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                    FOI TRANSFIGURADO DIANTE DELES 
                    
                    (Mc 9, 2-8) 
                    
                      
                    
                     “2 
                    Seis dias depois, Jesus tomou consigo a Pedro, Tiago e João, 
                    e os levou, sozinhos, para um lugar retirado sobre uma alta 
                    montanha. Ali foi transfigurado diante deles. 
                    
                    3 
                    Suas vestes tornaram-se resplandecentes, extremamente 
                    brancas, de uma alvura tal como nenhum lavadeiro na terra as 
                    poderia alvejar. 
                    4 E lhes apareceram Elias com Moisés, conversando com Jesus. 
                    5 
                    Então Pedro, tomando a palavra, diz a Jesus: ‘Rabi, é bom estarmos 
                    aqui. Façamos, pois, três tendas: uma para ti, outra para 
                    Moisés e outra para Elias’. 
                    
                    6 
                    Pois não sabia o que dizer, porque estavam aterrorizados.
                    
                    7 E uma nuvem desceu, cobrindo-os com sua sombra. E 
                    da nuvem saiu uma voz: ‘Este é o meu Filho amado; ouvi-o’.
                    
                    
                    8 
                    E de repente, olhando ao redor, não viram mais ninguém: 
                    Jesus estava sozinho com eles”. 
                    
                      
                    
                      
                      
                    
                    Em Mc 9, 2 
                    diz: “Seis dias depois, Jesus tomou 
                    consigo a Pedro, Tiago e João, e os levou, sozinhos, para um 
                    lugar retirado sobre uma alta montanha. Ali foi 
                    transfigurado diante deles”.  
                    
                      
                    
                    Apesar da 
                    clareza das palavras de Jesus Cristo, os apóstolos não 
                    compreenderam bem a que se referia quando lhes falava de 
                    morrer e ressuscitar ao terceiro dia. Os apóstolos 
                    acreditavam, como muitos de seus contemporâneos judeus, numa 
                    ressurreição no fim dos tempos, mas não podiam imaginar que 
                    Jesus regressasse à vida depois da morte. 
                    
                    Por isso, 
                    Jesus decide antecipar-se uma centelha da sua glória que os 
                    reconforte, antes que cheguem esses momentos terríveis da 
                    Paixão, que já se aproximava a grandes passos. São Leão 
                    Magno diz: “… o fim principal da 
                    transfiguração foi desterrar das almas dos discípulos o 
                    escândalo da cruz”. Para isto, tomou consigo Pedro, 
                    Tiago e seu irmão João, que tinham estado presentes na 
                    ressurreição da filha de Jairo 
                    (Cf. Mc 5, 
                    37), 
                    e que serão testemunhas da agonia d’Ele no Getsêmani 
                    (Cf. Mt 26, 37). 
                    
                    
                    Teofilacto 
                    escreve : “Tomou, pois, consigo as três eminências dos apóstolos: São Pedro 
                    que o ama e o confessa, São João, o discípulo amado e São 
                    Tiago, o teólogo eloqüente, ao que Herodes mandou matar, 
                    desejando agradar aos judeus que não podiam suportar esta 
                    qualidade”. 
                    
                    Neste 
                    versículo 2 do capítulo 9 de São Marcos diz:
                    “Seis dias
                    depois…”; em São Mateus 17, 1 
                    diz: “Seis dias depois…”; e 
                    em São Lucas 9, 28 diz: “Mais ou 
                    menos oito dias…”; São Lucas diz mais ou menos oito 
                    dias, talvez porque conta o próprio dia dos acontecimentos 
                    de Cesaréia e da Transfiguração. 
                    
                    
                    Pseudo-Jerônimo 
                    escreve:“Depois da confirmação da cruz, se mostra a glória da Ressurreição, 
                    para que não temam o opróbrio  da cruz aqueles que com seus 
                    olhos haviam de ver a glória da futura ressurreição, e assim 
                    disse: ‘Seis dias depois’, etc”. 
                    
                    A 
                    Transfiguração do Senhor sucedeu seis dias depois da 
                    confissão de Pedro em Cesaréia de Filipe 
                    (Cf. Mc 8, 
                    27-30), 
                    e poucas semanas antes da festa dos Tabernáculos, que se 
                    celebrava no mês de Setembro. 
                    
                    Quanto ao 
                    lugar diz: “… e os levou, sozinhos, 
                    para um lugar retirado sobre uma alta montanha”; está 
                    claro que em Mc 9, 2 diz que os levou a uma alta montanha. 
                    Segundo uma tradição muito antiga, este monte foi o Tabor, a 
                    uns setenta quilômetros de Cesaréia de Filipe, e uns vinte a 
                    sudeste do mar da Galiléia. Esta montanha possui apenas 560 
                    metros de altura, e dá para subi-la com facilidade numa 
                    hora. 
                    
                    
                    "Alguns autores modernos propuseram o Hermon como lugar da 
                    Transfiguração, este monte tem 2.756 metros de altura e 
                    encontra-se só a uns 22 quilômetros a nordeste de Cesaréia 
                    de Filipe. Contudo, a tradição a favor do monte Tabor é 
                    muito clara e encontra-se atestada, entre outros, por 
                    Orígenes, São Cirilo de Jerusalém, São Jerônimo e Eusébio de 
                    Cesaréia…" 
                    (Pe. Francisco Fernández-Carvajal). Existem além disso restos 
                    arqueológicos de um santuário erigido no século IV em 
                    comemoração deste mistério, e segundo o Cônego Duarte 
                    Leopoldo, esse santuário foi construído por Santa Helena. 
                    
