cristo disse aos soldados:
“Se, então, é a mim que
procurais, deixai que estes se retirem” (Jo
18, 8). O Senhor não quer que os seus
amigos sejam presos. São João Crisóstomo escreve:
“Como se dissesse: ‘Se buscais a mim,
deixai que estes se retirem… eu mesmo me entrego’,
demonstrando assim a consequência do seu amor aos seus amigos
até a última hora”.
Se algo desagradável está acontecendo conosco,
não podemos querer que as pessoas próximas de nós também
sofram; mas devemos carregar a nossa cruz de cada dia
conformando com a vontade de Deus.
44.ª mensagem: Quem odeia não esquece. |
Judas Iscariotes disse aos
soldados: “É
aquele que eu beijar; prendei-o” (Mt 26, 48).
Judas não confiava no Senhor. O ódio
e a paixão nada esquecem. Judas lembrou-se que
Jesus Cristo tinha escapado aos que o quiseram apedrejar e aos
que o queriam coroar como rei.
Feliz da pessoa que não guarda ódio no
coração; principalmente daquelas pessoas que a socorreu
nas horas difíceis: “Todo aquele que
odeia o seu irmão é homicida” (1 Jo 3, 15).
45.ª mensagem: Enfrentar os perseguidores
sem medo. |
Jesus Cristo caminhou sem
medo ao encontro dos inimigos e lhes disse:
“Sou eu”
(Jo 18, 6). Eles caíram por
terra.
Não podemos deixar de fazer o bem nem de
caminhar na presença de Deus por causa dos perseguidores;
mas sim, apoiados em Deus, devemos enfrentar a todos:
“Decidimos, contudo, confiados em nosso
Deus, anunciar-vos o evangelho de Deus, no meio de grandes
lutas”
(1 Ts 2, 2).
46.ª mensagem: Sem respeito humano. |
Jesus Cristo não se escondeu dos
inimigos, mas foi ao encontro deles e disse:
“Sou eu”
(Jo 18, 6). O Senhor não negou
ser o Filho de Deus.
Milhares de pessoas se envergonham de professarem
a fé em Jesus Cristo dizendo que não o conhece. O respeito
humano já levou milhares de pessoas para a perdição:
“Aquele, porém,
que me renegar diante dos homens, também o renegarei diante de
meu Pai que está nos Céus” (Mt 10, 33).
47.ª mensagem: Não se intimidar diante dos
inimigos. |
Nosso Senhor Jesus Cristo
não se intimidou diante da multidão de
inimigos; mas disse-lhes com coragem:
“Sou eu”
(Jo 18, 6).
Confiante em Deus que é forte e
protege os seus amigos,
não podemos nos intimidar diante dos perseguidores:
“Não tenhais medo deles, portanto”
(Mt 10, 26).
48.ª mensagem: Não recuar diante da
multidão de inimigos. |
Eram muitos os
inimigos do Senhor:
“… eis que veio Judas, um
dos Doze acompanhado de grande multidão com espadas e paus, da
parte dos chefes dos sacerdotes e dos anciãos do povo”
(Mt 26, 47). O Senhor
não recuou, mas foi ao encontro deles e
disse-lhes:
“Sou eu” (Jo 18, 6).
Não podemos recuar diante dos inimigos,
mesmo que sejam numerosos; mas sim, devemos
caminhar em frente sem desanimar:
“Ainda que um exército acampe contra
mim, meu coração não temerá” (Sl 27, 3).
Devemos dizer a todos: “Estive, estou
e estarei sempre com Cristo”
(São Teodoro, mártir).
49.ª mensagem: Os maus irão para o inferno. |
Quando Jesus Cristo disse:
“Sou eu”
(Jo 18, 6), todos caíram por terra:
“… recuaram e caíram
por terra” (Jo 18, 6).
Não ficou nenhum de pé diante de Jesus Cristo.
Que será dos maus quando o Senhor vier como Rei
para julgá-los no fim do mundo e dizer-lhes:
“Apartai-vos de
mim, malditos, para o fogo eterno preparado para o diabo e para
os seus anjos” (Mt 25, 41).
Sem dúvida será como um vento impetuoso que soprará contra
eles lançando-os não em terra, mas nas chamas do inferno.
