REPREENDE AO SEU COMPANHEIRO

(Lc 23, 40-41)

 

“Mas o outro, tomando a palavra, o repreendia: ‘Nem sequer temes a Deus, estando na mesma condenação? Quanto a nós, é de justiça; estamos pagando por nossos atos; mas ele não fez nenhum mal’”.

 

Considera como o BOM LADRÃO (São Dimas), que estava à DIREITA de Jesus Cristo, representa os ELEITOS (salvos). Ele, tocado com a inspiração do Espírito Santo e ajudado pela graça do Senhor que estava perto dele, defendeu a Jesus Cristo que sofria calado muitas injúrias... Jesus exercitou calado muitas virtudes, principalmente a CARIDADE e a HUMILDADE.

O BOM LADRÃO corrigiu o ladrão rebelde e revoltado dizendo: Nem sequer temes a Deus, estando na mesma condenação? Como quem dissesse: Que não temam a Deus os que estão com saúde e sem perigo de morte, é fácil de compreender; mas você se revoltar contra Deus... você que está em perigo de morrer, não dá para tolerar.

O BOM LADRÃO, homem sincero e humilde, confessou publicamente a sua culpa... e disse que merecia estar na cruz: Quanto a nós, é de justiça; estamos pagando por nossos atos. E disse o mesmo do companheiro rebelde. Nessa confissão, ele mostrou abertamente que os príncipes dos sacerdotes e os escribas se enganaram em acusar a Jesus Cristo, e que Pilatos errou em condenar-Lhe... e que todos cometiam grande mal  em blasfemar contra Nosso Senhor, porque Ele não havia cometido nenhum pecado.

O Pe. Juan Leal escreve: O BOM LADRÃO se dirige ao seu companheiro, recordando-lhe o juízo de Deus, tão próximo, e a culpa dos dois diante da inocência de Jesus Cristo. Era um ladrão fiel, sincero e humilde. Pelo fato de recordar o temor de Deus, se deduz que os dois ladrões eram judeus. O BOM LADRÃO se dirige a Jesus reconhecendo-O como Rei... ele foi especialmente iluminado e acreditou no reino escatológico de Jesus Cristo.

O Pe. Manuel de Tuya comenta: O BOM LADRÃO repreendeu o ladrão rebelde, e, reconhecendo a justiça da pena de suas culpas, proclama a inocência de Jesus Cristo; enquanto que o rebelde mostra não temer a Deus por causa de sua revolta e insultos contra Jesus Cristo. Seguramente o bom ladrão havia ouvido falar de Jesus Cristo: de sua vida de milagres e o seu messianismo. E agora, diante de sua majestade e conduta na cruz, se confirmava. Aquela conduta era sobre-humana.

Santo Afonso Maria de Ligório explica: Arnoldo Carnotense, no seu Tratado das sete palavras, considera todas as virtudes que o bom ladrão São Dimas praticou na sua morte: Ele crê, se arrepende, confessa, prega, ama, confia e reza. Exerceu a penitência confessando seus pecados: Nós padecemos justamente, pois recebemos o que merecemos. E Santo Atanásio diz: Ó bem-aventurado ladrão que roubaste o céu com essa confissão. Outras belas virtudes praticou então esse santo penitente: a pregação anunciando a inocência de Jesus: Este, porém, nenhum mal praticou. Exerceu o amor para com Deus aceitando a morte com resignação em castigo de seus pecados: Recebemos o que merecemos. São Cipriano, São Jerônimo e Santo Agostinho não duvidam por isso de chamá-lo mártir, porque os algozes, ao quebrarem-lhe as pernas, o fizeram com maior atrocidade, por ter louvado a inocência de Jesus, aceitando esse sofrimento por amor de seu Senhor. A cruz do mau ladrão, suportada com impaciência, aumentou sua desgraça no inferno; pelo contrário, a cruz do bom ladrão, levada com paciência, tornou-se uma escada para o céu. Ó feliz ladrão, que tiveste a sorte de unir a tua morte com a morte de teu Salvador.

O Pe. Luis de La Palma escreve: Mas o bom ladrão, que escutou tudo e notou a paciência e dignidade com que Jesus rogava a seu Pai, para que lhes perdoassem, movido pelo Espírito Santo, compreendeu que além de inocente, ele era verdadeiramente o Rei de Israel. Confiou que poderia ser salvo, mas não da maneira que seu companheiro tentava. Por isso repreendeu-lhe: Nem sequer temes a Deus, tu que sofres no mesmo suplício? Para nós isto é justo: recebemos o que mereceram os nossos crimes, mas este não fez mal algum. Estando o Senhor na cruz iluminou com a verdade um de seus companheiros de suplício. O outro que foi repreendido, talvez, agora pudesse abrir-se para a salvação. Este venturoso ladrão, depois de ter reconhecido os seus próprios pecados e aceitar o castigo, mostrou a seu companheiro onde estava a verdade.

Um sacerdote da Congregação da Missão comenta: A este tão tocante espetáculo (Jesus na cruz), parece que se deviam comover a maior parte daqueles corações e se lançar a seus pés, reconhecer suas culpas e solicitar o oferecido perdão... entretanto, só houve um ladrão que, considerando as chagas de Jesus Cristo e sua admirável paciência ficou admirado, e muito mais ainda ouvindo sua oração tão caridosa, que cessando logo de blasfemar e até repreendendo o companheiro das suas blasfêmias, se confessa culpado e reconhecendo a inocência de Jesus Cristo e a sua Realeza, se anima nesta hora suprema a endereçar-lhe uma petição.

 

ORAÇÃO: Ó bom ladrão, homem admirável, que não teve vergonha de confessar a inocência de Jesus Cristo, quando todo o mundo o condenava!Fogem os Apóstolos, escondem-se os discípulos, calam todos os seus conhecidos, temendo a ira dos judeus, e só você, ó bom ladrão, no alto da cruz, diz em alta voz que Jesus Cristo é inocente. Feliz daquele que se enche de coragem para imitar o seu exemplo, ó bom ladrão, e assim receber o prêmio eterno. Imitemos a coragem do bom ladrão e confessemos a inocência de Jesus Cristo e nossa culpa. Amém!

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)

Anápolis, 23 de fevereiro de 2015

 

 

Bibliografia

 

Sagrada Escritura

Pe. Ramón Genover, Meditações Espirituais para todo o ano

Pe. Juan Leal, A Sagrada Escritura

Pe. Manuel de Tuya, Bíblia Comentada

Santo Afonso Maria de Ligório, A Paixão do Senhor

Pe. Luis de La Palma, A Paixão do Senhor

Sacerdote da Congregação da Missão, A Sagrada Paixão do Senhor

 

 

 

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP. “Repreende ao seu companheiro”.

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