                    
                    Pseudo-Crisóstomo escreve:
                    “Não lhes manifesta sua glória em 
                    uma casa, mas num elevado monte, posto que convinha a 
                    elevação de um monte para manifestar a elevação de sua 
                    glória”, e: “Os leva a 
                    um lugar retirado, porque o que devia revelar-lhes eram 
                    mistérios. A transfiguração se deve entender, não como uma 
                    troca de figura, a qual seguiu sendo a mesma, senão como uma 
                    adição de certo esplendor inexplicável” 
                    (Teofilacto). 
                    
                    Em Mc 9, 2 diz ainda: “Ali foi 
                    transfigurado diante deles”. 
                    
                    Jesus 
                    Cristo se transfigurou sobre uma alta montanha; mas para se 
                    transfigurar, Ele teve que subir essa alta montanha. 
                     
                    
                    Lembre-se 
                    de que a Transfiguração de Jesus é símbolo da nossa 
                    transfiguração: “… quem não inicia 
                    essa transfiguração aqui na terra, nunca chegará à completa 
                    transfiguração do Paraíso” 
                    
                    (Pe. João Colombo). 
                    
                    Observemos 
                    os seguintes pontos em relação à subida de Jesus Cristo à 
                    esta alta montanha. 
                    
                      
                    
                    
                    I. 
                    Ele não se transfigurou na planície, e sim, no cume de um 
                    monte. 
                    
                      
                    
                    O católico, 
                    para se transfigurar, deve deixar a “planície” do mundo e do 
                    pecado, deve se desapegar de tudo aquilo que desagrada a 
                    Deus. Em Colossenses 3, 1-2 diz: “… 
                    procurai as coisas do alto, onde Cristo está sentado à 
                    direita de Deus. Pensai nas coisas do alto, e não nas da 
                    terra”, e em Romanos 12, 2 diz também:
                    “… não vos conformeis com este 
                    mundo, mas transformai-vos”; e no Salmo 24, 3-4 diz 
                    ainda: “Quem pode subir à montanha 
                    do Senhor? Quem pode ficar de pé no seu lugar santo? Quem 
                    tem mãos inocentes e coração puro, e não se entrega à 
                    falsidade, nem faz juramentos para enganar”; e São 
                    João da Cruz também escreve: “A alma 
                    presa pelos encantos de qualquer criatura, é sumamente feia 
                    diante de Deus, e não pode de forma alguma transformar-se na 
                    verdadeira beleza, que é Deus, pois a fealdade é de todo 
                    incompatível com a beleza”.  
                    
                    O católico 
                    que vive mergulhado na lama do mundo e se alimentando do 
                    lixo da vaidade, jamais se transfigurará; é impossível ser 
                    santo e viver ao mesmo tempo seguindo as máximas do mundo, 
                    como está em 1ª Tessalonicenses 4, 7:
                    “Pois Deus não nos chamou para a 
                    impureza, mas sim para a santidade”. 
                    
                      
                    
                    II. Jesus 
                    Cristo perseverou na subida desta alta montanha de 560 
                    metros de altura, Ele não ficou sentado ao pé da mesma ou 
                    parado na metade, mas perseverou até o fim, isto é, até ao 
                    cume do monte. 
                    
                      
                    
                    Para se 
                    transfigurar, isto é, para se santificar, para possuir uma 
                    vida cheia de virtudes e vazia de vícios, o católico deve 
                    perseverar em seus propósitos e buscar continuamente a 
                    santidade, como está em São Mateus 5, 48:
                    “Portanto, deveis ser perfeitos como 
                    o vosso Pai Celeste é perfeito”. São Jerônimo 
                    escreve: “Muitos começam bem, mas 
                    poucos são os que perseveram”, e Santo Afonso Maria 
                    de Ligório também escreve: “Um Saul, 
                    um Judas, um Tertuliano, começaram bem, mas acabaram mal, 
                    porque não perseveraram como deviam”. 
                    
                    Lembre-se, 
                    católico, de que Jesus Cristo não ficou sentado ao pé da 
                    montanha ou parado na metade do caminho; Ele perseverou até 
                    o fim; e você para transfigurar-se, é preciso que persevere 
                    até o fim, como escreve São Bernardo de Claraval:
                    “Não é ao que começa que se oferece 
                    o prêmio, mas sim, unicamente, ao que persevera”; e 
                    ao católico que não persevera, que fica adormecido à beira 
                    do caminho, está reservado o fogo do inferno, porque o 
                    próprio Jesus diz em São Mateus 10, 22:
                    “Aquele que perseverar até o fim, 
                    esse será salvo”, não tem nada de bom reservado para 
                    aquele que fica sentado à beira do caminho, como escreve 
                    Santo Afonso Maria de Ligório: “Tu… 
                    que abandonaste o pecado e esperas, com razão, que tenham 
                    sido perdoadas as tuas culpas, gozas da amizade de Deus; 
                    todavia ainda não estás salvo, nem o estarás enquanto não 
                    tiveres perseverado até o fim”, e o mesmo Santo diz:
                    “… se retrocederes e tornares a 
                    trilhar o mau caminho, Deus te excluirá do prêmio da glória”.
                     
                    
                    Então 
                    católico, sacode a poeira da preguiça e do comodismo, e 
                    persevere no caminho até o fim, somente assim você se 
                    transfigurará. 
                    
                      
                    
                    III. Jesus 
                    Cristo subiu a encosta áspera e nua daquela alta montanha, 
                    com certeza houve esforço por parte d’Ele, para subir uma 
                    montanha de 560 metros de altura. 
                    