50.ª mensagem:
Ousadia diante dos inimigos. |
Nosso Senhor Jesus
Cristo disse:
“Sou eu” (Jo 18, 6). Depois que
os inimigos se levantaram, disse-lhes pela segunda vez:
“Eu vos disse que sou
eu” (Mt 18, 8). O Senhor
os enfrentou com coragem e ousadia.
Devemos enfrentar os inimigos com ousadia
e coragem. Não devemos nos intimidar nem calar a boca
diante dos seus insultos:
“Recuar diante do inimigo ou calar-se, quando de toda parte se
ergue tanto alarido contra a verdade, é próprio de homem covarde
ou de quem vacila no fundamento de sua crença”
(Leão XIII).
51.ª mensagem: Os maus também pronunciam o
Santíssimo Nome de Jesus. |
Jesus Cristo perguntou aos inimigos:
“A quem
procurais?” (Jo 18, 4).
Eles Responderam:
“Jesus, o Nazareu”
(Mt 18, 5). Pronunciaram o nome
do Senhor com o ódio no coração.
Milhares de pessoas são inimigos de Jesus
Cristo e pronunciam o seu Nome.
São pessoas que falam de Nosso Senhor da boca
para fora, não vive o que Ele ordena:
“Este povo me honra com os lábios, mas o
coração está longe de mim” (Mt 15, 8).
52.ª mensagem: Usar de mansidão com os
perseguidores. |
Jesus Cristo ordenou que São Pedro
guardasse sua espada:
“Guarda a tua espada no seu lugar, pois
todos os que pegam a espada pela espada perecerão”
(Mt 26, 52). O Senhor é manso, não
violento.
Não devemos vingar dos nossos perseguidores; mas
sim, tratá-los com mansidão: “O
espírito de mansidão é próprio de Deus… A pessoa que ama a Deus,
ama a todos os que são amados por Deus, isto é, todos os homens”
(Santo Afonso Maria de Ligório).
53.ª mensagem: Não fugir da cruz. |
Jesus Cristo, Deus forte e
poderoso, não fugiu da cruz:
“Embainha a tua
espada. Deixarei eu de beber o cálice que o Pai me deu?”
(Mt 18, 11). O Senhor não foge
das dificuldades e provações.
Infeliz da pessoa que aceita ajuda do próximo
para fugir da estrada estreita que leva ao céu;
essa encontrará uma cruz bem mais pesada:
“A maior parte dos homens voltam às
costas às cruzes e fogem diante delas. Quanto mais eles correm,
tanto mais a cruz os persegue”
(São João Maria Vianney).
54.ª mensagem: Fazer a vontade de Deus. |
Após curar a ferida do servo Malco,
corrigiu os discípulos mostrando novamente que oferecia sua vida
por vontade própria; para se cumprir
as profecias e o mandato de seu Pai:
“Deixarei eu de beber o
cálice que o Pai me deu?” (Mt 18, 11).
Devemos fazem sempre a vontade de Deus; esse é o
caminho mais curto para o céu:
“Toda a santidade
consiste em amar a Deus, e todo o amor a Deus consiste em fazer
a sua vontade” (Santo Afonso Maria de Ligório).
55.ª mensagem: Aceitar a vontade de Deus
principalmente nas dificuldades e provações. |
Embora os inimigos atacassem,
Jesus Cristo mandou:
“Embainha sua espada,
porque todos aqueles que usarem da espada, pela espada morrerão”
(Mt 26,52). O Senhor
aceitou a vontade do Pai também nas provações.
É preciso aceitar a vontade de Deus em tudo,
principalmente quando surgem dificuldades e
obstáculos pelo caminho: “O
Senhor deu, o Senhor tirou, bendito seja o nome do Senhor”
(Jó 1, 21). Quem não aceita a vontade de
Deus vive infeliz e inquieto.
56.ª mensagem: Fazer a vontade de Deus com
alegria. |
Jesus Cristo não olhava
para o cálice como vindo das mãos dos inimigos, mas vindo da
vontade de seu Pai… Ele queria cumpri-la mesmo o cálice
sendo amargo… vindo da vontade do Pai, para Ele era doce.
O Senhor aceitou o cálice com
alegria: “Eu
não fujo da morte, aceito-a com amor, não são eles que me matam,
mas a vontade de meu Pai, então, não hei de beber eu o cálice
que o Pai me deu?” (Pe. Luis de la Palma).
