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					BOFETADA 
					
					(Jo 18, 22) 
					  
					
					“... um dos 
					guardas, que ali se achavam, deu uma bofetada em Jesus...”. 
					  
					
					Tendo Jesus Cristo 
					respondido com clareza, sinceridade e 
					firmeza a pergunta feita pelo Pontífice sobre a sua 
					doutrina, um dos guardas deu uma BOFETADA 
					(pancada com a mão no rosto) na Santíssima Face do Senhor, 
					dizendo: Assim respondes ao Pontífice?  Esta 
					foi a primeira injúria que recebeu Jesus na 
					casa do Pontífice por mãos de seus ministros, e foi tão 
					marcada que São João quis fazer dela especial menção. 
					Pondera as circunstâncias com que foi dada essa 
					BOFETADA em Nosso Senhor: 1.ª Foi CRUEL,
					dada por um carrasco cheio de raiva e ira, com desejo de 
					vingar a injúria de seu chefe; parecendo que com essa 
					atitude ganharia a sua confiança e daria prazer aos que 
					estavam ali. 2.ª Foi AFRONTOSA, porque 
					foi dada na presença de muitos nobres e autoridades; e dada 
					numa pessoa que até então era venerada e respeitada por 
					muitos, de cuja FACE saía um resplendor. 3.ª
					Foi INJUSTA, porque foi dada por 
					vingança. 4.ª Foi com 
					APROVAÇÃO e APLAUSO de todos os presentes, sem 
					que houvesse quem defendesse a Jesus Cristo e repreendesse a 
					fúria daquele homem mal, e assim abriu caminho para que 
					outros O agredissem. 
					
					Contemplemos com 
					dor a Santíssima Face de Nosso Senhor golpeada 
					por esse violento carrasco... e peçamos perdão pelas vezes 
					que a golpeamos com os nossos pecados, ingratidões, 
					indiferenças, infidelidades e friezas. 
					
					Cristo Jesus não disse nenhuma mentira nem 
					foi grosseiro, Ele foi simplesmente sincero. Um guarda não 
					gostando da maneira do Senhor responder  deu-Lhe uma 
					bofetada: “A essas palavras, um 
					dos guardas, que ali se achavam, deu uma bofetada em Jesus, 
					dizendo: ‘Assim respondes ao Sumo Sacerdote?’”
					(Jo 18, 22). Anás não era o pontífice, 
					mas como o tinha sido, chamavam-no assim. Era a primeira vez 
					que a mão de um homem batia nos rosto do Salvador: 
					“… bofetada, que em todos os tempos, 
					em todas as nações, foi sempre tida como a injúria mais vil, 
					mais infame…essa bofetada foi dada naquele rosto Divino que 
					os Anjos contemplam no Paraíso!…” 
					(Sacerdote da Congregação da Missão), e Santo 
					Efrém diz: “Tremeram os céus, 
					horrorizaram os Anjos, ocultaram os Querubins, cobriram suas 
					faces com as asas os Serafins, e pasmada ficou toda a corte 
					Celeste!”, e São João Crisóstomo também escreve:
					“Anjos, porque vos calais? Como 
					vos podeis conter? Como não vingais tanta perversidade, 
					tanta ingratidão?”, e São Cirilo diz: 
					“Se o Universo tivesse conhecimento 
					desta injúria se teria dissolvido”. 
					
					Santo Afonso 
					Maria de Ligório 
					comenta: 
					Jesus entra preso em Jerusalém. Os que 
					dormiam despertam com o rumor da gente que passa e pergunta 
					quem é o preso que conduzem. E a resposta vem logo: É Jesus 
					Nazareno, que se descobriu ser um impostor e sedutor. 
					Apresentam-no a Caifás, que, vendo-o, alegra-se e o 
					interroga a respeito de seus discípulos e de sua doutrina. 
					Responde Jesus que falou em público, chamando, como 
					testemunhas do que dissera, os próprios judeus que o 
					circundavam: “Eis que estes sabem o que eu disse”. 
					Depois dessa resposta, um dos ministros dá-lhe uma bofetada, 
					dizendo-lhe: “Assim respondes ao pontífice?”Mas, ó 
					meu Deus, como uma resposta tão humilde e mansa pode merecer 
					uma afronta tão grande? Ó meu Jesus, vós sofrestes tudo para 
					pagar as afrontas feitas por mim a vosso eterno Pai. 
					