                      
                    
                    Católico, 
                    se você deseja realmente se transfigurar, não recuse 
                    covardemente o esforço. Tome o Crucifixo e beijando-o, como 
                    os cavaleiros antigos beijavam as suas espadas, diga-lhe 
                    assim: “Meu Jesus, durante os trinta 
                    e três anos passados nesta terra, trabalhaste e choraste 
                    bastante. Hoje repousais. Cabe a mim combater e sofrer”. 
                    
                    Sem luta 
                    não há transfiguração; é preciso o esforço para tirar do 
                    coração tudo aquilo que atrapalha o nosso progresso no 
                    caminho da santidade, como está no livro do profeta Joel 2, 
                    13: “Rasgai os vossos corações, e 
                    não as vossas roupas”. 
                    
                    Na subida 
                    da alta montanha da santidade, com certeza encontraremos 
                    muitas pedras, espinhos e poeiras; sentiremos também 
                    desânimo e cansaço, mas não devemos nos retroceder, pelo 
                    contrário, esforcemo-nos e assim chegaremos com a ajuda do 
                    Senhor ao lugar desejado, como escreve Clemente de 
                    Alexandria: “O Reino dos Céus não 
                    pertence aos que dormem e vivem dando-se todos os gostos, 
                    mas aos que lutam contra si mesmos…”, e São Josemaría 
                    Escrivá diz: “Ser fiel a Deus exige 
                    luta. E luta corpo a corpo, homem a homem – homem velho e 
                    homem de Deus –, detalhe a detalhe, sem claudicar, sem 
                    errar”, e o mesmo santo ainda diz:
                    “A santidade, o verdadeiro afã por 
                    alcançá-la, não faz pausas nem tira férias”. Está 
                    claro que não existe transfiguração sem esforço, e esforço 
                    contínuo; é pura ilusão tentar chegar ao cume da santidade 
                    sem se esforçar. 
                    
                    Em Mc 9, 2 
                    diz: “Ali foi transfigurado diante 
                    deles”. 
                    
                    O Senhor 
                    Jesus, agora já está no cume da alta montanha; Ele não está 
                    mais na planície do Esdrelon, subiu à montanha com 
                    perseverança e com um certo esforço. Em São Lucas 9, 28 diz:
                    “… ele subiu à montanha para orar”. 
                    
                    Católico, 
                    Jesus te convida a subir a montanha para rezar, isto é, a se 
                    afastar do barulho do mundo e também, a deixar de lado as 
                    distrações, e assim, no silêncio e no recolhimento rezarás 
                    com maior perfeição e fervor. 
                    
                    O Pe. Juan 
                    de Maldonado comenta esse trecho de São Marcos. 
                    
                    Depois de seis 
                    dias. O mesmo tempo põe São Marcos (9, 2). Lucas (9, 28) 
                    diz: Depois de uns oito dias, o qual São 
                    Jerônimo, São João Crisóstomo, São Beda, Teofilacto e 
                    Eutimio explicam dizendo que Mateus e Marcos não contaram o 
                    dia em que foi feita a promessa, e, em compensação, Lucas 
                    sim. Também se poderia dizer que Lucas notou o tempo de um 
                    modo vago, e por isso disse oito dias. 
                    
                    Tomou. 
                    Aqui se podem propor muitas questões. Primeira: 
                    Por que Cristo quis transfigurar-se? Respondem Santo 
                    Hilário, São João Crisóstomo e Eutimio, que transfigurou 
                    para consolar aos discípulos aflitos pelo anúncio de sua 
                    morte. Teofilacto diz que Cristo transfigurou para provar o 
                    que havia dito no capítulo anterior: que viria na glória de 
                    seu Pai. Ambas coisas são mais prováveis que o que dizem os 
                    intérpretes hereges: que o fez para demonstrar que morreria 
                    por sua vontade e não à força, já que possuía tanta glória.
                    Segunda questão: Por que não se 
                    transfigurou diante de todos os discípulos? A razão pode 
                    coligir do versículo 9, onde manda àqueles três preferidas 
                    testemunhas de sua majestade que a ninguém revele aquela 
                    visão até que o Filho do homem houvesse ressuscitado dentre 
                    os mortos. Não quis Cristo que sua divindade se divulgasse 
                    pelas razões ali expostas. Terceira razão: 
                    Por que manifestou sua glória a três discípulos e não aos 
                    outros? A mim parece, porque queria ter algumas testemunhas 
                    dela, uma única testemunha não é suficiente contra alguém
                    (Dt 19, 15). Escolheu esses três discípulos que O 
                    acompanharia nas ocasiões mais solenes, como aparece em São 
                    Marcos (14, 33). Quarta questão: Por que teve 
                    preferência a Pedro, Tiago e João? Pedro era o primeiro dos 
                    apóstolos e quem mais O amava; João, a quem Cristo mais 
                    amava; Tiago, o primeiro depois de Pedro, ardentíssimo na 
                    fé, e que deu a vida pelo Mestre pelas mãos de Herodes, 
                    antes de seus condiscípulos. Estas informações trazem 
                    Orígenes, Santo Ambrósio, Santo Agostinho, São Jerônimo, 
                    Teofilacto e Eutimio. Uma coisa equivocara Santo Ambrósio e 
                    Santo Agostinho, dizer ser este Tiago o irmão do 
                    Senhor, quando o evangelista diz que foi irmão de 
                    João filho de Zebedeu. 
                    