Devemos receber as cruzes com ânimo generoso,
abraçá-las com alegria, pois são presentes preciosos com que
Deus nos visita: “Seguir a
Cristo levando com Ele a nossa cruz é preciso para salvar
a nossa alma”
(Pe. Alexandrino Monteiro).
57.ª mensagem: Não escolher nem fabricar as
cruzes. |
Jesus Cristo
não fez a própria vontade, não escolheu o cálice…
mas aceitou o cálice enviado pelo Pai:
“Deixarei eu de
beber o cálice que o Pai me deu?” (Mt 18, 11).
Infeliz da pessoa que despreza a vontade de Deus
para fazer a própria vontade e que escolhe as suas cruzes…
ela jamais será feliz. Não devemos fabricar as nossas cruzes;
mas sim, aceitá-las com generosidade das mãos de Deus:
“Nosso Senhor é o
nosso modelo: tomemos nossa cruz e sigamo-lo. Se o bom Deus nos
envia cruzes, desanimamos, nos queixamos e murmuramos; somos de
tal modo inimigos de tudo o que nos contraria, porque
gostaríamos de estar sempre numa caixa de algodão”
(São João Maria Vianney).
58.ª mensagem: Não agir contra a vontade de
Deus. |
Jesus veio para fazer a vontade do
Pai e não para agir contra ela:
“Mas Jesus lhe disse: ‘Guarda a tua
espada no seu lugar, pois todos os que pegam a espada pela
espada perecerão. Ou pensas tu que eu não poderia apelar para o
meu Pai, para que ele pusesse à minha disposição, agora mesmo,
mais de doze legiões de anjos? E como se cumpririam então as
Escrituras, segundo as quais isso deve acontecer?’”
(Mt 26, 52-54).
Quando se trata de fazer a vontade de Deus,
não podemos agir contra ela… ainda
que fosse possível conseguir muito sucesso. Devemos pedir
somente que a vontade de Deus seja feita:
“A perfeição consiste em
mortificar a nossa vontade e uni-la à vontade de Deus”
(Santo Afonso Maria de Ligório).
59.ª mensagem: Quem vingar será castigado. |
Nosso Senhor Jesus Cristo não
aceitou a vingança:
“Guarda a tua espada no
seu lugar, pois todos os que pegam a espada pela espada
perecerão” (Mt 26, 52).
Quem mata o seu inimigo por vingança terá a
mesma pena, caso não se arrependa:
“Aquele que se vinga encontrará a
vingança do Senhor” (Eclo 28, 1).
60.ª mensagem: Não entristecermos quando
formos tidos por maus. |
Jesus Cristo chamou a atenção dos
inimigos pelas armas que usaram para prendê-lo:
“E naquela hora,
disse Jesus às multidões: ‘Como a um ladrão, saístes para
prender-me com espadas e paus! Eu me sentava no Templo ensinando
todos os dias e não me prendestes’” (Mt 26,
55).
Quando os inimigos disserem todo o mal
contra nós, não podemos
entristecer nem deixarmos de realizar o bem.
Os amigos de Deus são tratados assim:
“Bem-aventurados sois, quando vos injuriarem e vos perseguirem
e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por causa de mim.
Alegrai-vos e regozijai-vos, porque será grande a vossa
recompensa nos céus”
(Mt 5, 11-12).
61.ª mensagem: Humildade de Jesus Cristo na
hora da prisão. |
Jesus Cristo, o Deus Eterno
e Poderoso, que está acima dos querubins e serafins,
deixou-se prender pelos pecadores:
“Eles lançaram
a mão sobre Ele e o prenderam” (Mc 14, 46).
Devemos imitar a
humildade de Nosso Senhor, não agindo com
aspereza diante dos ataques dos inimigos:
“Não acrediteis ter progredido na
perfeição, se não vos julgardes piores de todos e se não
desejais ser tratados como os últimos” (Santa
Teresa de Jesus).
62.ª mensagem: Paciência de Nosso Senhor na
hora da prisão. |
O Senhor, durante a prisão,
sofreu muitas injúrias e golpes com muita paciência… não
ficou irado.
Para agradar a Deus é preciso suportar com
paciência os sofrimentos de cada dia:
“Não existe coisa mais agradável a Deus
do que sofrer com paciência e paz todas as cruzes por ele
enviadas”
(Santo Afonso Maria de Ligório).