					O Pe. Luis 
					de La Palma 
					escreve: O Senhor nada disse 
					sobre os discípulos, porque, todos tinham fugido 
					escandalizados e envergonhados, e Pedro que estava presente, 
					atemorizado, não falaria em sua defesa. Considerando a razão 
					das perguntas, bastaria responder sobre sua doutrina, que 
					sendo boa e de Deus, não poderia reunir discípulos para uma 
					causa perversa. Assim respondeu: “Falei publicamente ao 
					mundo. Ensinei na Sinagoga e no templo, onde se reúnem os 
					judeus, e nada falei às ocultas; vocês poderiam suspeitar se 
					a doutrina é nociva, se eu falasse escondido, mas, nada 
					disse em segredo. Nas vezes que falei a sós com meus 
					discípulos  foi para explicar as parábolas, nada falei de 
					diferente ou para se ocultar, pelo contrário, era exatamente 
					para que pudessem entender e assim transmitir a todos. Sendo 
					assim, por que me interrogas? Pergunta àqueles que ouviram o 
					que lhes disse. Estes sabem o que ensinei; nestes 
					acreditareis mais  do que em mim”. 
					
					Um dos servos não gostou da resposta dita 
					com tanta verdade e serenidade, parecia-lhe que faltava com 
					respeito e rebaixava o sumo sacerdote; esbofeteando 
					firmemente a Jesus, disse: “É assim 
					que respondes ao sumo sacerdote?” 
					
					O Senhor não perdeu a serenidade, apesar 
					desta violência feita por um simples servo na presença de 
					todos. Além do insulto e da agressão, dava a entender que 
					sua resposta não era verdadeira, e nem que sua doutrina era 
					divina. Não seria humildade calar-se diante deste ultraje. 
					Calmamente, Jesus mostrou a seu agressor que a violência 
					feita e a omissão do pontífice eram injustas, não havia 
					motivo algum para lhe bater. Se este julgamento fosse justo, 
					competia apenas ouvir as testemunhas, depois dar a sentença; 
					mas, como este julgamento nascia do ódio e da inveja, jamais 
					seria imparcial. 
					
					O Pe. Manuel de Tuya 
					explica: O termo usado (édoken rápisma) pode 
					significar que o guarda deu uma “bofetada” em 
					Jesus Cristo com a MÃO ABERTA ou que o 
					GOLPEOU com uma VARA. 
					
					O Pe. Juan Leal 
					comenta: Um dos guardas, polícia do templo. 
					Na casa do pontífice, a custódia do condenado é feita pelos 
					guardas do sinédrio e não pelos soldados romanos. Assim tem 
					sentido a repreensão. Este atrevimento do guarda prova que 
					não se trata de um juiz em regra diante do sinédrio. O 
					interrogatório noturno foi mais bem particular e 
					preparatório para o da manhã. 
					  
					
					ORAÇÃO: 
					Filho do Deus vivo, resplendor da glória do Pai e figura de 
					sua substância! Quem marcou a sua divina Face com as marcas 
					de tão abominável mão? Pai eterno!Olhai a Face do vosso 
					Filho marcada com os dedos de um miserável pecador e tende 
					misericórdia de todos os ingratos pecadores. Amém! 
					  
					
					Pe. Divino Antônio 
					Lopes FP (C) 
					
					Anápolis, 21 de 
					fevereiro de 2015 
					  
					  
					
					Bibliografia 
					  
					
					Sagrada Escritura 
					
					Pe. Ramón Genover, 
					Meditações Espirituais para todo o ano 
					
					Santo Afonso Maria 
					de Ligório, A Paixão do Senhor 
					
					Pe. Luis de La 
					Palma, A Paixão do Senhor 
					
					Santo Efrém, 
					Escritos 
					
					São João 
					Crisóstomo, Escritos 
					
					São Cirilo, 
					Escritos 
					
					Pe. Manuel de Tuya, 
					Bíblia Comentada 
					
					
					Zorell, Lexicon graecum N.T. (1931) col. 1175 
					
					Pe. Juan Leal, A 
					Sagrada Escritura 
                      
					  
                      
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