                    Para um  monte 
                    elevado. Que monte fora este, não o dizem os 
                    evangelistas... e tão pouco o menciona os autores. 
                    Entretanto, já opinaram dizendo que foi o monte Tabor, do 
                    qual diz São Jerônimo que está na metade da Galiléia, de 
                    grande altura e bela forma redonda (Os modernos pensam 
                    que seria o monte Hermón de 2. 860 m. e próximo à Cesaréia, 
                    onde achava Jesus. Porém, a tradição do tabor é muito 
                    antiga; é também o tabor, conforme a descrição do texto, 
                    bastante alto (600 m.) e não tanto longe da Cesaréia). 
                    Se fosse este ou outro qualquer, poderia o leitor perguntar: 
                    por que razão escolheu Cristo um monte para demonstrar sua 
                    glória? Escreve São Lucas 9, 28: Subiu ao  monte para 
                    rezar; pois Cristo subia aos montes para rezar, onde é 
                    maior a solidão e mais livre a contemplação do céu. 
                     
                    
                    E se 
                    transfigurou. Estupidamente, a meu juízo, traduziu o 
                    intérprete herege; e se transformou, quando o verbo 
                    grego do original não menos significa transfigurar-se que 
                    transformar-se, e o correspondente latino, em seu sentido de 
                    transforma-se, não é mais que transfigurar-se, v. gr., por 
                    Plínio, Quintiliano e Suetônio, e tem uma perigosa 
                    ambiguidade, já que pode referir-se à figura externa e à 
                    forma que chamam essencial quando Cristo é declarado, como 
                    observa São Jerônimo, o qual não mudou a natureza de seu 
                    corpo, mas só a externa figura e o aspecto. 
                    
                      
                    
                    Em Mc 9, 3 
                    diz: “Suas vestes tornaram-se 
                    resplandecentes, extremamente brancas, de uma alvura tal 
                    como nenhum lavadeiro na terra as poderia alvejar”. 
                    
                      
                    
                    Era verão, 
                    e a vegetação que encontraram à sua passagem, a própria de 
                    um monte, estava meio seca. Devem ter empreendido o caminho 
                    já bem tarde. O Cônego Duarte Leopoldo diz:
                    “A transfiguração se realizou, ao 
                    que parece, durante a noite”. Em São Lucas diz que os 
                    apóstolos “estavam pesados de sono”
                    (9, 
                    32), 
                    e também fala sobre tendas 
                    (9, 33), 
                    que sugere Pedro para passar a noite, e no mesmo, 9, 37 diz 
                    ainda: “No dia seguinte, ao descerem 
                    da montanha…”, de fato, passaram a noite no monte. 
                    
                    O Pe. João 
                    Colombo também escreve: “Cansados do 
                    caminho – estava ainda em pleno verão – os discípulos 
                    adormeceram no alto da montanha, acariciados pelo ar fresco; 
                    Jesus, porém, começou a orar”. 
                    
                    Católico, 
                    quando os apóstolos acordaram, uma grande luz resplandecia 
                    diante dos seus 
                    olhos confusos: a face do Mestre estava fúlgida como sol, e 
                    as vestes estavam brilhantes como neve. O corpo de Cristo 
                    transformou-se, e aparecia radiante de luz e de beleza. 
                    Cristo Jesus, Nosso Senhor, transfigurou-se. 
                    
                    Alguém 
                    poderia perguntar-me: o que devo fazer para transfigurar-me? 
                    Eu lhe diria que é necessário apenas uma coisa: rezar, rezar 
                    muito, rezar com fervor, rezar com devoção, atenção, 
                    respeito e perseverança. Santo Afonso Maria de Ligório 
                    escreve: “A oração é uma âncora 
                    segura para quem está em perigo de naufragar, é um tesouro 
                    imenso de riquezas para quem é pobre, é um remédio 
                    eficacíssimo para os enfermos e um fortificante certo para 
                    nossa saúde”, e o próprio Jesus Cristo se 
                    transfigurou enquanto rezava, como está em São Lucas 9, 29:
                    “Enquanto orava, o aspecto de seu 
                    rosto se alterou, suas vestes tornaram-se de fulgurante 
                    brancura”. Está claro que Nosso Senhor se 
                    transfigurou enquanto rezava; e você se transfigurará se 
                    rezares com atenção, devoção e respeito. 
                    
                    
                    São Beda escreve:
                    “Transfigurado o Salvador, não 
                    perdeu sua substância corporal, mas mostrou a glória da sua 
                    futura ressurreição ou nossa. Ele que apareceu assim aos 
                    Apóstolos, assim aparecerá depois do juízo a todos os 
                    eleitos. ‘De forma que suas vestes apareceram 
                    resplandecentes’, etc” 
                    ( in Marcum, 3, 27), 
                    e:
                    “Com razão se considera as vestes do 
                    senhor... as quais brilharam com uma nova brancura, devendo 
                    entender-se por lavadeiro aquele a quem se dirige o salmista 
                    quando disse: ‘Lava-me da minha iniqüidade e limpa-me do meu 
                    pecado’ (Sl 50, 4), porque não pode dar na terra a seus 
                    fiéis a claridade que reserva para eles no Céu”
                    (Idem), 
                    e também: “As vestes brancas são 
                    os escritos evangélicos e apostólicos, cuja claridade não 
                    admite comparação, nem pode igualar nenhum dos expositores”
                    (São João Crisóstomo, 
                    Homilia in Marcum, Hom., 10). 
                    
                    A oração enche de luz a nossa mente. Descendo do Sinai, Moisés, porque 
                    falara com Deus, tinha a mente cheia de esplendor 
                    (Cf. Ex 34, 
                    29-35). 
                    Também nós, quando verdadeiramente rezamos e não 
                    pronunciamos só maquinalmente as palavras, como gramofone, 
                    ascendemos a um colóquio com Deus. É o Criador que escuta a 
                    nossa humilde voz, que acolhe os suspiros do nosso coração e 
                    que aceita os nossos desejos. 
                    
