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					GRANDE GRITO 
					
					(Mc 15, 37) 
					  
					
					“Jesus, então, 
					dando um grande grito, expirou”. 
					  
					
					Clamando Jesus 
					Cristo com GRANDE GRITO. Devemos considerar as 
					causas deste grande clamor e grito 
					de Jesus Cristo na cruz. A primeira causa foi 
					para que se entendesse que TINHA FORÇA e 
					VIGOR para alongar a vida e 
					deter a morte, caso quisesse; e que se morria, era 
					porque queria morrer, conforme disse: Por isso o Pai 
					me ama, porque dou minha vida para retomá-la. Ninguém a tira 
					de mim, mas eu a dou livremente. Tenho poder de entregá-la e 
					poder de retomá-la (Jo 10, 17-18). A 
					segunda causa do clamor foi para 
					declarar o natural SENTIMENTO que tinha a alma 
					de SEPARAR-SE do corpo. Olhava a boa companhia 
					que lhe havia feito em trinta e três anos, e quão bem lhe 
					havia servido e ajudado em todas as obras de nossa redenção, 
					e como estava unido com a divindade assim como ela; daqui 
					resultava um grande sofrimento e dor 
					natural em apartar-se dele. A terceira causa,
					clamou Jesus Cristo com voz clara 
					e sonora em sinal de VITÓRIA que 
					alcançava sobre o Demônio e o inferno; porque, assim 
					como Gedeão quebrou o cântaro, e dando um grito venceu os 
					madianitas (Jz 7, 16-25); também nosso glorioso 
					Capitão, quebrando seu corpo na cruz com os 
					sofrimentos e tormentos, e gritando 
					com voz sonora, venceu com sua morte aos Demônios, colocando 
					terror e espanto às potestades infernais. E esta voz do 
					Senhor foi milagrosa, porque os crucificados, como morrem 
					com grande perda de sangue, quando estão próximos de morrer, 
					já estão fracos; porém, nosso bom Jesus usou do seu poder, 
					mostrando que sua morte era para vencer, e que nela estava 
					escondida sua fortaleza e sua vitória. 
					
					Santo Afonso 
					Maria de Ligório comenta:
					E assim o aflito Jesus, achando-se 
					abandonado por todos, se voltou para seu eterno Pai; vendo, 
					porém, que até seu Pai o havia abandonado, deu um grande 
					grito e exclamou num lamento supremo: Meu Deus, meu Deus, 
					por que me abandonastes? (Mt 27,46). E assim terminou a 
					vida nosso Salvador, morrendo como ele predisse por Davi, 
					submergido numa tempestade de ignomínias e de dores: Eu 
					cheguei ao alto mar e a tempestade me submergiu. Quando 
					nos sentirmos desolados, consolemo-nos com a morte desolada 
					de Jesus Cristo; ofereçamos-lhe então a nossa desolação, 
					unindo-a com a que ele inocentemente padeceu no Calvário por 
					nosso amor. 
					
					O Pe. Luis 
					de La Palma escreve:
					Muitas vezes Deus faz assim: 
					desampara os seus desta consolação e proteção, deixa que 
					sintam a sua fraqueza. Fez assim com Jesus, para podermos 
					aprender com o exemplo. Se Jesus não tivesse sofrido essa 
					solidão, nós teríamos ficado sem consolo na nossa 
					debilidade. Por esta razão foi conveniente ocultar sua 
					glória e mostrá-lo somente com sua natureza humana, deixá-lo 
					com sua dor, como se fosse apenas um homem. Este terrível 
					desamparo, somente os que receberam esta especialíssima 
					revelação de Deus sabem o peso e a dor destas palavras:
					Meu Deus, meu Deus, porque me 
					abandonaste? 
					
					José A. 
					Marques
					ensina:
					
					Com estas palavras manifesta o Senhor o sofrimento físico e 
					moral que padece nesses momentos. De nenhum modo estas 
					palavras são uma queixa contra os planos de Deus. 
					
