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					TIRARAM A SORTE 
					
					(Jo 19, 24) 
					  
					
					“Disseram entre 
					si: ‘Não a rasguemos, mas tiremos a sorte, para ver com quem 
					ficará’”. 
					  
					
					Como a túnica era
					inconsútil (sem costuras), tecida toda 
					de cima para baixo, os soldados não a rasgaram, mas tiraram 
					sorte sobre quem ficaria com ela, cumprindo-se o que estava 
					escrito: 
					“Repartem entre si minhas vestes, e lançam sorte sobre minha 
					túnica” (Sl 
					21, 19). Sobre essa 
					passagem é preciso considerar as causas misteriosas; pois, 
					quis o Senhor que fosse profetizado. Da parte dos carrascos 
					a causa foi: se a túnica tivesse sido partida, não 
					seria de proveito para nenhum deles, por ser de uma 
					só peça, tecida, segundo disse Eutimio, pela Virgem 
					Santíssima; ela sentiu ternamente ao ver aquela preciosa 
					túnica, banhada com o Sangue de seu Filho, nas mãos de 
					homens tão cruéis e desprezíveis. Com quanta razão e dor 
					poderia dizer esta Senhora o que disse Jacó: Uma fera 
					muito cruel devorou o meu filho José, e com seu sangue está 
					manchada a túnica que lhe dei. Outra causa deste 
					fato foi porque esta túnica representava a humanidade 
					de Cristo, tecida de cima para baixo; porque desde o 
					céu desceu, sem obra de homem, nas entranhas da Virgem 
					Maria, por obra do Espírito Santo. E é veste riquíssima dos 
					fiéis, que, como disse o Apóstolo, se vestem de Nosso Senhor 
					Jesus Cristo quando se batizam, conformando-se com sua vida 
					em união de caridade, sem admitir divisão alguma, porque 
					Jesus Cristo não se pode dividir. Também representava 
					esta túnica a Igreja, Esposa de Jesus, na qual não 
					quer que haja divisão, mas que se conserve sempre unida, em 
					unidade de fé e de caridade; e quem tenta dividi-la, 
					pretende dividir a Jesus Cristo e a sua preciosa túnica, e 
					acaba sendo mais cruel que os carrascos. 
					
					São Cipriano de Cartago
					escreve:
					Este sacramento da unidade, este 
					vínculo de concórdia inviolada e sem rachadura, é figurado 
					também pela túnica do Senhor Jesus Cristo. Como lemos no 
					Evangelho, ela não foi dividida, nem, de modo algum, 
					rasgada, mas sorteada. Isto quer dizer que quem toma a veste 
					de Cristo e tem a dita de se revestir do próprio Cristo, 
					deve receber a sua túnica toda inteira e possuí-la intacta e 
					sem divisão. Diz a divina Escritura: 
					“Quanto à túnica, visto que, desde a 
					parte superior, era feita de uma única tecedura, sem costura 
					alguma, disseram: não a dividamos, mas lancemos-lhe a sorte 
					para ver a quem toca” (Jo 19,23-24). 
					A unidade da túnica derivava da sua parte superior - em 
					nosso caso, do céu e do Pai celeste. Aquele que a recebia e 
					guardava não podia rasgá-la de modo nenhum, de fato ela era 
					resistente e sólida por ser constituída de um modo 
					inseparável. Não pode possuir a veste de Cristo aquele que 
					rasga e divide a Igreja de Cristo... Mas o povo de Cristo 
					não pode ser dividido, e por isso a sua túnica, que era um 
					todo feito de uma só tecedura, não foi dividida por aqueles 
					que a deviam possuir. Ficando uma só, bem firme na sua 
					contextura, ela mostra a união e a concórdia do nosso povo, 
					isto é, daqueles que são revestidos de Cristo. Por este 
					sinal sagrado da sua veste, proclamou ele a unidade da 
					Igreja. 
					
					O Pe. Juan Leal explica:
					Para que se cumprisse a Escritura. São João nestes 
					últimos momentos recorre várias vezes ao cumprimento da 
					Escritura. Detrás da ação dos homens está vendo a realização 
					do plano providencial de Deus, como se revela a Escritura. 
					Esta olhada profunda dos fatos históricos é das almas 
					iluminadas. Se refere ao Salmo 21, 19, cujas primeiras 
					palavras foram recitadas por Jesus Cristo na cruz. São João 
					Evangelista foi testemunha e soube distinguir entre a túnica 
					e os restantes das vestes. 
					  
					
					ORAÇÃO: Ó Deus da paz e de amor! Não 
					permitais que haja cisma na Vossa Igreja, nem discórdia na 
					Vossa religião, nem divisão alguma no vosso povo cristão. 
					Conserve a todos unidos na caridade, para que sejam uma só 
					coisa em Vós, e Vós podeis se vestir deles como de uma 
					túnica preciosa, para colocá-los no reino de Vossa glória. 
					Amém! 
					  
					
					Pe. Divino Antônio 
					Lopes FP (C) 
					
					Anápolis, 4 de 
					março de 2015 
					  
					  
					
					Bibliografia 
					  
					
					Sagrada Escritura 
					
					Pe. Ramón Genover, 
					Meditações Espirituais para todo o ano 
					
					Pe. Juan Leal, A 
					Sagrada Escritura 
					
					São Cipriano de 
					Cartago, A unidade da Igreja Católica 
                      
					  
                      
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