                    Santo Tomás 
                    de Aquino, quando tinha alguma dificuldade, rezava;  logo na 
                    sua mente fazia-se luz. Façamos assim também: quando 
                    tivermos aborrecimentos pela cabeça, rezemos e teremos a 
                    calma; quando tivermos tentações tormentosas, rezemos e 
                    obteremos vitória, e quando tivermos dúvida sobre a 
                    religião, rezemos, e obteremos a fé. 
                    
                    Além de 
                    encher a nossa mente de luz; a oração enche também de luz as 
                    nossas ações. 
                    
                    Uma noviça 
                    bate à porta e entra no quarto de Santa Teresinha do Menino 
                    Jesus. A santinha estava costurando; mas o triste quarto é 
                    inundado de um perfume primaveril, e no rosto da mesma 
                    palpita uma grande alegria. A noviça fica maravilhada e 
                    pergunta-lhe: “Em que está 
                    pensando?” E a santa lhe diz: 
                    “Estou meditando o Pai-Nosso”, e depois acrescenta:
                    “É tão doce chamar a Deus de 
                    Pai-nosso…”, e nos seus olhos brilharam as lágrimas. 
                    
                    Mães 
                    cristãs, imitem o exemplo de Santa Teresinha do Menino 
                    Jesus; enquanto costuram a roupa de vossos filhos; enquanto 
                    preparam a comida para a família, etc., elevem o coração na 
                    oração, com aquelas orações devotas que vocês conhecem de 
                    cor, e assim, cada ação praticada por vocês se transfigurará 
                    como uma veste luminosa. 
                    
                    Esse 
                    exemplo de Santa Teresinha do Menino Jesus, de conversar com 
                    Deus durante o trabalho, não deve ser imitado só pelas mães; 
                    mas também pelos operários que trabalham nas oficinas, entre 
                    o barulho dos martelos, entre o rodar das máquinas… também 
                    eles devem lembrar-se de Deus, repetir alguma jaculatória e 
                    elevar a Deus o próprio trabalho. As suas jornadas se 
                    transfigurariam em jornadas luminosas, como as vestes de 
                    Jesus Cristo. 
                    
                    Também os 
                    estudantes, os lavradores, os atletas, os comerciantes, os 
                    motoristas, etc., todos devem imitar o exemplo de Santa 
                    Teresinha, isto é, de dialogar com Deus durante o trabalho, 
                    e assim, cada ação praticada se transfigurará como uma veste 
                    luminosa. 
                    
                    A oração, 
                    além de encher a nossa mente e as nossas ações de luz; enche 
                    também de luz o mundo inteiro. 
                    
                    Santo 
                    Antão, filho de família rica, viveu 70 anos no deserto. 
                    Dormia numa esteira áspera ou diretamente na terra; vivia só 
                    de pão e água, e jejuava até quatro dias seguidos. Certa vez 
                    foi procurá-lo um sábio, e perguntou-lhe como podia suportar 
                    aquela solidão sem livros; ele respondeu:
                    “O meu livro é a natureza das coisas 
                    criadas por Deus… quando eu rezo, elas me abrem os livros 
                    divinos”. 
                    
                    Católico, 
                    quando você reza, não é verdade que o mundo todo vos parece 
                    mais belo e vos incita a rezar mais? As aves com o seu 
                    gorjeio, os rios com os seus murmúrios, as estrelas luzentes 
                    no firmamento, os montes verdes, as flores dos campos e dos 
                    jardins; tudo, numa palavra, nos eleva e nos consola. Está 
                    claro católico, que a oração bem feita enche de luz a nossa 
                    mente, as nossas ações e o mundo inteiro; por isso, aquele 
                    que quiser se transfigurar, deve rezar com atenção, devoção 
                    e respeito. 
                    
                      
                    
                    Em Mc 9, 4 
                    diz: “E lhes apareceram Elias com 
                    Moisés, conversando com Jesus”. 
                    
                      
                    
                    Em seguida, 
                    os apóstolos puderam comprovar que Jesus Cristo não estava 
                    só. Moisés e Elias, também glorificados, resplandecentes
                    (cfr. 
                    Lc 9, 31), 
                    falavam com Ele. O Pe. Francisco Fernández-Carvajal escreve:
                    “Em Moisés estava representada a 
                    Lei, e em Elias os profetas. No meio encontra-se Jesus 
                    Cristo, em quem confluem e têm a sua plena realização tanto 
                    as antigas profecias como a Lei judaica”. 
                    
                    Não sabemos 
                    como os apóstolos reconheceram estes personagens, Moisés e 
                    Elias. Talvez pela conversa ou por uma graça especial. É 
                    possível também que Jesus lhos tenha dito mais tarde. 
                    Conversavam sobre a morte de Jesus que havia de ter lugar em 
                    Jerusalém 
                    (Cf. Lc 9, 
                    31). 
                    A transfiguração era, em certo modo, uma preparação da 
                    Paixão, profetizada já no Antigo Testamento. Moisés e Elias 
                    sustentam a humanidade de Jesus, como uma antecipação do que 
                    realizará o anjo enviado pelo Pai durante a agonia no 
                    Getsêmani. 
                    
                    O Pe. 
                    Gabriel de Santa Maria Madalena também escreve:
                    “Junto ao Senhor transfigurado 
                    aparecem dois homens: Moisés e Elias. O primeiro (Moisés) 
                    representa a lei, o segundo (Elias), os profetas. A lei que 
                    Jesus veio aperfeiçoar, os profetas, cujos ensinamentos e 
                    profecias veio respectivamente completar e realizar. A 
                    presença das duas personagens demonstra a continuidade entre 
                    o Antigo e o Novo Testamento e sua conversa anuncia a Paixão 
                    de Jesus; assim como, pela causa de Deus, sofreram e foram 
                    perseguidos, Moisés e Elias, assim também deverá padecer 
                    Jesus. Visão de glória, portanto, que se intercala com 
                    conversas sobre a Paixão: dois aspectos opostos, mas não 
                    contraditórios, do único mistério pascal de Cristo. Morte e 
                    Ressurreição, Cruz e glória”. 
                    