					Santo Tomás 
					de Aquino explica:
					
					Jesus sofreu na cruz umas dores de intensidade inigualável. 
					Padeceu as dores corporais mais intensas, porque a sua 
					sensibilidade era a mais delicada que jamais existiu, a 
					sensibilidade de um corpo formado imediatamente pelo 
					Espírito Santo na Virgem Maria; e a vida que ia deixar era 
					de um preço inestimável, posto que tinha sido assumido pela 
					divindade. Sofreu também as mais acerbas dores espirituais. 
					A sua alma estava como destroçada, dividida entre a visão, 
					por uma parte, da santidade infinita de Deus e, por outra, 
					da onda incessante de pecado que provém da terra. Pela visão 
					beatífica, via com um só olhar no espelho do Verbo todo o 
					desenvolvimento da história, todos os pecados do gênero 
					humano pelos quais oferecia em satisfação os seus próprios 
					padecimentos. Via também todas as rejeições das almas, e a 
					força divina de um amor lacerava o seu coração. 
					
					Charles 
					Journet comenta:
					O 
					clamor: meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste? É 
					um grito de dor, não de desespero. Como os violentos soluços 
					de Jó e de Jeremias, exprime a angústia da alma que sente 
					ter chegado ao limite último da sua própria resistência, e 
					que concita as suas forças para gritar a Deus que a medida 
					está cheia. Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?
					No coração do salmista é um grito de angústia, não de 
					rebelião, e o começo de um canto de esperança messiânica. 
					
					Orígenes 
					explica:
					Jesus Cristo manifestava assim que 
					morria sem temores, confiadamente e seguramente, como quem 
					sabia que depois da morte havia de sentar-se à direita do 
					Pai e receber um nome que está sobre todos os nomes. 
					
					São Cirilo 
					de Jerusalém, São João Crisóstomo, São Jerônimo e Teofilacto 
					comentam: Para dar a 
					entender que não morria por necessidade da natureza, mas por 
					sua vontade; por isso deu aquele grande grito. 
					
					Eutímio 
					escreve: Para 
					ensinar-nos em alta voz que até o último esforço, como no 
					restante de sua vida, se achava tudo de acordo com seu Pai, 
					e, por isso, em suas mãos entregava o seu espírito. 
					
					Santo 
					Ambrósio ensina: 
					Morreu dando tão grande grito para que todos entendessem até 
					que ponto se havia humilhado pelos pecados dos homens. 
					  
					
					ORAÇÃO: Ó 
					poderoso Salvador! Graças vos damos pela vitória que 
					ganhaste, não tanto para Vós, mas para nós,  pobres 
					pecadores, morrendo na cruz para dar-nos vida. Ó Senhor, 
					quando enfraquecer a nossa virtude, não nos abandone; mas 
					fortalecei-nos com a Vossa força, para que morrendo, alcance 
					por Vós a vitória que ganhaste por nós. Amém! 
					  
					
					Pe. Divino Antônio 
					Lopes FP (C) 
					
					Anápolis, 15 de 
					março de 2015 
					  
					  
					
					Bibliografia 
					  
					
					Sagrada Escritura 
					
					Pe. Ramón Genover, 
					Meditações Espirituais para todo o ano 
					
					Santo Afonso Maria 
					de Ligório, A Paixão do Senhor 
					
					Pe. Luis de La 
					Palma, A Paixão do Senhor 
					
					José A. Marques, 
					Escritos 
					
					Santo Tomás de 
					Aquino, Escritos 
					
					Charles Journet, 
					Escritos 
					
					Orígenes, Escritos 
					
					São Cirilo de 
					Jerusalém, Escritos 
					
					São João 
					Crisóstomo, Escritos 
					
					São Jerônimo, 
					Escritos 
					
					Teofilacto, 
					Escritos 
					
					Eutímio, Escritos 
					
					Santo Ambrósio, 
					Escritos 
                      
					  
                      
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