63.ª mensagem: Silêncio do Senhor na hora
da prisão. |
Nosso Senhor Jesus Cristo sofreu em silêncio… não abriu a
boca para reclamar nem disse palavras ásperas:
“Foi maltratado… não abriu a boca”
(Is 53, 7).
Devemos sofrer em silêncio a exemplo de
Jesus Cristo. Quem se queixa das
dificuldades não pode agradar a Deus:
“Lamentamo-nos
porque sofremos; maior razão teríamos para queixar-nos se não
sofrêssemos, visto que nada nos torna mais semelhantes a Nosso
Senhor. Bela união da alma com Nosso Senhor Jesus Cristo
mediante o amor de sua cruz!” (São João Maria
Vianney).
64.ª mensagem: Caridade de Jesus na hora da
prisão. |
Jesus Cristo deixou que os
inimigos atassem, com crueldade, suas benditas mãos que
sempre fizeram o bem a todos.
Devemos usar de caridade com todos os
perseguidores; principalmente com aqueles que
“amarram” a nossa vida com a “corda” da
calúnia, difamação e maledicência:
“Bendizei os que vos amaldiçoam, orai
por aqueles que vos difamam” (Lc 6, 28).
65.ª mensagem: Não deixemos que atem as
nossas mãos. |
Jesus Cristo se
entregou livremente… deixou que atassem suas mãos de
livre e espontânea vontade, estava fazendo a vontade do Pai:
“O Senhor demonstrou a sua divindade
entregando-se livremente” (Pe. Luis de la
Palma). O Senhor deixou que atassem suas
mãos para morrer para nos salvar.
Não deixemos que os inimigos da Santa
Igreja “atem” nossas mãos impedindo-as de realizar boas obras.
Não podemos deixar de praticar o bem por causa das perseguições:
“Chamaram de novo
os apóstolos e açoitaram-nos com varas. E, depois de intimá-los
a que não falassem mais no nome de Jesus, soltaram-nos. Quanto a
eles, saíram do recinto do Sinédrio regozijando-se, por terem
sido achados dignos de sofrer afrontas pelo Nome. E cada dia, no
Templo e pelas casas, não cessavam de ensinar e de anunciar a
Boa Nova de Cristo Jesus” (At 5, 40-42).
66.ª mensagem: Seguir a Jesus Cristo com fé. |
Os Apóstolos disseram que
seguiriam a Jesus até a morte; mas o
abandonaram diante das provações:
“Então todos os
discípulos, abandonando-o, fugiram” (Mt 26,
56).
Devemos seguir a Jesus Cristo na
tranquilidade e principalmente nas provações
e dificuldades… é preciso seguir o Senhor com fé:
“Quem nos separará do amor de Cristo?
A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o
perigo, a espada? Pois estou convencido de que nem a morte nem a
vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o
futuro, nem os poderes, nem a altura, nem a profundeza, nem
qualquer outra criatura poderá nos separar do amor de Deus
manifestado em Cristo Jesus, nosso Senhor”
(Rm 8,35.38-39).
67.ª mensagem: Não podemos brincar com os
sacramentos. |
Os pés dos Apóstolos que foram lavados
por Jesus Cristo na última ceia fugiram covardemente…
os corações que foram fortalecidos com o seu
Santíssimo Corpo também na última ceia, perderam a
fortaleza pelo medo de perder a vida.
Milhões de católicos que foram lavados com
a água do batismo e fortalecidos com a Santíssima Eucaristia
fogem diante das críticas, zombarias
e perseguições dos inimigos de Deus e da Santa
Igreja: “Fugir é próprio do covarde.
A cruz não acolhida torna-se duplamente pesada… Duas ou três
vezes na vida poderemos, porventura, demonstrar que somos
valentes, mas todos os dias podemos demonstrar que não somos
covardes. Enfrentemos o medo. O medo é mais covarde do que nós.
Desaparece, escapa, quando o encaramos. Decidamo-nos a não ter
medo de nada…” (Dom Rafael Llano Cifuentes).
68.ª mensagem:
Consolar a Jesus Cristo no Santíssimo
Sacramento. |
Jesus Cristo,
na hora da prisão foi cercado pelos inimigos, “lobos”
e “leões”, furiosos que o agarraram
e o ataram furiosamente:
“Eles lançaram a mão sobre Ele e o
prenderam” (Mc 14, 46).
