DESPIRAM-LHE A PÚRPURA

(Mc 15, 17. 20)

 

“Em seguida, vestiram-no de púrpura... Depois de caçoarem dele, despiram-lhe a púrpura e tornaram a vesti-lo com as suas próprias vestes”.

 

Ouvida e aceita a sentença de morte de cruz, a PRIMEIRA COISA que fizeram os soldados encarregados de executá-la, foi despir a Jesus Cristo das vestes de púrpura e vestir-lhe suas próprias vestes, para que fosse conhecido por elas; mas não lemos que lhe tiraram a coroa de espinhos, deixaram-na em sua cabeça para não Lhe dar alívio. Pondera aqui as palavras humilhantes que nesta ocasião disseram-Lhe, como a um homem condenado por crimes, e como O levaram com crueldade à sala onde lhe haviam açoitado para despir-Lhe, dando-Lhe suas vestes sangrentas para que as vestisse. Assim como Jesus Cristo, para levar sua cruz, foi despido das vestes alheias (púrpura) que lhe tinham posto na casa de Herodes e Pilatos, e O vestiu com as próprias; assim  nós, para levar a cruz e imitar-Lhe, devemos despir-nos de todos os costumes viciosos do mundo e da carne, e vestir-nos com as vestes que são próprias de Jesus Cristo, pelas quais seremos conhecidos e tidos por discípulos seus, especialmente a MANSIDÃO, PACIÊNCIA, MISERICÓRDIA e CARIDADE.

Para seguir verdadeiramente a Jesus Cristo é preciso DESPOJAR-NOS  das VESTES ALHEIAS, isto é, das COISAS PASSAGEIRAS e VICIOSAS desse mundo.

Púrpura: manto de soldado romano (sagum). A sua cor vermelha evoca, por zombaria, a púrpura real.

Prudentes e sábios são os católicos que trocam os tesouros da terra pelos do céu. Procurar a Deus, buscar a santidade... eis aqui em que consiste vestir-nos com as vestes que são próprias de Jesus Cristo.

Jesus Cristo não aceita na sua amizade quem tem o coração coberto com as VESTES ALHEIAS... com as coisas da terra... vaidades e máximas do mundo: “... quando a alma ama alguma coisa fora de Deus, torna-se incapaz de se transformar nele e de se unir a ele... Quem está nas trevas não compreende a luz; da mesma forma, a alma colocando sua afeição na criatura não compreenderá as coisas divinas” (São João da Cruz).

Para sermos santos, devemos VESTIR as VESTES de Jesus Cristo, isto é,  andar na sua presença e imitá-lO em tudo: “Aquele que diz que permanece nele deve também andar como ele andou” (1 Jo 2, 6).

 

ORAÇÃO: Meu Deus, basta o que me suportastes: não quero mais que me fiqueis esperando para me entregar todo a vós. Mais vezes me pedistes isto. Agora de novo: Eis-me aqui, recebei-me em vossos braços, enquanto agora me abandono todo a vós. Ó Cordeiro Imaculado que um dia vos sacrificastes sobre o Calvário, morrendo por mim na cruz, lavai-me com vosso sangue e perdoai todas as injúrias de mim recebidas. Depois, inflamai-me de vosso santo amor. Eu vos amo sobre todas as coisas, com toda a minha alma. Há alguém neste mundo mais digno de amor e que mais me tenha amado do que vós? Maria, mãe de Deus e minha advogada, rogai por mim e obtende-me uma verdadeira e constante mudança de vida. Eu confio em vós. Amém!

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)

Anápolis, 19 de fevereiro de 2015

 

 

Bibliografia

 

Sagrada Escritura

Pe. Ramón Genover, Meditações Espirituais para todo o ano

Adolfo Tanquerey, Compêndio de Teologia Ascética e Mística

São João da Cruz, Obras Completas

Santo Afonso Maria de Ligório, Uma estrada de salvação

 

 

 

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP. “Despiram-lhe a púrpura”.

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