                      
                    
                    Em Mc 9, 
                    5-6 diz: “Então Pedro, tomando a 
                    palavra, diz a Jesus: “Rabi, é bom estarmos aqui. Façamos, 
                    pois, três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra 
                    para Elias”. Pois não sabia o que dizer, porque estavam 
                    aterrorizados”.  
                    
                      
                    
                    O Pe. João Colombo escreve: “São 
                    Pedro viu apenas um raio do Céu na transfiguração, e logo se 
                    esqueceu de comer, de beber e de tudo, contanto que ali 
                    ficasse sempre a contemplar”, e
                    “O apóstolo Pedro, animado pelas 
                    revelações destes mistérios, desprezando os bens mundanos e 
                    entediado dos terrenos, foi de certo modo raptado em 
                    espírito pelo anelo dos eternos. Repleto de alegria pelo 
                    conjunto da visão, queria habitar com Jesus no lugar onde se 
                    regozijava de ver revelada sua glória. O Senhor não 
                    respondeu a esta sugestão, indicando não ser má, mas 
                    desordenada a sua ambição. O mundo só podia ser salvo pela 
                    morte de Cristo. O Senhor com seu exemplo apelava pela fé 
                    dos fiéis. Se não podemos duvidar das promessas da 
                    bem-aventurança, entendamos, contudo, de vermos entre as 
                    tentações desta vida, antes pedir a paciência do que a 
                    glória, pois a felicidade do reino não pode antecipar-se ao 
                    tempo de sofrimento” 
                    
                    (São Leão Magno), 
                    e também: “Jesus é tudo para ti, Ele 
                    é tudo o que pode desejar: se tens fome é pão, se tens a 
                    sede é água, se não vês é luz…” 
                    (Santo Agostinho) 
                    ,
                    e 
                    ainda: “Se a transfiguração de Cristo e a companhia dos santos, vistas por 
                    um instante, agradam de tal modo a Pedro, que para não 
                    desaparecerem, quer brindar sua hospitalidade; quanto não 
                    será a felicidade da contemplação perpétua da Divindade em 
                    meio dos coros dos anjos? ‘Porque ele não sabia o que dizia, 
                    continua” 
                    (São Beda, in Marcum, 3, 27), 
                    e: “Pedro, tão pouco entendeu que 
                    o Senhor havia se transfigurado para demonstrar sua 
                    verdadeira glória, nem que o espírito de Moisés não estava 
                    unido ainda com seu corpo, que fazia isso para ensinar aos 
                    homens, sendo muitos os que haviam de sair da multidão para 
                    ir morar nos desertos” 
                    (São João Crisóstomo), 
                    e também: “Ou de outro modo: Temendo Pedro descer do monte, porque 
                    sabia já que Cristo devia ser crucificado, disse: ‘É bom 
                    permanecermos aqui’, e não descer para o meio dos judeus. Se 
                    eles vierem furiosos contra ti, temos a Moisés, que combateu 
                    os egípcios, e a Elias, que fez descer fogo do céu e que 
                    destruiu cinqüenta homens” 
                    (Teofilacto). 
                    
                    Esta centelha da glória divina inundou os Apóstolos de uma felicidade tão 
                    grande que fez Pedro exclamar: Senhor, é bom permanecermos 
                    aqui. Façamos três tendas… Pedro quer prolongar a situação. 
                    Mas, como dirá mais adiante o evangelista,
                    “… não sabia o que dizia”; 
                    pois, o que é bom, o que importa, não é estar aqui ou ali, 
                    mas estar sempre com Cristo, em qualquer parte, e vê-lO por 
                    trás das circunstâncias em que nos encontramos. Se estamos 
                    com Jesus Cristo, se vivemos unidos ao nosso Mestre, tanto 
                    faz que estejamos rodeados dos maiores consolos do mundo ou 
                    prostrados na cama de um hospital, padecendo dores 
                    terríveis. O que importa é somente isso: ver a Jesus Cristo 
                    e viver sempre com Ele. Esta é a única coisa verdadeiramente 
                    boa e importante na vida presente e não na outra. São Beda 
                    escreve: “Jesus Cristo, numa piedosa 
                    autorização, permitiu que Pedro, Tiago e João fruíssem 
                    durante um tempo muito curto da contemplação da felicidade 
                    que dura para sempre, a fim de fortalecê-los perante a 
                    adversidade”. 
                    
                    A vida dos 
                    homens é uma caminhada para o céu, que é a nossa morada
                    (Cf. 2 Cor 5, 2). Uma caminhada que, às vezes, se torna áspera e difícil, 
                    porque com freqüência devemos, remar contra a corrente e 
                    lutar contra muitos inimigos interiores ou de fora. Mas o 
                    Senhor quer confortar-nos com a esperança do céu, de modo 
                    especial nos momentos mais duros ou quando se torna mais 
                    patente a fraqueza da nossa condição. São Josemaría Escrivá 
                    diz: “À hora da tentação, pensa no 
                    Amor que te espera no Céu. Fomenta a virtude da esperança, 
                    que não é falta de generosidade”, e
                    São João Crisóstomo também escreve:
                    “No céu tudo é repouso, alegria, 
                    regozijo; tudo é serenidade e calma, tudo paz, resplendor e 
                    luz. Não é uma luz como de que gozamos agora, a qual, 
                    comparada com aquela, não passa de uma lâmpada ao lado do 
                    sol… Porque lá não há noite nem tarde, frio nem calor, 
                    mudança alguma no modo de ser, mas um estado tal que somente 
                    o entendem os que são dignos de gozá-lo. Não há ali velhice, 
                    nem dores, nem nada que se assemelhe à corrupção, porque é o 
                    lugar e aposento da glória imortal… E, acima de tudo, é o 
                    convívio e o gozo eterno com Cristo, com os anjos…, todos 
                    perpetuamente unidos num sentir comum, sem medo das 
                    investidas do demônio nem das ameaças do inferno e da morte”. 
                    
