SENTANDO-SE, ALI...
(Mt 27, 36)
“E, sentando-se,
ali montavam-lhe guarda”.
Feito a partição
das vestes de Jesus Cristo, os soldados sentaram-se ao pé da
cruz para guardar a Jesus. Fizeram isso, segundo pode
supor-se, por ordem de Pilatos, a pedido dos judeus, cuja má
consciência lhes fazia temerem que alguém o descesse vivo da
cruz, ou para proibir que alguém lhe desse algum
refrigério ou alívio que era permitido
dar aos outros crucificados, e possivelmente foram dados aos
dois ladrões que foram crucificados com Jesus Cristo, porque
essa guarda não era para eles.
Pondera aqui como
esses inimigos de Cristo, depois que O crucificaram, não só
não tiveram compaixão de vê-lO padecer tão graves
ignomínias e tormentos, mas com uma
crueldade endemoniada, procuravam acrescentar
outros novos com palavras e repreensão,
dizendo-Lhe grandes injúrias e
blasfêmias por instigação do Demônio, o qual
pretendia com elas tentar-Lhe, umas vezes de
impaciência e desconfiança, e outras
de inconstância... para que deixasse de lado o
que havia começado. Porém, esse inocente Cordeiro sofria
tudo com admirável paciência e
humildade... com grande perseverança e
fortaleza, sem dar mostra, nem com palavra, de
algum sentimento ou queixa contra seus blasfemadores, nem de
alguma fraqueza ou arrependimento de estar na cruz,
dando-nos um heróico exemplo de sofrer e vencer as tentações
que tentam nos desanimar.
Nós nos compadecemos de Jesus Cristo?
Imitamos sua perseverança e firmeza no meio das
tribulações?Não nos deixamos vencer pelo desânimo?
Aprendamos de
Jesus Cristo a suportar com PACIÊNCIA as
dificuldades que surgem pelo caminho...
principalmente quando persistem:
“Bem-aventurado o homem que suporta com paciência a
provação! Porque, uma vez provado, receberá a coroa da vida,
que o Senhor prometeu aos que o amam”
(Tg 1, 12).
O Pe. Juan
Leal escreve:
O centurião e os soldados encarregados da execução
deviam guardar a vítima para que ninguém a descesse da cruz
até que morresse. A morte na cruz geralmente era lenta;
sabemos de alguns que permaneceram vivos durante três dias.
Jesus Cristo, entretanto, cansado por tantos e tão
prolongados sofrimentos, só permaneceu algumas horas. Daí a
admiração de Pilatos de que tivesse morrido rapidamente,
antes de conceder o corpo para José de Arimatéia (Mc 15,
44-45).
O Pe. Manuel
de Tuya comenta:
Logo sentaram-se para guardar Jesus Cristo até sua morte, já
que era uma das finalidades do “tetrádion”. Pois em algumas
ocasiões os desciam da cruz, alguns com vida, por não serem
importantes.
Santo Afonso
Maria de Ligório explica:
Estes soldados foram as primícias felizes dos gentios que
abraçaram a fé em Jesus Cristo depois de sua morte; pois,
por meio de seus merecimentos, tiveram a sorte de conhecer
seus pecados e de esperar o perdão.
O Pe. Luis
de La Palma escreve:
Os soldados sentaram-se e montaram guarda, era costume
vigiar os condenados enquanto estivessem vivos.
Provavelmente vigiavam com afinco, pois os sacerdotes e
escribas, com medo que roubassem o corpo de Jesus, pagaram
uma boa quantia. Foram horas de tormentos. Como estaria um
homem flagelado, pendurado numa cruz com os braços e pés
estendidos e cravados, fazendo uma enorme força para
sustentar o corpo?
ORAÇÃO: Ó
Rei do céu! Vós que no céu estais rodeado de inumeráveis
anjos que Vos cantam louvores, como aceitastes ser humilhado
nesse áspero madeiro, tendo em sua volta tanta gente que não
cessa de ofendê-lO?Alegro-me da glória que tendes no céu, e
aflijo-me pelas ignomínias e tormentos que padeceis aqui na
terra; e, por ambos Vos louvo e Vos glorifico. Feliz
daquele que suporta as provações aqui na terra para depois
se alegrar no céu. Amém!
Pe. Divino Antônio
Lopes FP (C)
Anápolis, 5 de
março de 2015
Bibliografia
Sagrada Escritura
Pe. Ramón Genover,
Meditações Espirituais para todo o ano
Pe. Juan Leal, A
Sagrada Escritura
Schürer,
Geschichte... I p. 470-473
Josefo, Vita 75
Pe. Manuel de Tuya,
Bíblia Comentada
Santo Afonso Maria
de Ligório, A Paixão do Senhor
Pe. Luis de La
Palma, A Paixão do Senhor
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