Devemos consolar o Senhor que é recebido
por muitas pessoas em estado de pecado mortal… são
“lobos” e “leões” que recebem a
Santíssima Eucaristia indignamente cometendo o terrível pecado
de sacrilégio: “Jesus é muito
ofendido na Eucaristia pelas múltiplas irreverências cometidas
pelos próprios cristãos; pelos sacrilégios, cujo número e
malícia causam admiração aos próprios demônios” (São
Pedro Julião Eymard).
69.ª mensagem: Nunca se desesperar. |
Jesus Cristo ofereceu a Judas
Iscariotes muitas oportunidades de voltar a si e de se
arrepender. Não o afastou de sua companhia. Não lhe tirou a
dignidade que tinha como Apóstolo. Nem lhe tirou a bolsa, e isso
apesar de ser ladrão… o convidou várias vezes ao perdão e o
chamou de amigo no Getsêmani. Não permitiu que o traidor
perecesse senão por ele próprio… se desesperando.
Infeliz da pessoa que se desespera diante
dos seus pecados. Essa atitude não
pode agradar o Coração Misericordioso de Jesus Cristo.
Deus quer o arrependimento, não o desespero:
“Quando o pecador se
arrepende das faltas passadas é perdoado. Minha misericórdia é
infinitamente maior que todos os pecados que os homens possam
cometer. Entristece-me o fato de que alguém considere suas
faltas maiores que meu perdão” (Santa Catarina
de Sena, O Diálogo).
70.ª mensagem:
Nunca devemos nos afastar de Jesus
Cristo. |
Judas era
sombrio… obscuro… misterioso… “tresmalhado”…
possuía algumas “manchas” escondidas. O
traidor desiludiu-se com Jesus Cristo. Ele esperava que
Jesus fosse um libertador revolucionário; mas o Senhor
veio para salvar as almas imortais.
Hoje, infelizmente, milhões de católicos
se afastam de Jesus Cristo dizendo que foram
enganados pelo Senhor… que Jesus não atendeu os seus pedidos.
Esses querem um Deus comerciante que entrega a
“mercadoria” após a entrega de uma “moeda”…
imediatamente, sem atraso.
71.ª mensagem: Não deixar o amor por Jesus
Cristo se esfriar. |
Será que Judas já nasceu traidor?
Não! Ele foi escolhido por Jesus Cristo para ser luz… para
produzir muitos frutos. Ele foi chamado por Jesus… se
tornou Apóstolo pela vontade do Senhor. Ele permitiu que o seu
amor pelo Salvador se fosse esfriando.
Muitas pessoas começam trabalhar para Deus com
fervor; mas com o passar do tempo se esfriam
e acabam por voltar as costas para o Senhor.
72.ª mensagem: Falsidade. |
Judas Iscariotes era falso…
sua vida de entrega amorosa a Deus converteu-se numa farsa;
mais de uma vez deve ter considerado
que teria sido muito melhor se não tivesse seguido o Senhor.
Jesus Cristo não aceita um coração falso na
sua amizade.
O Senhor exige fidelidade até o fim. Muitos
começam bem, poucos perseveram como verdadeiros amigos de Jesus
Cristo.
73.ª mensagem: Não se esquecer da proteção
de Jesus Cristo. |
Judas Iscariotes já não se
lembra dos milagres, das curas, dos seus momentos felizes ao
lado de Nosso Senhor… a proteção que o
Senhor lhe deu foi esquecida totalmente.
Milhares de pessoas tornam-se inimigas de Jesus
Cristo esquecendo completamente dos seus favores e
proteção; enveredam por caminhos tortuosos
buscando segurança longe d’Ele.
74.ª mensagem: A grande apostasia é “feita”
de pequenas apostasias. |
Judas Iscariotes não se tornou traidor de um
dia para o outro. O ato que agora se consuma foi precedido
por infidelidades e faltas de lealdade cada vez maiores.
Ele achava um desperdício cuidar bem do Mestre…
roubava o dinheiro que era colocado na bolsa (Jo
12, 5-6)… e outros.