                    São Pedro 
                    disse a Jesus Cristo: “Senhor, é bom 
                    estarmos aqui”. São Pedro estava no cume do monte, 
                    afastado do barulho e da lama do mundo, estava no silêncio e 
                    unido a Nosso Senhor,  por isso, não sentia mais vontade de 
                    descer do monte, queria permanecer no monte, porque ali 
                     sentia a felicidade e a paz verdadeira. 
                    
                    Também 
                    você, católico, se estiver sempre unido a Cristo Jesus, 
                    mergulhado nesse Oceano de Amor e da Paz, com certeza não 
                    sentirá mais vontade de servir ao mundo inimigo de Deus, 
                    porque em Cristo Jesus encontrarás o verdadeiro consolo, 
                    como está no Salmo 73, 25-28: 
                    “Contigo, nada mais me agrada na terra…. Quanto a mim, estar 
                    junto de Deus é o meu bem!” 
                    
                    A alma que 
                    se sente feliz por estar unida ao Esposo Celeste é fiel e 
                    sabe realmente escolher o melhor; mas, a alma que abandona o 
                    Esposo Celeste para fuçar o lixo do mundo é adúltera e 
                    traidora, digna de ser cuspida. 
                    
                      
                    
                    Em Mt 9, 7 
                    diz: “E uma nuvem desceu, 
                    cobrindo-os com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: “Este é 
                    o meu Filho amado; ouvi-o”. 
                    
                      
                    
                    Essa nuvem 
                    evoca-nos aquela que acompanhava a presença de Deus no 
                    Antigo Testamento: “A nuvem cobriu a 
                    Tenda da Reunião, e a glória de Deus encheu a  habitação. 
                    Moisés não pôde entrar na Tenda da Reunião porque a nuvem 
                    permanecia sobre ela, e a glória de Deus enchia a Habitação”
                    
                    (Ex 40, 33-35). A nuvem era o sinal que acompanhava as intervenções 
                    divinas; Êxodo 19, 9 diz: “Deus 
                    disse a Moisés: “Eis que virei a ti na escuridão de uma 
                    nuvem, para que o povo ouça quando eu falar contigo, e para 
                    que também creiam sempre em ti”. Essa nuvem envolve 
                    agora Cristo no Tabor e dela surge a voz poderosa de Deus 
                    Pai: “Este é o meu filho muito 
                    amado; ouvi-o” 
                    (Mc 9, 7). 
                    
                    Em Mt 17, 6 
                    diz: “Os discípulos, ouvindo a voz, 
                    muito assustados, caíram com o rosto no chão”. São 
                    Leão Magno escreve: “Os discípulos 
                    foram tomados de medo, não só do Pai, mas também tremeram 
                    perante a majestade do Filho”. A Palavra de Deus diz 
                    que essa voz saiu da nuvem. 
                    
                    
                    São Beda escreve:
                    “Depois 
                    de pensar em uma tenda material, Pedro recebeu abrigo em uma 
                    nuvem, com o qual lhe ensinou que na ressurreição seremos 
                    protegidos, não por um teto de uma casa, mas pela glória do 
                    Espírito Santo. ‘Se formou uma nuvem que o cobriu’. Porém, 
                    como fez uma pergunta imprudente, não mereceu resposta do 
                    Senhor; é o Pai quem responde  pelo Filho. ‘E saiu de uma 
                    nuvem uma voz que dizia: Este é meu Filho’, etc”
                    (in Marcum, 3, 27). 
                    
                    Depois daquele breve esplendor de Paraíso, uma nuvem ocultou 
                    a glória de Jesus e ouviu-se somente uma voz. 
                    
                    Jesus 
                    Cristo está no meio de nós, mas ainda hoje, como outrora, 
                    está velado por uma nuvem. 
                    
                    
                    "Uma nuvem vela Jesus, presente na Eucaristia; e você que 
                    não quiser reconhecê-Lo, por estar Ele escondido por trás da 
                    nuvem eucarística, Ele não te reconhecerá quando, manifesto 
                    na sua glória, vier para te julgar. 
                    
                    
                    Uma nuvem vela Jesus presente no seu sacerdote. 
                    
                    
                    Na França, uma multidão procurava diariamente São João Maria 
                    Vianney; e quem era esse homem que fascinava os corações? 
                    Era o sacerdote: o humilde, o pobre, o mais obscuro 
                    sacerdote de Cristo; porém, de seu corpo macerado pelo jejum 
                    e pela penitência, transparecia, como através de uma nuvem 
                    cândida, a figura de Jesus. O sacerdote é um outro Cristo"
                    
                    (Pe. 
                    João Colombo). 
                    
                    
                    “Estarei convosco até o fim dos séculos”, 
                    disse Jesus, e o está na pessoa dos sacerdotes.
                    “Isto é o meu corpo…” diz o 
                    sacerdote consagrando, porque ele é Jesus. 
                    
                    
                    “Eu te absolvo…”,
                    
                    diz-nos na confissão. 
                    
                    Quantos 
                    católicos que não escutam o sacerdote! Quantos que o 
                    desprezam e o perseguem! Esses infelizes perseguem a Jesus 
                    Cristo. 
                    
                    
                    "Uma nuvem vela Jesus presente no Evangelho. 
                    
                    É 
                    o Evangelho que nos pinta diante dos olhos a divina figura 
                    do Salvador: toda a vida de Jesus, toda a sua paixão é, no 
                    Evangelho, como que refeita sob os nossos olhares. 
                    
                    
                    No Evangelho há as palavras mais belas de Jesus Cristo, e a 
                    sua voz divina, através das palavras, ainda palpita, desce 
                    aos corações, e nós a reconhecemos" 
                    
                    (Pe. João 
                    Colombo). 
                    
                    Apontando o 
                    Evangelho, diz o divino Pai: “É o 
                    meu Filho dileto que fala: escutai-O”. E hoje, 
                    milhares de católicos não suportam, sequer, ouvir nem por 
                    meia hora a explicação do Santo Evangelho; mas possuem tempo 
                    para ouvir músicas profanas e piadas imorais. 
                    
                    Em Mc 9, 7 
                    diz também: “Este é o meu Filho 
                    amado; ouvi-o”. 
                    
                    São Leão 
                    Magno, comentando esse versículo escreve:
                    “Este é o meu Filho’ que a divindade 
                    de mim não separa, o poder não divide, a eternidade não 
                    discerne. ‘Este é o meu Filho’, não adotivo, mas próprio; 
                    não criado de outrem, mas gerado de mim; não de outra 
                    natureza comparável a minha, mas igual a mim, nascido de 
                    minha essência. Este é o meu Filho, por quem todas as coisas 
                    foram feitas, e sem ele, coisa alguma foi feita, porque tudo 
                    o que eu faço, ele o faz de modo semelhante, e tudo o que eu 
                    opero, ele o faz comigo inseparavelmente e sem diferença. O 
                    Filho está no Pai, e o Pai no Filho e a nossa unidade é 
                    indivisível. E sendo eu uma Pessoa que gerou, ele outra, a 
                    quem gerei, não é lícito pensar dele algo de diverso do que 
                    é possível cogitar a meu respeito. ‘Este é o meu Filho’ que 
                    não se prevaleceu da igualdade que tem comigo, nem presumiu 
                    usurpar. Permanecendo na natureza de minha glória, a fim de 
                    cumprir o desígnio comum de restaurar o gênero humano, 
                    condescendeu até unir a imutável Divindade à natureza de 
                    servo”.  
                    
                    E o mesmo 
                    São Leão Magno comentando a expressão: “Ouvi-O”, escreve:
                     
                    
                    
                    “Ouvi-O! Os mistérios da lei prenunciaram. Cantaram-no os 
                    lábios dos profetas. 
                    
                    
                    Ouvi-O! Redime o mundo em seu sangue, amarra o diabo e toma 
                    seus utensílios, destrói o documento do pecado e rompe o 
                    pacto da prevaricação. 
                    
                    
                    Ouvi-O! Ele abre o caminho do céu, e pelo suplício da cruz, 
                    prepara-vos a ascensão ao reino”. 
                    
                      
                    
                    Em Mc 9, 8 
                    diz: “E de repente, olhando ao 
                    redor, não viram mais ninguém: Jesus estava sozinho com 
                    eles”. 
                    
                      
                    
                    Elias e 
                    Moisés já não estavam presentes. "Só 
                    vêem o Senhor: o Jesus de sempre, que por vezes passa fome, 
                    que se cansa, que se esforça por ser compreendido…Jesus sem 
                    especiais manifestações gloriosas. Normalmente, os Apóstolos 
                    viam o Senhor assim; vê-lO transfigurado foi uma exceção. 
                    
                    
                     Devemos encontrar esse Jesus na nossa vida corrente, no 
                    meio do trabalho, na rua, nos que nos rodeiam, na oração, 
                    quando nos perdoa no Sacramento da Penitência, e, sobretudo 
                    na Sagrada Eucaristia, onde se encontra verdadeira, real e 
                    substancialmente presente. Devemos aprender a descobri-Lo 
                    nas coisas ordinárias, correntes, fugindo da tentação de 
                    desejar o extraordinário" (Pe. 
                    Francisco Fernández-Carvajal). 
                    
                    
                    São Beda escreve: “Mostra Deus Pai aos discípulos, que devem ouvir ao Verbo feito 
                    carne, a quem Moisés predisse (Dt 18) que devia ouvir, todo 
                    o que quisesse se salvar quando viesse em carne mortal. ‘E 
                    olhando em torno, não viram consigo ninguém’, etc.” 
                    (in Marcum, 3, 27), 
                    e: “Em sentido místico, isto 
                    significa que depois da consumação deste mundo – que foi 
                    feito em seis dias -, se somos seus discípulos, Jesus nos 
                    levará ao alto monte, isto é, ao Céu, e então veremos sua 
                    singular glória” 
                    (Teofilacto). 
                    
                    Não devemos 
                    esquecê-Lo nunca: esse Jesus que esteve no Tabor com aqueles 
                    três privilegiados, é o mesmo que está ao nosso lado 
                    diariamente. 
                    
                      
                    
                    Pe. Divino Antônio Lopes FP. 
                    
                    Anápolis, 
                    08 de fevereiro de 2008 
                     
                     
                     
                     
                     
                     
                    
                    Vide também: 
                    
                    
                    Ouvi-o 
                    
                    
                    ... sobre uma alta 
                    montanha 
                     
                     
                      
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