É preciso ser fiel ao Senhor nas grandes
e pequenas coisas, apoiado na humildade de
recomeçar quando por fragilidade tenha havido algum extravio:
“Uma casa não desaba por um movimento
momentâneo. Na maioria dos casos, esse desastre é consequência
de um antigo defeito de construção. Mas, por vezes, o que motiva
a penetração da água é o prolongado desleixo dos moradores: a
princípio, a água infiltra-se gota a gota e vai insensivelmente
roendo a madeira e apodrecendo a armação; com o decorrer do
tempo, o pequeno orifício vai ganhando proporções cada vez
maiores, ocasionando fendas e desmoronamentos consideráveis; por
fim, a chuva penetra na casa como um rio caudaloso”
(Cassiano).
75.ª mensagem: Perseverar até o fim. |
Judas, o traidor, não
perseverou na amizade de Jesus Cristo, mas distanciou-se
do Mestre percorrendo caminhos tortuosos:
“Judas começou bem, mas acabou mal,
porque não perseverou como devia”
(Santo Afonso Maria de Ligório).
Para se salvar é preciso perseverar
até o fim ao lado de Jesus Cristo. Perseverar é responder
positivamente às pequenas e constantes chamadas que o Senhor faz
ao longo de uma vida, ainda que não faltem obstáculos e
dificuldades: “Sem
perseverança, impossível é chegar à santidade ou à salvação: não
basta sermos virtuosos e generosos alguns dias ou alguns anos;
necessário é sê-lo sempre, até o fim”
(Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena).
76.ª mensagem: Jamais trair a Jesus Cristo. |
Judas vivia na amizade de Jesus Cristo e o traiu
vergonhosamente:
“Judas, com um beijo entregas o Filho do Homem?”
(Lc 22, 48). Deixou a Luz
Eterna e mergulhou nas trevas e na inquietação.
Quem comete pecado mortal trai o Salvador.
A traição consuma-se no católico pelo pecado mortal.
Qualquer pecado está íntima e misteriosamente relacionado com a
Paixão do Senhor. A nossa vida ou é uma afirmação ou é uma
negação de Jesus Cristo.
77.ª mensagem: Não podemos recusar a ajuda
do Senhor. |
Jesus Cristo, o Deus de bondade, estendeu a
mão para Judas, o traidor, chamando-o de amigo:
“Amigo, para que estás
aqui?” (Mt 26, 50). Judas
recusou a mão que o Senhor lhe estendia. A sua vida, sem
Jesus, ficou desconjuntada e sem sentido.
O Senhor está sempre disposto a
readmitir-nos na sua amizade,
mesmo depois das maiores infâmias que possamos cometer:
“Mesmo que os vossos pecados sejam como
escarlate, tornar-se-ão alvos como a neve; ainda que sejam
vermelhos como carmesim, tornar-se-ão como a lã”
(Is 1, 18).
OBS: Essa pregação não está concluída;
assim que “surgirem” novas mensagens as acrescentaremos.
Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)
Anápolis, 19 de julho de 2016
Bibliografia
Sagrada Escritura
Pe. Luís de la Palma, A Paixão do Senhor
Pe. Juan Leal, A Sagrada
Escritura
F. Zorell, Amice, ad quid
venisti?: VD 9 (1929) 112-116
Pe. Juan de Maldonado, Comentário ao Evangelho de
São Mateus
Teofilacto, Escritos
Orígenes, Escritos
Leôncio, Escritos
Teodoro de Heraclea, Escritos
São João Crisóstomo, Escritos
São Cirilo de Jerusalém, Escritos
Teodoro de Mopsuestia, Escritos
Tertuliano, Escritos
São Jerônimo, Escritos
São Beda, Escritos
Santo Agostinho, Escritos
Eutimio, Escritos
Vegecio, Escritos
Políbio, Escritos
Pe. Francisco Fernández Carvajal, Vida de Jesus
Edições Theologica
Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena, Intimidade
Divina
Santa Catarina de Sena, O Diálogo
Cassiano, Escritos
Dom Rafael Llano Cifuentes
São Pedro Julião Eymard, Escritos
São João Maria Vianney, Escritos
Santo Afonso Maria de Ligório, Escritos
Santa Teresa de Jesus, Escritos
Pe. Alexandrino Monteiro, Raios de luz
Papa Leão XIII, Escritos
Pseudo-Jerônimo, Escritos
Santo Epifânio, Escritos
São Josemaría Escrivá, Escritos
Tomás de Kempis, Imitação de Cristo
São Cipriano, Escritos
Rábano, Escritos
Santo Inácio de Antioquia, Escritos
|